14 <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2013LeitoresA direcção do <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> recebe com agradopara publicação a correspondência dos leitores quetratem <strong>de</strong> questões do interesse público. Reserva-seo direito <strong>de</strong> seleccionar os trechos mais importantesdas Cartas ao Director <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntificadas,publicadas nesta secção.direccao@jornal<strong>de</strong>leiria.ptIncêndiosflorestais -ninguémnos quer ouvirMais <strong>de</strong> 700 incêndios florestais<strong>de</strong>flagraram nos últimos trêsdias. Bombeiro da Covilhã é o104º a morrer em fogos florestais<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980.Pedro Miguel Rodrigues, <strong>de</strong> 41anos, foi o último soldado da paza falecer ao serviço <strong>de</strong> todosnós… na salvaguarda das nossasvidas e dos nossos bens. Atéquando teremos que assistir aestes trágicos acontecimentos,que se por um lado nos <strong>de</strong>ixamtristes, por outro, <strong>de</strong>ixam-nosum sentimento <strong>de</strong> profundarevolta, porque avisos não faltame nós sabemos que háresponsáveis que aos nossosavisos, olham para o ladoassobiando para o ar. Só no dia 14<strong>de</strong> Agosto se verificaram 253ocorrências, tendo estadoenvolvidos 4966 operacionais e1356 veículos. A 15 <strong>de</strong> Agosto,registaram-se 254 ocorrências.Todos os anos em Janeiro, aAsproCivil-AssociaçãoPortuguesa <strong>de</strong> Técnicos <strong>de</strong>Segurança e Protecção Civil,emite um comunicado <strong>de</strong>imprensa apelando aosintervenientes da GestãoFlorestal para tomarem medidaspreventivas nas suas áreas <strong>de</strong>intervenção. Para além do poucoeco que os órgãos <strong>de</strong>comunicação social fazem <strong>de</strong>steapelo, o que lamentamos, poisparece que (a gran<strong>de</strong> maioria)prioriza a <strong>de</strong>sgraça em<strong>de</strong>trimento do serviço público,parece-nos que <strong>de</strong>veriaminterpelar objectivamente, osresponsáveis pela GestãoFlorestal Nacional eprincipalmente municipal, pelaaparente <strong>de</strong>missão das suasobrigações e omissão das acçõesa que estão legalmenteobrigados.Os incêndios florestais, aocontrário do que todos os anosnos preten<strong>de</strong>m fazer acreditar,não são um <strong>de</strong>sígnio. Antes, sãona sua maioria (tanto igniçõescomo área ardida) potenciados eaté “permitidos” pela ineficáciaou inexistência das medidas <strong>de</strong>prevenção! A prevenção não sefaz quando se aproxima a épocados fogos, nem com meia dúzia<strong>de</strong> painéis e/ou anúncios, aprevenção faz-se com umPrograma Nacional <strong>de</strong>Informação permanente durantetodo o ano, que vise atitu<strong>de</strong>s,comportamentos e medidas <strong>de</strong>prevenção dirigidas aoscidadãos. Contudo, maisimportante que essas acções é aresponsabilização dosproprietários (mesmosingulares), associações <strong>de</strong>proprietários, câmarasCoisas do arco da velhaPortugal comprometeu-se a ven<strong>de</strong>r à Roménia (paísmais pobre da EU) 12 aviões <strong>de</strong> combate F16 e,como quem cabritos ven<strong>de</strong> e cabras não têm,chegou à conclusão que para po<strong>de</strong>r fechar onegócio teria que comprar três novos aviões aosestados Unidos da América. De simples ven<strong>de</strong>dores<strong>de</strong> porta a porta <strong>de</strong> Magalhães eis-nostransformados em intermediários <strong>de</strong> venda <strong>de</strong>armas <strong>de</strong> guerra. E para além <strong>de</strong> apenas ter nove<strong>de</strong>stes aviões, os mesmos para voar precisam <strong>de</strong>um conserto no montante <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 108 