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Panorama-do-Cinema-Baiano

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cinematográfica, passan<strong>do</strong> pela entrevisão deIngmar Bergman, ao ressaltar nesta a renovação danatureza unanimista <strong>do</strong> cinema, às discussões entreas fronteiras <strong>do</strong> cinema e da literatura (Dostoievskiou Visconti?), às noites de um Federico Fellini, atéatingir um ensaio que indaga sobre a contribuição <strong>do</strong>cinemascope para a estética <strong>do</strong> cinema e desmistificare dimensionar a real importância de filmes comoFantasia, de Walt Disney, e Orfeu <strong>do</strong> Carnaval, deMarcel Camus. O livro, entretanto, não para por aqui.Contém mais e muito mais.Do “mestre <strong>do</strong> suspense”, Walter não per<strong>do</strong>a suasvertigens, sua aparente exterioridade, no únicoensaio, a nosso ver, infeliz, <strong>do</strong> grande ensaísta, postoque em Hitchcock o argumento é concessão enquantoque a mise-en-scéne, mensagem. Até que pontoa arte cinematográfica é capaz de transportar astorrentes verbais <strong>do</strong> texto shakespeariano? Eis outroartigo fundamental <strong>do</strong> mestre Walter, o qual nãodescuida também <strong>do</strong>s voos poéticos e da irreverência<strong>do</strong> solitário Monsieur Hulot, personagem <strong>do</strong>comediante francês Jacques Tati. Ou da efemeridade<strong>do</strong>s sentimentos <strong>do</strong> cinema de MichelangeloAntonioni. Ou da poética de Jean Cocteau. Ou daoralidade em Alain Resnais.E o cinema brasileiro? Que Walter da Silveirademonstra tanto interesse, durante a sua trajetóriade crítico, poden<strong>do</strong>-se mesmo afirmar que foraum grande anima<strong>do</strong>r de cinematografia nacional?O cinema brasileiro viria em publicação especial,que a fatalidade <strong>do</strong> destino não permitiu. Mas,em 1978, com a mencionada edição póstuma deHistória <strong>do</strong> <strong>Cinema</strong> Visto da Província, resgata-se,para a permanência em livro, um pouco da pesquisafeita através <strong>do</strong> tempo, num trabalho de verdadeiroarqueólogo da arte fílmica, <strong>do</strong>s primórdios <strong>do</strong> cinemana Bahia. E, sob a ótica de um bom provinciano,Walter descobre, aos poucos, o cinema internacional,que vai despontan<strong>do</strong> na cidade <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r. Também,poder-se-ia perguntar: e Charles Chaplin, a quemWalter tanto amara? Carlitos, ainda em tempo devida <strong>do</strong> crítico, é objeto de um estu<strong>do</strong> definitivosobre a sua filmografia em Imagem e Roteiro deCharles Chaplin, que Walter lança, em agosto de1970 – pouco antes de morrer – no Cine Bahia, comuma exibição especial de O Garoto (The Kid) em suahomenagem. A cópia vem especialmente para estaprojeção numa reverência ao ensaísta <strong>do</strong> Museu deArte Moderna <strong>do</strong> Rio de Janeiro.O apogeu criativo <strong>do</strong> cinema moderno, entretanto,Walter presenciara, pois este se dá la<strong>do</strong> a la<strong>do</strong>com a formação cultural <strong>do</strong> grande ensaísta. Aindamenino, Walter conhece a figura de Carlitos, assisteà transformação da estética da arte muda parao cinema fala<strong>do</strong>, acompanha o desenvolvimentonarrativo de um Orson Welles (Cidadão Kane), de umSergei Eisenstein, contempla a nova postura éticada cinematografia com a eclosão <strong>do</strong> neorrealismoitaliano. E as revoluções sintáticas, inaugura<strong>do</strong>rasde uma nova sintaxe, com Michelangelo Antonioni,Alain Resnais e Jean-Luc Godard. Porque, nasci<strong>do</strong>na segunda década <strong>do</strong> século XX (1915/1970),Walter da Silveira tem o privilégio de ser quasecontemporâneo das transformações estilísticas quemarcam a arte <strong>do</strong> filme.33panorama <strong>do</strong> cinema baiano

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