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monografia original - Mapa dos Conflitos Ambientais de Minas ...

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4.REDES DE MOVIMENTOS E A LUTA PELA AUTONOMIA DO LUGARSe, como visto anteriormente, as disputas pelo po<strong>de</strong>r simbólico da representaçãolegítima do ambiente que constituem o campo ambiental expressam assimetrias nacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecimento <strong>dos</strong> pontos <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> atores e grupossociais, o <strong>de</strong>sfecho do conflito em favor <strong>dos</strong> moradores do bairro Camargos po<strong>de</strong>indicar uma possível alteração das dinâmicas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r do campo.Para fins analíticos, distinguem-se aqui dois momentos relaciona<strong>dos</strong> à luta <strong>de</strong>resistência do movimento do Camargos. O primeiro po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido pela percepçãoinicial <strong>dos</strong> moradores em torno <strong>dos</strong> problemas gera<strong>dos</strong> pela empresa SERQUIP; essemomento envolve os processos sociais <strong>de</strong> construção da poluição (LOPES et al., 2004):a <strong>de</strong>scoberta e i<strong>de</strong>ntificação do problema e as primeiras discussões a esse respeito nacomunida<strong>de</strong> e região; a busca e pesquisa por informações tanto sobre a SERQUIPquanto sobre a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incineração <strong>de</strong> resíduos; a institucionalização do conflito,através da formalização <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias e reclamações <strong>dos</strong> moradores e da participação emaudiências públicas sobre a questão, bem como as primeiras manifestações no bairrocom repercussão na imprensa da capital – esten<strong>de</strong>ndo-se à divulgação virtual pelopróprio movimento - e o contato e articulação primária a outros atores <strong>de</strong> apoio à luta.O segundo momento do conflito é caracterizado, então, pelo inicio das reuniõesno COMAM sobre a renovação da licença <strong>de</strong> operação da SERQUIP. Enquanto“instâncias institucionais que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m sobre o modo <strong>de</strong> apropriação do meio ambientepelos empreendimentos legalmente obriga<strong>dos</strong> a requerer uma licença ambiental”(ZHOURI, 2008: 99), os conselhos gestores do meio ambiente, como é o caso doCOMAM, já foram <strong>de</strong>scritos criticamente por outros autores (ZHOURI, 2008; ZHOURIet al., 2005; CARNEIRO, 2003) como “espaços <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r altamentehierarquizadas” (ZHOURI, 2008: 100), on<strong>de</strong> prevalece a abordagem economicista einstrumental do meio ambiente na mediação <strong>dos</strong> conflitos que aí se estabelecem. Noentanto, o próprio caráter <strong>de</strong>liberativo do conselho constituiu uma oportunida<strong>de</strong>estratégica à mobilização <strong>de</strong> outros atores no apoio à luta do movimento do Camargos,na tentativa <strong>de</strong> influenciar a <strong>de</strong>cisão <strong>dos</strong> conselheiros, engendrando uma nova dinâmicano conflito expressa tanto no plano objetivo - do espaço da distribuição do po<strong>de</strong>r sobre49

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