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Revista Dr Plinio 200

Novembro 2014

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Gribeco (CC 3.0)<br />

A sociedade analisada por <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong><br />

ticos com trajes de ritos orientais católicos, em vigor em<br />

certas partes do Império Austro-Húngaro, junto com clérigos<br />

com trajes de rito latino. Depois, elementos da nobreza,<br />

magnatas, altos aristocratas da Boêmia, chefes locais<br />

dos países da zona adriática do Império, tiroleses,<br />

etc., cada um com suas qualidades, seus atributos, comparecendo<br />

à cerimônia, e a glória do Império sendo a refulgência,<br />

a feeria dessas luzes diferentes. Isso eu acho<br />

uma coisa magnífica!<br />

A estandardização é a morte, e começa por matar as<br />

influências locais.<br />

Para ser possível essa variedade, seria preciso que cada<br />

elemento da sociedade desse o seu contributo, que<br />

consiste em evitar uma certa faceirice de querer ser admirado<br />

pelo mundo inteiro. É própria do regionalismo<br />

uma sadia indiferença em relação à apreciação do mundo<br />

sobre ele.<br />

Suponhamos que à coroação do Imperador da Áustria<br />

como Rei da Hungria compareça um alto dignatário<br />

do poder judiciário, com traje que tenha reminiscência<br />

indumentária dos primeiros juízes do tempo de Santo<br />

Estêvão ou de Santo Américo, por exemplo. E que se<br />

encontre, na mesma arquibancada, com um magistrado<br />

austríaco vestido à maneira da indumentária judiciária<br />

que se espalhou em todo o Ocidente no século XIX: monótona,<br />

com ar de agente funerário. O magistrado vestido<br />

com traje típico não deve ter vergonha disso, mas sim<br />

uma noção viva de todas as possibilidades, de todo o valor,<br />

de todo o padrão humano que há na própria regionalidade.<br />

Falo do magistrado, mas poderia dizer do professor<br />

universitário, dos chefes das pequenas tropas locais,<br />

e todo o pessoal a seu modo proeminente. Eles devem<br />

Contenda entre músicos (por Georges de la Tour)<br />

Getty Center, Los Angeles, EUA<br />

se aprofundar no espírito local, que possui matéria-prima<br />

para constituir um pequeno universo, e ter o espírito<br />

aberto para isso.<br />

Profundezas do autêntico regionalismo<br />

E aqui surge uma tese muito importante, difícil de<br />

provar, mas que é mais ou menos intuitiva: a ideia de<br />

que todo regionalismo autêntico tem profundezas quase<br />

inesgotáveis, e o progresso não se faz encontrando um<br />

ponto de estancamento, mas aprofundando; o que, sob<br />

certo ponto de vista, equivale a dizer acentuando.<br />

Teríamos, então, um primeiro princípio, que já não é o<br />

da vidinha e da “vidona”, mas o da inesgotabilidade das<br />

peculiaridades locais; a esse princípio devem-se acrescentar<br />

dois outros.<br />

Um deles é que tais aprofundamentos, ao contrário do<br />

que se diz, não preparam necessariamente a luta com outras<br />

regiões, mas sim um entendimento com elas, porque<br />

se a Doutrina Católica é bem conhecida, cada um ama o<br />

próximo com suas peculiaridades, singularidades, e, portanto,<br />

cada região cumpre o mandamento de amar a outra<br />

como a si mesma, prezando as peculiaridades da outra,<br />

de algum modo como ama as suas próprias peculiaridades,<br />

e procurando a harmonia.<br />

Se a rivalidade destruiria o convívio dos indivíduos<br />

numa família, por que não há de extingui-lo nas regiões<br />

de um país? Analogamente destrói. Numa família com<br />

cinco filhos, em que cada um implica com as características<br />

pessoais do outro e quer ser superior ao outro, o<br />

pressuposto da vida familiar está extinto.<br />

Então, as rivalidades regionais muito entretidas acabam<br />

sendo de uma nocividade profunda, e é preciso saber<br />

resolvê-las em profundidade. A<br />

inveja, a concorrência, o debique estúpido<br />

conduzem à dissolução. Nós<br />

não podemos conceber um regionalismo<br />

no qual esse espírito prepondere.<br />

Terceiro princípio: bem estudadas<br />

as condições locais de qualquer região,<br />

deve-se dar o necessário para<br />

que essa região se desenvolva inteiramente<br />

de acordo com aquelas condições,<br />

atingindo uma estatura correspondente<br />

à estatura psicológica e<br />

mental de que aquele povo é capaz.<br />

Contra-Revolução cultural<br />

Dou um exemplo. Tanto quanto eu<br />

saiba, as Baleares 6 constituíram outrora<br />

uma espécie de unidade na Es-<br />

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