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Do Mestre-Escola ao professor do ensino primário

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Livre, cantan<strong>do</strong>, para a jornada <strong>do</strong> Ideal,em demanda <strong>do</strong> seu destino.<strong>Escola</strong> Nova! Asa e norte <strong>do</strong> pensamentonovo, nova epopeia <strong>do</strong>s povos![...] Utopistas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro! Anjosala<strong>do</strong>s <strong>do</strong> planeta! Sonhai![...]A <strong>Escola</strong> Nova é a marcha ascencional<strong>do</strong> Homem para a Perfeição.»(")Este texto foi publica<strong>do</strong> em 1924, no primeironúmero da revista <strong>Escola</strong> Nova, órgãoda Associaçiío <strong>do</strong>s Professores de Portugal.Ele é bem sintomático da crença que oshomens da Educação Nova depositavam naescola, não só para a educação das crianças,mas também para a transformação dasociedade. Esta crença no modelo escolartal como ele foi concebi<strong>do</strong> no século XVIIIe sistematiza<strong>do</strong> no século XIX deixa perceberque a Educação Nova é mais o jimde um perío<strong>do</strong> da história da educação <strong>do</strong>que o princípio de uma era nova, contrariamente<strong>ao</strong> que incessantemente reclamaramos seus mentores.iÉ verdade que os homens da EducqíoNova se uniram em torno de uma críticacerrada a uma pedagogia a que chamaram((tradicional))(aliás, esta crítica é talvez um<strong>do</strong>s únicos denomina<strong>do</strong>res comuns da EducaçãoNova!)), mas esta atiude nunca osconduziu a uma interrogação fundamentalsobre o modelo escolar ou a uma reflexãosobre a instituição escolar. A escola e acriaqa (J. Dewey), A escola activa (Ad.Ferrière), Uma escola nova na Bélgica(A. Faria de Vasconcelos), As escolas novas(L. Luzuriaga), A escola por medida (Ed.Claparède), Uma escda na vida (O. Decroly),Conceito da escola no trabalho (G.'Ker-schensteiner): poderíamos continuar, quaseindefinidamente, esta citação de títulos deobras <strong>do</strong>s principais arautos da EdlrcqãoNova, que mostra bem a mentração)) <strong>do</strong>discurso destes pedagogos na escola.Aliás, eles assumem claramente esta perspectiva,sublinhan<strong>do</strong> apenas a necessidadede uma transformação da escola e de umaligação da escola a vida. Reportemo-nos aJohn Dewey para mencionar a 5ua «conception de I'école envisagée comme une sociétéreflétant et reproduisant sous une formetypique les principes fondamentaux de lavie sociale)) (") e a A<strong>do</strong>lfo Lima para citarum texto de 1925:«Assim a escola-prisão, a escola-caserna,i escola-convento, A escola-oligárquicae chauvinista, sucede a <strong>Escola</strong> Social.Esta corresponde a <strong>do</strong>utrina de que ocentro <strong>do</strong> sistema escolar é a criança;corresponde a necessidade d0 que a escoladeve preparar para a vida. E o melhormeio de realizar este requisito é fazer daescola um organismo social, em que seencontrem organizadas as instituiçõessociais que são o ideal <strong>do</strong>s seus membrose onde se exercitem, se corrijam e seeduquem na prática da vida social.[...I A escola deve ser considerada,como um laboratório sociológico, comouma estufa.)) (")<strong>Escola</strong> - miniatura da mun<strong>do</strong>, <strong>Escola</strong> -laboratório sociológico: nestas duas expressõesexprimem-se, para<strong>do</strong>xalmente, as potencialidadese os limites da Educação Nova:potencialidades que dizem respeito a vitalidadedeste movimento na transformaçãodas ideias pedagógicas, das práticas escolarese <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s <strong>professor</strong>es; limites quepassam pela incapacidade de pôr em caus<strong>ao</strong> modelo escolar concebi<strong>do</strong> na época modernae de imaginar uma outra forma deeducar. Por isso, afirmámos que a EducaçãoNova encerrava o «ciclo da modernidade))da história da educação.E, no entanto, nas entrelinhas <strong>do</strong>s seusdiscursos os homens da Educqão Nova deixamjá perceber alguma desconfiança emrelação <strong>ao</strong> modelo escolar inauguran<strong>do</strong>,deste mo<strong>do</strong>, a reflexão contemporânea sobrea educação e o <strong>ensino</strong>. O delicioso prólogode A<strong>do</strong>lphe Ferrière <strong>ao</strong> livro Transformemosa <strong>Escola</strong> (cuja tradução portu-430

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