“Ser maisconhecido?Ganhar maisdinheiro?Reinventar-me?Quero ser eu,apenas isso”James Murphy, ar anafado, 40 anos, é responsável poralguma da música mais vital da última década com osLCD S<strong>ou</strong>ndsystem. Diz que não quer ser um profissionaldo rock. No dia 10 os LCD S<strong>ou</strong>ndsystem encerramo OptimusAlive!. Po<strong>de</strong> ser a última oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> os vermos ao vivo. Vítor BelancianoCapaAo longo da conversa, James Murphydirá várias vezes “não sei.” E, no entanto,se existe músico com consciência<strong>de</strong> si, e do lugar que ocupa nacultura pop, é ele. Ele sabe o que quer,por isso se permite dizer <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>scontraída “não sei.” Para já, vaiandar em digressão por um ano, como álbum “This Is Happening” dos seusLCD S<strong>ou</strong>ndsystem. Depois, diz – eacreditamos – vai remeter-se à sombra.Não se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>sistir da música.Mas <strong>de</strong> a viver <strong>de</strong> <strong>ou</strong>tra forma.É provável, por isso, que o concertodo OptimusAlive! <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Julhoseja mesmo uma das últimas oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> ver ao vivo um dos gruposmais importantes da última década.Na noite anterior, a 9, James Murphyestará no Lux, para uma sessão DJ nacompanhia da dupla Horse Meat Disco.Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser irónico que, noauge do reconhecimento, se queiraretirar. Ele que, no final dos anos 90,parecia con<strong>de</strong>nado ao esquecimento<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter integrado várias bandasmenores, como baterista e cantor.Em 2001 fund<strong>ou</strong> a editora DFA Recordings,em Nova Iorque, que se viriaa transformar na senha <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>da combinação entre rock alternativoe música <strong>de</strong> dança. No anoseguinte, saiu “Losing my edge”, longomonólogo sobre como sobrevivernum contexto pop <strong>de</strong>slumbrado coma juventu<strong>de</strong> e com a novida<strong>de</strong>, e tudomud<strong>ou</strong>. Ele, o homem da sombra,transform<strong>ou</strong>-se no ícone mais improváveldo nosso tempo. Alguém capaz<strong>de</strong> transformar fragilida<strong>de</strong>s, ao nívelda voz, da técnica <strong>ou</strong> da personalida<strong>de</strong>– “para alguma coisa fiz terapia”,“Não gostodaquelasbandas quevão fazercarinhas parapalco. Nunca oconseguiriafazer. Nisso,continuo aacreditar naética punk”6 • Sexta-feira 2 Julho 2010 • Ípsilon
Ípsilon • Sexta-feira 2 Julho 2010 • 7PAULO PIMENTA