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Opinião<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2013 15Um olhar pelas nossas terrinhasPetróleo Ver<strong>de</strong>FranciscoJ. MafraEsta é o último contacto com os leitores do JL atéàs próximas eleições autárquicas <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong>Setembro. Por isso <strong>de</strong>ixo o país macro por umbreve prazo, o que os políticos <strong>de</strong> Lisboa vãotambém fazer ao longo <strong>de</strong>ste pouco mais <strong>de</strong> um mês.Por mais que digam que se estão lixando para aseleições, vão acompanhá-las com muita atenção,porque a guerra agora é outra. As eleições autárquicassão importantes, pois com elas se trata <strong>de</strong> colocar aspeças fulcrais do xadrez político territorial. Quase tudoo que acontece <strong>de</strong> importante na política, sobretudo noseu lado mau, sombrio, tem a sua génese a nível local,ao nível das “terrinhas”, sendo nestes momentos que a“paisagem” se sobrepõe, e <strong>de</strong> que maneira, a Lisboa. Énessas células locais que se cozinham a cultura e aprática das linhas mais ou menos obscuras dosaparelhos partidários, como dizia há dias Paulo Rangelnum artigo que curiosamente titulava <strong>de</strong> “Cuidado,muito cuidado, com a política <strong>de</strong> secção” (Público,13/8). As direcções partidárias vivem da importação<strong>de</strong>ssas obscuras li<strong>de</strong>s locais como se <strong>de</strong> pão para a bocase tratasse. Nas autárquicas os eleitores têm a ilusão <strong>de</strong>que votam em caras conhecidas, o chamadoconhecimento <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong>. Mas mesmo quandonão lhes impõem “paraquedistas”, o que tambémacontece com frequência, são postos perante boletins<strong>de</strong> voto que, em vez dos nomes dos candidatos, exibemsiglas <strong>de</strong> partidos ou <strong>de</strong> movimentos. E assim se per<strong>de</strong>uma excelente oportunida<strong>de</strong> para o eleitor exercerefectivamente o seu voto em consciência, vetando esteou aquele nome que não conhece ou que até conhece<strong>de</strong> “ginjeira”. Por isso, tal como nas parlamentares, asautárquicas são uma oportunida<strong>de</strong> perdida paraexercer uma <strong>de</strong>mocracia verda<strong>de</strong>ira. A maioria dosUm postal para a ÁsiaNesta crónica apetece-me falar sobre váriascoisas. Pensei primeiro <strong>de</strong>senvolverapenas um dos assuntos, <strong>de</strong>ixando osoutros para outras calendas. Mas, porqueacho que <strong>de</strong> alguma forma eles po<strong>de</strong>m estarrelacionados e porque também po<strong>de</strong>riam per<strong>de</strong>r apertinência, <strong>de</strong>cidi abordá-los a todos.Apetecia-me falar <strong>de</strong>sta súbita melhoria dosíndices económicos, esperando que não sejapassageira, pois po<strong>de</strong>rei não ter oportunida<strong>de</strong> queo justifique nos próximos tempos!Apetecia-me falar sobre livros, porque esteperíodo um pouco mais calmo, com um tempoque apela ao lazer, leva a uma disponibilida<strong>de</strong>maior para a leitura. É também através dos livrosque vamos conhecendo a História, atransformação dos povos e percebendo o quemudou e o que nunca muda.Apetecia-me falar sobre postais, porquecontinua a <strong>de</strong>correr até final <strong>de</strong> Setembro, ainiciativa do clube <strong>de</strong> leitura da Livraria Arquivo,on<strong>de</strong> se convida a todos os amantes da leitura, aescrever e enviar postais sobre os livros que leramnesta época estival. Com eles será feita umaexposição, on<strong>de</strong> postais e livros se cruzam peranteos olhares <strong>de</strong> quem partilha este prazer. Eu, pelaparte