38ANÁLISEÉ PRECISO PRIORIDADE E OBJETIVIDADENA PESQUISA CAFEEIRAJ.B.Matiello - Engº Agro. MAPA/PROCAFÉA pesquisa cafeeira no Brasil vem sendo com antecedência.desenvolvida, nos últimos 10 anos, através de um Sempre existiu a discussão dos conceitos deConsórcio de Instituições, coordenado pela pesquisa, pura e aplicada. Não é esse o caso presente.Embrapa-café, com apoio maciço de recursos do Em nosso entendimento deve haver espaço e recursosGoverno Federal, através do Fundo de Defesa da para ambas, desde que planejadas com racionalidadeEconomia Cafeeira-FUNCAFÉ. Portanto, como se e objetividade.diz comumente, vem sendo empregado o seu, o meu, O que se tem visto bastante, ainda, no sistemao nosso dinheirinho.atual, apesar dos esforços para melhorar, são:Esses recursos não são poucos. Em 10 anos pesquisas repetidas, sem finalidade prática,foram aplicados mais de R$ 100 milhões, com alguns realizadas em regiões não representativas, muitobons resultados, re-aparelhando muitas Instituições, estadualizadas ao invés de atenderem às regiõesporem sem consolidar uma estrutura permanente de semelhantes, independentemente dos Estados. Astrabalho. Foi por isso que a liderança do Setor pesquisas vem se concentrando demais nasCafeeiro, das diversas áreas (lavoura, indústria e Universidades, nada contra, porem ali se prestam, emcomércio) solicitou uma avaliação do Sistema de sua maior parte, para atender a teses de pósgraduação,Pesquisas, visando introduzir melhorias, depois daportanto com estudos sempre parciais dosexperiência de 10 anos de atividade do PNP-D-Café. problemas, já que se exige prazos curtos para oencerramento dos mesmos.PrioridadesNa difusão dos resultados, igualmente, sãoA análise efetuada pelos vários setores ligadosao café mostrou que é preciso modificar oplanejamento e a execução das pesquisas.Verificou-se que muitos trabalhos vem sendofeitos sem o objetivo de atender aos problemas que seapresentam na cafeicultura, enquanto a demandaefetiva não vem sendo bem atendida. É precisoestabelecer prioridades bem definidas e levadas asério.A pergunta que se tem presente é se aInstituição e/ou o pesquisador vai fazer aquilo quedeseja ou gosta de fazer ou aquilo que precisa serfeito, para a solução de determinado problema ?É comum aceitarmos a orientação, muitasvezes expressa pela administração das pesquisas, deque todo estudo é válido, acrescenta saber, treina eforma pessoal técnico. É lógico que essacompreensão tem muito a ver com a origem dosrecursos, de orçamentos públicos. Não seria assimcaso fossem recursos privados, onde o retorno dosinvestimentos, seu benefício/custo, deve ser avaliadoA seleção de variedades produtivas e resistentes éprioridade nas pesquisas, aqui no Campo de Pirapora,com os colegas Gianno e José do E, Santo.
ANÁLISE 39muitas peças soltas, boletins comindicações muitas vezes conflitantes, semuma recomendação baseada no consensoentre técnicos, o que daria mais segurançapara os usuários, os cafeicultores.As prioridades indicadas pelo setorda produção cafeeira , procurandoidentificar as áreas onde a pesquisa seriaClonagem de híbridos, como aqui visto em Turrialba-CR,mais útil, estão contidas na tabela aquitambém é prioridade.incluída.investimentos feitos em sua formação.Caminhos a seguirNão é demais pensarmos que o modelo deConsórcio pode estar se esgotando, já que foi útil paraO diagnóstico e as discussões efetuadas, nesseatender uma primeira fase, de retomada e execuçãoúltimo ano, pela área técnica ligada ao setor dade trabalhos de pesquisa de mais curto prazo. Agoraprodução cafeeira, mostram que é possível de agora estaria na hora do setor cafeeiro contar com umaem diante, seguirmos 2 caminhos:estrutura mais permanente, capaz de, efetivamente,O primeiro é continuarmos e melhorarmos orealizar e coordenar ações de tecnologia cafeeira, desistema atual, corrigindo algo, porem sem as forma integrada, as quais o setor cafeeiro tantomudanças estruturais necessárias.precisa para continuar competindo, seja o café comO segundo é o de promovermos mudançasoutros cultivos/criações, internamente, seja com aestruturais no sistema, alterando para atender a 4 cafeicultura de outros paises.orientações básicas:A criação continuada de Centos de Referência,1) Reduzir as Instituições e/ou pesquisadoresde Inteligência, a instalação de camposatendidos, concentrando os trabalhos naquelas que já experimentais privados e outras ações semelhantes,possuem estrutura e equipes consolidadas, quedaqui e dali, nas diferentes áreas produtoras, indicapodem desenvolver ações de médio e longo prazo, e, que existem vazios no sistema atual, criado com oassim, com trabalhos mais abrangentes e duradouros,objetivo de efetivamente coordenar as atividades decomprometidos com resultados para os setoresdesenvolvimento tecnológico da cafeicultura.cafeeiros.Por que não se discute a criação de um Centro2) Investir dando mérito às equipesNacional de Tecnologia Cafeeira, à semelhança dosespecializadas, liberando recursos por programas de que existem para todas as outras principais culturas epesquisas e não por simples projetos, dentro dacriações no Brasil? Os países que detêm as maioresespecialização daquela equipe. Essa orientação seria produtividades médias em suas lavouras, a Colômbiacomplementada por melhor acompanhamento, noe a Costa Rica possuem seus Centros de Pesquisaplanejamento e execução, através de núcleos estruturados, o CENICAFÉ e o ICAFÉ, os quais vemregionais, permanentes e aparelhados para isso. fazendo um bom trabalho, a exemplo do que fazemDeste modo, os trabalhos seriam frequentemente nossos centros nacionais, indo ai os exemplos doavaliados e ajustados, sem descontinuidade, já que o Centro de Soja (Londrina), de milho/sorgo (Seteseguimento de uma boa pesquisa é importante em seLagoas)e mais de algumas dezenas aqui bemtratando, o café, de uma cultura perene.instalados e atuantes. Temos Centro até do Coco da3) Fazer um diagnóstico detalhado dosBahia, nada contra tomarmos aquela aguinha gelada,problemas em cada região ou setor, aplicando só não temos para o café, cultura sabidamenterecursos para solucionar esses problemas também a importante, na geração de renda e de empregos.nível regional.Temos muitas ações, muitos recursos4) Evoluir para uma estrutura de trabalho maisinvestidos. Temos bons técnicos/pesquisadores, sópermanente. O trabalho, do jeito que está, se baseiaprecisamos de uma melhor organização/estruturação,muito em Bolsistas, que mesmo bem treinados, nãocapaz de aproveitar a base técnica disponível, detem qualquer segurança de permaneceremforma permanente e comprometida com ostrabalhando em suas áreas. Ao contrário, na primeira resultados para os vários segmentos do setorchance, com uma proposta de emprego segura,cafeeiros, afinal são eles que pagam a conta.mudam rapidamente, sendo perdidos os