12.07.2015 Views

Ômega-3: o que existe de concreto? - Nutritotal

Ômega-3: o que existe de concreto? - Nutritotal

Ômega-3: o que existe de concreto? - Nutritotal

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Ômega</strong>-3: o <strong>que</strong> <strong>existe</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>?Dan L. Waitzberg,Professor Associado do Departamento <strong>de</strong> Gastroenterologia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Medicina daUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (FMUSP).Livre-docente, doutor e mestre em Cirurgia pela FMUSP.Chefe do Laboratório <strong>de</strong> Metabologia e Nutrição em Cirurgia (Metanutri), LIM 35, doDepartamento <strong>de</strong> Gastroenterologia da FMUSPIntrodução aos lipídiosA palavra lipídio é <strong>de</strong>rivada do grego “lipos”, <strong>que</strong> significa gordura.Lípi<strong>de</strong>s são compostos necessários para funções orgânicas bioquímicas,estruturais e regulatórias. Os lipídios são moléculas orgânicas, constituídas porgrupos <strong>de</strong> AG, ácidos carboxílicos com longas ca<strong>de</strong>ias não ramificadas,formadas por inúmeros pares <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> carbono unidos por ligaçõessimples ou duplas.Participam da composição da membrana celular e po<strong>de</strong>m modificar aresposta imune e inflamatória. São rica fonte energética, pois fornecem emtorno <strong>de</strong> nove quilocalorias (kcal) por grama oxidada pelo processo da betaoxidaçãomitocondrial. Os AG são encontrados como componentes damembrana ou sob a forma <strong>de</strong> triglicéri<strong>de</strong>s. Estes últimos são compostos <strong>de</strong>uma molécula <strong>de</strong> glicerol esterificado a três moléculas <strong>de</strong> AG. Veja na Figura 1o es<strong>que</strong>ma do triglicéri<strong>de</strong>.Figura 1. Composição básica <strong>de</strong> um triglicéri<strong>de</strong>: três ácidos graxos unidos pores<strong>que</strong>leto <strong>de</strong> glicerol (em azul).1


Os triglicéri<strong>de</strong>s são metabolizados no fígado em ácidos graxos (AG) eglicerol, e ambos produzem energia. Quando não usados para produção <strong>de</strong>energia, os triglicéri<strong>de</strong>s são reconstituídos e armazenados no tecido adiposo.As diversas funções <strong>de</strong>sses compostos estão listadas na Tabela 1.Tabela 1. Principais funções dos lipídiosFornecer energia (9,3 kcal/g), ácidos graxos essenciais e vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K)Funcionar como esto<strong>que</strong> <strong>de</strong> combustível energético não-glicídico (95% na forma <strong>de</strong>triglicéri<strong>de</strong>s), utilizado principalmente no jejumProver proteção mecânica (a ossos e órgãos) e manutenção da temperatura corpóreaParticipar da síntese <strong>de</strong> estruturas celulares, como a membrana fosfolipídica celularParticipar da síntese <strong>de</strong> hormôniosTransportar vitaminas lipossolúveisFuncionar como mediadores intra e extracelulares da resposta imuneParticipar no processo inflamatório e no estresse oxidativo.Tipos <strong>de</strong> ácidos graxosOs AG po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong> acordo com o tamanho da ca<strong>de</strong>iacarbônica, o grau <strong>de</strong> saturação e a posição da primeira dupla ligação <strong>de</strong>carbonos. A notação química usada para <strong>de</strong>screver um ácido graxo informaseu número <strong>de</strong> carbonos, o número <strong>de</strong> duplas ligações e a posição da primeiradupla ligação em relação ao radical metil da extremida<strong>de</strong> distal da molécula.Ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa contêm <strong>de</strong> 14 a 24 carbonos, enquantoos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia média contêm 6 a 12 carbonos e os <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia curta têm 2 a 4carbonos em cada molécula. A síntese <strong>de</strong> ATP (a a<strong>de</strong>nosina trifosfato, <strong>que</strong> éenergia química) por AG percorre vários passos: transporte celular <strong>de</strong> AG, seuacoplamento com certas proteínas, sua ativação em acil-coenzima A napresença <strong>de</strong> acil-CoA sintetase e a sua passagem pela membrana mitocondrialinterna. Os AG com longa ca<strong>de</strong>ia carbônica necessitam <strong>de</strong> carnitina paraauxiliar essa passagem. E os AG <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia média, embora prescindam dacarnitina para a entrada na mitocôndria, têm sua oxidação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dacarnitina.2


Os AG saturados são os <strong>que</strong> não possuem dupla ligação em suasmoléculas. Monoinsaturados possuem uma dupla ligação, enquanto duas oumais duplas ligações caracterizam os AG poliinsaturados. Quanto maisinsaturado for um ácido graxo, mais susceptível à peroxidação lipídica ele será.O número <strong>de</strong> duplas ligações <strong>de</strong>termina o ponto <strong>de</strong> fusão <strong>de</strong> um ácido graxo outriglicéri<strong>de</strong>. Os AG saturados ten<strong>de</strong>m a ser sólidos (como a manteiga) emtemperatura ambiente, enquanto os poliinsaturados são geralmente líquidos(como o óleo <strong>de</strong> soja).Ácidos graxos são classificados <strong>de</strong> acordo com:• O número <strong>de</strong> átomos na ca<strong>de</strong>ia carbônica:longa (14-20 átomos <strong>de</strong> carbono),média (6-12 átomos <strong>de</strong> carbono) ecurta (até 6 átomos <strong>de</strong> carbono);• O número <strong>de</strong> duplas ligações:saturados (sem duplas ligações),monoinsaturados (uma dupla ligação) epoliinsaturados (mais <strong>de</strong> uma dupla ligação);• A posição da primeira dupla ligação (Figura 2) po<strong>de</strong> ser indicada<strong>de</strong> maneiras distintas no caso <strong>de</strong> AG insaturados. I<strong>de</strong>ntifica-se aposição da primeira dupla ligação contada a partir <strong>de</strong> seu radicalmetil (representada pela letra grega ômega, ω 1 ) ou a partir <strong>de</strong> seugrupo funcional (representada pela letra <strong>de</strong>lta, ∆).Figura 2. Exemplo <strong>de</strong> notação <strong>de</strong> um AG <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa poliinsaturado, nocaso a representação do ácido linoléico. A molécula contem <strong>de</strong>zoito carbonosna ca<strong>de</strong>ia (C18) e tem duas duplas ligações (2), sendo a primeira dupla ligaçãolocalizada no sexto carbono a partir do radical metil (ômega-6).Número <strong>de</strong> duplas ligaçõesC18 2 ω-6Localização da primeira dupla ligaçãoNúmero <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> carbono1 Os ácidos graxos do tipo ômega-3 e ômega-6 são freqüentemente chamados, na literaturainternacional, <strong>de</strong> “ácidos graxos n-3” e “n-6”, <strong>de</strong> “ácidos graxos w-3” e “w-6” ou ainda com o usodo símbolo da letra grega ômega (ω-3 e ω-6). Todas as formas estão corretas, mas, nestetexto, optamos por escrever sempre “ômega”.3


Necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ácidos graxosDe acordo com a recomendação da Associação Americana do Coração(American Heart Association), para um indivíduo saudável, 30% (ou menos) dototal <strong>de</strong> energia consumida <strong>de</strong>verá ser proveniente da gordura da dieta, naseguinte proporção:- 20 - 23% <strong>de</strong> AG poliinsaturados e monoinsaturados- < 10% <strong>de</strong> AG saturados (para portadores <strong>de</strong> doenças coronarianas, < 7%)- < 300 mg colesterol ao diaAs recomendações diárias <strong>de</strong> lipídios variam <strong>de</strong> acordo com a ida<strong>de</strong> eencontram-se <strong>de</strong>scritas na Tabela 2.Tabela 2. Recomendações diárias <strong>de</strong> lipídios, conforme a ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acordocom a literatura internacional e as Dietary Reference IntakesFaixa etária Lipídios <strong>Ômega</strong>-6 <strong>Ômega</strong>-3Bebê0-6 meses7-12 mesesPrematuroNascimento-7 o dia7 o dia-saída da UTIAté 1 ano após saída da UTICriança1-3 anos4-10 anos4-8 anos31 g30 g0,5-3,6g/kg <strong>de</strong> pesocorpóreo4,5-6,8g/kg <strong>de</strong> pesocorpóreo4,4-7,3g/kg <strong>de</strong> pesocorpóreo30-40% do VCT*25-35% do VCT*4,4 g4,6 g7 g0,50,50,7 g10 g0,9 gGrávidasAté 50 anos 13 g 1,4 gLactantesAté 50 anos 13 g 1,3 gAdulto11-18 anos19-65 anos9-13 anos (homem/mulher)14-18 anos (homem/mulher)19-50 anos(homem/mulher)> 50 anos(homem/mulher)25-35% do VCT*20-35% do VCT*12/10 g16/11 g17/12 g14/11 g1,2/1,0 g1,6/1,1 g1,6/1,1 g1,6/1,1 gIdoso> 65 anos 20-35% do VCT 14/11 g 1,6/1,1 g4


