Consultas médicas em Leiria são das mais ... - Jornal de Leiria

| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | ENTREVISTA |31 de Março de 2005 | 13Narciso Mota, presidente da Câmara Municipal de Pombal“Nunca houve alguém com ousadiade me corromper”É contra os monopólios da água e electricidade, pois classifica os seus administradores de “carreiristas quenunca fizeram nada a não ser política”. Confessa que não está mais rico, nem tem património. Sobre JoséMiguel Medeiros, futuro governador civil de Leiria, avisa que o PSD detém a maioria das Câmaras dodistrito. E que deve ser isento nas suas funções.JORNAL DE LEIRIA (JL) -Pombal foi a cidade escolhidapara acolher o congresso nacionaldo PSD nos próximos dias8,9 e 10 de Abril. O senhor,enquanto presidente da Câmaraeleito por aquele partido,teve influência nessa decisão?Narciso Mota (NM) – Modestamente,tive alguma. IsabelDamasceno, vice-presidente daAssociação Nacional de Municípios,pôs a hipótese do congressose realizar na Exposalão,só que já havia feiras programadaspara Abril. Conhecendoas características da Expo Centro,em Pombal, convidei a doutoraIsabel Damasceno a visitaras nossas instalações. A minhacolega autarca gostou e comopresidente da Distrital fez essarecomendação ao secretário geraldo PSD, doutor Miguel Relvas.Porto e Pombal foram as duascidades escolhidas no ConselhoNacional do PSD que, por votaçãosecreta, escolheu a ExpoCentro.JL - Recandidata-se a umquarto mandato à Câmara Municipal.Fá-lo por vontade própria,ou foi pressionado nessesentido?NM – Não me deixo influenciarpor ninguém. Conheço muitobem a realidade do meu concelho.Tenho constatado que omeu projecto autárquico não seesgota com o fim deste mandato.Estamos a avançar com umplano estratégico para o concelho,através de uma universidadede Lisboa. Estou na Câmarahá 12 anos, não me sintocansado, pelo contrário estoumotivado em dar continuidadea este projecto. Também nãoestou mais rico do que estavaquando iniciei estas funções,pois não tenho património. Façoisto com muito amor à causapública.JL - Diogo Mateus vai ser onúmero dois da sua lista?NM – Diogo Mateus já foi meuvereador durante dois mandatos,foi adjunto do senhor governadorcivil e exerce o cargo depresidente da Junta de Freguesiade Pombal. Reúne todas ascondições para ser o vice-presidentedesta Câmara. O mesmo sepassa com o senhor vereador FernandoParreira. Tudo indica queDiogo Mateus volte a integrar avereação desta autarquia.DAMIÃO LEONELJL – O problema da seca estáa ser sentido em Pombal?NM – Não. O nosso concelhoé talvez o que melhores recursoshídricos tem a nível nacional.Temos furos na Mata doUrso, uma nascente na freguesiada Redinha e outra em Ançosque fornece algumas freguesias.Caso a seca se prolongue, temosessas reservas. Por isso não somosafectados. É bom que haja descentralização,mas gostaria quenum Estado de Direito não sefomentasse os monopólios públicosde fornecimento de água eelectricidade. Isso é contraproducente.Os seus administradorespor vezes não têm méritonem conhecimentos técnicos ecientíficos para gerirem essasempresas, sendo, isso sim, carreiristaspolíticos que nunca fizeramnada a não ser política, poisnão são criteriosos nem optimizamesses investimentos. Porexemplo, aqui em Pombal pagoa água até 20 metros cúbicos a35 cêntimos, enquanto em Leiria,de acordo com as característicasdaquele concelho, jápago quase 50 cêntimos o metrocúbico. Sei o que é a gestãomonopolista desse bem público,a partir do Terreiro do Paço.JL – O que quer dizer exactamentecom isso?NM – Apresento aqui o meudescontentamento e a minhapreocupação se de facto vier aser imposto ao concelho de Pombala aderência à empresa Águasde Portugal. Não precisamos daÁguas de Portugal para nada.Necessitamos, isso sim, do mesmoapoio, em termos de comparticipaçõesda UniãoEuropeia, que essa empresamonopolistatem. Se um euro ébem gerido pela Águas dePortugal a nível nacional,melhor gerido é se for pelasCâmaras ou pelas associaçõesde municípios, desde que tenhamas mesmas contrapartidas financeirasque usufruem esses gestorespúblicos que ganham trêsou quatro vezes mais que o primeiro-ministro,o que é errado.JL - Os últimos resultadoseleitorais demonstram que apopulação de Pombal está consigo.E que o senhor defendeos interesses do concelho. Mas,sendo uma pessoa emotiva, àsvezes o coração fala mais altodo que a razão. Ou não é verdade?NM – Poderá acontecer isso.Mas não sou hipócrita. Não tenhonada a esconder. Tenho a consciênciatranquila e não estou naCâmara para me servir do lugar.Tenho espírito de missão. Nuncahouve alguém que tivesse aousadia de me corromper. EstouHá corrupção,toda a gentediz que sabe,mas ninguémvai à fonte. Quempaga impostos sãosempre os mesmos.E os que nuncapagaram não sãofiscalizados.de consciência tranquila. Impulsivocomo sou, às vezes falo como coração, mas quem não devenão teme. Nunca rendi vassalagema ninguém. Os munícipessão a razão de ser do meutrabalho. Não sou sectário nemfechado politicamente. Sou abertona minha opinião quandofalo com o coração. Hipócrita éque não sou. Palmadinhas nascostas, desde que não sejam sentidas,também não.JL – Após as eleições, osenhor veio a público dizer queJosé Sócrates tinha sido toxicodependente.Face a essa acusação,como pode esperar ajudado Governo para resolveros problemas do concelho?NM – Isso não é uma acusação.Disse isso muito naturalmentenuma reunião de Câmara,após as eleições. Foi um boatoque me foi transmitido. Isso estáescrito numa revista. Afirmeiisso no contexto desse boato. Oproblema são os politiqueiros,neste caso o presidente de umaDistrital que faz artigos de opiniãoa atacar tudo o que faço.