milhões<strong>de</strong> euros. Será que alguém <strong>de</strong>sta gente que nosgoverna estará <strong>de</strong>ntro do conceito vulgar <strong>de</strong> ter asfaculda<strong>de</strong>s mentais em or<strong>de</strong>m?Num momento em que Portugal ar<strong>de</strong> <strong>de</strong> vergonhaporque não fez o que <strong>de</strong>via dotando Portugal <strong>de</strong>uma pequena esquadrilha <strong>de</strong> aviões tipo Canadair,embrenhou-se na compra <strong>de</strong> dois submarinos à“fraterna” Alemanha e, no Alfeite ou na Praia daVieira, eles estão vigiando pela nossa <strong>de</strong>fesa. Estacompra e as contrapartidas a favor <strong>de</strong> Portugal jáforam julgadas na Alemanha e parece que vãocomeçar a sê-lo em Portugal, apanhando a Escomdo Grupo Espírito Santo na re<strong>de</strong> da corrupção. Nãohá dinheiro para pagar no dia habitual salários àGNR mas existe dinheiro para outros ganharemcomissões. Nos últimos 50 anos, os portuguesestem na sua indústria <strong>de</strong> fogos um maná para a<strong>de</strong>struição e morte <strong>de</strong> pessoas. Porém, cada ano épior do que o anterior. Este 2013 ficará para sempregravado pelo número <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> bombeiros, civis,animais domésticos, casas, pequenas hortasessenciais à subsistência <strong>de</strong> pessoas idosas,<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> viaturas dos bombeiros. Nem 5 reismunicipais, concessionárias <strong>de</strong>estradas e auto-estradas, e até opróprio Estado, que nãoefectuam a limpeza das suasmatas, nem tão pouco obriga, a sie a todos os outros proprietários(<strong>de</strong> acordo com termos da Lei) aefectuar essas mesmas limpezas.Ao percebermos que em 2012 achuva abundou, era evi<strong>de</strong>nte eprevisível o crescimento doscombustíveis orgânicos nosespaços rurais e principalmentenas zonas peri-urbanas. Estes,por acção das actuais condiçõesmeteorológicas, naturalmentesecaram e transformaram-se emmatéria orgânica com umaaltíssima combustibilida<strong>de</strong>,aumentando assim aprobabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignições epotenciando as consequências eduração <strong>de</strong>sses incêndios,tornando-os mais violentos e <strong>de</strong>difícil combate, levando àexaustão <strong>de</strong> homens e avarias <strong>de</strong>veículos.O ano <strong>de</strong> 2013 está a servir <strong>de</strong>prova <strong>de</strong> aferição a algumasopções organizativas eoperacionais, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> jáenten<strong>de</strong>mos inoportunas e quena <strong>de</strong>vida altura serão objecto <strong>de</strong>análise pela AsproCivil, no<strong>de</strong> mel coado pagam pela vida <strong>de</strong> um cidadão quese empenhava no combate <strong>de</strong> uma arte tãoapreciada por alguns, que vivem à custa da tragédiaalheia.Pagar anualmente <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> eurospara atirar para a fogueira do aluguer <strong>de</strong>aviões/helicópteros é um gran<strong>de</strong> negócio. Tal comona guerra colonial, a vida dos nossos cidadãoscontinua a valer zero. Eles pensam: <strong>de</strong>ixa ar<strong>de</strong>r queo seu pai é bombeiro!Ora se existe dinheiro para a compra <strong>de</strong> submarinose F16 talvez que os negociadores sofram <strong>de</strong> algumcomplexo Freudiano ou talvez pensem estudar asformas geométricas <strong>de</strong>stes gigantes aparelhos quemais se assemelham a gran<strong>de</strong>s supositórios. Ouserá a psicanálise que os leva a estes rigores tãoprofundos? Como termo comparativo, sabemoshoje que nos Estados Unidos da América osecretário <strong>de</strong> estado da Justiça, Eric Hol<strong>de</strong>r, seprepara a toda apressa para levar ao banco