*Consi<strong>de</strong>ra-se o VCT (valor calórico total) pela fórmula <strong>de</strong> Harris e Benedict; para idosos,consi<strong>de</strong>rar uma redução das necessida<strong>de</strong>s energéticas (2 a 4% por década) em função do<strong>de</strong>clínio da ativida<strong>de</strong> física e da massa corporal metabolicamente ativa.Recentemente a ISSFAL (International Society for the Study of FattyAcids and Lipids) publicou relatório sobre a ingestão recomendada <strong>de</strong> AGPIpara adultos saudáveis. Nesta recomendação nota-se a preocupação emestabelecer quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> ácidos graxos essenciais (AG linoléico elinolênico), <strong>de</strong> ácido eicosapentaenóico (EPA) e <strong>de</strong> docosahexaenóico (DHA):1. Ingestão a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> ácido linoléico (ômega-6): 2% do total <strong>de</strong> energia;2. Ingestão saudável <strong>de</strong> ácido linolênico (ômega-3): 0,7% do total <strong>de</strong> energia;3. Para manutenção da saú<strong>de</strong> cardiovascular, ingestão mínima <strong>de</strong> EPA eDHA combinados: 500 mg/dia.Fontes <strong>de</strong> ácidos graxos na dieta oralOs AG essenciais são encontrados em vegetais, em particular o linoléicono milho, girassol, açafrão, enquanto o linolênico po<strong>de</strong> ser encontrado na soja,na semente <strong>de</strong> colza (rapeseed), borragem e semente <strong>de</strong> linhaça. EPA e DHAsão encontrados em maior quantida<strong>de</strong> em óleos <strong>de</strong> peixes marinhos comocavala, sardinha, aren<strong>que</strong> e menha<strong>de</strong>n. Carne <strong>de</strong> bovinos e produtos lácteoscontêm linoléico. Veja na Tabela 3 a composição dos principais AG na gordurada dieta oral e as fontes alimentares e a quantida<strong>de</strong> dos alimentos a seremingeridos nas Tabelas 4 e 5.Tabela 3.Tipos <strong>de</strong> ácidos graxos e principais fontes alimentaresSaturadosMonoinsaturadosManteiga, fibras Butírico Acéticopropiônico,Coco, babaçu Cáprico, láurico Capróico,caprílicoGordura animal, cacau Esteárico, araquídico Mirístico,palmíticoAzeite oliva, óleo canolaOléicopalmitoléicoCa<strong>de</strong>ia curtaCa<strong>de</strong>ia médiaCa<strong>de</strong>ia longaCL ômega-95


PoliinsaturadosCL = ca<strong>de</strong>ia longa.Óleo açafrão, óleo soja,óleo milho, óleo algodão,óleo girassol, leite/carneÓleo peixe, óleo noz, óleocanola, óleo soja, linhaçagama-linolênico 18:3araquidônico 20:4Eicosapentaenóico(EPA) 20:5Docosahexaenóico(DHA) 22:6Linoléico 18:2alfa-linolênico18:3CL ômega-6CL ômega-36


Tabela 4. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ácidos graxos ômega-3 a ser ingerida diariamente porhomens e mulheres para se alcançar a recomendação <strong>de</strong> se atingiraproximadamente 1 g <strong>de</strong> ácidos eicosapentaenóico e docosahexaenóico pordia (<strong>de</strong> acordo com Gebauer et al., 2006)HomensMulheresFontes <strong>de</strong> ALA (1,6 g ALA/dia) (1,1 g ALA/dia)Semente <strong>de</strong> abóbora 890 g 612 gAzeite <strong>de</strong> oliva 211 g 145,5 gÓleo <strong>de</strong> soja 17,7 g 12 gÓleo <strong>de</strong> nozes 15 g 10,6 gLinhaça 19,3 g 13,3 gNozes (Inglesa) 17,6 g 12,2 gÓleo <strong>de</strong> linhaça 3,0 g 2,04 gTabela 5. Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ácidos graxos ômega-3 a ser ingerida diariamente <strong>de</strong>frutos do mar por homens e mulheres para se alcançar a recomendação <strong>de</strong> seatingir aproximadamente 1 g <strong>de</strong> ácidos eicosapentaenóico e docosahexaenóicopor dia (<strong>de</strong> acordo com Kris-Etherton et al., 2002).Atum light em água 340Atum fresco 71-340Sardinha 57-85Salmão rosa 71Salmão do Atlântico (cultivado) 42,5-71Aren<strong>que</strong> do Atlântico 57Truta cultivada 85Truta selvagem 99Peixe <strong>de</strong> água salgada 85-213Linguado 198Bacalhau do Atlântico 354Bacalhau do Pacífico 652Ostras (cultivadas) 227Lagosta 213-1.205Camarão 312A origem e a forma <strong>de</strong> preparo <strong>de</strong> alimentos ricos em ômega 3 po<strong>de</strong>mafetar a biodisponibilida<strong>de</strong> e o teor <strong>de</strong>ste nutriente nos alimentos. Por exemplo,peixes <strong>de</strong> cativeiro têm teor mais baixo <strong>de</strong> ômega-3 do <strong>que</strong> os mesmos peixes7


quando selvagens. De seu lado a semente <strong>de</strong> linhaça, sofre rápida oxidação epara não per<strong>de</strong>r a sua quantida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong> ômega-3 precisa ser triturada earmazenada em recipiente escuro e fechado, e consumida em no máximo 72h.Estilo <strong>de</strong> vida e hábitos alimentares da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna po<strong>de</strong>m levar a umabaixa ingesdtão e, por conseqüência, uma <strong>de</strong>ficiência do nutriente, o <strong>que</strong> po<strong>de</strong>,a médio e longo prazo, trazer conseqüências danosas ao organismo.Ácidos graxos essenciaisHumanos geralmente utilizam os AG obtidos <strong>de</strong> sua dieta diária, mas,quando necessário, são capazes <strong>de</strong> sintetizar AG (saturados e monoinsaturados)a partir <strong>de</strong> glicose e aminoácidos por meio <strong>de</strong> reações enzimáticas<strong>de</strong> alongamento (adicionam unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dois carbonos) e <strong>de</strong>ssaturação (criação<strong>de</strong> novas duplas ligações). A ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>ssaturação é estimulada pelainsulina e inibida pela glicose, pela adrenalina e pelo glucagon.No entanto, não possuímos as enzimas <strong>de</strong>ssaturases especificamenteresponsáveis por adicionar uma dupla ligação antes do nono carbono a partirda extremida<strong>de</strong> metil (distal). As enzimas necessárias para essa finalida<strong>de</strong> sãoas <strong>de</strong>lta-9 e <strong>de</strong>lta-15 <strong>de</strong>ssaturases. Essas enzimas transformam o ácido oléico(18:1 ômega-9) em ácido linoléico (18:2 ômega-6) e ácido linolênico (18:3ômega-3), ambos consi<strong>de</strong>rados ácidos graxos essenciais (AGE). OS AGE nãosão produzidos pela espécie humana, <strong>de</strong>vendo ser adquiridos <strong>de</strong> fontesdietéticas. Veja, na Figura 3, na próxima página, os processos <strong>de</strong> elongamento<strong>de</strong> vários lípi<strong>de</strong>s a partir dos AG essenciais linoléico e alfa linolênico.A incorporação <strong>de</strong> AGE po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar alterações estruturais efuncionais da membrana fosfolipídica influenciando processos biológicosimportantes, como a síntese <strong>de</strong> mediadores inflamatórios <strong>que</strong> incluem oseicosanói<strong>de</strong>s.AG ômega-3 e ômega-6 são precursores <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s <strong>que</strong> regulam afunção imune e inflamatória. Alguns <strong>de</strong>rivativos dos AGE, como odihomogamalinolênico e o araquidônico, ambos do tipo ômega-6, e o ácidoeicosapentaenóico (EPA), da série ômega-3, têm especial importância porserem precursores <strong>de</strong> mediadores lipídicos envolvidos em muitas funções8


fisiológicas. A Tabela 6 traz as principais características, funções emetabolismo dos AGE.Figura 3. Formação <strong>de</strong> novos ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa poliinsaturadostipo ômega-6 e ômega-3 <strong>de</strong>rivados dos ácidos graxos essenciais linoléico ealfa-linolênico.Séries ômega-6Séries ômega-3ácido linoléicoC18:2 ômega-6ácido alfa-linolênicoC18:3 ômega-3<strong>de</strong>lta-6-<strong>de</strong>ssaturaseácido gamalinolênicoC18:3 ômega-6ácido estearidônicoC18:4 ômega-3elongaseEicosanói<strong>de</strong>sSéries 1Eicosanói<strong>de</strong>sSéries 2-4ácido dihomogamalinoléicoC20:3 ômega-6ácido araquidônicoC20:4 ômega-6<strong>de</strong>lta-5-<strong>de</strong>ssaturaseelongaseC20:4 ômega-3EPAC20:5 ômega-3Eicosanói<strong>de</strong>sSéries 3-5DHAC22:4 ômega-6DHAC22:5 ômega-3<strong>de</strong>lta-4-<strong>de</strong>ssaturaseDHAC22:5 ômega-6DHAC22:6 ômega-3EPA = ácido eicosapentaenóicoDHA = ácido docosahexaenóico9


