12.07.2015 Views

Cametá- Acordos de pesca - Ministério do Meio Ambiente

Cametá- Acordos de pesca - Ministério do Meio Ambiente

Cametá- Acordos de pesca - Ministério do Meio Ambiente

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

14Série SistematizaçãoO papel da Igreja na mudança<strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> organizaçãosocial e <strong>do</strong>minação econômicaDevi<strong>do</strong> às mudanças nos ecossistemas locais, com conseqüente mudançanos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vida, a população ribeirinha, os <strong>pesca</strong><strong>do</strong>res e extrativistasa<strong>do</strong>taram estratégias <strong>de</strong> (re)produção com a criação <strong>de</strong> animais <strong>do</strong>mésticos,se integraram a projetos <strong>de</strong> créditos bancários e passaram a criar peixe emcativeiro, em tanques escava<strong>do</strong>s nas ilhas, com recursos financia<strong>do</strong>s pela IgrejaCatólica.A Igreja, <strong>de</strong>ssa maneira, iniciou uma inserção nas comunida<strong>de</strong>s,promoven<strong>do</strong> verda<strong>de</strong>ira ruptura das irmanda<strong>de</strong>s 6 – organizações religiosas<strong>de</strong> <strong>de</strong>voção a um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> santo - com os caciques políticos locais, eorganizan<strong>do</strong> as Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base. Isso foi um “susto” para aoligarquia local – a igreja, que <strong>de</strong>veria “prometer o céu”, resolve promover aorganização das comunida<strong>de</strong>s ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> projetos produtivos! O costume era aorganização a partir das irmanda<strong>de</strong>s; a cada ano, o “<strong>do</strong>no <strong>do</strong> santo” promoviaa festa daquela <strong>de</strong>voção. A arrecadação para realizar a festa era feita a partir daajuda <strong>do</strong>s “padrinhos políticos”, “figurões” da política local que patrocinavamas festas e se consi<strong>de</strong>ravam “caciques” das irmanda<strong>de</strong>s.Em <strong>Cametá</strong> a festa das irmanda<strong>de</strong>s teve uma particularida<strong>de</strong>: a exigência<strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> uma coroa <strong>de</strong> ouro ou prata para o santo, o que tornava estatarefa bastante onerosa para os camponeses. Então, as famílias <strong>de</strong> comerciantesavia<strong>do</strong>res 7 faziam esse papel e tornavam-se “<strong>do</strong>nos” da festa e <strong>do</strong> santo. Osrecursos <strong>do</strong>s pagamentos <strong>de</strong> promessa eram posse <strong>do</strong> “<strong>do</strong>no <strong>do</strong> santo”.Na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cuxipiari três famíliasjuntaram o ouro e a prata e mandaram fazera coroa da Trinda<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Inocentes ... O <strong>do</strong>no <strong>do</strong>santo era presi<strong>de</strong>nte da festa, o filho <strong>do</strong> <strong>do</strong>no <strong>do</strong>santo conseguiu (<strong>do</strong>a<strong>do</strong> por políticos) material<strong>de</strong> <strong>pesca</strong> e tornou-se um pequeno empresárioe conseguiu vaga <strong>de</strong> professora para a filha eempregos para to<strong>do</strong>s os filhos.Mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Cuxipiari Carmo6 As irmanda<strong>de</strong>s eraminstituições laicas quese encarregavam <strong>de</strong>organizar <strong>de</strong> ano emano a festa <strong>do</strong> santoda localida<strong>de</strong>, quan<strong>do</strong>as pessoas faziam suaspromessas, esperan<strong>do</strong>alcançar uma graça epagavam a promessa noperío<strong>do</strong> das festas oumesmo antecipadamentena casa <strong>do</strong> “<strong>do</strong>no <strong>do</strong>santo”.7 Comerciantes avia<strong>do</strong>ressão aqueles que supremas necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>sextrativistas adiantan<strong>do</strong>a eles produtos <strong>de</strong>que necessitam parasua sobrevivência ereceben<strong>do</strong> o pagamentoem produção (a maiorianão recebe em dinheiro,mas sim em produção).Ou seja, o extrativistaentrega ao avia<strong>do</strong>r suaprodução para pagara dívida da compraantecipada <strong>de</strong> gênerosalimentícios e outrasmerca<strong>do</strong>rias que ocomerciante lhe havia“fia<strong>do</strong>”. É um sistema <strong>de</strong>“crédito sem dinheiro”,no qual o extrativistase vê cada vez maisendivida<strong>do</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!