| JORNAL DE LEIRIA | ECONOMIA |31 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2005 | 19Empresa <strong>de</strong> confecções da BatalhaDerone procura negócios “in USA”ARQUIVO/JLFábrica exporta maioria da produçãoOs responsáveis da Derone, <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>confecções do concelho da Batalha, estãoapostados <strong>em</strong> entrar no mercado norte-americano,nomeadamente no segmento <strong>de</strong> fatos<strong>de</strong> cerimónia e corporate (vestuário <strong>de</strong> imag<strong>em</strong>).Para o efeito realizaram já duas viagensprospectivas aos Estados Unidos, a última<strong>das</strong> quais <strong>em</strong> Fevereiro, no âmbito dafeira Magic 2005, <strong>em</strong> Las Vegas. “Fomoscom contactos já realizados para dois possíveisagentes e a i<strong>de</strong>ia era formalizá-los”,explica Luís Gama, director comercial da<strong>em</strong>presa.Este responsável diz que exist<strong>em</strong> “boasperspectivas <strong>de</strong> negócio”, sobretudo no segmento<strong>de</strong> cerimónia, “que é bastante forte”nos Estados Unidos, pelo que contam estarpresentes numa feira específica sobre esteramo <strong>em</strong> Outubro. “Apesar <strong>de</strong> ser um mercadolongínquo, as perspectivas <strong>de</strong> sucessosão melhores para nichos <strong>de</strong> mercado, apostando<strong>em</strong> séries pequenas com <strong>de</strong>sign e serviço,<strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>das</strong> gran<strong>de</strong>s séries”.A Derone existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1982 e exporta 99por cento da sua produção (fatos clássicos e<strong>de</strong> cerimónia, fatos fashion para jovens ecasacos clássicos para hom<strong>em</strong> no segmentocorporate), para países como França, Bélgicae Espanha. Com uma produção <strong>de</strong> 750fatos por dia, a unida<strong>de</strong> situada na freguesia<strong>de</strong> São Mame<strong>de</strong> <strong>em</strong>prega 330 pessoas et<strong>em</strong> 50 clientes regulares, com qu<strong>em</strong> mantémuma relação <strong>de</strong> “elevado grau <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lização”,satisfazendo “encomen<strong>das</strong> complexase com prazos <strong>de</strong> entrega muito curtos”.Luís Gama explica que os responsáveisda <strong>em</strong>presa estão conscientes que o futuropassa por apostar cada vez <strong>mais</strong> nessa relaçãoe sustenta que é nela, a par da flexibilida<strong>de</strong>,que está a chave do êxito. “T<strong>em</strong>osque ser flexíveis. O mercado <strong>das</strong> gran<strong>de</strong>sséries não é o futuro da nossa <strong>em</strong>presa n<strong>em</strong><strong>de</strong> Portugal. A má situação da maioria <strong>das</strong><strong>em</strong>presa <strong>de</strong>ste sector t<strong>em</strong> a ver com o facto<strong>de</strong> trabalhar<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s séries a preços poucocompetitivos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<strong>em</strong> <strong>de</strong> dois outrês clientes”.RSSEmpresas <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e PombalCalçado da região àprocura <strong>de</strong> novosnegócios <strong>em</strong> EspanhaFátimaDisterm investeum milhãoExportando 50 por centodos seus produtos paraEspanha, a Marlis, <strong>em</strong>presa<strong>de</strong> calçado <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>, vaiestar presente a partir <strong>de</strong>amanhã na Modacalzado &Iberpiel, que se realiza <strong>em</strong>Madrid, para divulgar o seuproduto e reforçar as ven<strong>das</strong>para este mercado. “Éimportante estar presente <strong>em</strong>ostrar o produto”, diz VítorFrazão, gerente da <strong>em</strong>presa,<strong>de</strong>tentora <strong>das</strong> marcasBrabo, R<strong>em</strong>y e Kyko, entreoutras, cuja produção subcontrata.A presença naquelafeira é um investimentoestimado entre os 40 mil eos 50 mil euros.A outra <strong>em</strong>presa da região(vão no total 65 <strong>em</strong>presasportuguesas) que marca presençanaquele certame é aTamancão, <strong>de</strong> Pombal, produtora<strong>de</strong> sapatos <strong>de</strong> confortopara hom<strong>em</strong> e senhora(marcas Plumex e Maturata).