60panorama <strong>do</strong> cinema baianotes na composição <strong>do</strong>s trabalhos da Iglu Filmes.(...)Durante to<strong>do</strong> esse tempo, tivemos a contribuição deum personagem curioso e experiente de um Diretorde Produção que nos ajudava a to<strong>do</strong> instante, resolven<strong>do</strong>questões aparentemente insolúveis de produção.Neste particular, Walter Webb era um mágico.(...)Nós, cineastas da época, no conjunto, conseguimosproduzir, durante o ciclo inicia<strong>do</strong> em 1959, um lega<strong>do</strong>de 18 filmes de longa-metragem, como Redenção,Barravento, A Grande Feira, Tocaia no Asfalto, Solsobre a lama, Bahia – Por exemplo, O Caipora, Deuse o Diabo na Terra <strong>do</strong> Sol, O Grito da Terra, Akipalô,Meteorango Kid, Caveira my friend, Boi Aruá, O AnjoNegro, O Pistoleiro, Abrigo Nuclear, Yawar Mayu e oO Mágico e o Delega<strong>do</strong>, por mim produzi<strong>do</strong> em 1984,quan<strong>do</strong> se interrompeu, por absoluta falta de recursose não de talentos, o ciclo de produção cinematográficana Bahia.Foi com a nova empresa, a Sani Filmes, já em 1961,depois que deixei a Iglu Filmes, que pude exercitarcom mais desenvoltura as minhas propostas de conteú<strong>do</strong>social no cinema.Quan<strong>do</strong> fiz O Caipora, compus um roteiro queevidenciasse a importância de se libertar o homembrasileiro, principalmente o nordestino, das amarrasconceituais <strong>do</strong> destino traça<strong>do</strong>. Aquela sequênciade atos e fatos que serão religiosamente cumpri<strong>do</strong>spelo ser humano, durante a sua vida, à luzde uma determinação divina, em conjunção com asforças da natureza.(...)Em O Pistoleiro, outro roteiro que escrevi e dirigi,mais uma vez preocupa<strong>do</strong> com as questões sociais<strong>do</strong> momento, procurei salientar que a inteligência circunstanciadapela ignorância talvez seja a maior fontede degradação <strong>do</strong> caráter humano.(...)Ligan<strong>do</strong>-se a temática de O Caipora à temática de OPistoleiro, encontramos um ponto comum, onde ohomem, na circunstância da maior ou menor sabe<strong>do</strong>ria,escreve o seu próprio destino.Vale salientar que a identificação cultural entre asdiversas artes na Bahia <strong>do</strong>s anos 50 e 60 era tão intensa,que a maioria <strong>do</strong>s filmes daquela época, alémde atores como Geral<strong>do</strong> Del Rey, Helena Inês, AntonioPitanga, Milton Gaúcho, Braga Neto, Fred Jr., CarlosPetrovich, Maria da Conceição, Maria Adélia, tinha aparticipação de artistas plásticos como Sante Scaldaferrie Calazans Neto; escritores como Jorge Ama<strong>do</strong> eLuiz Henrique Dias Tavares e críticos de cinema comoWalter da Silveira, que atuavam em nossos filmes, àsvezes como personagens importantes, outras vezescomo simples figurantes. Já no Rio, Roberto fez algumtempo depois: O crime no Sacopã, Máscara da Traiçãoe Em busca <strong>do</strong> Sussexo.Novamente na Bahia e comigo como parceiro, fezAbrigo Nuclear. Depois em Goiânia, fez Césio 137,que em minha opinião lhe custou a vida, pela via dacontaminação.