dos réusaqueles que, em 2008, atentaram contra aeconomia daquele país, principalmente asempresas e os gestores da banca e finançaamericana ou <strong>de</strong> outros países. Por cá, os mesmosmas com nomes sonantes como Oliveira e Costa,que foi tirar o tirocínio ao Estado como secretário<strong>de</strong> estado dos assuntos fiscais, levaram à ruína oBPN e até hoje nada lhes aconteceu, porque quemirá pagar serão os mesmos <strong>de</strong> sempre. Aausterida<strong>de</strong> é uma arte ao alcance <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>irossaqueadores das arcas perdidas. Portugal é umaterra sem lei, porque alguém abocanhou esequestrou o 25 <strong>de</strong> Abril.Ernesto Silva- Marinha Gran<strong>de</strong>entanto, pelo que estamos averificar, continuam-se a revelarerros antigos e pouca capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> inverter resultados.A toda esta realida<strong>de</strong> temos <strong>de</strong>acrescentar a falta <strong>de</strong>Planeamento Urbanístico, a falta<strong>de</strong> Planeamento <strong>de</strong> EmergênciaMunicipal, a falta <strong>de</strong> aceiros epontos <strong>de</strong> água (incluindo parameios aéreos) e <strong>de</strong> controlo <strong>de</strong>acessos em zonas florestais istosem falar na inexistência dosComandantes OperacionaisMunicipais nos termos da Lei, afalta <strong>de</strong> técnicos especializadosno tratamento <strong>de</strong>sta temática eDRaté a entrega dos SMPC’s a“técnicos” completamenteestranhos ao sector da protecçãocivil, estes, são entre outros,factores que igualmentecontribuem para todas estasituação que todos os anos,infelizmente nos assola.Registamos também a difícilsituação dos corpos <strong>de</strong>bombeiros cujo sector tem vindoa registar uma diminuição <strong>de</strong>efectivos, com as consequênciasdirectas na operacionalida<strong>de</strong><strong>de</strong>sses mesmos CB’s. Nãoaceitamos que todos os anos estarealida<strong>de</strong> se abata sobre o nossopaís sem que se tirem as <strong>de</strong>vidasilações do que aconteceu econtinua a acontecer.Ricardo Ribeiro, presi<strong>de</strong>nte daAsproCivil-AssociaçãoPortuguesa <strong>de</strong> Técnicos <strong>de</strong>Segurança e Protecção Civilgeral@asprocivil.ptEstacionamentopara <strong>de</strong>ficientesRelativamente à carta publicadano <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> em 22-08-2013, com o título“Estacionamento para<strong>de</strong>ficientes”, assinada porAntónio Guarda, esclarece-se:No dia 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2013, noseguimento duma comunicação<strong>de</strong> que estava a ocorrer ouacabara <strong>de</strong> ocorrer um assaltonum estabelecimento comercial,esta Polícia fez <strong>de</strong>slocar o carro<strong>de</strong> patrulha da Esquadra da áreaà loja do Pingo Doce, sita nasGalerias S. José, na AvenidaMarquês <strong>de</strong> Pombal. Face ao tipo<strong>de</strong> ocorrência e à urgência dasituação, a viatura policial foiparqueada no local maispróximo e disponível, nomomento. O tempo <strong>de</strong>parqueamento no local foimínimo (cerca <strong>de</strong> 5 minutos),mantendo-se sob a visualizaçãopermanente <strong>de</strong> um elementopolicial. Durante o tempo emque a viatura policial esteveparqueada, não foi a PSPabordada por nenhum condutor<strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> reduzida asolicitar o estacionamento noreferido local.Comando Distrital da PSP <strong>de</strong><strong>Leiria</strong>, Gabinete <strong>de</strong> Apoio aoComando, gac.leiria@psp.ptEsclarecimentoOs problemas que referi emrelação ao site da Câmara <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> foram resolvidos até terça--feira, dia 20 <strong>de</strong> Agosto. Emcausa está uma nota (e-mail) pormim enviada e publicada napágina Leitores, na passadaedição do <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, com otítulo Falhas no sítio on-line daCâmara Municipal <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>.Guilherme Correia