“Trabalhamos paraexportação e vamos a estafeira para dar continuida<strong>de</strong>aos bons resultados obtidosna última edição da Modacalzado”,diz Pedro Carlos,acrescentando que a i<strong>de</strong>ia éarranjar novos negócios eclientes, não só espanhóismas <strong>de</strong> outros países, já quea feira é ponto <strong>de</strong> encontropara <strong>em</strong>presários <strong>de</strong> todo omundo. A procura <strong>de</strong> novosmercados <strong>de</strong>ve ser, segundoa Associação Portuguesa<strong>de</strong> Calçado, Componentes,Artigos <strong>de</strong> Pele e seusSucedâneos (APICCAPS),“uma priorida<strong>de</strong>” para aindústria portuguesa <strong>de</strong> calçado,que exporta anualment<strong>em</strong>ais <strong>de</strong> 85 por centoda sua produção. O sectorinvestirá este ano <strong>em</strong> promoçãoexterna <strong>de</strong>z milhões<strong>de</strong> euros.A Disterm, <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>Fátima que se <strong>de</strong>dica aonegócio da comercialização<strong>de</strong> equipamento <strong>de</strong> climatização,vai investir ummilhão <strong>de</strong> euros <strong>em</strong> novasinstalações. Trata-se <strong>de</strong> umespaço com 2700 metrosquadrados, a construir noParque Empresarial <strong>de</strong> Fátima,segundo disse ao ‘Diário<strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>’ João Ramos,presi<strong>de</strong>nte da <strong>em</strong>presa. “Onegócio cresceu e já estamoscom alguns probl<strong>em</strong>asa nível <strong>de</strong> logística”. A médioprazo, a intenção é alargara estrutura comercial e criaruma <strong>em</strong>presa para prestação<strong>de</strong> assistência técnica.Resultado <strong>de</strong> um investimentoinicial <strong>de</strong> 250 mileuros, a <strong>em</strong>presa foi fundada<strong>em</strong> 2001 e conta com26 colaboradores. Facturouo ano passado 7.5 milhões<strong>de</strong> euros, uma subida <strong>de</strong> 43por cento <strong>em</strong> relação a 2003.Para este ano o <strong>em</strong>presárioprevê um acréscimo na facturaçãona ord<strong>em</strong> dos 30por cento.
20 | 31 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2005 | ECONOMIA | JORNAL DE LEIRIA |BREVES■BatalhaJardinsna ExposalãoA feira <strong>de</strong> plantas, flores, artigose equipamentos para jardins começahoje na Exposalão, Batalha,prolongando-se até domingo. AExpojardim surgiu “como respostaàs exigências do mercado”, revelaa organização, que diz que osresultados da última edição foram“francamente positivos”. Tambémpara este ano as expectativas sãoeleva<strong>das</strong>, “dada a presença <strong>das</strong><strong>em</strong>presas <strong>mais</strong> dinâmicas” doramo. A par do certame <strong>de</strong>corr<strong>em</strong>d<strong>em</strong>onstrações <strong>de</strong> arte floral ecolóquios sobre t<strong>em</strong>as ligados àjardinag<strong>em</strong>.Cal<strong>das</strong> da RainhaPedidainsolvênciada PastoretOs trabalhadores da Pastoret, cerâmica<strong>de</strong> Cal<strong>das</strong> da Rainha paradahá quatro meses, pediram <strong>em</strong>tribunal a sua insolvência. JoséFernando Sousa, da União dosSindicatos do Distrito <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong>,explica que da<strong>das</strong> as circunstânciasesta foi a solução encontradapara evitar que saiam equipamentose para salvaguardar umahipótese <strong>de</strong> reabertura. “O actualadministrador não dá qualquergarantia nessa matéria, n<strong>em</strong> t<strong>em</strong>sentido que se mantenha à frenteda <strong>em</strong>presa. Por outro lado, jáhá processos <strong>de</strong> penhora <strong>de</strong> bense credores a querer<strong>em</strong> retirar equipamento<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da <strong>em</strong>presa”,diz. S<strong>em</strong> trabalho e com três meses<strong>de</strong> salários por receber, estão cerca<strong>de</strong> 150 pessoas.OesteAgricultoresreclamamapoiosOs