Atualização <strong>da</strong> Diretriz Brasileira <strong>de</strong> Insuficiência Cardíaca Crônica - 2012Diretrizesmortali<strong>da</strong><strong>de</strong> foi <strong>de</strong> 3,95% para 3,52% com p = 0,047, ou seja,próximo <strong>de</strong> 0,05. Entretanto, na análise <strong>de</strong> subgrupo em pacientescom IC, o apixaban não foi superior a varfarina. Não existempublicações com inclusão <strong>de</strong> pacientes com IC <strong>de</strong>vido a doença<strong>de</strong> Chagas, o que seria importante, pois existe evidência <strong>de</strong> quetromboembolismo seria mais frequente na doença <strong>de</strong> Chagas 114 .5.7. Antiarrítmicos (Tabela 18)Os BB são os fármacos <strong>de</strong> maior impacto na redução<strong>da</strong> morte súbita arrítmica em pacientes com IC, querseja terapêutica combina<strong>da</strong> com IECA/BRA ou comomonoterapia 89,90,97,115,116 . Também têm indicação na terapiaadjuvante ao cardio<strong>de</strong>sfibrilador implantável (CDI), aumentandoa sua eficácia na redução <strong>da</strong> morte súbita 117 . A amio<strong>da</strong>rona nãoapresenta benefício na prevenção primária quando compara<strong>da</strong>ao placebo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> etiologia <strong>da</strong> IC, apresentandoaumento <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> no subgrupo isquêmico 118 . Aamio<strong>da</strong>rona, quando associa<strong>da</strong> aos BB, aumenta a eficácia doCDI por reduzir eventos <strong>de</strong> taquicardia ventricular e choquesinapropriados 119 .5.8. Bloqueadores <strong>de</strong> cálcio (Tabela 19)Conforme Tabela 19, os bloqueadores <strong>de</strong> cálcio têm usorestrito na IC.Tabela 17 - Recomen<strong>da</strong>ções para Anticoagulantes e Antiagregantes Plaquetários na Insuficiência Cardíaca Crônica incluindo Etiologia ChagásicaClasse <strong>de</strong> Recomen<strong>da</strong>ção Indicações Nível <strong>de</strong> EvidênciaICumarínicos para FE < 35% em FA paroxística, persistente ou permanente com pelo menos umfator <strong>de</strong> risco adicional*I Cumarínicos para trombos intracavitários ou embolia prévia CI Aspirina para cardiomiopatia <strong>de</strong> etiologia isquêmica com risco <strong>de</strong> evento coronariano AI Aspirina na contraindicação ao uso <strong>de</strong> anticoagulante oral por risco <strong>de</strong> sangramento AIIaIIaIIbInibidor competitivo <strong>da</strong> trombina ou inibidor do fator X ativado como alternativa ao cumarínico, empacientes com FE < 40% e FA persistente ou permanente, > 75 anos, ou entre 65 e 74 anos comDM ou HAS ou DACCumarínicos ou Aspirina para FE < 35% em FA paroxística, persistente ou permanente sem fator<strong>de</strong> risco adicional*Cumarínicos nos primeiros seis meses após infarto agudo do miocárdio <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> anterior comdisfunção sistólica sem tromboIIa Cumarínicos na miocardiopatia chagásica com aneurisma <strong>de</strong> ponta <strong>de</strong> ventrículo esquerdo CIII Aspirina para miocardiopatia dilata<strong>da</strong> não isquêmica B*Índice CHADS (IC ou FE < 35%, hipertensão e i<strong>da</strong><strong>de</strong> > 75 anos, diabetes, aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral, ca<strong>da</strong> fator <strong>de</strong> risco equivale a um ponto exceto aci<strong>de</strong>nte vascular2cerebral que equivale a 2); FA, fibrilação atrial; DM, diabetes melito; HAS, hipertensão arterial sistêmica; DAC, doença arterial coronarianaACBCTabela 18 - Recomen<strong>da</strong>ção para Antiarrítmicos na Insuficiência Cardíaca Crônica incluindo Etiologia ChagásicaClasse <strong>de</strong> Recomen<strong>da</strong>ção Indicações Nível <strong>de</strong> EvidênciaI BB na <strong>insuficiência</strong> <strong>cardíaca</strong> com disfunção sistólica na prevenção <strong>de</strong> morte súbita AIIBB na <strong>insuficiência</strong> <strong>cardíaca</strong> com disfunção sistólica em portadores <strong>de</strong> CDI na prevenção <strong>de</strong> mortesúbitaBB associado à amio<strong>da</strong>rona na <strong>insuficiência</strong> <strong>cardíaca</strong> com disfunção sistólica em portadores <strong>de</strong>CDI na prevenção <strong>de</strong> choquesIIa Amio<strong>da</strong>rona para prevenção <strong>de</strong> choques recorrentes em portadores <strong>de</strong> CDI BIIa Amio<strong>da</strong>rona na doença <strong>de</strong> Chagas com arritmia ventricular complexa sintomática CIIaIIbIIIAmio<strong>da</strong>rona para prevenção <strong>de</strong> taquiarritmias supraventriculares paroxísticas sintomáticas comtratamento clínico otimizadoAntiarritmico <strong>da</strong> classe IB (Mexiletine) como opção ou em associação à amio<strong>da</strong>rona em portadores<strong>de</strong> CDIVerapamil e antiarrítmicos <strong>da</strong> classe IA (Quinidina), IC (Propafenona) e <strong>da</strong> classe III (Sotalol),exceto Amio<strong>da</strong>ronaIII Drone<strong>da</strong>rona para prevenção <strong>de</strong> morte súbita na IC sistólica BBB significa betabloqueador; CDI, cardio<strong>de</strong>sfibrilador implantávelBBCCB12Arq Bras Cardiol 2012; 98(1 supl.1):1-33
Atualização <strong>da</strong> Diretriz Brasileira <strong>de</strong> Insuficiência Cardíaca Crônica - 2012Diretrizes5.9. Ivabradina (Tabela 20)A ivabradina inaugura uma nova classe terapêutica,pois é um inibidor específico e seletivo <strong>da</strong> corrente “If” donódulo sinoatrial, modulando o influxo <strong>da</strong>s correntes iônicase <strong>de</strong>terminando como consequência uma redução <strong>da</strong>frequência <strong>cardíaca</strong>, no repouso e no esforço 120 .No estudo BEAUTIFUL, que incluiu 10.917 pacientesportadores <strong>de</strong> cardiopatia isquêmica, a associação <strong>da</strong>Ivabradina à terapêutica padrão, incluindo BB, resultou emredução estatisticamente significante <strong>de</strong> 36% no risco <strong>de</strong>hospitalização por IAM fatal e não fatal e <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> revascularização miocárdica em 30% 121 . Subanáliseespecífica do BEAUTIFUL, realiza<strong>da</strong> com 1.507 pacientesque apresentavam angina limitante <strong>de</strong>ntro do quadro clínico<strong>da</strong> cardiopatia isquêmica, <strong>de</strong>monstrou que a associação <strong>da</strong>ivabradina à terapêutica padrão, incluindo BB, reduziu comsignificância estatística a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> cardiovascular em 24%e o risco <strong>de</strong> internação por IAM em 42% 122 .Resultados do estudo SHIFT, que incluiu 6.505 pacientescom IC classe funcional NYHA II, III e IV, <strong>de</strong>mostraramque a associação <strong>da</strong> ivabradina à terapêutica otimiza<strong>da</strong>tolera<strong>da</strong>, incluindo BB, reduziu o <strong>de</strong>sfecho primário <strong>de</strong>morte cardiovascular e internação por piora <strong>da</strong> IC em 18%,com significância estatística 123 . Essa redução do <strong>de</strong>sfechoprimário foi observa<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma consistente e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<strong>da</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, sexo e histórico <strong>de</strong> diabetes melito ou hipertensãoarterial. O estudo SHIFT mostrou também que a associação<strong>da</strong> ivabradina reduziu o risco <strong>de</strong> morte por IC em 26% e orisco <strong>de</strong> hospitalização por piora <strong>da</strong> IC em 26%. Eventosadversos sérios foram raros nos pacientes que receberamivabradina, e somente 1 % dos pacientes apresentoubradicardia sintomática. Iniciou-se a ivabradina com dose<strong>de</strong> 