Opinião<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2013 15Um olhar pelas nossas terrinhasPetróleo Ver<strong>de</strong>FranciscoJ. MafraEsta é o último contacto com os leitores do JL atéàs próximas eleições autárquicas <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong>Setembro. Por isso <strong>de</strong>ixo o país macro por umbreve prazo, o que os políticos <strong>de</strong> Lisboa vãotambém fazer ao longo <strong>de</strong>ste pouco mais <strong>de</strong> um mês.Por mais que digam que se estão lixando para aseleições, vão acompanhá-las com muita atenção,porque a guerra agora é outra. As eleições autárquicassão importantes, pois com elas se trata <strong>de</strong> colocar aspeças fulcrais do xadrez político territorial. Quase tudoo que acontece <strong>de</strong> importante na política, sobretudo noseu lado mau, sombrio, tem a sua génese a nível local,ao nível das “terrinhas”, sendo nestes momentos que a“paisagem” se sobrepõe, e <strong>de</strong> que maneira, a Lisboa. Énessas células locais que se cozinham a cultura e aprática das linhas mais ou menos obscuras dosaparelhos partidários, como dizia há dias Paulo Rangelnum artigo que curiosamente titulava <strong>de</strong> “Cuidado,muito cuidado, com a política <strong>de</strong> secção” (Público,13/8). As direcções partidárias vivem da importação<strong>de</strong>ssas obscuras li<strong>de</strong>s locais como se <strong>de</strong> pão para a bocase tratasse. Nas autárquicas os eleitores têm a ilusão <strong>de</strong>que votam em caras conhecidas, o chamadoconhecimento <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>. Mas mesmo quandonão lhes impõem “paraquedistas”, o que tambémacontece com frequência, são postos perante boletins<strong>de</strong> voto que, em vez dos nomes dos candidatos, exibemsiglas <strong>de</strong> partidos ou <strong>de</strong> movimentos. E assim se per<strong>de</strong>uma excelente oportunida<strong>de</strong> para o eleitor exercerefectivamente o seu voto em consciência, vetando esteou aquele nome que não conhece ou que até conhece<strong>de</strong> “ginjeira”. Por isso, tal como nas parlamentares, asautárquicas são uma oportunida<strong>de</strong> perdida paraexercer uma <strong>de</strong>mocracia verda<strong>de</strong>ira. A maioria dosUm postal para a ÁsiaNesta crónica apetece-me falar sobre váriascoisas. Pensei primeiro <strong>de</strong>senvolverapenas um dos assuntos, <strong>de</strong>ixando osoutros para outras calendas. Mas, porqueacho que <strong>de</strong> alguma forma eles po<strong>de</strong>m estarrelacionados e porque também po<strong>de</strong>riam per<strong>de</strong>r apertinência, <strong>de</strong>cidi abordá-los a todos.Apetecia-me falar <strong>de</strong>sta súbita melhoria dosíndices económicos, esperando que não sejapassageira, pois po<strong>de</strong>rei não ter oportunida<strong>de</strong> queo justifique nos próximos tempos!Apetecia-me falar sobre livros, porque esteperíodo um pouco mais calmo, com um tempoque apela ao lazer, leva a uma disponibilida<strong>de</strong>maior para a leitura. É também através dos livrosque vamos conhecendo a História, atransformação dos povos e percebendo o quemudou e o que nunca muda.Apetecia-me falar sobre postais, porquecontinua a <strong>de</strong>correr até final <strong>de</strong> Setembro, ainiciativa do clube <strong>de</strong> leitura da Livraria Arquivo,on<strong>de</strong> se convida a todos os amantes da leitura, aescrever e enviar postais sobre os livros que leramnesta época estival. Com eles