agricultores do Oeste cujas culturas<strong>de</strong> batata ficaram <strong>de</strong>struí<strong>das</strong><strong>de</strong>vido à seca e às baixas t<strong>em</strong>peraturasexig<strong>em</strong> ser recebidospelo Ministro da Agricultura aqu<strong>em</strong> pretend<strong>em</strong> pedir aju<strong>das</strong>financeiras para minimizar osestragos. “Des<strong>de</strong> que fiz<strong>em</strong>os oprimeiro levantamento dos prejuízos(3 <strong>de</strong> Março), ainda nãoreceb<strong>em</strong>os qualquer resposta doMinistério, que n<strong>em</strong> sequer enviouqualquer técnico para, connosco,vir reconhecer a situação no terreno”,disse à Agência Lusa FelizAlberto Jorge, presi<strong>de</strong>nte da Associação<strong>de</strong> Agricultores da RegiãoOeste. Nesta zona (inclui Bombarral,Peniche e Óbidos) foramafectados 10 mil hectares, seis mildos quais ficaram <strong>de</strong>struídos. Osprejuízos estão estimados <strong>em</strong> 16milhões <strong>de</strong> euros. ■DR| Entrevista|José Pescada, responsável comercial da PSI, Marinha Gran<strong>de</strong>“É preciso incentivar os jovens”Os jovens <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser incentivados a ter outra postura no mercado <strong>de</strong> trabalhoe a criar<strong>em</strong> os seus próprios negócios, b<strong>em</strong> como a trazer<strong>em</strong> novas i<strong>de</strong>iaspara os sectores on<strong>de</strong> estão inseridos, nomeadamente o mobiliário. Competeao governo dar sinais nesta matéria, mas também os <strong>em</strong>presários têm quedar oportunida<strong>de</strong>s aos <strong>mais</strong> novos, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> José Pescada, responsávelcomercial da Pescada, Santos & Irmão, <strong>em</strong>presa recent<strong>em</strong>ente galardoadacom um prémio Mobis.JORNAL DE LEIRIA (JL) - APescada, Santos & Irmão ganhourecent<strong>em</strong>ente um prémio Mobis,na categoria ‘publicida<strong>de</strong>’. Queimportância lhe atribui?José Pescada (JP) – É <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>aimportância, porque é o reconhecimento<strong>de</strong> uma estratégia pornós traçada, on<strong>de</strong> a parte da publicida<strong>de</strong>e da imag<strong>em</strong> têm um gran<strong>de</strong>peso. Nos dias <strong>de</strong> hoje, <strong>de</strong>vidoà crise económica, que é global,uma <strong>das</strong> formas para fazer facea essa situação é a divulgação daimag<strong>em</strong> e a associação da marcae do produto a figuras públicas.Desta forma dá-se algumaconfiança ao cliente. Já d<strong>em</strong>osum primeiro passo nessa área,com uma campanha <strong>de</strong> mobiliáriojuvenil <strong>em</strong> que aparece o actorLuís Aleluia.JL - Pensa que po<strong>de</strong> estar napouca atenção dada pelos <strong>em</strong>presáriosà imag<strong>em</strong> e divulgaçãodo produto um dos probl<strong>em</strong>as<strong>de</strong> afirmação do mobiliário português?JP – Do meu ponto <strong>de</strong> vistanão é tão simples quanto isso.Uma <strong>em</strong>presa não vive apenas<strong>de</strong> uma área, é fundamental quehaja uma interligação <strong>de</strong> váriosfactores. Mas claro que um <strong>de</strong>lesé a imag<strong>em</strong> e a divulgação doproduto, associado a uma marcaforte.JL – T<strong>em</strong> sido essa a vossaaposta?JP – Já t<strong>em</strong>os a marca PSI,estamos a divulgá-la. Uma <strong>das</strong>gran<strong>de</strong>s apostas que t<strong>em</strong> sidoseguida nos últimos anos foina qualida<strong>de</strong>, porque anteriormentetrabalhávamos para umagama baixa do mercado, masagora o nosso alvo é o segmentomédio/alto.JL - Quais os principais <strong>de</strong>safiosque se colocam ao sector domobiliário?JP – Penso que é muito importanteque as <strong>em</strong>presas não sefech<strong>em</strong> sobre si, n<strong>em</strong> rume cadauma para seu lado. Para triunfaré necessária uma aproximaçãoentre as <strong>em</strong>presas, por forma afazer-se algo <strong>de</strong> diferente. Masalguns <strong>em</strong>presários ainda mantêmuma