Consultas médicas em Leiria são das mais ... - Jornal de Leiria

14 | 31 de Março de 2005 | SOCIEDADE | ENTREVISTA | JORNAL DE LEIRIA |Perguntasdos outrosSérgio Leal, candidato do PS àCâmara Municipal de PombalComo explica que o concelho dePombal, que há 12 anos estavana linha da frente no contextodistrital, esteja hoje na caudaem termos de desenvolvimento?Isso não corresponde à verdade.Pombal é um concelho com projecçãonacional. No contexto daÁrea Metropolitana de Leiria é oconcelho com mais índice de crescimentopopulacional. Apesar dacrise no sector, os projectos deconstrução civil também aumentampor todo o concelho. A nívelindustrial, os parques da Formigae de Manuel da Mota têm vindoa crescer. Também foram criadospólos industriais na Guia eem Abiúl (Fundação José LourençoJúnior), assim como na Pelariga,por iniciativa privada. Torna-seincompreensível que oengenheiro Sérgio Leal, o técnicoque mais projectos tem vindoa apresentar na Câmara de Pombalpara serem licenciados, use dedemagogia para instrumentalizara opinião pública tendo em vistaa sua candidatura à Câmara Municipal.Manuel Gonçalves, presidenteda Associação Comercial dePombalFace ao excedente da oferta emtermos imobiliários e ao númerode estabelecimentos comerciaisexistentes e atendendo quea indústria deixa de ter o pesoque teve como entidade empregadora,como pensa contrariaresta situação, criando novospostos de trabalho e aumentandoa população do concelho?A Câmara Municipal, de acordocom o estatuto das autarquiaslocais, não pode impedir que osinteresses imobiliários e que osinvestidores transfiram a construçãopara comércio para construçãode habitação. Temos apoiadoos agentes económicos,procurando ser céleres no licenciamentode qualquer tipo de construção(comércio, habitação eindústria). Somos talvez na RegiãoCentro o único concelho que nãoaplica derrama. Poderia ir buscartodos os anos mais de um milhãoe 200 mil euros de derrama e nuncafoi necessário, de acordo como nosso orçamento, recorrer a essetipo de imposto. Recordo que aderrama é aplicada em muitosconcelhos da Região Centro. Nãoposso eliminar um problema atravésde um simples despacho municipal.O problema sente-se pelofacto de haver muita oferta comercial.Isso verifica-se em todo oPaís. Gostaria que não se comercializassemlojas a cinco mil euroso metro quadrado nos centroscomerciais. Mas a verdade é queas construções fazem-se. E quandose erguem esses prédios deconstrução colectiva, cada metroquadrado, para espaços comerciais,custa quatro ou cinco vezesmais que o metro quadrado parahabitação. ■Só que ele já foi candidato duasvezes à Câmara do seu concelhoe não conseguiu ganhar. Secalhar não fez mais nada na vidaa não ser política baixa. Essesindivíduos, que ligam ao supérfluoe esquecem o essencial, descaracterizama actividade nobrede fazer política. Os boatos, quandoexistem, não nos devem afectar.Quem é que não passa pordeterminadas crises? O que interessaagora é que o engenheiroSócrates, com os conhecimentosque tem, seja um bom primeiro-ministro,que governebem tendo em conta o interessenacional e não os boatos nemos artigos de opinião desse ‘politiqueiro’do distrito de Leiria.JL - Tenciona convidar o primeiro-ministroa visitar o concelho?NM – Claro que sim. O engenheiroJosé Sócrates fez um óptimotrabalho enquanto ministrodo Ambiente – a SIMLIS deve--se um pouco a ele. Vou convidá-locomo fiz com o senhorPresidente da República que recebeua Medalha de Ouro do município,o mesmo acontecendo como engenheiro António Guterrese com o doutor Durão Barroso.Sou um homem de convicções.Não sou como os que dizem omesmo e são como os camaleões:mudam de partido conformeas conveniências demomento e para se perpetuaremno poder, quer seja na Assembleiada República, quer seja nasempresas públicas, em lugaresbem remunerados, revelando,muitas vezes, comodismo, laxismoe mediocridade, sem acrescentarvalor ao desenvolvimentodo País.JL - Meirinhas e Redinhasão considerados dois pontosnegros do IC2. O que falta fazerpara que os acidentes mortaisdiminuam naquelas freguesias?NM – Falta fazer muito. Quandovamos às grandes metrópoles,vemos avenidas que outroratinham semáforos queacabaram por ser substituídospor passagens desniveladas. AEN1, no distrito de Leiria, é aestrada mais fatídica e mortíferado País. Portanto, urge que oMinistério das Obras Públicas,de uma vez por todas, considereque as vidas humanas nãotêm preço, que os prejuízos materiaissão incalculáveis e queimporta fazer variantes aos centrospopulacionais que são atravessadospela EN1 e tambémconstruir passagens desniveladaspara haver maior