será feita umaexposição, on<strong>de</strong> postais e livros se cruzam peranteos olhares <strong>de</strong> quem partilha este prazer. Eu, pelaparte que me toca já enviei quatro.Apetecia-me também falar <strong>de</strong> passeios esabores, porque temos um país magnífico, lindo erico em diversida<strong>de</strong>. Das paisagens naturais aoscentros históricos, da gastronomia aos eventosculturais, à reinvenção do comércio tradicionalpela mão dos mais jovens, ao retorno a umaagricultura mais pensada ……. temos potencial,ponto.E porque tudo o que mencionei em cima se fazcom uma economia saudável, mas também fazHelenaSerradorchamados eleitos acabam por ser efectivamentenomeados pelas estruturas partidárias, como, aliás,acontece nas eleições nacionais. O sistema proporcionalvigente transforma assim o nosso voto num quase faz <strong>de</strong>conta! Como se não bastassem estas e outras limitaçõesantigas, temos agora também as “novida<strong>de</strong>s” trazidaspela lei da limitação <strong>de</strong> mandados, um casoparadigmático <strong>de</strong> como se fazem más leis em Portugal.Vamos chegar a 29 <strong>de</strong> Setembro com candidatos queainda não sabem se o são, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do arbítrio dostribunais. Noutros casos vamos votar em candidatosque, ainda que eleitos, não resistirão à supremaclivagem do T. Constitucional e ver-se-ão por issoimpedidos <strong>de</strong> ser empossados. Se acrescentarmos a istoa confusão <strong>de</strong>ixada pelo Relvas a nível das freguesias,po<strong>de</strong>mos fazer uma pequena i<strong>de</strong>ia do que aí virá.Termino com um olhar concreto para os concelhos <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> e à sua volta. Ao contrário <strong>de</strong> muitos outrosconcelhos por esse país fora, parece que estamos livres<strong>de</strong> “dinossauros”, pelo menos a nível <strong>de</strong> câmaras.Contudo, o caso <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, como já foi há 4 anos atrás, éum caso “exemplar” das manobras mais ou menosobscuras dos aparelhos partidários. Um conhecidocomentador, ao fazer há dias o balanço provável das(ainda) capitais <strong>de</strong> distrito, vaticinava para <strong>Leiria</strong> que oPSD tinha acabado para os tempos mais próximos. Afazer fé nisso, só me resta o candidato melhorposicionado - pessoa por quem, aliás, nutro estima econsi<strong>de</strong>ração - e felicitá-lo por mais este passeio triunfalem direcção à chefia da CM <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. Eis as “políticas <strong>de</strong>secção” no seu máximo esplendor e as malhas que <strong>de</strong>lasse tecem!Economistacom que a economia se torne saudável, apetecemefalar mais um pouco sobre esta súbita inversãona tendência negativa da nossa economia, que severificou neste último trimestre e que tanto se temvindo a falar nestas últimas semanas. Sabemosque a ligeira diminuição do <strong>de</strong>semprego nãoesteve afeto apenas ao emprego sazonal e que oligeiro aumento nos índices económicos, nãoesteve apenas afeto ao turismo. Há sinais <strong>de</strong> algumcrescimento ao nível do investimento interno oque me faz pensar, que as mudanças que se têmvindo a fazer por este país fora, começam a daralguns frutos ainda que muito subtis, não obstantea governação a que temos estado sujeitos nestesúltimos tempos!Curiosamente, também se tem vindo a falar nadiminuição <strong>de</strong> crescimento dos países asiáticos,nomeadamente da China e da Índia!Surpreen<strong>de</strong>nte? Sim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo o que se falousobre estes países, na sua ascen<strong>de</strong>nte supremaciasobre a Europa e a América, quando a América seenterrava à conta das guerras e a Europa se dividiaà conta da moeda única. Mas