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a igreja militante de joão paoloii e 0 capitalismo ... - cpvsp.org.br

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apenas eventual culpa futura. Não sãoseu pecado <strong>de</strong> ação, mas talvez apenas<strong>de</strong> omissão; portanto, nada <strong>de</strong> muitograve. E o "drama" da po<strong>br</strong>eza acabaé so<strong>br</strong>ando para os po<strong>br</strong>es mesmos(56b e 57b).Mas aon<strong>de</strong> foi parar o certeiro "ácusta" que o Papa soltou em Puebla,indicador do laço dialético que unePrimeiro e Terceiro Mundo? Com efeito,referindo-se a Paulo VI (cf. PP57),lá o Papa atual lem<strong>br</strong>ava os "mecanismos...impregnados não <strong>de</strong> autênticohumanismo, mas <strong>de</strong> materialismo,(que) produzem em nível internacionalricos cada vez mais ricos á custa <strong>de</strong>po<strong>br</strong>es cada vez mais po<strong>br</strong>es" (DiscursoInaugural, 28/01/79, 3.4). Note-seque aí se percebe a moral (ou "imoral")encarnada em estruturas materiaise não apenas como visão culturalpairando por cima do econômico.Inclusive na Solicitudo Rei Socialis,o Papa tem uma rica linguagem dialética.Diz. "É necessário <strong>de</strong>nunciar aexistência <strong>de</strong> mecanismos econômicos...que, embora conduzidos pelavonta<strong>de</strong> dos homens, funcionam muitasvezes <strong>de</strong> maneira quase automática,tornando mais rígidas as situações<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> uns e <strong>de</strong> po<strong>br</strong>eza dos outros."E continua <strong>de</strong>nunciante: "Essesmecanismos, mano<strong>br</strong>ados... pelos países<strong>de</strong>senvolvidos, com o seu própriofuncionamento favorecem os interesses<strong>de</strong> quem os mano<strong>br</strong>a, mas acabampor sufocar ou condicionar as economiasdos países menos <strong>de</strong>senvolvidos"(16c). Como explicar essa diferença<strong>de</strong> linguagem? Além das assessoriasd iferentes, temos no entremeio o annusmirabilis <strong>de</strong> 1989. Ele representa umalinha divisória que parece atravessaro próprio magistério do Papa Wojtyla.João Paulo II vê as diferentes economiasregionais inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (éo gran<strong>de</strong> tema da Solicitudo Rei Socialis).Mas não vê a unida<strong>de</strong> complexae contraditória <strong>de</strong> um único processomundial, como mostra a teoria quefala em Centro e Periferia. Concretamente,ele vê o paleo-<strong>capitalismo</strong> e oneo-<strong>capitalismo</strong> lado a lado, cada umcom sua dinâmica própria. Certo, elessão inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, mas isso através<strong>de</strong> uma relação meramente prática,não dialético-estrutural. Não seriamaspectos <strong>de</strong> um mesmo processo. Masexiste a rigor um <strong>capitalismo</strong> <strong>de</strong>senvolvidoe um outro sub<strong>de</strong>senvolvido?Não se trata antes <strong>de</strong> duas faces -a central e a periférica — do mesmoCapitalismo mundial?Contudo, para a Centesimus Annus,o <strong>capitalismo</strong> "selvagem" parece mesmoconstituir a etapa prévia <strong>de</strong> umprocesso econômico, que, na melhordas hipóteses, vai dar no neo-<strong>capitalismo</strong>.Não se trataria aí propriamente<strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong> subordinação, comocoloca Puebla (30). Ou seja, para aencíclica, a relação entre o Primeiro eo Terceiro Mundo não é <strong>de</strong> dominação,mas <strong>de</strong> atraso apenas. Certo, elepercebe o fenômeno da "mundializa-15

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