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É agora ou nunca - Fonoteca Municipal de Lisboa

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As estrelas do públicoJorgeM<strong>ou</strong>rinhaLuís M.OliveiraMárioJ. TorresVascoCâmaraAtraídos pelo Crime mnnnn nnnnn mmnnn nnnnnDuas Mulheres mmnnn nnnnn mmmnn nnnnnEu S<strong>ou</strong> o Amor mmmmm mnnnn mmmmn mnnnnL<strong>ou</strong>ise-Michel mmmnn nnnnn mmnnn nnnnnPartir mmnnn nnnnn nnnnn nnnnnShirin mmmmn mmmmn mmmmn mmmmmVencer mmmmn mmmnn mmnnn mmnnn24 City mmmnn mmmnn mmmnn mmmnnA Teta Assustada mmmmn mmnnn mmnnn nnnnnWhisky mmmnn nnnnn nnnnn nnnnn“Eu s<strong>ou</strong> o amor”: irremediavelmente escolarcom a sua própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, oencontro que justifica o título e otresvario das aventuras centra-senuma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> argumento que sópo<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r-se no contexto,também ele absurdamente glosado,dos meandros complexos docapitalismo internacional eglobalizado.Se não vejamos, L<strong>ou</strong>ise, analfabetae <strong>de</strong>sajustada, sobrevive apanhandopombos em ratoeiras e <strong>nunca</strong> bebeálcool, é operária numa fábrica,fechada inesperadamente por<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> invisíveis patrões. Com aridícula soma conseguida com ascláusulas <strong>de</strong> rescisão, L<strong>ou</strong>ise e assuas companheiras <strong>de</strong> infortúnio<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m contratar um “assassinoprofissional” (Michel), a fim <strong>de</strong> fazerjustiça. Entre as peripécias<strong>de</strong>svairadas em que o filme é fértil,Michel mata os “falsos culpados”(meros intermediários <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>iacomplexa), usando a ajuda <strong>de</strong> umaprima cancerosa em estado terminale <strong>de</strong> um con<strong>de</strong>nado a morte lenta,acabando os dois cúmplices porchegar ao elo final da ca<strong>de</strong>ia, nafigura <strong>de</strong> um milionário semescrúpulos, refugiado “off-shore” noparaíso fiscal da ilha <strong>de</strong> Jersey eexecutado com requintes <strong>de</strong>sanguinária malva<strong>de</strong>z, à beira <strong>de</strong>idílica piscina. Presos durante osfestejos da sua tarefa concluída,acabam por conceber em cativeir<strong>ou</strong>ma criança que parece perpetuar asua própria marginalida<strong>de</strong>. Pelomeio, muitas <strong>ou</strong>tras <strong>de</strong>liciosastransgressões, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um tresl<strong>ou</strong>cadoengenheiro que concebe armasmortíferas até à chegada a Jerseynum barco que transportaemigrantes ilegais.Ou seja, no seu <strong>de</strong>lírio sem limitesaparentes, “L<strong>ou</strong>ise-Michel”instrumentaliza todos os absurdossignificativos para contestar a or<strong>de</strong>mestabelecida do capitalismointernacional e sem rosto e, pelocaminho, brinca com o <strong>de</strong>sconchavosurrealizante <strong>de</strong> uma narrativa empiloto automático, que se socorre <strong>de</strong><strong>de</strong>scontextualizados “flash-backs” (oassassínio do agente imobiliário quelev<strong>ou</strong> L<strong>ou</strong>ise/Jean Pierre, nopassado, uma longa pena porhomicídio) <strong>ou</strong> <strong>de</strong> inesperadasinversões das expectativas, nummundo <strong>de</strong> pequenas cida<strong>de</strong>sadormecidas e tristes bares <strong>de</strong>proletários <strong>de</strong>sesperados, semignorar um prólogo a jogar com omedo da morte numa irrisória cena<strong>de</strong> cremação, em que o forno avaria.Esta anárquica intervenção políticaintroduz no tecido da <strong>de</strong>svairadacomédia um amargo sabor a fracassoimpenitente, que transforma o filmeem incómoda viagem, para oespectador <strong>de</strong>sprevenido, a