Tabela 6. Principais características dos ácidos graxos essenciais (AGE) e<strong>de</strong>rivadosAGE e <strong>de</strong>rivadosMetabolismoToxicida<strong>de</strong>Principais funçõesMétodos <strong>de</strong> avaliaçãoômega-3: ácido alfa-linolênico, ácido eicosapentaenóico, ácidodocosapentaenóico, ácido docosahexaenóico, eicosanói<strong>de</strong>s (sérieímpar).ômega-6: ácido linoléico, ácido gama-linolênico, ácido diiomogama-linolênico,ácido araquidônico e eicosanói<strong>de</strong>s (série par).Sofrem hidrólise pela enzima lipoproteína lípase no tecido adiposoe muscular.Os ácidos graxos livres são transportados pelo sangue, ligados àalbumina, ou são captados e reesterificados a triglicéri<strong>de</strong>s nostecidos adiposo e muscular.Depen<strong>de</strong>m da carnitina para oxidação na mitocôndria.São metabolizados no fígado (principalmente) e no tecido adiposo,<strong>de</strong> on<strong>de</strong> são transportados na forma <strong>de</strong> lipoproteínas <strong>de</strong> muitobaixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (VLDL).Ingestão <strong>de</strong> AGE superior a 15% do valor calórico total.Alteração do metabolismo dos ácidos graxos <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa,influenciando na produção <strong>de</strong> mediadores como prostaglandinas eleucotrienos.Estresse oxidativo, diretamente relacionado ao grau <strong>de</strong>insaturação do triglicéri<strong>de</strong>, levando à peroxidação lipídica(principalmente se houver <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> vitamina E- antioxidante).Imunossupressão (excesso <strong>de</strong> ômega-6).Componentes celulares (flui<strong>de</strong>z e funções <strong>de</strong> membrana) efosfolípi<strong>de</strong>s plasmáticos.Precursores <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s (prostaglandinas e leucotrienos).Cofatores enzimáticos.Modulação do sistema imune.Medidas em: plasma total, frações lipídicas do plasma, célulasangüínea e em fragmentos <strong>de</strong> tecidos.Os AG <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa mais incorporados às membranas são (emor<strong>de</strong>m <strong>de</strong> maior incorporação): o ácido eicosapentaenóico (EPA) e odocosahexaenóico (DHA), ambos ômega-3, o ácido araquidônico (ômega-6) eo ácido oléico (ômega-9). Em adição a seus efeitos na estabilida<strong>de</strong> e flui<strong>de</strong>z damembrana, os AGPI ômega-3 e ômega-6 são também precursores doseicosanói<strong>de</strong>s, mediadores inflamatórios lipossolúveis <strong>que</strong> constituem uma dasprincipais vias <strong>de</strong> atuação dos AG.Os AGE são ainda alvos preferenciais da peroxidação lipídica porconterem duas ou mais duplas ligações e, portanto, serem mais instáveis <strong>que</strong>os AG monoinsaturados (AGMI) ômega-9 ou saturados. Os AGPI ômega-3 sãooxidados mais rapidamente <strong>que</strong> os AGPI ômega-6 e são mais susceptíveis aperoxidação lipídica.10


A oferta <strong>de</strong> lipídios <strong>de</strong>ve, portanto, prever o aporte <strong>de</strong> AG essenciais. Asprincipais características dos diferentes AG essenciais e a recomendação <strong>de</strong>proporção entre eles na dieta encontram-se <strong>de</strong>scritas na Tabela 7.Tabela 7. Composição porcentual <strong>de</strong> ácidos graxos na gordura da dietaÓleo 16:0 18:0 18:1 18:2 (n-6) 18:3 (n-3) n-6:n-3soja 10 4 25 54 7 7.7açafrão 7 2 14 76 0.5 152girassol 7 5 19 68 1 68milho 11 4 24 54 1 54oliva 13 3 71 10 1 10canola 4 2 62 22 10 2palmeira 45 4 40 10 1 10amendoim 11 2 48 32 -- altalinhaça 5 4 21 16 54 0.3Deficiência e excesso <strong>de</strong> ácidos graxos essenciaisAs funções nutricional, estrutural e reguladora dos lipídios têm impactosignificativo nas ações fisiológicas mais importantes, incluindo hemodinâmica eoxigenação, assim como estado imunológico e metabolismo. A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong>AG essenciais causa disfunção imunológica, <strong>de</strong>rmatite, alopecia,trombocitopenia e má cicatrização. Na gravi<strong>de</strong>z, a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> DHA po<strong>de</strong>estar associada com prejuízo cognitivo e do <strong>de</strong>senvolvimento visual do feto. Osprincipais sintomas e sinais clínicos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência dos AG essenciais ômega-6e ômega-3 encontram-se na Tabela 8.Tabela 8. Sintomas e sinais clínicos da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ácidos graxosessenciais, tipo ômega-3 e ômega-6Deficiência <strong>de</strong>Ácidos graxos ômega-6Ácidos graxos ômega-3Sinais e sintomas clínicoslesões <strong>de</strong> peleanemiaaumento da agregação pla<strong>que</strong>táriatrombocitopeniaesteatose hepáticaretardo da cicatrizaçãoaumento da susceptibilida<strong>de</strong> a infecçõessintomas neurológicosredução da acuida<strong>de</strong> visuallesões <strong>de</strong> pele11


etardo do crescimentodiminuição da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizadoeletroretinograma anormalEm crianças: retardo do crescimento e diarréiaA oferta em excesso <strong>de</strong> AGPI ômega-6 po<strong>de</strong>ria comprometer a evoluçãoclínica <strong>de</strong> certos pacientes críticos hospitalizados <strong>de</strong>vido ao aumento dasíntese <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s pró-inflamatórios, intensa peroxidação lipídica ereduzido clareamento plasmático. Como alternativa para reduzir a ofertaexcessiva <strong>de</strong> AG ômega-6, po<strong>de</strong>m ser utilizadas fontes diferentes <strong>de</strong> lipídios,como se vê na Tabela 9. O tipo <strong>de</strong> ácido graxo i<strong>de</strong>al para ser ofertado sofreinfluência da condição clínica do paciente.Tabela 9. Fontes alternativas <strong>de</strong> lipídios, em relação ao óleo <strong>de</strong> soja paraoferta reduzida <strong>de</strong> ácidos graxos (AG) poliinsaturados tipo ômega-6Fonte <strong>de</strong> lipídios AG VantagensÓleo <strong>de</strong> coco Saturados <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ia médiaApresentam vantagens metabólicas <strong>que</strong> incluemclareamento plasmático mais rápido ein<strong>de</strong>pendência da ligação plasmática com aalbumina, preservando, <strong>de</strong>ssa maneira, o retículoÓleo <strong>de</strong> olivaÓleo <strong>de</strong> peixeMonoinsaturadosômega-9Poliinsaturadosômega -3endotelial hepático.Sofre menor peroxidação e sua oferta parapessoas saudáveis não alterou funções imunes,apontando um papel neutro sobre a respostaimuno inflamatória.Tem efeito antiinflamatório sem prejuízo <strong>de</strong>funções imunes e, <strong>de</strong>sse modo, po<strong>de</strong> ser benéficoem condições inflamatórias. O risco <strong>de</strong> intensaperoxidação lipídica po<strong>de</strong> ser reduzido com uso<strong>de</strong> antioxidantes como a vitamina E.Ácido graxo ômega-3O ácido graxo poliinsaturado (AGPI) do tipo ômega-3 é classificadocomo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia longa por ter 14 a 22 átomos <strong>de</strong> carbono, como do tipopoliinsaturado por ter mais <strong>de</strong> uma dupla ligação e recebe a <strong>de</strong>nominaçãoômega-3 por conter a primeira dupla ligação no carbono 3 a partir do radicalmetil. O interesse em estudar AGPI ômega 3 começou a partir da observaçãoepi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> menor incidência <strong>de</strong> doenças cardiovasculares emesquimós, relacionada à sua dieta. Descobriu-se, então, <strong>que</strong> o fator <strong>de</strong>proteção eram os AGPI ômega-3 <strong>que</strong> estão presentes em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>12


em alguns peixes <strong>de</strong> regiões frias, principalmente salmão, atum e truta, muitoconsumidos pelos esquimós. Veja novamente, nas Tabelas 4 e 5, as principaisfontes <strong>de</strong> ácidos graxos ômega-3 vegetais e animais. O consumo dos AGPIômega-3 está associado à diminuição <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> colesterol total, triglicéri<strong>de</strong>se, conseqüentemente, aumento dos níveis <strong>de</strong> lipoproteínas <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>(HDL). Os esquimós, apesar do alto consumo <strong>de</strong> dietas ricas em gordura,apresentavam baixos níveis <strong>de</strong> colesterol total, triglicéri<strong>de</strong>s, lipoproteínas <strong>de</strong><strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> muito baixa (VLDL) e níveis maiores <strong>de</strong> lipoproteínas <strong>de</strong> alta<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (HDL), fatores relacionados a menores índices <strong>de</strong> doençascardiovasculares. Nessa população, essas doenças tinham baixos índices <strong>de</strong>mortalida<strong>de</strong> em relação à população norte-americana (10,3% x 50%).Simultaneamente às observações positivas para variáveis cardiovascularesnos esquimós, foi apontada nessa população baixa incidência <strong>de</strong>doenças auto-imunes e inflamatórias, como psoríase, asma, diabetes tipo I eesclerose múltipla. Em contraste, a dieta consumida no oci<strong>de</strong>nte e em paísesindustrializados é rica em AGPI do tipo ômega-6 (<strong>de</strong>vido principalmente aogran<strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> óleos vegetais e gordura saturada) e contém pouco AGPIômega-3 (por redução no consumo <strong>de</strong> peixes), o <strong>que</strong> explica a maiorpredominância <strong>de</strong> AGPI ômega-6 sobre os ômega-3 na estrutura dasmembranas celulares. As dietas oci<strong>de</strong>ntais têm razão ômega-6/ômega-3próxima <strong>de</strong> 10 a 20:1. O aumento no consumo <strong>de</strong> AGPI ômega-3 substituiparcialmente os AGPI ômega-6 na membrana celular (exemplo: eritrócitos,pla<strong>que</strong>tas, linfócitos, monócitos, células endoteliais e hepatócitos) e estárelacionado a efeito protetor em diversas condições inflamatórias e autoimunes.O AGPI ômega-3 po<strong>de</strong> também aliviar sintomas em pacientes comartrite reumatói<strong>de</strong> e doença inflamatória intestinal. Isso tem sido atribuído àação inibitória sobre a produção <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s 2 e citocinas 3 pró-inflamatóriasnos tecidos periféricos.Ácidos graxos e inflamação2 Eicosanói<strong>de</strong>s: substâncias <strong>de</strong>rivadas do ácido araquidônico: prostaglandinas, leucotrienos etromboxanos.3 Citocinas são proteínas semelhantes a hormônios <strong>que</strong> regulam a intensida<strong>de</strong> e a duração da respostaimune e me<strong>de</strong>iam a comunicação intercelular. Exemplos: interleucina, interferon, linfocinas e fatores <strong>de</strong>crescimento.13


capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> AG ômega-3 <strong>de</strong> inibir a resposta inflamatória aguda, induzida ouagravada por eicosanói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivados do metabolismo <strong>de</strong> AG ômega-6. Elessão sintetizados a partir dos AG ômega-6 ou dos AG ômega-3. Esses AGcompetem entre si pelas mesmas vias enzimáticas <strong>de</strong> síntese, a ciclooxigenasee a lipooxigenase. A ciclooxigenase e lipooxigenase produzem respectivamenteprostanói<strong>de</strong>s (tromboxanos, prostaglandinas) e leucotrienos e lipoxinas, comoveremos, chamados <strong>de</strong> séries par e ímpar (Figura 4).Figura 4. Estrutura <strong>de</strong> alguns eicosanói<strong>de</strong>s.Prostaglandina (PGE 2 )Tromboxano (TXA 2 )Leucotrieno (LTA 4 )Os eicosanói<strong>de</strong>s da classe impar, produzidos pelos AGPI ômega-3 têmmenor po<strong>de</strong>r inflamatório <strong>que</strong> os da classe par produzido pelos AGPI ômega-6.Os eicosanói<strong>de</strong>s atuam por meio <strong>de</strong> receptores ligados a proteínas enucleotí<strong>de</strong>os cíclicos. A PGE 2 inibe a blastogênese linfocitária e potenteimunossupressor. TXA 2 e LTB 4 são vasoconstritores po<strong>de</strong>rosos, induzemagregação pla<strong>que</strong>tária e causam broncoconstrição. Veja na Figura 5 a síntese<strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s classe par e classe impar.16


Figura 5. Produção <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s a partir <strong>de</strong> AGPI ômega-3 e ômega-6.Leucotrienos da série 5LTB5, C5, D5, E5Prostanói<strong>de</strong>s da série 3TXA3, PGE3, PGI3EPAH3C3 = C-RCOOHVia dalipooxigenaseVia daciclooxigenaseácido araquidônicoH3C6 = C-RCOOHLT da série 4LTB4, C4, D4prostanói<strong>de</strong>s da série 2TXA2, PGE2, PGI2TX – tromboxanos; PG - protaglandinasOs eicosanói<strong>de</strong>s oriundos do metabolismo do ácido graxo poliinsaturadoômega-6, particularmente araquidônico, são da série par, e são asprostaglandinas 2, leucotrienos 4, e tromboxanos A2. Estes são importantesmediadores bioquímicos envolvidos na infecção, inflamação, lesão tecidual,modulação do sistema imune e agregação pla<strong>que</strong>tária, estando diretamenteligados ao <strong>de</strong>senvolvimento, crescimento e metástases tumorais, in vitro e invivo. De seu lado, o ácido graxo alfa-linolênico (ômega-3) po<strong>de</strong> ser convertidoem ácido eicosapentaenóico (EPA) e docosahexaenóico (DHA). Estescompetem com o AG araquidônico pelas vias enzimáticas da ciclooxigenase elipoxinase e tambem formam eicosanói<strong>de</strong>s. No entanto são eicosanoi<strong>de</strong>s dasérie impar, como as prostaglandinas da série 3, leucotrienos da série 5, etromboxanos A3, <strong>que</strong> têm menor efeito inflamatório. A Figura 6 mostra aformação <strong>de</strong> prostaglandinas e tromboxanos a partir do ômega-3.17


Figura 6. Síntese <strong>de</strong> algumas prostaglandinas (PG) e tromboxanos (TX)clinicamente relevantes a partir do ácido araquidônico. Vários estímulos, entreeles epinefrina, trombina e bradicinina, ativam a fosfolipase A 2 (PLA 2 ), <strong>que</strong>hidrolisa o ácido araquidônico dos fosfolípi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> membrana. O subscrito 2 emcada molécula refere-se ao número <strong>de</strong> dupla ligações presentes. Adaptado dooriginal <strong>de</strong> King e colaboradores (1996).BradicininaPLA-2 (inibida por esterói<strong>de</strong>s)proteína-G+ veciclooxigenasefosfolípi<strong>de</strong>sácido araquidônico +lisofosfolípi<strong>de</strong>peroxidasePGG 2(2) GSHsíntese <strong>de</strong>prostaciclinaPGI 2PGH 2PGE 2(2) GSSGsíntese <strong>de</strong>tromboxaneTXA 2PGD 2PGF 2aTXB 2Veja, na Figura 7, os produtos da via lipooxigenase a partir do ácidoaraquidônico. Os leucotrienos LTC 4 , LTD 4 , LTE 4 e LTF 4 são chamados <strong>de</strong>peptidoleucotrienos <strong>de</strong>vido a presença <strong>de</strong> aminoácidos .18


Figura 7. Síntese <strong>de</strong> alguns leucotrienos (LT) clinicamente relevantes a partirdo ácido araquidônico. Vários estímulos, entre eles epinefrina, trombina ebradicinina, ativam a fosfolipase A 2 (PLA 2 ), <strong>que</strong> hidrolisa o ácido araquidônicodos fosfolípi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> membrana. O subscrito 4 em cada molécula refere-se aonumero <strong>de</strong> dupla ligações presentes.BradicininaPLA-2 (inibido por esterói<strong>de</strong>s)proteína-G+ ve5-lipooxigenasefosfolípi<strong>de</strong>sácido araquidônico +lisofosfolípi<strong>de</strong>LTA 4+ glutationaLTB 4+ glutamato- glicinaLTC 4- glutamatoLTF 4LTE 4LTD 4Consi<strong>de</strong>ra-se <strong>que</strong> o AGPI ômega-3 tem papel maior no mecanismo <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa do sistema imune, enquanto <strong>que</strong> o AGPI ômega-6 participa mais doprocesso inflamatório. Dessa maneira, a produção <strong>de</strong> citocinas pró-inflamatóriasé atenuada e outros processos celulares são modulados beneficamente napresença <strong>de</strong> EPA e DHA, mas não pelo AGPI ômega-6. A capacida<strong>de</strong> do AGPIômega-3 <strong>de</strong> antagonizar a produção <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivados do metabolismo<strong>de</strong> AGPI ômega-6 constitui um ponto-chave do efeito antiinflamatório atribuído aele. No entanto, os AGPI ômega-3 também exercem outros efeitos <strong>que</strong> parecemser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da modulação da produção <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s. Evidênciascientíficas preliminares indicam <strong>que</strong> AGPI ômega-3 po<strong>de</strong>m influenciardiretamente a produção <strong>de</strong> citocinas, inibindo a produção <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> necrosetumoral alfa (TNF-alfa) e <strong>de</strong> interleucinas IL-1beta e IL-6 por células19


imunocompetentes, em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> cultura celular. A suplementação comômega-3 em voluntários saudáveis diminuiu a capacida<strong>de</strong> dos monócitos <strong>de</strong>sintetizar IL-1 e TNF.Veja, na Figura 7, os produtos da via ciclooxigenase. Vários estímulos,entre eles epinefrina, trombina e bradicinina, ativam a fosfolipase A 2 (PLA 2 ) <strong>que</strong>hidrolisa o ácido araquidônico dos fosfolípi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> membrana. Na Figura 8,po<strong>de</strong>-se acompanhar exemplos das diferentes ações <strong>de</strong>stes eicosanói<strong>de</strong>s.Figura 8. Algumas proprieda<strong>de</strong>s inflamatórias dos eicosanói<strong>de</strong>s <strong>de</strong>rivados doácidos araquidônico (ômega-6) e eicosapentaenóico (ômega-3).Efeitos inflamatórios <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>sácido araquidôniconeutrófilosácido eicosapentaenóicoLTB 4FAPquimiotaxiaativação PMNpermeabilida<strong>de</strong>LTB 5inflamaçãoa<strong>de</strong>rência PMNreação imuneTXA 2vasoconstriçãoativação PMNtrombogênesemacrófagose endotélioTXA 3efeito biológicoPGE 2vasodilataçãoativação PMNPGE 3vasodilataçãoativação <strong>de</strong> PMNPMN = Leucócitos polimorfonucleares.Os eicosanói<strong>de</strong>s regulam a produção <strong>de</strong> várias citocinas implicadas nainflamação. Assim a prostaglandina 2, oriunda <strong>de</strong> substratos <strong>de</strong> AG ômega-6,inibe a produção <strong>de</strong> interleucinas (IL-1, IL-2, IL-6), e do fator <strong>de</strong> necrosetumoral (TNF). Os leucotrienos da série -4 aumentam a produção <strong>de</strong> IL -1, IL-2,e IL-6 e a proliferação linfocitária. Com a oferta <strong>de</strong> AGPI ômega-3, a síntese <strong>de</strong>20


