24panorama <strong>do</strong> cinema baianoBOCCANERALivro edita<strong>do</strong> em 1919, e impresso pela TipografiaBaiana de Cincinato Melquíades, Os cinemasda Bahia: 1897-1918, de Sílio Boccanera Júnior(1863-1928), é uma crônica que aborda aspectosparticulares da história da exibição cinematográfica.Nenhum outro escritor brasileiro, antes dele,preocupa-se em fixar essa época primitiva e tãofascinante, atribuin<strong>do</strong> ao cinema uma relevânciaque, então, se tem como injustificável. Deste mo<strong>do</strong>,talvez, é daqui que se iniciam os estu<strong>do</strong>s sobrecinema no Brasil. Dificilmente há outra obra publicadano mesmo perío<strong>do</strong> com a preocupação <strong>do</strong> registrode particularidades relativas ao cinema, revelan<strong>do</strong>seSílio Boccanera Júnior como um pioneiro nestecampo, o <strong>do</strong> registro escrito.A Bahia, portanto, ainda distante <strong>do</strong> eixo Rio-SãoPaulo, com as comunicações difíceis da época,província isolada, tem surpreendentemente um fatopioneiro na área <strong>do</strong> cinema, como se está por ver.No campo das publicações, vale registrar que a partirde 12 de outubro de 1920, o pioneirismo baianoinaugura outra experiência: uma revista semanaldedicada ao cinema, a Artes e Artistas, editadapor Fonseca & Filhos, que, estimula<strong>do</strong>s pela boareceptividade, leva <strong>do</strong>is anos até a sua liquidação,quan<strong>do</strong>, em 9 de abril de 1922, por dificuldadesfinanceiras, tem seu derradeiro número, o 72. Não sepode, porém, deixar de ressaltar que o surgimento deuma revista de cinema na Bahia ainda no despontarda década de 20 é um acontecimento singular nopanorama brasileiro, com bem observou Walter daSilveira: “Quem leia hoje Artes e Artistas, sobretu<strong>do</strong>saben<strong>do</strong> que somente na mesma fase se organizavame definiam, na Europa, a crítica cinematográfica e asrevistas sobre filmes, não pode deixar de reconhecerque, malgra<strong>do</strong> muitas ingenuidades, se encontranas suas páginas uma enorme fonte de revelaçõessobre o que representava, na ocasião, o cinemacomo fenômeno estético e econômico.” Ambas asmanifestações culturais, a de Boccanera e a <strong>do</strong>sFonseca, entretanto, não têm segui<strong>do</strong>res e Salva<strong>do</strong>r,até hoje, no segun<strong>do</strong> milênio, não possui uma revistaespecializada no assunto.As pesquisas sobre os primórdios <strong>do</strong> cinemabaiano ficam, portanto, condicionadas e restritasà investigação em jornais e publicações da época,sen<strong>do</strong> difícil o conhecimento da maioria <strong>do</strong>material filma<strong>do</strong>, pois boa parte deste é destruí<strong>do</strong>.O trabalho se torna um trabalho de arqueólogo,mas, ainda assim, sempre é possível se encontraralguma coisa referente às décadas de 10 e 20.Na conversa de Walter da Silveira com DiomedesGramacho, já no ocaso de sua existência, esterevela ao crítico conhecer um realiza<strong>do</strong>r que filmana Bahia e que se chama Luxar<strong>do</strong>. As investigações,no entanto, ainda estão por ser acionadas. O quese dá aqui nestas notas iniciais, chamadas deprimórdios <strong>do</strong> cinema baiano, se configura comoa pré-história desta cinematografia. A históriapropriamente dita tem início com AlexandreRobatto, Filho, que começa a filmar a partir dadécada de 1930 e cujo material foi recupera<strong>do</strong> pelaFundação Cultural <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia. Vadiação, 1962
ALEXANDRE ROBATTO, FILHO25Na década de 1930, encontran<strong>do</strong> uma terra arrasadaem termos de produção cinematográfica, emerge afigura de Alexandre Robatto, Filho (3), que começa afilmar uma série de fitas curtas que focalizam aspectosimportantes da paisagem e <strong>do</strong>s costumes da cidadede Salva<strong>do</strong>r. Robatto surge sozinho neste cenárioonde inexistem condições de se desenvolver qualquertrabalho cinematográfico, dada a ausência de laboratórioscapazes de revelar o negativo e, mesmo lojasque o vendam. A persistência, a tenacidade, a vontadedesse realiza<strong>do</strong>r, no entanto, conseguem vencerto<strong>do</strong>s os obstáculos e, muni<strong>do</strong> de uma câmera, iniciaa sua obra, que sinaliza a paciência de um apaixona<strong>do</strong>pelas imagens em movimento, pois estas, aqui tomadas,tinham que ser mandadas ao Rio para revelaçãoe, depois, enviadas de volta num processo longo deespera. A paciência de Robatto, de Jó, determinou-lheo itinerário, a trajetória que se cristaliza por perto de40 anos de labuta no ofício de cineasta <strong>do</strong>cumentarista.panorama <strong>do</strong> cinema baianoCirurgião dentista, Alexandre Robatto, Filho, é o quese poderia chamar de cineasta de fim de semana,pois a sua sobrevivência vem de sua profissão. Começaa filmar na bitola de 8mm com um filme sobre aaplicação da vacina contra a tuberculose. O sucessodesta pequena fita, entretanto, surpreende Robatto,porque vários cientistas que aqui estão para um congressode medicina, ven<strong>do</strong>-a, solicitam a seu autorvárias cópias dela. O interesse aqui, claro está, é ape-
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