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<strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> 29 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2013 9ENTREVISTA COM O APOIO DE:RICARDO GRAÇACarpinteiro <strong>de</strong> profissãoO amor ao yoga e ao AteneuJaime Silva presi<strong>de</strong> à direcção doAteneu Desportivo <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> háquatro anos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 21como professor <strong>de</strong> yoga, tendo sidoum dos primeiros a ensinar estaterapia oriental na cida<strong>de</strong>. Nasceuem Quintas do Sirol, SantaEufémia, tendo emigrado comapenas cinco anos, com a família,para os arredores <strong>de</strong> Paris. Aos 15anos começou a trabalhar nasobras e fábricas, contraiutuberculose e esteve “a dois <strong>de</strong>dosda morte”. O seu percurso interiore pessoal começou aos 21 anos,com a primeira longa viagem aoOriente, mas foi sobretudo noNepal e na Índia que passoumaiores períodos. Cativado pelacultura indiana, apren<strong>de</strong>u afilosofia do yoga com mestresmundialmente reconhecidos, numespírito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alismo, liberda<strong>de</strong> eamor. Regressou com 27 anos à suaterra natal, on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> e cuida daterra. Vegetariano sem serfundamentalista, é casado, pai <strong>de</strong>três filhos e carpinteiro <strong>de</strong>profissão. Continua a viver numi<strong>de</strong>al <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> individual e asonhar com a harmonia colectivada humanida<strong>de</strong>.Como relaciona felicida<strong>de</strong> e criativida<strong>de</strong>?Devemos <strong>de</strong>senvolver a criativida<strong>de</strong>porque ela é expontânea e própriada natureza humana. Criativida<strong>de</strong>é viver o momento, não se limitandoa repetições, tipo papagaio.Só quando ultrapassamos esse reflexocondicionado, chegamos aoestado <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Não admiraque haja tantas <strong>de</strong>pressões, porqueas pessoas sabem que estão metidasnuma engrenagem e num mecanismosocial que não lhes <strong>de</strong>ixamargem <strong>de</strong> manobra para se expressaremrealmente. Há uma frasedo cantor e poeta francês Leo Ferréque diz que o que há <strong>de</strong> chato namoral é ela ser sempre a moral dosoutros.Mas cada vez há mais gurus espirituaise literatura afim...Os livros espirituais que se ven<strong>de</strong>mnas estações <strong>de</strong> serviço e nasgran<strong>de</strong>s superfícies são para quemquer satisfazer o ego, <strong>de</strong>ixando aspessoas numa certa ilusão e na satisfaçãoegocêntrica <strong>de</strong> ficar convencidoque sabe. Nada se compreen<strong>de</strong>se não for vivido. O ser humanoama gota a gota sem saberque tem o oceano no peito. Temosum potencial <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> nós que nãofazemos i<strong>de</strong>ia mas satisfazemo--nos com pequenas gotinhas e brinca<strong>de</strong>iras.Nesse sentido, o ser humanoparece que ainda é uma criança.Uma criança que tem aindamuito para <strong>de</strong>scobrir se aceitar reconhecer-se.Não é por acaso queestamos a passar por todas estas dificulda<strong>de</strong>s.Como vê o facto da maioria dosportugueses jogar a sonhar com oEuromilhões?Sou um pouco i<strong>de</strong>alista mas compreendoque, para lá da libertação dosnossos condicionamentos interiores,está a nossa sobrevivência e sobretudoa dos nossos filhos. É por issoque às vezes me vejo em apuros económicos,por <strong>de</strong>scurar esses aspectosmais materiais, já que tenho três filhos.Reconheço hoje a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> ter uma certa estabilida<strong>de</strong> económica,a qual sempre <strong>de</strong>scurei umpouco. Mas não jogo nem penso jogar,embora respeite as opções e a liberda<strong>de</strong><strong>de</strong> cada um.Qual o seu conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?A saú<strong>de</strong> é um estado completo doser, em harmonia consigo próprioe com o mundo. Ter saú<strong>de</strong> mentale espiritual e, por consequênciatambém física, é viver integradocom o universo a que estamos ligados.Claro que há muitos interessesno sistema porque a doençadá muito dinheiro à indústria farmacêutica,um dos maiores po<strong>de</strong>resdo mundo. Interessa a muitagente que haja doenças e que nãohaja quem diga que há outras formas<strong>de</strong> solucionar os problemas.Falamos <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> liberalmas estamos todos presos pelo dinheiro.É o dinheiro que manda eos políticos são os primeiros asabê-lo. Porque vivemos num teatro,há sempre altos interesses quenos calam a voz.Por isso diz que a vida não é umadistracção mas sim uma oportunida<strong>de</strong>fantástica?Apostamos no errado ao procurara felicida<strong>de</strong> baseada em factoresexteriores quando ela vem <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> nós. E que po<strong>de</strong> brotar no silênciodo momento ou na contemplação<strong>de</strong> qualquer coisa. Massempre sem rótulos. Porque a realida<strong>de</strong>não tem rótulos. A felicida<strong>de</strong>é sempre possível se não nos<strong>de</strong>ixarmos adormecer, formos activose trabalharmos com o objectivo<strong>de</strong> nos reencontrarmos nomomento presente e no prazer <strong>de</strong>viver. O facto <strong>de</strong> se estar consciente<strong>de</strong> viver é já um milagrefantástico, que se banaliza, embusca <strong>de</strong> outras coisas sem sentido.Faz lembrar a criança que bate o péa chorar com a barriga cheia, quenunca está satisfeita e quer sempremais alguma coisa. Isto apenasprova <strong>de</strong> que há sofrimento e que,inconscientemente, a insatisfaçãoleva à procura constante <strong>de</strong> algopara tapar um buraco que não sesabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem.

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