prostaglandinas e leucotrienos da série par é reduzida e, portanto, ocorremodulação das citocinas inflamatórias, particularmente em humanos.Em doentes em pós-operatório <strong>de</strong> câncer esofágico sob nutriçãoparenteral a administração <strong>de</strong> emulsão lipídica rica em AGPI ômega-6 (óleo <strong>de</strong>soja) aumentou os níveis <strong>de</strong> IL -6, enquanto a suplementação com EPA reduziua taxa <strong>de</strong> IL-6 e melhorou a imunida<strong>de</strong> celular.Óleo <strong>de</strong> peixe e gravi<strong>de</strong>zA suplementação <strong>de</strong> 500 mg <strong>de</strong> DHA e 150 mg <strong>de</strong> EPA, com ou semsuplementação <strong>de</strong> ácido fólico (400 microgramas) a partir da 22 a semana <strong>de</strong>gestação promove aumento do EPA plasmático materno e do DHA materno efetal até o parto, o <strong>que</strong> é consi<strong>de</strong>rado protetor para o feto. O trabalhoprospectivo <strong>que</strong> comprovou essa elevação (<strong>de</strong> Krauss-Etschmann et al.,publicado em 2007) foi realizado em três países europeus, envolvendo 220gestantes.Recentes evidências científicas suportam o uso <strong>de</strong> ácidos graxosômega-3 na prevenção do parto prematuro: certas prostaglandinasnormalmente produzidas pelo organismo humano, especialmente PGF2 e PGE2, são parcialmente responsáveis pela iniciação do trabalho <strong>de</strong> parto. E altosníveis <strong>de</strong> metabólitos <strong>de</strong> ômega-6 e baixos <strong>de</strong> ômega-3 no sangue da mãe e naplacenta são encontrados em casos <strong>de</strong> parto prematuro. Os pesquisadoresperceberam <strong>que</strong> interferindo no equilíbrio das prostaglandinas no corpo,po<strong>de</strong>riam prolongar a gestação. A concentração <strong>de</strong> ácidos graxos ômega-3 nadieta tem efeito comprovado na duração da gravi<strong>de</strong>z. Um trabalho (Olsen et al.)mostrou <strong>que</strong> a suplementação com cápsulas <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe diminuiu em 21%a taxa <strong>de</strong> partos prematuros (diferença significativa sobre placebo), sendo <strong>que</strong>também foi observado prolongamento da gravi<strong>de</strong>z com aumento dietético daingestão <strong>de</strong> ácido graxo ômega-3. Esse efeito po<strong>de</strong> ser observado mesmoquando o nutriente é ingerido no último trimestre da gestação, em doses <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 100 mg <strong>de</strong> DHA por dia.Os poucos estudos <strong>que</strong> não conseguiram <strong>de</strong>monstrar efeitos na duraçãoda gestação, peso ao nascer ou outros fatores após aumento da ingestão <strong>de</strong>21


ômega-3 tampouco mostraram efeitos adversos da ingestão. Além disso, a falta<strong>de</strong> impacto po<strong>de</strong> ser resultante da falta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. O prolongar da gestaçãoprotege o bebê na medida em <strong>que</strong> permite maior peso ao nascer e diminuiçãoda morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> relacionadas com a prematurida<strong>de</strong>.Mães <strong>que</strong> ingerem alimentos funcionais contendo ômega-3 dão à luzcrianças com melhores habilida<strong>de</strong>s cognitivas aos nove meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Mais:pesquisadores da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oslo (Helland et al.) realizaram brilhanteestudo em <strong>que</strong> <strong>de</strong>ram suplementação <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe para mais <strong>de</strong> 300grávidas a partir da 18 a semana da gestação até três meses após o parto (76das quais amamentaram no peito até os três meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> do bebê). Ascrianças <strong>que</strong> nasceram <strong>de</strong> mães <strong>que</strong> tomaram o óleo <strong>de</strong> peixe, e não o óleo <strong>de</strong>soja, tiveram escores mais altos em testes <strong>de</strong> inteligência até os quatro anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, quando foram reavaliadas. Os autores concluíram <strong>que</strong> essasuplementação favorece o <strong>de</strong>senvolvimento mental, já <strong>que</strong> o ácidodocosahexanóico e o ácido araquidônico são importantes para o<strong>de</strong>senvolvimento do sistema nervoso central em mamíferos, pois se acumulaem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> no último trimestre, quando a maior parte das célulascerebrais está se formando. O benefício na amamentação foi comprovado poroutro trabalho, <strong>que</strong> mostrou <strong>que</strong> lactantes com maior ingestão <strong>de</strong> ácidodocosahexaenóico tinham filhos com melhor acuida<strong>de</strong> visual.Óleo <strong>de</strong> peixe e a resposta inflamatória do doente graveControlar a intensida<strong>de</strong> da resposta inflamatória no doente crítico ecirúrgico constitui um ponto fundamental para o sucesso da recuperação doenfermo. Atualmente, graças às evidências epi<strong>de</strong>miológicas e experimentais <strong>de</strong><strong>que</strong> AG poliinsaturados ômega-3 (AGPI ômega-3) po<strong>de</strong>m influenciardiretamente processos inflamatórios, vem crescendo o interesse em estudar ouso <strong>de</strong>stes nutrientes funcionais para o tratamento <strong>de</strong> diversas condiçõesclínicas.Com a assimilação <strong>de</strong>sses conceitos e os avanços nos conhecimentosdas proprieda<strong>de</strong>s metabólicas e imunomoduladoras dos AGPI ômega-3, foipossível o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fórmulas lipídicas adaptadas para22


suplementação parenteral <strong>de</strong>sses AG. Essas dietas lipídicas representam hojeuma potente ferramenta para melhorar a evolução das doenças <strong>de</strong> baseinflamatória, conforme foi observado em estudos clínicos, nos quais a infusãoendovenosa <strong>de</strong> EL à base <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe foi associada com aumento daprodução <strong>de</strong> eicosanói<strong>de</strong>s da série ímpar (<strong>que</strong> apresentam menor efeitoinflamatório) e diminuição da liberação <strong>de</strong> citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa,IL-1beta, IL-6 e IL -8) em pacientes com sepse. A menor produção <strong>de</strong>eicosanói<strong>de</strong>s pró-inflamatórios acompanhada da melhora nas lesões cutâneas<strong>de</strong> pacientes com psoríase também foram observadas após a infusão <strong>de</strong> EL àbase <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe. Em outro estudo clínico, a oferta <strong>de</strong> NP enri<strong>que</strong>cida comóleo <strong>de</strong> peixe em pacientes críticos resultou em menor tempo <strong>de</strong> internaçãohospitalar e em unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terapia intensiva, menor uso <strong>de</strong> antibióticos eredução da mortalida<strong>de</strong>.Uso clínico <strong>de</strong> AGPI ômega-3Diversos estudos clínicos têm se proposto a examinar a ação do uso <strong>de</strong>AGPI ômega-3 em diferentes doenças inflamatórias. Um resumo <strong>de</strong>ssesachados está no Quadro 1. Em seguida, são apresentados os principaisresultados por condição clínica.Quadro 1. Efeitos imunológicos observados experimentalmente com oconsumo <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixeDiminuição <strong>de</strong>:proliferação linfocitáriacitotoxicida<strong>de</strong> mediada por células Tativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> células tipo “natural killer”quimiotaxia <strong>de</strong> monócitos e neutrófilosexpressão <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> superfície MHC classe IIprodução <strong>de</strong> citocinas pró-inflamatórias (interleucinas 1 e 6, fator <strong>de</strong> necrose tumoral)expressão <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãoAsmaO papel protetor do AGPI ômega-3 na asma está baseado em trêsprincípios: 1) a asma é uma doença inflamatória <strong>que</strong> é potencializada pelaprodução excessiva <strong>de</strong> leucotrienos pró-inflamatórios, 2) a suplementação com23


óleo <strong>de</strong> peixe reduz essa produção excessiva, e 3) há uma correlação entre oconsumo <strong>de</strong> peixe e diminuição do risco <strong>de</strong> asma e aumento da funçãopulmonar. No entanto, a evidência <strong>de</strong> sua eficácia na prevenção e tratamentoda asma é ainda contraditória.Em estudo duplo-cego, a suplementação com 1,0 g/dia <strong>de</strong> EPA/DHAdurante doze meses ocasionou aumento <strong>de</strong> 23% no volume forçado doprimeiro segundo (VEF 1) no grupo suplementado, e não no grupo controle (p