mentalida<strong>de</strong> individualista,pensando que sozinhos consegu<strong>em</strong>tudo. Por outro lado, ain<strong>das</strong>ubsiste uma pouco a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> quecopiando se consegue estar nosector. Mas qu<strong>em</strong> pensa assimestá con<strong>de</strong>nado. Há muita genteno mercado com capacida<strong>de</strong> parafazer algo diferente, mas é precisoque os <strong>em</strong>presários acredit<strong>em</strong>e dê<strong>em</strong> oportunida<strong>de</strong> aos <strong>mais</strong>jovens para isso.JL – Sente que o mercado estáparado?JP – Financeiramente, as pessoasnão estão muito educa<strong>das</strong>para cumprir regras. O mobiliárioestará a sofrer tanto comooutras áreas. Mas há o probl<strong>em</strong>ado escoamento do produto, porquea maioria <strong>das</strong> <strong>em</strong>presas continuaa produzir apenas para omercado nacional. O <strong>de</strong>safio estána exportação. Mas talvez individualmentenão se consiga fazergran<strong>de</strong> coisa, pelo que entendoque o sucesso passa por uma associaçãoforte, que <strong>de</strong>fenda o sectore possa dinamizar a exportação.JL – A PSI já exporta?JP – Estamos a tentar. Andamosa fazer contactos e a mostraro produto, ao mesmo t<strong>em</strong>poque estão a ser <strong>de</strong>senvolvidosestudos <strong>de</strong> mercado.JL – Acredita que o sector estátão b<strong>em</strong> apetrechado tecnologicamentecomo os seus concorrentesestrangeiros <strong>mais</strong> directos?JP – Penso que no que se refereà tecnologia, estamos ao nívelda Europa. No que toca ao controloda produção é que aindahaverá passos a dar. Ainda se produzum pouco fazendo as contaspor alto. Será talvez uma <strong>das</strong> principaisdificulda<strong>de</strong>s do sector, comexcepção <strong>de</strong> algumas <strong>em</strong>presas<strong>de</strong> maior dimensão ou daquelascria<strong>das</strong> por jovens <strong>em</strong>presários.JL - Quais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser, na suaopinião, as priorida<strong>de</strong>s do novogoverno no sentido <strong>de</strong> incentivaro relançamento da economia?JP – T<strong>em</strong> que incentivar osjovens, para que arranj<strong>em</strong> novasformas <strong>de</strong> entrar no mercado <strong>de</strong>trabalho, para que não tenhammedo e não mantenham a mentalida<strong>de</strong><strong>de</strong> se acomodar<strong>em</strong>. É precisoincentivar e dar formação.Penso que não há gran<strong>de</strong>s ofertasnestas áreas.JL – Muitos <strong>em</strong>presários queixam-seprecisamente que osjovens se acomodam. Partilhaesta opinião?JP – Penso que não é uma questão<strong>de</strong> se acomodar<strong>em</strong>. O probl<strong>em</strong>aé que subsiste ainda umamentalida<strong>de</strong> que não os <strong>de</strong>ixa irmuito longe.JL – Como vê uma eventualsubida dos impostos?JP – Penso que <strong>de</strong>veria ser <strong>das</strong>últimas coisas a fazer. Se o mercadojá está como se sabe, o dinheironão abunda n<strong>em</strong> circula, sefor<strong>em</strong> aumentados os impostos,sobretudo na parte <strong>em</strong>presarial,<strong>mais</strong> complicada ainda será a virag<strong>em</strong>.Aqui na <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>bato-mecom a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter aumentosnos custos mas não po<strong>de</strong>r repercutirisso no preço final do produto.Tenho que ir buscar àsmargens e reduzir os custos. Ogoverno <strong>de</strong>veria fazer o mesmo.■Raquel <strong>de</strong> Sousa SilvaPercursoJosé Pescada está <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedoligado à Pescada, Santos &Irmão, dado ser filho <strong>de</strong> umdos sócios. Trabalha na <strong>em</strong>presahá 13 anos, tendo começadopor reformular a parte informática.Passou por vários<strong>de</strong>partamentos e hoje é sobretudoresponsável pela áreacomercial. Caçador, é a estaactivida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>dica nost<strong>em</strong>pos livres, mas tambémgosta <strong>de</strong> pescar, <strong>de</strong> ler e vertelevisão. ■