últimacoisa que se pretenda que aconteça.Com efeito, “L<strong>ou</strong>ise-Michel”,apesar <strong>de</strong> todas as suasincongruências e bizarrias, mereceum olhar sem preconceitos (difícil <strong>de</strong>atingir dada a soma <strong>de</strong> “disparates”acumulados) e terá, com certeza, umpúblico disposto a jogar o jogo dascontingências surrealistas, umsurrealismo “trash”, mas <strong>de</strong>reconhecíveis relações automáticas.Não será um gran<strong>de</strong> filme, <strong>de</strong>sarma,tira o tapete <strong>de</strong> <strong>de</strong>baixo dos nossoshesitantes pés, mas po<strong>de</strong> bemtornar-se num pequeno filme <strong>de</strong>culto. Mário Jorge TorresContinuamShirinDe Abbas Kiarostamicom Rana Azadivar, Vishka Asayesh,Darya Ash<strong>ou</strong>ri, Pegah Ahangarani,Shiva Ebrahimi, Niloofar Adibp<strong>ou</strong>r,Khatareh Asadi , Juliette Binoche.M/12MMMMn<strong>Lisboa</strong>: UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 6: 5ª 6ªSábado 2ª 3ª 4ª 14h, 16h30, 19h, 21h45, 24hDomingo 11h30, 14h, 16h30, 19h, 21h45, 24hTodos os elogios não serão <strong>nunca</strong> <strong>de</strong>menos para a maravilhosaexperiência formal do iranianoKiarostami, on<strong>de</strong> as convenções docinema narrativo são viradas doavesso ao <strong>de</strong>sviar a atenção do filmeda acção para os espectadores. Defacto, o romance con<strong>de</strong>nado <strong>de</strong>Shirin, princesa da Arménia, eKhosrow, príncipe da Pérsia, estápermanentemente em “off” – apenaso <strong>ou</strong>vimos projectado num écrã que<strong>nunca</strong> vemos porque Kiarostami seconcentra, exclusivamente, nosrostos daquelas que assistem à suaprojecção numa sala <strong>de</strong> cinema. 114mulheres anónimas que são, narealida<strong>de</strong>, 114 actrizes iranianas (euma francesa, Juliette Binoche),reagindo com risos, lágrimas,emoção, à história que vamos<strong>ou</strong>vindo. É uma arrojada experiênciaformal ganha em toda a linha,infinito jogo <strong>de</strong> espelhos que dilui eabsorve o próprio espectador comoparte integrante do filme que seconstrói, e também é um filmeeminentemente político que nãoapenas <strong>de</strong>volve à mulher o seu papelcentral numa socieda<strong>de</strong> patriarcalcomo também sublinha a suainteligência emocional e intuitiva.Certamente, não é filme para todosos gostos – é inevitável sentir aquialgo <strong>de</strong> “instalação multimedia”, eKiarostami tem vindoprogressivamente a dirigir-se paraum cinema cada vez mais indistintoda arte multimedia – mas é um dosgran<strong>de</strong>s filmes que vamos ver emsalas em 2010. J.M.Duas MulheresDe João Mário Grilocom Beatriz Batarda, NicolauBreyner, Virgílio Castelo, DéboraMonteiro. M/12MMnnn<strong>Lisboa</strong>: CinemaCity Alegro Alfragi<strong>de</strong>: Sala 9: 5ª 6ª“Shirin”: um dos gran<strong>de</strong>s filmes que vamos ver este ano2ª 3ª 4ª 13h45, 17h50, 19h50, 23h40 SábadoDomingo 11h45, 13h45, 17h50, 19h50,23h40; CinemaCity Classic Alvala<strong>de</strong>: Sala 2: 5ª 2ª3ª 4ª 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h45 6ª 13h35,15h35, 17h35, 19h35, 21h45, 24h Sábado 11h35,13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h45, 24h Domingo11h35, 13h35, 15h35, 17h35, 19h35, 21h45; ZONLusomundo Alvaláxia: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª3ª 4ª 13h20, 15h45, 19h, 21h55, 00h25; ZONLusomundo Vasco da Gama: 5ª 6ª SábadoDomingo 2ª 3ª 4ª 18h45, 21h45, 00h25; Porto:Arrábida 20: Sala 7: 5ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª21h15, 00h10 6ª 00h10; ZON LusomundoMarshopping: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª13h40,18h40, 22h, 00h10; ZON Lusomundo ParqueNascente: 5ª 6ª Sábado Domingo 2ª 3ª 4ª 13h10,15h20, 18h, 20h30, 23h;Ponto prévio: era tão bom que tantoscineastas (e não só portugueses)fossem capazes <strong>de</strong> filmar como