5 mg duas vezes ao dia, e houve otimização <strong>da</strong> dose para7,5 mg duas vezes ao dia, conforme resposta <strong>da</strong> frequência<strong>cardíaca</strong>. Portanto, as evidências recomen<strong>da</strong>m associação<strong>da</strong> ivabradina à terapêutica-padrão, incluindo BB, com oobjetivo <strong>de</strong> melhorar a função ventricular e reduzir o riscocardiovascular através <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> combinação <strong>de</strong> mortecardiovascular e hospitalização por IC, redução do risco <strong>de</strong>IAM fatal e não fatal e <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> por IC.5.10. Ômega 3 (Tabela 21)Diversos estudos epi<strong>de</strong>miológicos têm sugerido que oconsumo <strong>de</strong> doses eleva<strong>da</strong>s <strong>de</strong> ácidos graxos poli-insaturadosômega 3 (Ômega 3) encontrados no óleo <strong>de</strong> peixe, rico emácido eicosapentaenóico (EPA) e docosaexaenóico (DHA),po<strong>de</strong> reduzir a incidência e a mortali<strong>da</strong><strong>de</strong> por IC 124 . OCardiovascular Health Study, envolvendo 4.738 pacientes comi<strong>da</strong><strong>de</strong> média <strong>de</strong> 65 anos, observou correlação inversa entreingesta <strong>de</strong> peixe e incidência <strong>de</strong> IC 125 . Resultados semelhantesforam encontrados em outro estudo com 60.000 pacientes,com seguimento <strong>de</strong> 13 anos 126 , bem como no estudo ARIC(Atherosclerosis Risk in Community) 127 .No estudo GISSI-Prevenzione, a adição <strong>de</strong> ômega 3 apósIAM reduziu a morte cardiovascular 128 . No estudo GISSI-HF,que incluiu 6.975 pacientes, 1 g <strong>de</strong> ômega 3 adicionado àterapêutica otimiza<strong>da</strong> resultou em redução <strong>de</strong> mortali<strong>da</strong><strong>de</strong>e <strong>de</strong> hospitalização 129 . Outros estudos menores tambémencontraram melhora <strong>da</strong> função sistólica ventricular,capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> funcional e hospitalizações 130 , além <strong>de</strong> redução<strong>de</strong> BNP e outros marcadores inflamatórios 131 quando doacréscimo do ômega 3 à terapia padrão para IC.Tabela 19 - Recomen<strong>da</strong>ções para Bloqueadores dos Canais <strong>de</strong> Cálcio na Insuficiência Cardíaca CrônicaClasse <strong>de</strong> Recomen<strong>da</strong>ção Indicações Nível <strong>de</strong> EvidênciaIIaIIIBesilato <strong>de</strong> anlodipino em pacientes com hipertensão arterial persistente apesar <strong>de</strong> tratamentootimizado com disfunção sistólicaBloqueadores dos canais <strong>de</strong> cálcio com efeitos inotrópicos negativos em pacientes assintomáticoscom disfunção sistólica e após infarto do miocárdioBCTabela 20 - Orientações para Ivabradina na Insuficiência Cardíaca CrônicaClasse <strong>de</strong> Recomen<strong>da</strong>ção Indicações Nível <strong>de</strong> EvidênciaIIaPacientes em ritmo sinusal com FC > 70bpm e classe funcional II-IV <strong>da</strong> NYHA com disfunçãosistólica em uso <strong>de</strong> IECA ou BRA + BB em doses máximas tolera<strong>da</strong>sIECA significa inibidor <strong>de</strong> enzima <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> angiotensina; BRA, bloqueador dos receptores <strong>de</strong> angiotensina II; BB , betabloqueador; NYHA, New York Heart AssociationATabela 21 - Orientações para Omega 3 na Insuficiência Cardíaca Crônica SistólicaClasse <strong>de</strong> Recomen<strong>da</strong>ção Indicações Nível <strong>de</strong> EvidênciaIIa Pacientes com IC <strong>crônica</strong>, classe funcional II-III <strong>da</strong> NYHA em uso <strong>de</strong> tratamento otimizado AIC significa <strong>insuficiência</strong> <strong>cardíaca</strong>; NYHA, New York Heart AssociationArq Bras Cardiol 2012; 98(1 supl.1):1-3313