mobilidadenaquela via. A EN1 no distritode Leiria, desde Porto deMós até Condeixa, é mais umaestrada urbana do que uma viacom características nacionais.Parece mais uma estrada do terceiromundo.JL - Quem é a personalidadedo PSD mais bem colocadapara se candidatar à Presidênciada República?NM – É o professor CavacoSilva. Esteve 11 anos à frenteDAMIÃO LEONELdos destinos deste País e nuncaprecisou da política para ganharo seu pão. Possui mais conhecimentospara projectar Portugalno mundo do que outro candidatoqualquer. Mas se houveroutro candidato, respeitarei adecisão do meu partido.JL - Vai fazer campanhapelo “não” à despenalizaçãodo aborto?NM – O voto deve ser livre,de acordo com a consciência daspessoas. Acho que não deveriahaver referendo sobre essa matéria.Se é preciso alterar a lei,havendo uma maioria absoluta,penso que não é necessáriomais um referendo. Não sou afavor do aborto. Mas a mulherque o pratica não devia ser penalizada.É um problema de consciênciaindividual. Também nãohá necessidade de se gastar tantodinheiro num referendo umavez que já fizemos um. Tambémfizemos um referendo sobre aregionalização. A regionalizaçãofoi impedida de se concretizar,porque foi projectada deacordo com o interesse político-partidário.Até queriam quePombal aderisse a uma regiãocom sede em Santarém, quandoo nosso concelho está próximode Coimbra e de Leiria. Setivesse sido projectada com basenos distritos ou nas CCR’s, euseria um defensor acérrimo daregionalização.Existe apenas umafarmácia aberta ànoite em cadacidade, quando deviahaver farmácias emcada rua, como oscafés, as drogariasou as mercearias.Porque razão há-dehaver classesprivilegiadas?JL – Está de acordo com amedida do Governo em reduziras férias judiciais?NM- Claro que sim. Tambémdeveriam reduzir as férias dosdeputados, assim como resolvero problema das reformas e melhoraro nível de vida dos portugueses.Devemos ser contra oslobbies dos poderosos que influenciama actividade politica.É necessário criarsentido de responsabilidade. Hácorrupção, toda a gente diz quesabe, mas ninguém vai à fonte.Quem paga impostos são sempreos mesmos. E os que nuncapagaram não são fiscalizados.PercursoFilho de um agricultor que teve que emigrar para melhorar a condiçãode vida, Narciso Mota nasceu nas Meirinhas, concelho dePombal, há 58 anos. É casado e pai de dois filhos. Licenciado emEngenharia pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa, foi oficialmiliciano durante oito anos, tendo sido, também nessa qualidade,docente no Colégio Militar. É uma das vozes mais incómodas dodistrito, reconhecendo que, por vezes, fala mais com o coração doque com a razão. Mas também realça o facto de não ser hipócrita.Conta com três maiorias absolutas no seu currículo de presidenteda Câmara de Pombal. O seu protagonismo político podeaumentar quando Pombal receber, em Abril, o congresso nacionaldo PSD. Tem o seu nome ligado a várias instituições. Sempre quepode, pratica natação, ciclismo e equitação. ■JL – O Governo tambémanunciou que determinadosmedicamentos poderão ser vendidosfora das farmácias. Tambémconcorda com essa medida?NM – É uma medida bemtomada. Há farmácias que sãotransaccionadas por autênticasfortunas e quando há pessoasque perdem imenso tempo paraser atendidas, quando existe apenasuma farmácia aberta à noiteem cada cidade. Devia haverfarmácias em cada rua, como oscafés, as drogarias ou as mercearias.Porque razão hão-dehaver classes privilegiadas? Porqueé que há pessoas que conseguemboas reformas ainda emidade de trabalhar, como acontece,por exemplo, na política?Isso descaracteriza as bases deum Estado de Direito. Tudo istome deixa preocupado. Vejo ocomodismo, o laxismo e a irresponsabilidadeinstalados, vejoa burocracia a aumentar e o meuPaís a ficar na cauda daEuropa quando os portuguesessão tão bons oumelhores do que outrospovos da União Europeia.JL – Se José Miguel Medeiros,líder da Distrital do PS, fornomeado governador civil de Leiria,vai respeitá-lo enquanto tal?NM – Claro que o respeitareicomo governador civil do meudistrito. Mas não podemos esquecerque o distrito de Leiria tem 12Câmaras do PSD e 4 do PS e queo governador civil é um cargo quedeve ser exercido de forma isenta.O doutor José Miguel Medeirossempre fez artigos de opiniãoa criticar a minha acção como presidentede Câmara. Claro que teráque inverter a sua conduta e passara ser uma pessoa abrangentee responsável, respeitando as convicçõespolíticas da maioria dosautarcas do distrito. Caso isso nãosuceda, também terei o direito deum dia escrever textos de opiniãoa criticar a sua postura. ■Damião Leonel