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Consultas médicas em Leiria são das mais ... - Jornal de Leiria

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| JORNAL DE LEIRIA | SOCIEDADE | OPINIÃO |31 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2005 | 15| R e s p u b l i c a |A propósito <strong>das</strong> próximas autárquicas ….Dificilmente o Governo <strong>de</strong> José Sócrates teráêxito no alcance dos objectivos que propôs<strong>em</strong> Programa se não tiver nas Autarquias um<strong>em</strong>penhado parceiro e aliado. A estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>finida para a próxima décadano que diz respeito quer à incr<strong>em</strong>entaçãodo Plano Tecnológico, quer à promoção da eficiência doinvestimento e <strong>das</strong> <strong>em</strong>presas, terá que passar, <strong>em</strong> parte muitosignificativa, pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, localmente, se favorecer<strong>em</strong>e criar<strong>em</strong> as condições concretas para tal <strong>de</strong>senvolvimento.De pouco valerá qualquer maior agilização noprocesso <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, por ex<strong>em</strong>plo, se o licenciamento<strong>das</strong> instalações se arrastar por anos ou se a disponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> infra estruturas compatíveis com <strong>em</strong>presastecnologicame nte avança<strong>das</strong> for escassa ou inexistente.O próprio esforço a realizar no campo educativo, tendo<strong>em</strong> vista a qualificação dos portugueses ou o vencer do atrasotecnológico, terá que passar por esse <strong>em</strong>penho <strong>de</strong> parceriae aliança.As próximas eleições autárquicas serão, nesta óptica, particularmenterelevantes e <strong>de</strong>terminantes e dificilmente sepo<strong>de</strong>rá “mobilizar Portugal” para o que quer que seja se asautarquias não <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar<strong>em</strong> um significativo impulsonessa mobilização.E isto para além dos seus probl<strong>em</strong>as e competências própriase que se prend<strong>em</strong> com uma urgente melhoria, no prazoe qualida<strong>de</strong> <strong>das</strong> <strong>de</strong>cisões, sobretudo no que concerne àspolíticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento. Tendo-se,praticamente, esgotado o ciclo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> infra estruturasbásicas é para as políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento económicoe social que os autarcas têm que apontar as suasmiras, afinando a sua organização e abrindo clareiras estratégicas<strong>de</strong> cooperação com vizinhos <strong>em</strong> ambiente inter municipale regional. A criação <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregos só é possível a curtoprazo com a criação <strong>de</strong> novas <strong>em</strong>presas e a manutençãoe crescimento <strong>de</strong>stas exige capacida<strong>de</strong> competitiva, é certo,mas também condições <strong>de</strong> implantação e <strong>de</strong>senvolvimentoque às autarquias compete favorecer.Agora que se começa a sentir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revisãoTendo-se,praticamente,esgotado o ciclo <strong>de</strong>construção <strong>de</strong> infraestruturas básicas épara as políticas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimentoeconómico e socialque os autarcas têmque apontar as suasmirasJOSÉ MANUEL PEREIRADA SILVAArquitectopereira<strong>das</strong>ilva@netvisao.ptdos instrumentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento e gestão territorial seriafundamental que na base metodológica se contornass<strong>em</strong> eevitass<strong>em</strong> os erros do passado e que esses novos instrumentosnão só correspon<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> aos reais ou projectadosinteresses <strong>das</strong> populações mas que foss<strong>em</strong> molas efectivasdo necessário <strong>de</strong>senvolvimento global do país. Capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> gestão eficaz e projectiva - com recusa liminar do imediatismo<strong>de</strong>cisional e do favorecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>das</strong>clientelas, <strong>de</strong> compadrio e outros pecados que têm manchadoa figura do autarca – visão estratégica, capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> elenco <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>safios, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerarinter cooperação e aglutinação sinérgica entre afins e público-privado,eis o que se <strong>de</strong>ve exigir para o futuro na gestãomunicipal.A corrida será lançada muito brev<strong>em</strong>ente. Jorge Coelho,responsável pelo sector autárquico do PS, já anunciou quererver to<strong>das</strong> as candidaturas pelo partido <strong>de</strong>cidi<strong>das</strong> até aofim <strong>de</strong> Abril. O PSD, com a sua li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong>cidida entretanto<strong>de</strong>verá respon<strong>de</strong>r até à primeira quinzena <strong>de</strong> Maio.Os primeiros quererão ver confirmada a supr<strong>em</strong>acia conquistadanas legislativas. Os segundos hão-<strong>de</strong> querer fazer<strong>de</strong>stas eleições um momento <strong>de</strong> recuperação eleitoral. É evi<strong>de</strong>nteque nada disso aqui estará <strong>em</strong> causa. Mas uns e outrosforçarão tal leitura se os resultados lho permitir<strong>em</strong>.A preocupação torna-se evi<strong>de</strong>nte pela escolha dos candidatospara as maiores cida<strong>de</strong>s. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganharleva a apostas imprevisíveis como a da candidatura <strong>de</strong>Francisco Moita Flores (FMF) a Santarém. Não pondo <strong>em</strong>causa a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> FMF – a sua inteligência, a suareconhecida competência como sociólogo e criminologista,a sua integrida<strong>de</strong> moral e outros atributos po<strong>de</strong>rão conce<strong>de</strong>r-nosum autarca competente – penso que a sua escolha<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> medida advém da sua mediatização e queeste ex<strong>em</strong>plo po<strong>de</strong>rá ilustrar o que se passará na escolhados candidatos dos principais partidos.Nenhum mal daqui adviria se os pressupostos <strong>de</strong> mudançapara acção <strong>das</strong> autarquias, como acima aflorei, foss<strong>em</strong>cont<strong>em</strong>plados.Mas dá para <strong>de</strong>sconfiar que não, não é? ■| O p i n i ã o |O comboio e o atraso económicoAhistória dos comboios t<strong>em</strong> cerca <strong>de</strong> 190 anos.Foi <strong>em</strong> Inglaterra, no ano <strong>de</strong> 1814, que a primeiralocomotiva a vapor vez a sua inauguraçãono transporte <strong>de</strong> hulhas. Em 1825, afamosa locomotiva Rocket vez a sua primeiraviag<strong>em</strong> <strong>de</strong> passageiros. Em 1827 o comboiochegou aos Estados Unidos. Em 1828 <strong>em</strong> França, 1839 <strong>em</strong>Itália e <strong>em</strong> 1848 <strong>em</strong> Espanha. Em Portugal, o comboio chegou<strong>em</strong> 1856. No dia 28 <strong>de</strong> Outubro, o céu tinha uma luzpálida que reverberava sobre o Tejo. Em Lisboa, o rei D.Pedro V inaugurava, com pompa e circunstância, a primeiralinha <strong>de</strong> caminho-<strong>de</strong>-ferro até ao Carregado. Eramduas máquinas a vapor usa<strong>das</strong> e importa<strong>das</strong> <strong>de</strong> Inglaterra.Por alturas <strong>de</strong> Sacavém, as tubagens a vapor partiram-se,e a viag<strong>em</strong> inaugural teve <strong>de</strong> ser interrompida. Já haviaenguiço nos <strong>de</strong>sígnios do comboio <strong>em</strong> Portugal.Todos os gran<strong>de</strong>s investimentos públicos <strong>em</strong> infra-estruturas<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser visionários, porque são projectados paraperíodos <strong>de</strong> muito longo prazo. Nos últimos três anos, ogoverno PSD estudou e <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong> forma exaustiva o projectodo TGV para o País. No entanto, poucas s<strong>em</strong>anas apósa tomada <strong>de</strong> posse do actual governo, no VI Congresso doTransporte Ferroviário, Jorge Coelho veio dizer que, afinal,está tudo mal. O ministro dos Transportes, Mário Lino, nãodiz n<strong>em</strong> que sim, n<strong>em</strong> que não. O presi<strong>de</strong>nte da RAVE,Braamcamp Sobral, mantém a <strong>de</strong>fesa do projecto gizadopor António Mexia. Mas já o antigo presi<strong>de</strong>nte da instituição,Manuel Moura, que fora nomeado por Jorge Coe-<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> século <strong>em</strong>eio, a história doscomboios repete-se<strong>em</strong> Portugal. Estáinstalada, uma vez<strong>mais</strong>, a polémica;estão instalados, umavez <strong>mais</strong>, osinteresses privadossobre os interessespúblicosMÁRCIO LOPESProfessor na ESTG-<strong>Leiria</strong>lho na anterior legislatura PS, é contra. Ou seja, tudo se encaminhapara que o projecto do TGV assuma duas característicashistoricamente sintomáticas: que obe<strong>de</strong>ça a lógica <strong>das</strong>províncias e dos partidos políticos; e que se arraste no t<strong>em</strong>popor excesso <strong>de</strong> discussão.O que já fora uma suposição é agora uma certeza. Opo<strong>de</strong>r político <strong>em</strong> Alcobaça não quer o TGV, porque lhe vaiestragar um projecto industrial na Benedita. E a históriarepete-se. Não nos factos, mas nas mentalida<strong>de</strong>s. O comboioa vapor é um ícone da Revolução Industrial. Seja doponto <strong>de</strong> vista tecnológico, como da sua funcionalida<strong>de</strong>para o <strong>de</strong>senvolvimento económico. Em Portugal, o comboiolevou 40 anos para cá chegar. E porquê? Pelas mesmasrazões do TGV. Durante 40 anos <strong>de</strong>bateu-se a pertinênciado comboio no País. Almeida Garret era contra (bastaler Viagens na Minha Terra e vê-se que ele era um entusiasta<strong>das</strong> estra<strong>das</strong>). Alexandre Herculano alimentava apolémica nos jornais. Vivia-se o então Liberalismo português,e Portugal atrasava-se no seu <strong>de</strong>senvolvimento <strong>em</strong>relação à Europa. E a Revolução Industrial aqui tão perto.Mas o atraso também se <strong>de</strong>veu aos grupos <strong>de</strong> pressão daaltura. To<strong>das</strong> as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> transporte por tracção animalforam contra. Assim como as <strong>em</strong>presas que faziam o transportefluvial. Ou seja, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> século e meio, a históriados comboios repete-se <strong>em</strong> Portugal. Está instalada, umavez <strong>mais</strong>, a polémica; estão instalados, uma vez <strong>mais</strong>, osinteresses privados sobre os interesses públicos. E o Paísatrasa-se. Per<strong>de</strong> o comboio. ■

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