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É agora ou nunca - Fonoteca Municipal de Lisboa

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“uma pintura necessita <strong>de</strong> uma pare<strong>de</strong>com que se confrontar”, mesmoque, como acontece nesta exposição,<strong>de</strong> <strong>ou</strong>tro lado possa estar um lugardominado pelo abandono e a dor.A realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois da pinturaConvém lembrar que Marlene Dumasviveu <strong>de</strong> perto o Apartheid na Áfricado Sul, experiência que inspir<strong>ou</strong>“Contra o Muro” e o protesto mudoque sob uma série <strong>de</strong> pinturas é dirigidoàs políticas <strong>de</strong> segregação <strong>de</strong> Israel.Será então oportuno evocar aquia incómoda classificação <strong>de</strong> arte políticae fazer a inevitável pergunta:não po<strong>de</strong> esta pintura tornar-se ilustração<strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong>?“Não, não existe esse risco. A realida<strong>de</strong>encontra-se já ilustrada nasfotografias preexistentes”, respon<strong>de</strong>o comissário. “E a pintura transformaa realida<strong>de</strong> ilustrada numa realida<strong>de</strong>da imaginação. Po<strong>de</strong>mos chamar [estaspinturas] <strong>de</strong> arte política não apenasporque <strong>de</strong>screvem estruturas quecondicionam a vida em comum <strong>de</strong>povos em conflito, mas também porque,e sobretudo, Marlene Dumas,enquanto pintora, se envolve nesseconflito: constrói na sua pintura ummuro, contra o discurso politicamentecorrecto, e tornando-o inevitáveltorna inevitável a necessida<strong>de</strong> da sua<strong>de</strong>struição”.Disse Marlene Dumas durante aapresentação em Nova Iorque, na GaleriaDavid Zwirner: “S<strong>ou</strong> contra omuro. Não s<strong>ou</strong> contra o Estado <strong>de</strong> Israel<strong>ou</strong> o Estado da Palestina, mas s<strong>ou</strong>contra o muro”. A clareza e a afirmaçãoda posição revêem-se em “O Sonoda Razão”, auto-retrato da artista, incapaz<strong>de</strong> mudar politicamente o mundo,por isso seu involuntário cúmplice,mas capaz <strong>de</strong> enriquecer a suamemória colectiva através da imaginação(cite-se o Goya <strong>de</strong> “Desastres<strong>de</strong> La Guerra”, <strong>de</strong> 1810-20 <strong>ou</strong>, numalatitu<strong>de</strong> distinta, o Matisse que viveusob o Regime <strong>de</strong> Vichy).No Museu <strong>de</strong> Serralves, reúnem-seà volta <strong>de</strong> 40 pinturas datadas da décadaanterior (mais 20 das que as expostasem Nova Iorque) e a maiorparte dá conta do modo como Dumaslid<strong>ou</strong> na sua pintura com o conflitono Médio Oriente. Para além da arquitecturae do betão, a artista pint<strong>ou</strong>rostos e corpos <strong>de</strong> pessoas que viveram<strong>de</strong> perto a guerra (“Criança aacenar”) <strong>ou</strong> que nela per<strong>de</strong>ram familiares(a mulher que olha a foto dofilho em “A mãe”, 2009) <strong>ou</strong> a vida(mártires e terroristas em “Homemmorto”, 1988, “Rapariga morta”,2002). Outras pinturas revelam incursõespor temas aparentemente maisprosaicos, pacíficos <strong>ou</strong> clássicos. É ocaso do retrato <strong>de</strong> uma oliveira <strong>ou</strong> dasnaturezas-mortas “Carida<strong>de</strong>” (2010),com as suas rosas escurecidas, e “Asvinhas da Ira” (2009).Finalmente, restam imagens ambíguas<strong>de</strong> corpos. Em “Ressurreição”(2003/09), o torso <strong>de</strong> um homem caídopara trás, a boca aberta. Um mortoque ressuscita com o “milagre” dapintura? Um ferido? Uma estátua? Comoas <strong>ou</strong>tras imagens resulta <strong>de</strong> umatensão entre a documentação fotográficae o espaço imaginário da pintura;tensão que se propõe atravessar todaa exposição contra os limites ontológicosda pintura e os muros e as divisõesconstruídas pelos homens.s muros, pinturas que a partir da fotografiaespectador. O motivo é o conflito entreé Marmeleira/// EXPOSIÇÃO #07ARQUITE(X)TURASOBRAS DA COLECÇÃO BESart/// DE 24 DE JUNHO A 9 DE SETEMBROLEE FRIEDLANDER // PAULO NOZOLINO // JOSÉ MAÇÃS DE CARVALHO //DOUG AITKEN // ABELARDO MORELL // DANIEL BLAUFUKS // NUNO CERA //JOÃO PAULO FELICIANO // THOMAS RUFF // RICARDA ROGGAN // ANA VIEIRA //BILL HENSON // CANDIDA HÖFER // VITO ACCONCI // HIROSHI SUGIMOTO //THOMAS STRUTH // PAULO CATRICA // PEDRO TUDELA // LESLIE HEWITT //SABINE HORNIG // ROLAND FISCHER // STAN DOUGLAS // DAN GRAHAM //FRANÇOISE SCHEIN //// MORADAPraça Marquês <strong>de</strong> Pombalnº3, 1250-161 <strong>Lisboa</strong>// TELEFONE21 359 73 58// HORÁRIOSegunda a Sextadas 9h às 21h// EMAILbesarte.financa@bes.ptÍpsilon • Sexta-feira 2 Julho 2010 • 29

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