JoãoMário Grilo, colocando a câmara e a“mise-en-scène” ao serviço dahistória que se quer contar, com umasobrieda<strong>de</strong> tanto mais admirávelquanto rara. Não estamos a falar <strong>de</strong>mero funcionalismo anónimo, e noentanto, “Duas Mulheres”, primeiraficção <strong>de</strong> longa-metragem docineasta, professor e crítico em <strong>de</strong>zanos, é um filme estranhamente frioe distante, exercício aplicado ecerebral mais do que o dramavibrante que se escon<strong>de</strong> por entre oguião. Na verda<strong>de</strong>, a chave é apersonagem central, Joana,psiquiatra com dificulda<strong>de</strong>s emextravasar as suas emoções, casadacom um financeiro po<strong>de</strong>roso masperturbada por uma jovem “call girl”que surge nas urgências e com a qual<strong>de</strong>senvolve uma relação lésbica.Beatriz Batarda é impecável nagestão das emoções complicadas queo papel lhe pe<strong>de</strong>, mas a câmara <strong>de</strong>Grilo não é capaz <strong>de</strong> a acompanharna transição da frieza para asensualida<strong>de</strong>, e fica sempre asensação <strong>de</strong> que está maisinteressado nisso do que nocomplexo xadrez político-económicoque o guião <strong>de</strong> Tereza Coelho e RuiCardoso Martins <strong>de</strong>senha semesforço. Isso faz <strong>de</strong> “Duas Mulheres”um filme que não cumpre por inteiroas suas promessas e <strong>de</strong>ixa um travomeio amargo através <strong>de</strong> alguns“saltos” narrativos um p<strong>ou</strong>coabruptos e, sobretudo, dadispensável coda final. J.M.Eu S<strong>ou</strong> o AmorIo Sono l’AmoreDe Luca Guadagninocom Tilda Swinton, Flavio Parenti,Edoardo Gabbriellini. M/12Mnnnn<strong>Lisboa</strong>: Castello Lopes - Cascais Villa: Sala 2: 5ªDomingo 2ª 3ª 4ª 21h10 6ª Sábado 21h10,24h; UCI Cinemas - El Corte Inglés: Sala 13: 5ª 6ªSábado Domingo 2ª 14h10, 16h40, 19h10, 21h45,00h15 3ª 4ª 16h40, 19h10, 21h45, 00h15Porto: Arrábida 20: Sala 5: 5ª 6ª Sábado Domingo2ª 13h55, 16h40, 19h25, 22h05, 00h40 3ª 4ª 16h40,19h25, 22h05, 00h40Vejamos: o <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntismo <strong>de</strong>Bertolucci <strong>ou</strong> Visconti, o DeSicca <strong>de</strong>Seja responsável. Beba com mo<strong>de</strong>ração.“Il giardino <strong>de</strong>i Finzi Contini” – eDominique Sanda ressuscitada com“<strong>de</strong>sign” por Tilda Swinton... —,Gabriele Ferzetti (o patriarca dafamília) como um “fantasma” <strong>de</strong><strong>ou</strong>tros tempos do cinema italiano (eleque foi actor para Antonioni, em “LeAmiche”, “A Aventura”, porexemplo)... e podíamos continuar ainventariar, em direcção a umaconstrução pós-mo<strong>de</strong>rna... Mas falta aLuca Guadagnino a firmeza ensaística<strong>de</strong> um Todd Haynes, quando leu Sirkatravés <strong>de</strong> Fassbin<strong>de</strong>r (“Longe doParaíso”) e torn<strong>ou</strong> o passado numobjecto político cortante do presente.Falta muito a Luca Guadagnino, aliás:firmeza, como se disse, coisa que seabstém <strong>de</strong> “Eu s<strong>ou</strong> o amor” logo apóso genérico – sim, este filmezinho éapenas um genérico. “Eu s<strong>ou</strong> o amor”não vai lá pela <strong>de</strong>terminação dainteligência, portanto. Mas tambémnão se afirma pela generosida<strong>de</strong> do<strong>de</strong>svario que o título promete. Erapreciso haver cineasta. Nem ensaionem melodrama, nem 2º nem 1º grau,é irremediavelmente escolar. VascoCâmara.Para quem leva o riso bem a sério e se aplicana boa disposição, a Jameson prepar<strong>ou</strong> umconjunto <strong>de</strong> festas verda<strong>de</strong>iramente divertidas.Entre num caso sério <strong>de</strong> gosto pela vida.Há p<strong>ou</strong>cas oportunida<strong>de</strong>s assim.www.jameson.ptEasygoing Irish.Ípsilon • Sexta-feira 2 Julho 2010 • 53

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