evisados sistematicamente e indicaram efeitos benéficos do EPA + DHA narigi<strong>de</strong>z matinal, redução no número <strong>de</strong> articulações dolorosas ou inchadas,aumento na resistência à dor aguda e diminuição no uso <strong>de</strong> drogasantiinflamatórias não esteroidais, sugerindo <strong>de</strong>sta maneira <strong>que</strong> umasuplementação com óleo <strong>de</strong> peixe <strong>de</strong>ve ser inserida como parte da terapiapadrão para a artrite reumatói<strong>de</strong>. Kremer e colaboradores encontrarambenefícios semelhantes pelo período mínimo <strong>de</strong> suplementação <strong>de</strong> 12semanas e dosagem mínima <strong>de</strong> 3 g <strong>de</strong> EPA e DHA.Outro estudo <strong>de</strong>monstrou <strong>que</strong> EPA e DHA diminuíram a produção <strong>de</strong>LTB4 em 33% e fator <strong>de</strong> ativação pla<strong>que</strong>tária em 37% nos 12 pacientes <strong>que</strong>receberam suplementação por 6 semanas. Efeitos benéficos foram vistosmesmo após o término da suplementação com óleo <strong>de</strong> peixe.Doença inflamatória intestinalA doença <strong>de</strong> Crohn e a colite ulcerativa são doenças inflamatóriasintestinais distintas, complexas e envolvem componentes imunológicos,ambientais e genéticos. Recentes medidas <strong>de</strong> controle da colite ulcerativaestão centradas em mediadores inflamatórios solúveis. Os mediadores maisestudados são os metabólitos do ácido araquidônico, prostaglandinas,leucotrienos e citocinas.Pacientes com colite ulcerativa apresentam aumento na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>LTB4 (via lipooxigenase) e IL-1beta. Stenson e colaboradores, em estudoduplo-cego, cruzado, sobre a suplementação <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe verificaramaumento da produção <strong>de</strong> LTB5 e diminuição <strong>de</strong> LTB4; no entanto, houvemelhora clínica mo<strong>de</strong>rada. Belluzzi e colaboradores <strong>de</strong>monstraram redução narecidiva em pacientes com doença <strong>de</strong> Crohn em fase <strong>de</strong> remissão esuplementados com 2,7 g <strong>de</strong> preparado <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe contendo ômega-3.O uso do ômega-3 em pacientes com doença inflamatória intestinalparece ocasionar melhora clínica significativa e a gran<strong>de</strong> variação nasrespostas ao tratamento po<strong>de</strong> estar relacionada à heterogeneida<strong>de</strong> dasdiversas doenças inflamatórias intestinais.25


Doença cardiovascularComo vimos, óleo <strong>de</strong> peixe é hoje um dos principais constituintes <strong>de</strong>uma dieta saudável, e diversos estudos epi<strong>de</strong>miológicos e trabalhos clínicosmostraram seus efeitos benéficos na prevenção primária e secundária dadoença coronariana (DC). O consumo <strong>de</strong> 500 mg/dia <strong>de</strong> ácidoseicosapentanóico (EPA) e docosahexanóico (DHA) é recomendado pordiversas agências mundiais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, como a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>(OMS), para reduzir o risco <strong>de</strong> doenças cardiovasculares. Já para pacientesportadores <strong>de</strong> doenças cardiovasculares, recomenda-se o consumo <strong>de</strong> 1 g/dia<strong>de</strong>sses ácidos graxos. Esses dados suportam as recomendações dietéticas daAmerican Heart Association <strong>de</strong> incluir pelo menos duas porções <strong>de</strong> peixe porsemana na alimentação.Em trabalhos clínicos randomizados <strong>que</strong> utilizaram pacientes com DC,suplementos <strong>de</strong> AG ômega-3 reduziram o número <strong>de</strong> eventoscardiovasculares. Os estudos indicam <strong>que</strong> AG ômega-3 po<strong>de</strong>m reduzir aprogressão <strong>de</strong> aterosclerose nesses pacientes. E mesmo em pessoassaudáveis, livres <strong>de</strong> qual<strong>que</strong>r doença, coronariana, inflamatória ou viral, foiprovado recentemente (por estudo populacional realizado por Chrysohoou et al.na Grécia) <strong>que</strong> a ingestão <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe na dieta está inversamenteassociada à duração do intervalo QTc (corrigido para freqüência cardíaca) noeletrocardiograma: esse intervalo, quando longo, está associado a aumento dorisco <strong>de</strong> arritmias e <strong>de</strong> morte súbita.Recentemente, uma revisão comandada pelo governo nos EstadosUnidos concluiu <strong>que</strong> os AG ômega-3, especialmente o ácido eicosapentaenóico(EPA) e o acido docosahexaenóico (DHA), têm claros efeitos cardioprotetores,e instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e cardiologia iniciaram um apelo para se aumentar aingestão <strong>de</strong> EPA e DHA.Recomendação da AHA (American Heart Association):Todos os adultos <strong>de</strong>vem comer peixe pelo menos duas vezespor semana.27


Autores norte-americanos mostraram inclusive em estudo recente <strong>que</strong> onível sérico <strong>de</strong> EPA e DHA é mais baixo em pacientes com DC (29% quandocomparado com controles pareados; p < 0,001) enquanto o nível <strong>de</strong> gorduratrans não diferiu dos controles. Essa diferença se manteve após ajustes emanálise multivariada; mostrando <strong>que</strong> níveis séricos <strong>de</strong> EPA e DHA baixos sãoum fator preditivo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para o risco <strong>de</strong> doença coronariana.Vários peixes são rica fonte <strong>de</strong> AG ômega-3, como me<strong>que</strong>rel, truta,hering, sardinhas, albacore atum, e salmão. Possuem tanto EPA como DHA,ambos com efeitos cardioprotetores. A AHA também recomenda ingestão <strong>de</strong>AG ômega-3 <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> plantas como tofu, soja, nozes e óleo <strong>de</strong> canola.Para pacientes com doença cardiovascular, a recomendação é <strong>de</strong> 1 g <strong>de</strong> EPAe DHA (combinadas) por dia. Este montante po<strong>de</strong> ser obtido através doconsumo <strong>de</strong> cápsulas <strong>de</strong> AG ômega-3 ou <strong>de</strong> peixes, embora a suplementaçãopor cápsulas <strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>cidida e orientada em conjunto a um médico.Suplementos <strong>de</strong> EPA+DHA po<strong>de</strong>m ser úteis para pacientes comhipertrigliceri<strong>de</strong>mia.Cerca <strong>de</strong> 2 a 4 g <strong>de</strong> ômega-3 ao dia po<strong>de</strong>m diminuir triglicerí<strong>de</strong>osséricos em 20% a 40%. Os efeitos positivos na redução da formação <strong>de</strong> placasateroscleróticas são adicionados aos das estatinas prescritas peloscardiologistas. Ingestão em altas doses po<strong>de</strong> causar sangramento excessivoem algumas pessoas. Suplementação em doses acima <strong>de</strong> 3 g <strong>de</strong>vem sermonitoradas por médico.Deve-se observar com cautela <strong>que</strong> alguns peixes contêm quantida<strong>de</strong>saumentadas <strong>de</strong> metilmercúrio, bifenil policlorinato (PCBs), dioxinas, e outroscontaminantes. Essas substâncias estão em maior concentração em animaisgran<strong>de</strong>s e predatórios e gran<strong>de</strong>s mamíferos. Os efeitos <strong>de</strong> metilmercúrio emDCV ainda são controversos na literatura, com resultados associando estesdois eventos e outros não apontando para nenhuma relação entre eles.Enquanto novos estudos não elucidam essa <strong>que</strong>stão, seria importante escolheruma entre inúmeras espécies <strong>de</strong> peixes ricos em AG ômega-3 e <strong>que</strong> não28


possuem o perfil <strong>de</strong> carreadores <strong>de</strong> metilmercírio. Suplementos <strong>de</strong> AG ômega-3 não contêm metilmercúrio.Os efeitos cardiopropetores dos AG ômega-3 po<strong>de</strong>m ser atribuídos amultiplos efeitos fisiológicos dos lípi<strong>de</strong>s, como na pressão sangüínea, nafunção vascular e manutenção da eurritmia cardiológica. De uma maneiraes<strong>que</strong>mática po<strong>de</strong>mos dizer <strong>que</strong> AG ômega-3 melhoram a função endotelial epo<strong>de</strong>m reduzir:• Risco para trombose, <strong>que</strong> po<strong>de</strong> levar a infarto e cho<strong>que</strong>,• Níveis <strong>de</strong> triglicerí<strong>de</strong>os e outras lipoproteínas,• Crescimento da placa aterosclerótica,• Discretamente a pressão sangüínea,• Respostas inflamatórias.ConclusãoA dieta oci<strong>de</strong>ntal típica tem uma proporção relativamente alta <strong>de</strong> ácidosgraxos ômega-6 em relação a ômega-3. Esse <strong>de</strong>sequilíbrio po<strong>de</strong> contribuir paraprocessos inflamatórios, fator <strong>de</strong> risco para doença cardiovascular. Estudosepi<strong>de</strong>miológicos observaram <strong>que</strong> a maior ingestão <strong>de</strong> peixe (uma a duasporções por semana) reduz o risco <strong>de</strong> morte cardíaca súbita, quandocomparada com o consumo <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> um porção mensal. Nos últimos anos,extensos estudos foram realizados buscando compreen<strong>de</strong>r os mecanismos <strong>de</strong>atuação e a repercussão clinica do uso <strong>de</strong> ácidos graxos poliinsaturados dafamília ômega-3. Verifica-se <strong>que</strong> a modificação da membrana celular paraconter uma razão mais equilibrada <strong>de</strong> ômega 6 e ômega 3 por meio daingestão oral <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> peixe ou a infusão endovenosa <strong>de</strong> emulsões lipídicascontendo EPA e DHA associou-se a melhora <strong>de</strong> estados clínicos compatíveiscom condição inflamatória crônica. Os efeitos dos ácidos graxos ômega-3 sãodose-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e po<strong>de</strong>m variar <strong>de</strong> acordo com a via <strong>de</strong> administração.Além disso, estudos randomizados confirmaram as observaçõesepi<strong>de</strong>miológicas <strong>de</strong> <strong>que</strong> os AG ômega-3 tanto provenientes <strong>de</strong> peixes marinhoscomo <strong>de</strong> suplementos po<strong>de</strong>m reduzir significativamente a recorrência <strong>de</strong>doença cardiovascular em pacientes com doença coronariana anterior. A29


ingestão <strong>de</strong> peixes e vegetais contendo AG ômega-3 ajuda na prevenção <strong>de</strong>doença coronariana e <strong>de</strong> arritmias assim como no tratamento da doençacardiovascular, através <strong>de</strong> suas ações reduzindo altos níveis séricos <strong>de</strong>triglicerí<strong>de</strong>os e outras lipoproteínas, no crescimento da placa aterosclerótica ena manutenção da pressão sangüínea.Em função do estilo <strong>de</strong> vida mo<strong>de</strong>rno e do consumo <strong>de</strong> uma dieta<strong>de</strong>sbalanceada e muitas vezes pobre em alimentos-fonte <strong>de</strong> ômega 3, se tornacada vez mais importante prestar atenção especial ao consumo <strong>de</strong> alimentose/ou suplementos <strong>que</strong> forneçam ácidos graxos ômega-3 nas quantida<strong>de</strong>snecessárias para a prevenção <strong>de</strong> doenças crônicas e inflamatórias.30