o que não mesurpreen<strong>de</strong> é assistir a um recuo <strong>de</strong>sta tendência<strong>de</strong> crescimento na Ásia, pois também foiconstruída à custa <strong>de</strong> muito trabalho escravo. A<strong>de</strong>mocracia e o acesso a uma informação alargadatardaram a chegar, mas chegaram e abriram omundo a muitos que hoje reclamam melhorescondições <strong>de</strong> vida e que farão aos poucosprevalecer os seus direitos. Na América reinvestesee acredita-se novamente no seu potencialhumano, cresce o orgulho do produto nacional.O mundo está em permanente mudança, oHomem também.ArquitectaLeonelPontesPortugal ar<strong>de</strong>. E todos os anos éassim; a floresta é reduzida acinzas, as famílias,nomeadamente as dosbombeiros, choram a perda dos seusentes queridos, há equipamentos<strong>de</strong>struídos pelo fogo, as populaçõeslamentam-se, o ministro expressapalavras <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, os telejornaisrepetem à exaustão imagensmedonhas; há anos que é assim, e,assim continua ano-após-ano esta via--sacra. Uma via-sacra com as mesmasqueixas; escarneceram, cuspiram-lhe,chicotearam-no, enfiaram-lhe umacoroa <strong>de</strong> espinhos, e por fim pregaremnona cruz. Muitas malda<strong>de</strong>s, malda<strong>de</strong>sa expiar pela fé que acaba sempre portocar no sentimento dos crentes.Porém, um dia, um <strong>de</strong>sses crentessabe-se lá <strong>de</strong> quantas vias-sacras,enquanto ouvia o habitual sermão, nãoaguentou mais e <strong>de</strong>sabafou paraquantos o quiseram ouviam “é muitobem-feito, Jesus, já sabe <strong>de</strong> há muitosanos que é sempre assim, porque é quese mete com gente reles; pró anofazem-lhe o mesmo!...” E pró ano nãohá fé que nos salve, temos mais fogos,mais dinheiro gasto ingloriamente,mais perda <strong>de</strong> riqueza nacional, maisfamílias enlutadas, o mesmo, ou outro,ministro a apressar-se-á a dar palavras<strong>de</strong> conforto e mais promessas <strong>de</strong> quevamos ajudar aqueles que tiveramprejuízos – promessas que se per<strong>de</strong>mno tempo. Mas medidas concretas, porcobro à calamida<strong>de</strong>, essas tardam e atécremos que nunca hão-<strong>de</strong> chegar. E háanos que é assim. É assim agora, masnão era assim no noutro tempo, nãohavia canto quer fosse <strong>de</strong> mata ou fosselá o que fosse, que não fosse roçado; eraum <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cidadania. Ponto. Poroutro lado, as Matas Nacionais tinhamos extintos Guardas Florestais quecuidavam da proprieda<strong>de</strong> pública.Cuidadores que ao menor sinal <strong>de</strong> fogodavam o alerta a partir dos postos <strong>de</strong>vigia. E hoje? Hoje, dirão os maispuristas: mas isso dá trabalho e<strong>de</strong>spesa. Mas se dá trabalho é bom,porque o que mais temos é gente paratrabalhar. Com efeito, não valerá a penafazer uma análise <strong>de</strong> custo/benefício,quantificando tudo quanto é gastodirecta e indirectamente (prevenção,<strong>de</strong>smatação, limpeza, etc.,) E,concomitantemente, quanto gasta oPaís, com pessoal inaproveitado, vidasperdidas, florestas queimadas, riqueza,material reduzido a sucata, etc., Porquenão voltamos às CircunscriçõesFlorestais que, para além do mais,vigiará espaços privados e públicos e acoberto <strong>de</strong> um Plano <strong>de</strong> FomentoFlorestal, zelam pela proprieda<strong>de</strong>, pelamanutenção da floresta, pelapreservação do nosso “petróleo ver<strong>de</strong>”.Seja-me relevada a presunção, mas se oministério da Agricultura fosse coisa daminha lavra, nem que viessemmilhentas excursões <strong>de</strong> cristas do céu àterra, jamais teríamos aquelas viassacras.Noticias tronitruantes como se oflagelo dos fogos fosse uma romaria;essas acabavam. Acabavam.TOC