Glauber Rocha, nosso embaixa<strong>do</strong>r maior, pode semearmun<strong>do</strong> afora, a sua genialidade comprovada, emBarravento, Deus e o Diabo na Terra <strong>do</strong> Sol, O Dragãoda Maldade e Terra em Transe, entre outros filmes,no que observara e sentira, nos campos férteis planta<strong>do</strong>spelos chama<strong>do</strong>s “meninos da Iglu”.Soma<strong>do</strong>s, os filmes realiza<strong>do</strong>s na Bahia, durante esteciclo, representam um investimento priva<strong>do</strong>, na suamaioria, <strong>do</strong>s próprios cineastas e produtores locais,da ordem de 54 milhões de reais, se considerarmosa média modesta, apenas atualizada, de três milhõesde reais por filme.61panorama <strong>do</strong> cinema baianoMais recentemente, foram realiza<strong>do</strong>s alguns filmes,já com a ajuda displicente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, que disponibilizaanualmente, e já faz muito tempo isto, apenas,um milhão e duzentos mil reais, disputa<strong>do</strong>s a tapas ebeijos, por to<strong>do</strong>s os cineastas baianos entre si.Enquanto isto, o Município de Paulínia no Esta<strong>do</strong> deSão Paulo, ao criar, mais que de repente, um núcleode produção de filmes de longa-metragem, deixoude ser um símbolo de poluição para ser a Hollywoodbrasileira, sem qualquer tradição de cinema como aSalva<strong>do</strong>r da Bahia tem. Disponibilizou, só em 2008,vinte milhões de reais, <strong>do</strong>is e meio por cento <strong>do</strong>orçamento municipal para 20 filmes que lá foram roda<strong>do</strong>snaquele ano. Em 2009 muitos <strong>do</strong>s sucessos <strong>do</strong>cinema nacional foram ali roda<strong>do</strong>s. Em 2010 outroslongas continuam a serem roda<strong>do</strong>s lá.Para os filmes que são roda<strong>do</strong>s no município, opercentual de contribuição depende apenas <strong>do</strong> per-Deus e o Diabo na Terra <strong>do</strong> Sol, 1964Acervo <strong>Cinema</strong>teca Brasileira
- Page 3 and 4:
POR ANDRÉ SETAROpanoramado cinemab
- Page 11: 11panorama do cinema baiano
- Page 22 and 23: 22panorama do cinema baianoporciona
- Page 24 and 25: 24panorama do cinema baianoBOCCANER
- Page 26 and 27: 26panorama do cinema baianonas cien
- Page 29 and 30: Walter da SilveiraA PRESENÇA DE WA
- Page 31 and 32: Com menos de um ano, em abril de 19
- Page 33 and 34: cinematográfica, passando pela ent
- Page 35: fundamental, como bem demonstram as
- Page 38 and 39: 38panorama do cinema baianoapoio da
- Page 41 and 42: Redenção,1959redenção,de Robert
- Page 43 and 44: fotograma, e apresentado em sessão
- Page 45: ciclo baiano de cinemaNesta época,
- Page 49 and 50: Barravento,1959Acervo CinematecaBra
- Page 51 and 52: obra revolucionária, contra o cand
- Page 53 and 54: o esquema de rodízioForma-se uma E
- Page 55 and 56: inexcedível, em Os fuzis, com foto
- Page 57 and 58: O Pagador dePromessas, 1962ciclo ba
- Page 59: sobradão, onde fixávamos a tela.
- Page 65 and 66: as empresas65Eu me Lembro,2005Com e
- Page 67 and 68: de repente tudo parouO grito da ter
- Page 69 and 70: A Grande Feira,1961a grande feiraH
- Page 71 and 72: claro, da mise-en-scéne - que sua
- Page 73 and 74: donada pelo marinheiro, retorna ao
- Page 75 and 76: tocaia no asfalto75Tocaia no Asfalt
- Page 77 and 78: sol sobre a lamaJoão Palma Neto, a
- Page 79 and 80: ancoradouro, a impedir qualquer aba
- Page 81 and 82: o surto undergroundRealizado em 196
- Page 83 and 84: da Montanha, biografia deste cineas
- Page 85 and 86: ção narrativa que iria se acentua
- Page 87 and 88: a redençãode meteorango emo super
- Page 89 and 90: as jornadas baianasAs sementes das
- Page 91: absoluta - pela, como já se disse,
- Page 94 and 95: 94panorama do cinema baianoNavarro
- Page 96 and 97: 96panorama do cinema baianoHá tamb
- Page 98 and 99: 98panorama do cinema baiano
- Page 100 and 101: 100panorama do cinema baianotragem;
- Page 102 and 103: 102panorama do cinema baianoCom a e
- Page 104 and 105: Diamante Bruto,1977pela necessidade
- Page 107 and 108: O Pai doRock, 2001críticasTRÊS HI
- Page 109 and 110: Três Históriasda Bahia, 2001nova
- Page 111 and 112:
Esses Moços,2004ESSES MOÇOS, de J
- Page 113 and 114:
EU ME LEMBRO, de Edgard Navarro113E
- Page 116 and 117:
116panorama do cinema baianoestavam
- Page 118 and 119:
118panorama do cinema baianoCASCALH
- Page 120 and 121:
120panorama do cinema baianografia
- Page 122:
122panorama do cinema baianose dá
- Page 125 and 126:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS125BOCC
- Page 127:
panorama docinema baianoPOR ANDRÉ