12.07.2015 Views

Panorama-do-Cinema-Baiano

Panorama-do-Cinema-Baiano

Panorama-do-Cinema-Baiano

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

50panorama <strong>do</strong> cinema baianoRabatony e Álvaro Guimarães, assistente de direção.Tínhamos um caminhão pra transportar o materiale a equipe e mais um jipe e um carro de produção.Elio Moreno Lima controlava o dinheiro e a comida.(…) Nos três primeiros dias não fui pra filmagem a fimde que minha presença não perturbasse Paulino. Noquarto, Telles veio dizer que Paulino e Sônia estavamfoden<strong>do</strong> o filme. Que Sônia bancava de vedete. QueTony e Paulino não se entendiam. Que os assistentesmineiros conspiravam contra mim. Que Paulinoia vender a produção a Gibault, produtor executivode Sacha Gordine que produzia O santo módico naBahia. Alvinho completou informações. Um complô<strong>do</strong>s mineiros com Sônia, Paulino, Tony Rabatony nomeio. Barravento. O filme parou. Roberto Pires, Rex,Braga, Elio, Oscar demandaram expulsão de Sônia.Executei. Paulino reagiu. Nomeei Telles diretor. Tellesnão aceitou. Propus convidar Roberto Santos, RobertoFarias, Roberto Pires recusou e me pressionou praaceitar. Paguei cem contos a Paulino pelo roteiro. Elepensara em me dar um tiro. Roberto Pires e BragaNeto descobriram Lucy Carvalho pra interpretar Nayna.Eu assumia a direção, mas Helena Ignez não subiaao estrelato. Derrubamos Paulino e Sônia mas eu nãoexporia Helena a uma crítica pública. Preservei suadignidade. Estaria sen<strong>do</strong> sórdi<strong>do</strong>? Alguns acusavammede haver deposto Paulino. Mas foi Paulino quemse depôs. Fiz tu<strong>do</strong> para que ele continuasse mas ele,mesmo ten<strong>do</strong> sacrifica<strong>do</strong> Sônia, não podia continuaro filme sem ela. Estava arrasa<strong>do</strong>. Sônia o exilara.Xingou-me na praia. Mas eu não deixaria o barcoafundar. A jangada atravessaria as ondas mesmo solitária.Perdi o amigo, ganhei o filme. No final perderiaHelena. Com a queda de Paulino abri o roteiro e acheiuma merda. Parti para reescrever na câmera escurada Iglu e Rabatony começou a pedir a planta baixa.Em quase duas semanas refiz o roteiro, diálogos edecupagem ajuda<strong>do</strong> por Telles. Aproveitei algunscopiões de Paulino, cortan<strong>do</strong> Sônia. Alguns esplen<strong>do</strong>resde Pitanga com Sônia na praia. O filme cheiravafresco. Antonionesco. Esteticista. Sublimação de umamor Paulino Pitanga por Sônia Yemanjá apaixonadapor um pesca<strong>do</strong>r. Último samba-de-roda na Bahia.Transformei Nayna numa marginal branca alienadapelo can<strong>do</strong>mblé, uma mãe afogada e um pai cego,apaixonada por um pesca<strong>do</strong>r virgem filho de Yemanjácritica<strong>do</strong> por um negro subversivo que esculhambavaa submissão <strong>do</strong>s pesca<strong>do</strong>res ao can<strong>do</strong>mblé e <strong>do</strong> mestreLídio Silva ao <strong>do</strong>no da rede. Firmino rasga a redeque os pesca<strong>do</strong>res costuram pra continuar a pescaria.A polícia vem buscar a rede. Famintos, os pesca<strong>do</strong>restêm barravento pra pescar. Aruan se arriscaria, se nãofosse encanta<strong>do</strong>. Firmino o desmistificaria através derituais de sexo e violência. Firmino sobe. Nayna vaipra camarinha. O Mestre perde Aruan, que vai paraa cidade, em busca de superar a fome por uma redenova, e voltar pra libertar Nayna <strong>do</strong> castelo macumbeiro”.Esta narrativa glauberiana é bastante elucidativa parase compreender a gênese de Barravento. Luiz Paulinotem uma visão romântica, se tivesse completa<strong>do</strong> ofilme, o resulta<strong>do</strong>, logicamente, seria outro. ComoGlauber ressalta no texto supra: uma visão “antonionesca,esteticista”. Glauber aplica Eisenstein, aconcepção de montagem dialética, tenta fazer uma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!