BibliografiaAlexan<strong>de</strong>r JW. Immunonutrition: the role of omega-3 fatty acids. Nutrition.1998;14(7-8):627-33.An<strong>de</strong>rsson A, Nalsen C, Tengblad S, Vessby B. Fatty acid composition ofskeletal muscle reflects dietary fat composition in humans. Am J Clin Nutr.2002;76(6):1222-9.Baguma-Nibasheka M, Brenna JT, Nathanielsz PW. Delay of preterm <strong>de</strong>liveryin sheep by omega-3 long-chain polyunsaturates. Biol Reprod. 1999;60(3):698-701.Baillie RA, Takada R, Nakamura M, Clarke SD. Coordinate induction ofperoxisomal acyl-CoA oxidase and UCP-3 by dietary fish oil: a mechanism for<strong>de</strong>creased body fat <strong>de</strong>position. Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids.1999;60(5-6):351-6.Belluzzi A, Brignola C, Campieri M, Pera A, Boschi S, Miglioli M. Effect of anenteric-coated fish-oil preparation on relapses in Crohn’s disease. N Engl JMed. 1996;334(24):1557-60.Bolger PM, Schwetz BA. Mercury and health. N Engl J Med.2002;347(22):1735-6.Brilla LR, Lan<strong>de</strong>rholm TE. Effect of fish oil supplementation and exercise onserum lipids and aerobic fitness. J Sports Med Phys Fitness. 1990;30(2):173-80.Burr ML, Fehily AM, Gilbert JF, et al. Effects of changes in fat, fish, and fibreintakes on <strong>de</strong>ath and myocardial reinfarction: diet and reinfarction trial (DART).Lancet. 1989;2(8666):757-61.Cal<strong>de</strong>r PC, Grimble RF. Polyunsaturated fatty acids, inflammation andimmunity. Eur J Clin Nutr. 2002;56(Suppl 3):S14-9.Cal<strong>de</strong>r PC, Yaqoob P, Harvey DJ, Watts A, Newsholme EA. Incorporation offatty acids by concanavalin A-stimulated lymphocytes and the effect on fattyacid composition and membrane fluidity. Biochem J. 1994;300(Pt 2):509-18.Cal<strong>de</strong>r PC. Dietary fatty acids and the immune system. Lipids.1999;34(Suppl):S137-40.Cal<strong>de</strong>r PC. Dietary modification of inflammation with lipids. Proc Nutr Soc.2002;61(3):345-58.Cal<strong>de</strong>r PC. Lipid and the critically Ill patient. Nutrition and Critical Care. NestléNutrition Workshop Series Clinical & Performance Program. 2003;8:75-98.Disponívelem:http://content.karger.com/ProdukteDB/produkte.asp?Aktion=ShowFreePage&Ar31


Ebel JG Jr, Eckerlin RH, Maylin GA, Gutenmann WH, Lisk DJ. PolychlorinatedBiphenyls and p,p’-DDE in Encapsulated Fish Oil Supplements. Nutr Rept Int.1987;36:413-7.Elson CO. Genes, microbes, and T cells--new therapeutic targets in Crohn’sdisease. N Engl J Med. 2002;346(8):614-6.Endres S, Lorenz R, Loeschke K. Lipid treatment of inflammatory boweldisease. Curr Opin Clin Nutr Metab Care. 1999;2(2):117-20.Engler MM, Engler MB. Omega-3 fatty acids: role in cardiovascular health anddisease. J Cardiovasc Nurs. 2006;21(1):17-24, quiz 25-6.Food and Nutrition Information Center. Dietary Reference Intakes:Macronutrients. Disponível em:http://www.iom.edu/Object.File/Master/7/300/0.pdf. Acessado em 28/11/2005.Gebauer SK, Psota TL, Harris WS, Kris-Etherton PM. n-3 fatty acid dietaryrecommendations and food sources to achieve essentiality and cardiovascularbenefits. Am. J. Clin. Nutr. 2006 Jun;83(6 Suppl):1526S-1535S.Grimminger F, Mayser P, Papavassilis C, et al. A double-blind, randomized,placebo-controlled trial of n-3 fatty acid based lipid infusion in acute, exten<strong>de</strong>dguttate psoriasis. Rapid improvement of clinical manifestations and changes inneutrophil leukotriene profile. Clin Investig. 1993;71(8):634-43.Grimminger F, Mayser P. Lipid mediators, free fatty acids and psoriasis.Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 1995;52(1):1-15.Grimsgaard S, Bonaa KH, Hansen JB, Nordøy A. Highly purifie<strong>de</strong>icosapentaenoic acid and docosahexaenoic acid in humans have similartriacylglycerol-lowering effects but divergent effects on serum fatty acids. Am JClin Nutr. 1997;66(3):649-59.Guallar E, Sanz-Gallardo MI, van’t Veer P, et al. Mercury, fish oils, and the riskof myocardial infarction. N Engl J Med. 2002;347(22):1747-54.Guezennec CY, Nadaud JF, Satabin P, Leger F, Lafargue P. Influence ofpolyunsaturated fatty acid diet on the hemorrheological response to physicalexercise in hypoxia. Int J Sports Med. 1989;10(4):286-91.Harris WS, Reid KJ, Sands SA, Spertus JA. Blood omega-3 and trans fattyacids in middle-aged acute coronary syndrome patients. Am J Cardiol. 200715;99(2):154-8.Harris WS. Are omega-3 fatty acids the most important nutritional modulators ofcoronary heart disease risk? Curr Atheroscler Rep. 2004;6(6):447-52.33


Harris WS. n-3 fatty acids and serum lipoproteins: human studies. Am J ClinNutr. 1997;65(5 Suppl):1645S-1654S.Harris WS, Dujovne CA, Zucker M, Johnson B. Effects of a low saturated fat,low cholesterol fish oil supplement in hypertriglyceri<strong>de</strong>mic patients. A placebocontrolledtrial. Ann Intern Med. 1988;109(6):465-70.Hayashi N, Tashiro T, Yamamori H, et al. Effects of intravenous omega-3 andomega-6 fat emulsion on cytokine production and <strong>de</strong>layed type hypersensitivityin burned rats receiving total parenteral nutrition. JPEN J Parenter Enteral Nutr.1998;22(6):363-7.Helland IB, Smith L, Saarem K, Saugstad OD, Drevon CA. Maternalsupplementation with very-long-chain n-3 fatty acids during pregnancy andlactation augments children's IQ at 4 years of age. Pediatrics. 2003;111(1):e39-44.Heller AR, Rossler S, Litz RJ, et al. Omega-3 fatty acids improve the diagnosisrelatedclinical outcome. Crit Care Med. 2006;34(4):972-9.James MJ, Gibson RA, Cleland LG. Dietary polyunsaturated fatty acids andinflammatory mediator production. Am J Clin Nutr. 2000;71(1 Suppl):343S-8S.Judge MP, Harel O, Lammi-Keefe CJ. Maternal consumption of adocosahexaenoic acid-containing functional food during pregnancy: benefit forinfant performance on problem-solving but not on recognition memory tasks atage 9 mo. Am J Clin Nutr. 2007;85(6):1572-7.Kaiser LL, Allen L; American Dietetic Association. Position of the American DieteticAssociation: nutrition and lifestyle for a healthy pregnancy outcome. J Am Diet Assoc.2002;102(10):1479-90.Kinsella JE. Lipids, membrane receptors, and enzymes: effects of dietary fattyacids. JPEN J Parenter Enteral Nutr. 1990;14(5 Suppl):200S-217S.Kirsch CM, Payan DG, Wong MY, et al. Effect of eicosapentaenoic acid inasthma. Clin Allergy. 1988;18(2):177-87.Krauss RM, Eckel RH, Howard B, et al. AHA Dietary Gui<strong>de</strong>lines: revision 2000:A statement for healthcare professionals from the Nutrition Committee of theAmerican Heart Association. Circulation. 2000;102(18):2284-99.Kremer JM, Jubiz W, Michalek A, et al. Fish-oil fatty acid supplementation inactive rheumatoid arthritis. A double-blin<strong>de</strong>d, controlled, crossover study. AnnIntern Med. 1987;106(4):497-503.Kremer JM. n-3 fatty acid supplements in rheumatoid arthritis. Am J Clin Nutr.2000;71(1 Suppl):349S-51S.34