que me toca já enviei quatro.Apetecia-me também falar <strong>de</strong> passeios esabores, porque temos um país magnífico, lindo erico em diversida<strong>de</strong>. Das paisagens naturais aoscentros históricos, da gastronomia aos eventosculturais, à reinvenção do comércio tradicionalpela mão dos mais jovens, ao retorno a umaagricultura mais pensada ……. temos potencial,ponto.E porque tudo o que mencionei em cima se fazcom uma economia saudável, mas também fazHelenaSerradorchamados eleitos acabam por ser efectivamentenomeados pelas estruturas partidárias, como, aliás,acontece nas eleições nacionais. O sistema proporcionalvigente transforma assim o nosso voto num quase faz <strong>de</strong>conta! Como se não bastassem estas e outras limitaçõesantigas, temos agora também as “novida<strong>de</strong>s” trazidaspela lei da limitação <strong>de</strong> mandados, um casoparadigmático <strong>de</strong> como se fazem más leis em Portugal.Vamos chegar a 29 <strong>de</strong> Setembro com candidatos queainda não sabem se o são, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do arbítrio dostribunais. Noutros casos vamos votar em candidatosque, ainda que eleitos, não resistirão à supremaclivagem do T. Constitucional e ver-se-ão por issoimpedidos <strong>de</strong> ser empossados. Se acrescentarmos a istoa confusão <strong>de</strong>ixada pelo Relvas a nível das freguesias,po<strong>de</strong>mos fazer uma pequena i<strong>de</strong>ia do que aí virá.Termino com um olhar concreto para os concelhos <strong>de</strong><strong>Leiria</strong> e à sua volta. Ao contrário <strong>de</strong> muitos outrosconcelhos por esse país fora, parece que estamos livres<strong>de</strong> “dinossauros”, pelo menos a nível <strong>de</strong> câmaras.Contudo, o caso <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, como já foi há 4 anos atrás, éum caso “exemplar” das manobras mais ou menosobscuras dos aparelhos partidários. Um conhecidocomentador, ao fazer há dias o balanço provável das(ainda) capitais <strong>de</strong> distrito, vaticinava para <strong>Leiria</strong> que oPSD tinha acabado para os tempos mais próximos. Afazer fé nisso, só me resta o candidato melhorposicionado - pessoa por quem, aliás, nutro estima econsi<strong>de</strong>ração - e felicitá-lo por mais este passeio triunfalem direcção à chefia da CM <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>. Eis as “políticas <strong>de</strong>secção” no seu máximo esplendor e as malhas que <strong>de</strong>lasse tecem!Economistacom que a economia se torne saudável, apetecemefalar mais um pouco sobre esta súbita inversãona tendência negativa da nossa economia, que severificou neste último trimestre e que tanto se temvindo a falar nestas últimas semanas. Sabemosque a ligeira diminuição do <strong>de</strong>semprego nãoesteve afeto apenas ao emprego sazonal e que oligeiro aumento nos índices económicos, nãoesteve apenas afeto ao turismo. Há sinais <strong>de</strong> algumcrescimento ao nível do investimento interno oque me faz pensar, que as mudanças que se têmvindo a fazer por este país fora, começam a daralguns frutos ainda que muito subtis, não obstantea governação a que temos estado sujeitos nestesúltimos tempos!Curiosamente, também se tem vindo a falar nadiminuição <strong>de</strong> crescimento dos países asiáticos,nomeadamente da China e da Índia!Surpreen<strong>de</strong>nte? Sim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo o que se falousobre estes países, na sua ascen<strong>de</strong>nte supremaciasobre a Europa e a América, quando a América seenterrava à conta das guerras e a Europa se dividiaà conta da moeda única. Mas o que não mesurpreen<strong>de</strong> é assistir a um recuo <strong>de</strong>sta