CONEXÃOVALE A PENA APOSTAR NELAS!por Luciana LaborneFoto: arquivo AmirpElas lutaram, contestaram e foram às ruas reivindicarmelhores condições de trabalho e o direitoao voto. As manifestações femininas que ocorreramna virada do século XX renderam ao mundo oDia Internacional da Mulher. A comemoração ocorretodo dia 8 de março e não se limita a homenagearas mulheres apenas nessa data. O intuito é remeter,dia após dia, tanto as conquistas sociais, políticas eeconômicas das mulheres, como as discriminações eas violências a que muitas ainda estão sujeitas.E é nesse cenário, diga-se de passagem, de consideráveistransformações, que gradativamente inúmerasmulheres buscam e conquistam respeito à sua dignidadepessoal, social e profissional. Na contramãodos moldes tradicionais, elas marcam presença emespaços antes considerados exclusivos para os homense dão continuidade a um percurso de mudança.De carona nessa trajetória, a <strong>Pneus</strong> & <strong>Cia</strong>. buscahistórias de mulheres comuns, mas que transportamem suas bagagens lições e aprendizados, e ainda demonstramforça para reformar preconceitos.Determinação e paciência são virtudes que não faltampara a jovem de 24 anos, Ana Paula Amaral.Filha de um mecânico aposentado, ela sempre foifascinada com o funcionamento dos veículos. Essapaixão já rendeu para sua recente carreira a realizaçãode dois sonhos: trabalhar em uma autoescola econseguir a vaga de motorista profissional de caminhãoem uma transportadora mineira, a TransreferTransporte e Logística Ltda. “Assim que completei amaioridade, tirei a habilitação ‘B’. Dois meses depoisconsegui a de moto, já pensando na autoescola emque iria trabalhar futuramente. Amo dar aula, masprecisava de um novo desafio”, relembra Ana.A jovem motorista, que trabalha há cinco meses natransportadora, anda com os cabelos amarrados paraevitar o incômodo do calor e não deixa faltar em suabolsa batom, protetor solar e um kit higiene. Com tantasprecauções, demonstra que feminilidade pode serbem acomodada atrás do volante do caminhão. “Minhavaidade caminha entrelaçada com minha profissão.São aspectos diferentes, que não interferem um no outro.Porque, se tiver que trocar um pneu, eu troco”.Por mais que ideias, que questionem a força feminina,pareçam ultrapassadas, Ana Paula ainda vivencia situaçõesde preconceito. “Na rua, escuto coisas do tipo:‘tinha que ser mulher’ ou ‘deveria dirigir fogão’. Masisso não me abala, continuo a minha batalha. Não desistopor causa do que uns e outros falam. Tenho certezade que, assim, imponho o meu respeito”, explicaa motorista, que sabe que é o seu próprio desempenhoprofissional o responsável por fazer qualquerpreconceito cair por terra. “No trabalho, faço questãoda opinião e sugestão dos colegas. Uma coisa que euamo é aprender. Por mais que eu saiba, eu não gostode falar que já sei. Prefiro falar que entendo, mas quegostaria de saber um pouco mais”, revela Ana.12 | <strong>Pneus</strong> & <strong>Cia</strong>.Ana Paula Amaral – motorista de caminhãoCom carteira de habilitação nas categorias de “A” a“D”, a pretensão de Ana é conseguir a habilitaçãona categoria “E”, a única que ainda resta: “meuobjetivo é me tornar habilitada para conduzir ascarretas. Tenho consciência que a realização de todosos meus sonhos foi decorrente do tempo e dapaciência. Mas, paciência? Pra mim não falta, aindamais porque amo o que faço. E, se pego algumacoisa para fazer, eu vou até o fim”, diz confiante.E caso você se questione: de onde vem tanta corageme determinação para essa jovem mulher? Elalogo esclarece: “para tudo, eu me apego na oração
e todos os dias, antes de sair de casa e da empresacom o veículo, rezo e peço a Deus para me iluminare proteger”.Quem acompanha o desenvolvimento da motoristatambém se pronuncia. De acordo com a supervisorageral da transportadora, Nathalie Fernandes, a empresaapostou na contratação de Ana Paula, a título deexperiência, e atualmente percebe que o investimentona mulher é uma estratégia de marketing positiva paraa empresa. “Ter uma mulher conduzindo um caminhãoe entregando cargas ainda é uma situação diferente echama a atenção. Os pontos potenciais dessa estratégiaestão no relacionamento com o cliente, na educação,na gentileza e na flexibilidade”, enumera.Foto: arquivo AmirpNo embalo, o gerente de frota da Transrefer, UlissesMalagoli, complementa: “a mulher geralmentepossui mais jeito de se relacionar. Tanto os clientescomo os ajudantes que saem com os motoristas dãoo retorno de que comunicar com ela é mais fácil.A entrada da Ana Paula na empresa abriu portaspara novas oportunidades a mulheres motoristas”,informa Malagoli.“Tudo tirado do volante”A frase que constitui o título acima foi afirmada porVanda Saviotti, que, repleta de satisfação, enumeraos benefícios que o trabalho no volante a proporcionou:um ônibus escolar ano 88, três vans, quatrolojas para alugar, casa própria e um sítio. Mas, dentreos produtos adquiridos ao longo de 30 anos detrabalho, é a graduação das duas filhas que a enchede orgulho.Sua história se resume assim: ano de 1979, casada,sem emprego e com uma paixão, lidar com crianças.Começa então a trabalhar como ajudante do marido,no transporte escolar. “Essa profissão foi umpresente. Primeiro porque tenho paixão por criançase amo lidar com o público, depois porque, mesmosem ter tido condições de estudar, fui abençoadaVanda Saviotti – motorista de ônibus escolarpela oportunidade de trabalhar e, ainda por cima,com o que sempre quis”, diz.Em 1985 Vanda assumiu o volante do ônibus e hojefaz do transporte escolar não só uma forma rentável deempreendimento, mas um meio honesto, alegre e sempreseguro de transportar vidas. “Peguei o escolar, leveiem frente e fui bem aceita. Comecei com meu esposo ecriamos nossas filhas dentro do especial, no bebê conforto,carregando até banheira”, conta Vanda.Escolha que, no início, rendeu a Vanda e ao maridotrabalho de segunda a segunda, sem direito afinais de semana: “quando precisávamos, não po-