ARTEMREDETEATROS ASSOCIADOSjuntos > mais fortesCatarina Vaz <strong>Pinto</strong>*As redes de teatros são uma realidade jácom vários anos na generalidade dospaíses europeus, mas, no nosso país, estemodelo organizativo tem uma históriarecente, pois só há pouco tempo o país viusurgir, de norte a sul do território,numerosas infra-estruturas culturaisfinanciadas quase sempre com recursoaos fundos estruturais europeus.Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, a <strong>CCDR</strong>-<strong>LVT</strong> desde logose preocupou com a actividade dos equipamentos cujaconstrução financiara, tendo decidido, por isso, promover,em 2003, a realização de um estudo que identificasse osmeios e instrumentos mais adequados à dinamização,qualificação e criação de condições de sustentabilidadedos teatros municipais.Esse foi o início de um longo processo, ainda em curso,de sensibilização e debate sobre o papel dos teatros municipaisno desenvolvimento regional, bem como de qualificaçãodas suas práticas de programação, de gestão, difusãoe relação com os públicos e que deu origem à constituição,em Janeiro de 2005, da ARTEMREDE – Teatros Associados,rede formal actualmente constituída por 15 municípiose uma escola: Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Almeirim,Barreiro, <strong>Caldas</strong> da Rainha, Cartaxo, Entroncamento,Moita, Montijo, Palmela, Santarém, Sobral de Monte Agraço,Torres Vedras e o Externato Cooperativo da Benedita. A partirde Janeiro de 2009 juntar-se-á também Sesimbra.A ARTEMREDE é uma estrutura associativa que vem complementar,reforçar e apoiar a actuação de cada um dosseus membros relativamente aos teatros de que são proprietários.As actividades da associação são financiadasatravés das quotas dos seus membros – quotas de funcionamentoe de programação – e da angariação de outrosfinanciamentos disponíveis para projectos culturais, nomeadamenteno FEDER e no Programa Foral, angariação essaque constitui um das principais mais-valias deste trabalhoem rede.Já com três anos e meio de vida, a ARTEMREDE tem concentradoa sua actuação no domínio da programação de espectáculos,da formação e da promoção da «cultura de rede».A programação de espectáculos é elaborada em conjuntopela direcção-executiva da associação e pelos responsáveisde programação de cada um dos teatros associados.Até Setembro de cada ano é elaborado um catálogo deespectáculos que integra projectos (para 2009, inclui 88)56 |
de música, teatro, dança, multidisciplinares, artes circenses,cinema, público infantil e juvenil, seleccionados pela direcçãoexecutiva da ARTEMREDE (cerca de 45%) e pelos própriosassociados. Serão no ano seguinte financiadas eapresentadas através da ARTEMREDE as propostas escolhidaspor, pelo menos, quatro associados, no caso dos .projectos nacionais e cinco quando estrangeiros. .A escolha deve incluir pelo menos um espectáculo decompanhias profissionais sedeadas nos municípios queintegram a associação. Este é um dos mecanismos que viabilizao acesso das companhias locais a circuitos de difusãomais alargados.A elaboração deste catálogo é um processo em constanteavaliação e mudança: tem-se procurado evoluir no sentidoda qualificação dos espectáculos a apresentar, da ofertacada vez maior de espectáculos internacionais, do desenvolvimentode projectos educativos associados aos espectáculos,através de um conjunto cada vez maior de oficinasque têm como objectivo qualificar as condições de recepçãodos espectáculos, formar e fidelizar públicos; da construçãode núcleos temáticos de programação, concentrados notempo, que permitem integrar um maior número de associados,atrair mais público, induzir a visibilidade acrescidae reforço da imagem da associação. A «Festa da Marioneta»,este ano já na sua 2ª edição, é o exemplo paradigmáticodeste tipo de iniciativa.Para além dos espectáculos seleccionados através do catálogo,uma parte mais reduzida do orçamento de programação(cerca de 25%) é utilizada para apresentação deespectáculos em co-produção com os teatros nacionais ououtros organismos não pertencentes à ARTEMREDE, paraapresentação de extensões de festivais de prestígio e tradiçãorealizados nalguns dos municípios associados (casodo Cistermúsica, em Alcobaça, ou do Festival de Teatrode Almada) e também para promover novas criações.Em 2007, a ARTEMREDE convidou o coreógrafo Rui LopesGraça a criar uma nova obra, «A Arte da Fuga», que integroubailarinas das companhias profissionais de dança dePalmela, Sintra e de Almada e foi apresentada em 10 teatrosassociados. Em 2008, a ARTEMREDE encomendou acriação do espectáculo de marionetas «Xerazade não estásó!», a integrar na «Festa da Marioneta», tendo a actrizCarla Chambel como principal protagonista. O espectáculovai circular, a partir de Outubro, em 14 teatros da rede.Estas iniciativas são fundamentais para integrar a ARTEMREDEnos circuitos nacionais e internacionais da produção e difusãode espectáculos, para legitimar a associação comoagente inquestionável no domínio das artes no nosso paíse com isso, valorizar também a actuação e a imagem dasautarquias que a integram.No campo da formação, a ARTEMREDE iniciou em 2006 umvasto e ambicioso projecto de qualificação dos profissionaisdos teatros associados, que abrangeu acções de formaçãonas áreas técnica, de gestão e artística, e que tem procuradoresponder, quer às inúmeras carências detectadas, quer àsnecessidades permanentes de actualização nestes domínios.O Plano de Formação, que ascende a cerca de de 380.000 ¤,inclui 14 cursos, envolvendo cerca de 328 formandos.Mas talvez a característica mais interessante da ARTEMREDEseja a da inovação que, através das inúmeras reuniões e encontros,da formação, da utilização intensiva da tecnologiae da comunicação on line, tem vindo a introduzir nas metodologiasde trabalho e de organização entre todos aqueles– artistas, responsáveis políticos, mediadores, técnicos –que estão envolvidos neste longo e complexo processo quevai desde a criação e produção de um espectáculo até à suarecepção pelo público. Inovação essa que radica na consciênciade que só através de uma nova atitude de escuta, de espíritode colaboração, de negociação, de partilha, se poderãoultrapassar as imensas dificuldades que as circunstânciasdo mundo, das <strong>cidade</strong>s e de cada um de nós continuama colocar ao quotidiano dos teatros municipais. ■Saiba mais em www.artemrede.pt* consultora| 57