tendência<strong>de</strong> crescimento na Ásia, pois também foiconstruída à custa <strong>de</strong> muito trabalho escravo. A<strong>de</strong>mocracia e o acesso a uma informação alargadatardaram a chegar, mas chegaram e abriram omundo a muitos que hoje reclamam melhorescondições <strong>de</strong> vida e que farão aos poucosprevalecer os seus direitos. Na América reinvestesee acredita-se novamente no seu potencialhumano, cresce o orgulho do produto nacional.O mundo está em permanente mudança, oHomem também.ArquitectaLeonelPontesPortugal ar<strong>de</strong>. E todos os anos éassim; a floresta é reduzida acinzas, as famílias,nomeadamente as dosbombeiros, choram a perda dos seusentes queridos, há equipamentos<strong>de</strong>struídos pelo fogo, as populaçõeslamentam-se, o ministro expressapalavras <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, os telejornaisrepetem à exaustão imagensmedonhas; há anos que é assim, e,assim continua ano-após-ano esta via--sacra. Uma via-sacra com as mesmasqueixas; escarneceram, cuspiram-lhe,chicotearam-no, enfiaram-lhe umacoroa <strong>de</strong> espinhos, e por fim pregaremnona cruz. Muitas malda<strong>de</strong>s, malda<strong>de</strong>sa expiar pela fé que acaba sempre portocar no sentimento dos crentes.Porém, um dia, um <strong>de</strong>sses crentessabe-se lá <strong>de</strong> quantas vias-sacras,enquanto ouvia o habitual sermão, nãoaguentou mais e <strong>de</strong>sabafou paraquantos o quiseram ouviam “é muitobem-feito, Jesus, já sabe <strong>de</strong> há muitosanos que é sempre assim, porque é quese mete com gente reles; pró anofazem-lhe o mesmo!...” E pró ano nãohá fé que nos salve, temos mais fogos,mais dinheiro gasto ingloriamente,mais perda <strong>de</strong> riqueza nacional, maisfamílias enlutadas, o mesmo, ou outro,ministro a apressar-se-á a dar palavras<strong>de</strong> conforto e mais promessas <strong>de</strong> quevamos ajudar aqueles que tiveramprejuízos – promessas que se per<strong>de</strong>mno tempo. Mas medidas concretas, porcobro à calamida<strong>de</strong>, essas tardam e atécremos que nunca hão-<strong>de</strong> chegar. E háanos que é assim. É assim agora, masnão era assim no noutro tempo, nãohavia canto quer fosse <strong>de</strong> mata ou fosselá o que fosse, que não fosse roçado; eraum <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cidadania. Ponto. Poroutro lado, as Matas Nacionais tinhamos extintos Guardas Florestais quecuidavam da proprieda<strong>de</strong> pública.Cuidadores que ao menor sinal <strong>de</strong> fogodavam o alerta a partir dos postos <strong>de</strong>vigia. E hoje? Hoje, dirão os maispuristas: mas isso dá trabalho e<strong>de</strong>spesa. Mas se dá trabalho é bom,porque o que mais temos é gente paratrabalhar. Com efeito, não valerá a penafazer uma análise <strong>de</strong> custo/benefício,quantificando tudo quanto é gastodirecta e indirectamente (prevenção,<strong>de</strong>smatação, limpeza, etc.,) E,concomitantemente, quanto gasta oPaís, com pessoal inaproveitado, vidasperdidas, florestas queimadas, riqueza,material reduzido a sucata, etc., Porquenão voltamos às CircunscriçõesFlorestais que, para além do mais,vigiará espaços privados e públicos e acoberto <strong>de</strong> um Plano <strong>de</strong> FomentoFlorestal, zelam pela proprieda<strong>de</strong>, pelamanutenção da floresta, pelapreservação do nosso “petróleo ver<strong>de</strong>”.Seja-me relevada a presunção, mas se oministério da Agricultura fosse coisa daminha lavra, nem que viessemmilhentas excursões <strong>de</strong> cristas do céu àterra, jamais teríamos aquelas viassacras.Noticias tronitruantes como se oflagelo dos fogos fosse uma romaria;essas acabavam. Acabavam.TOC

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