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Sagrado Coração de Jesus<br />
Russ Bowling (CC 3.0)<br />
Igreja dos Dominicanos - Colmar, França<br />
qualquer coisa de uma elevação prodigiosa, mas desde o<br />
primeiro momento, desde o ponto mais profundo onde eu<br />
O poderia compreender, com essa característica de uma fusão<br />
harmoniosa, em nível indizivelmente alto, das virtudes<br />
mais opostas, formando uma harmonia extraordinária.<br />
De maneira que, por exemplo, uma força incomparável,<br />
mas de uma bondade incomparável também. Uma severidade<br />
inquebrantável, mas ao mesmo tempo um perdão de<br />
uma doçura sem fim. Um poder incomparável de tranquilizar,<br />
mas, de outro lado, também de mover para a luta e<br />
para a batalha. Uma superioridade divina, porém ao mesmo<br />
tempo uma possibilidade de descer, já não digo à última<br />
pessoa, mas a um cachorrinho, e fazer-lhe um benefício<br />
qualquer. Estou certo de que, se um cachorrinho se aproximasse<br />
de Nosso Senhor, Ele se alegraria com isso.<br />
Seu sono e seus silêncios<br />
Isso tudo indica a superioridade maravilhosa d’Ele,<br />
mas também sua imensidade, para que virtudes tão opostas,<br />
levadas a um grau tão alto, possam caber em Jesus<br />
com tanta harmonia, na qual estaria exatamente o que<br />
melhor o meu olhar pudesse pegar na sua natureza humana,<br />
como transparência da Divindade, da graça n’Ele.<br />
E por isso, muita gravidade, uma seriedade enorme!<br />
Impossível é não só vê-Lo dizer algo que não seja muito<br />
elevado, mas falar algo atrás do qual não haja uma elevação<br />
infinita, uma coisa infinitamente perfeita.<br />
Realmente, se tomarmos no Evangelho tudo quanto<br />
Nosso Senhor disse, já nas primeiras palavras adquire<br />
um tamanho que não se sabe<br />
o que pensar!<br />
E mesmo quando Ele<br />
dormia, seu sono era um<br />
arquissono, de uma perfeição,<br />
um equilíbrio, uma doçura,<br />
uma força, um poder<br />
de manifestação, uma santidade<br />
tal que se uma pessoa,<br />
que entendesse Quem<br />
e como Ele era, pudesse<br />
apenas passar uma noite inteira<br />
vendo-O dormir, consideraria<br />
essa noite como a<br />
mais feliz de sua vida.<br />
Os silêncios d’Ele! Há silêncios<br />
que cantam, outros<br />
feitos para a poesia, outros<br />
ainda para a prosa, para dizer,<br />
com afabilidade e intimidade,<br />
determinadas coisas<br />
que só o silêncio fala.<br />
Por exemplo, o Santo Sudário tem um silêncio eminentemente<br />
eloquente. Jesus está ali morto e nada n’Ele<br />
pressagia uma palavra. Entretanto, o que Ele diz sem falar<br />
é uma enormidade!<br />
Nosso Senhor, independentemente de falar, tinha<br />
uma imensidade de coisas dessas que explica porque os<br />
discípulos ficavam tão intrigados sobre Quem era Ele.<br />
Construir uma catedral para abrigar<br />
uma varinha utilizada por Ele<br />
Suponhamos que nesse silêncio Ele faça as coisas mais<br />
simples: colhe uma florzinha e a contempla, ou com uma<br />
varinha que tenha na mão risca um pouco o chão. Tem-se<br />
vontade de dizer:<br />
— Não mexam nesse riscado, porque Ele riscou!<br />
Alguém retrucará:<br />
— Isso não quer dizer nada!<br />
— Não mexam! As mãos de Nosso Senhor tocaram<br />
aqui e ficou alguma coisa que é sacrossanta, na qual não<br />
se deve mexer. Se você não entende vá embora, mas isto<br />
não sai daqui, ficará para sempre! Voltarei aqui todos os<br />
dias e me ajoelharei diante disto, e só não vou oscular o<br />
chão para não estragar o desenho que Ele fez.<br />
Para abrigar aquela varinha mandaríamos construir<br />
uma catedral! Entretanto essas coisas são apenas símbolos<br />
de uma realidade muito superior: o chão riscado por<br />
Ele representa a alma de cada um de nós, e a varinha,<br />
nosso livre-arbítrio que Ele tentou inclinar de um lado<br />
para o outro.<br />
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