Kris-Etherton PM, Harris WS, Appel LJ; Nutrition Committee. Fish consumption,fish oil, omega-3 fatty acids, and cardiovascular disease. Arterioscler ThrombVasc Biol. 2003;23(2):e20-30.Kris-Etherton PM, Harris WS, Appel LJ; AHA Nutrition Committee. AmericanHeart Association. Omega-3 fatty acids and cardiovascular disease: newrecommendations from the American Heart Association. Arterioscler ThrombVasc Biol. 2003;23(2):151-2.Kris-Etherton PM, Harris WS, Appel LJ; American Heart Association. NutritionCommittee. Fish consumption, fish oil, omega-3 fatty acids, and cardiovasculardisease. Circulation. 2002;106(21):2747-57.Lauritzen L, Jørgensen MH, Mikkelsen TB, et al. Maternal fish oilsupplementation in lactation: effect on visual acuity and n-3 fatty acid content ofinfant erythrocytes. Lipids. 2004;39(3):195-206.Leaf A, Weber PC. Cardiovascular effects of n-3 fatty acids. N Engl J Med.1988;318(9):549-57.Leaf A. Cardiovascular effects of fish oils. Beyond the platelet. Circulation.1990;82(2):624-8.Male D. Migração celular e inflamação. In: Roit I, Brostoff J, Male D.Imunologia. 5 a ed. São Paulo: Manole; 1999. p. 61-9.Mascaro C, Acosta E, Ortiz JA, Marrero PF, Hegardt FG, Haro D. Control ofhuman muscle-type carnitine palmitoyltransferase I gene transcription byperoxisome proliferator-activated receptor. J Biol Chem. 1998;273(15):8560-3.Mayer K, Fegbeutel C, Hattar K, et al. Omega-3 vs. omega-6 lipid emulsionsexert differential influence on neutrophils in septic shock patients: impact onplasma fatty acids and lipid mediator generation. Intensive Care Med.2003;29(9):1472-81.Mayer K, Gokorsch S, Fegbeutel C, et al. Parenteral nutrition with fish oilmodulates cytokine response in patients with sepsis. Am J Respir Crit CareMed. 2003;167(10):1321-8.Mayser P, Mrowietz U, Arenberger P, et al. Omega-3 fatty acid-based lipidinfusion in patients with chronic pla<strong>que</strong> psoriasis: results of a double-blind,randomized, placebo-controlled, multicenter trial. J Am Acad Dermatol.1998;38(4):539-47.Melanson SF, Lewandrowski EL, Flood JG, Lewandrowski KB. Measurement oforganochlorines in commercial over-the-counter fish oil preparations:implications for dietary and therapeutic recommendations for omega-3 fattyacids and a review of the literature. Arch Pathol Lab Med. 2005;129(1):74-7.35


Montori VM, Farmer A, Wollan PC, Dinneen SF. Fish oil supplementation intype 2 diabetes: a quantitative systematic review. Diabetes Care.2000;23(9):1407-15.Mozaffarian D, Prineas RJ, Stein PK, Siscovick DS. Dietary fish and n-3 fattyacid intake and cardiac electrocardiographic parameters in humans. J Am CollCardiol. 2006;48(3):478-84.Nagakura T, Matsuda S, Shichijyo K, Sugimoto H, Hata K. Dietarysupplementation with fish oil rich in omega-3 polyunsaturated fatty acids inchildren with bronchial asthma. Eur Respir J. 2000;16(5):861-5.Nakamura N, Hamazaki T, Ohta M, et al. Joint effects of HMG-CoA reductaseinhibitors and eicosapentaenoic acids on serum lipid profile and plasma fattyacid concentrations in patients with hyperlipi<strong>de</strong>mia. Int J Clin Lab Res.1999;29(1):22-5.Nordoy A, Bonaa KH, Sandset PM, Hansen JB, Nilsen H. Effect of omega-3fatty acids and simvastatin on hemostatic risk factors and postprandialhyperlipemia in patients with combined hyperlipemia. Arterioscler Thromb VascBiol. 2000;20(1):259-65.Olsen SF, Secher NJ, Tabor A, Weber T, Walker JJ, Gluud C. Randomisedclinical trials of fish oil supplementation in high risk pregnancies. Fish Oil TrialsIn Pregnancy (FOTIP) Team. BJOG. 2000;107(3):382-95Olsen SF, Sørensen JD, Secher NJ, et al. Randomised controlled trial of effectof fish-oil supplementation on pregnancy duration. Lancet.1992;339(8800):1003-7Olsen SF, Hansen HS, Sommer S, et al. Gestational age in relation to marine n-3 fatty acids in maternal erythrocytes: a study of women in the Faroe Islandsand Denmark. Am J Obstet Gynecol. 1991;164(5 Pt 1):1203-9.Onwu<strong>de</strong> JL, Lilford RJ, Hjartardottir H, Staines A, Tuffnell D. A randomiseddouble blind placebo controlled trial of fish oil in high risk pregnancy. Br JObstet Gynaecol. 1995;102(2):95-100.Oostenbrug GS, Mensink RP, Har<strong>de</strong>man MR, De Vries T, Brouns F, HornstraG. Exercise performance, red blood cell <strong>de</strong>formability, and lipid peroxidation:effects of fish oil and vitamin E. J Appl Physiol. 1997;83(3):746-52.Poynter ME, Daynes RA. Peroxisome proliferator-activated receptor alphaactivation modulates cellular redox status, represses nuclear factor-kappaBsignaling, and reduces inflammatory cytokine production in aging. J Biol Chem.1998;273(49):32833-41.Raastad T, Hostmark AT, Stromme SB. Omega-3 fatty acid supplementationdoes not improve maximal aerobic power, anaerobic threshold and running36


performance in well-trained soccer players. Scand J Med Sci Sports.1997;7(1):25-31.Reece MS, McGregor JA, Allen KG, Harris MA. Maternal and perinatal longchainfatty acids: possible roles in preterm birth. Am J Obstet Gynecol.1997;176(4):907-14.Roche HM, Gibney MJ. Postprandial triacylglycerolaemia: the effect of low-fatdietary treatment with and without fish oil supplementation. Eur J Clin Nutr.1996;50(9):617-24.Ro<strong>de</strong> HN, Szamel M, Schnei<strong>de</strong>r S, Resch K. Phospholipid metabolism ofstimulated lymphocytes. Preferential incorporation of polyunsaturated fatty acidsinto plasma membrane phospholipid upon stimulation with concanavalin A.Biochim Biophys Acta. 1982;688(1):66-74.Rodriguez JC, Gil-Gomez G, Hegardt FG, Haro D. Peroxisome proliferatoractivatedreceptor mediates induction of the mitochondrial 3-hydroxy-3-methylglutaryl-CoA synthase gene by fatty acids. J Biol Chem.1994;269(29):18767-72.San<strong>de</strong>rs TA, Oakley FR, Miller GJ, Mitropoulos KA, Crook D, Oliver MF.Influence of n-6 versus n-3 polyunsaturated fatty acids in diets low in saturatedfatty acids on plasma lipoproteins and hemostatic factors. Arterioscler ThrombVasc Biol. 1997;17(12):3449-60.San<strong>de</strong>rson P, Cal<strong>de</strong>r PC. Dietary fish oil appears to prevent the activation ofphospholipase C-gamma in lymphocytes. Biochim Biophys Acta. 1998;1392(2-3):300-8.Schmidt EB, Dyerberg J. Omega-3 fatty acids. Current status in cardiovascularmedicine. Drugs. 1994;47(3):405-24.Shapiro H. Could n-3 polyunsaturated fatty acids reduce pathological pain bydirect actions on the nervous system? Prostaglandins Leukot Essent FattyAcids. 2003;68(3):219-24.Simopoulos AP. Omega-3 fatty acids in inflammation and autoimmunediseases. J Am Coll Nutr. 2002;21(6):495-505.Smuts CM, Huang M, Mundy D, Plasse T, Major S, Carlson SE. A randomizedtrial of docosahexaenoic acid supplementation during the third trimester ofpregnancy. Obstet Gynecol. 2003;101(3):469-79.Sperling RI, Weinblatt M, Robin JL, et al. Effects of dietary supplementation withmarine fish oil on leukocyte lipid mediator generation and function in rheumatoidarthritis. Arthritis Rheum. 1987;30(9):988-97.37


Stenson WF, Cort D, Rodgers J, et al. Dietary supplementation with fish oil inulcerative colitis. Ann Intern Med. 1992;116(8):609-14.Stone NJ. Fish consumption, fish oil, lipids, and coronary heart disease.Circulation. 1996;94(9):2337-40.Terano T, Hirai A, Hamazaki T, et al. Effect of oral administration of highlypurified eicosapentaenoic acid on platelet function, blood viscosity and red cell<strong>de</strong>formability in healthy human subjects. Atherosclerosis. 1983;46(3):321-31.The National Aca<strong>de</strong>my Press. Dietary Reference Intakes for Energy,Carbohydrate, Fiber, Fat, Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids(Macronutrients) (2005). Disponível em:http://www.nap.edu/books/0309085373/html/1324.html. Acessado em:09/03/2006.Wachtler P, Konig W, Senkal M, Kemen M, Koller M. Influence of a totalparenteral nutrition enriched with omega-3 fatty acids on leukotriene synthesisof peripheral leukocytes and systemic cytokine levels in patients with majorsurgery. J Trauma. 1997;42(2):191-8.Waitzberg DL, Borges VC. Gorduras. In: Waitzberg DL, editor. Nutrição oral,enteral e parenteral na prática clínica. 3 a ed. São Paulo: Atheneu; 2000. p. 55-78.Wong KW. Clinical efficacy of n-3 fatty acid supplementation in patients withasthma. J Am Diet Assoc. 2005;105(1):98-105.Yoshizawa K, Rimm EB, Morris JS, et al. Mercury and the risk of coronary heartdisease in men. N Engl J Med. 2002;347(22):1755-60.38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!