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Revista Dr Plinio 200

Novembro 2014

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Tenho a impressão de que a tintura-mãe do pensamento<br />

de Nosso Senhor era uma síntese harmônica, mas também<br />

frequentemente contrastante, entre o que Ele é, o<br />

que estava fazendo e aqueles para quem Ele estava agindo.<br />

Quer dizer, Jesus conhecia a imensidade de dons prodigalizados<br />

por Ele, via a indiferença com que esses dons<br />

eram recebidos, por vulgaridade de espírito, falta de senso<br />

metafísico, de senso sobrenatural, em uma palavra, falta<br />

de amor das pessoas beneficiadas. Contudo, Ele não se<br />

afastava daquelas almas, continuava a perceber o que tinham<br />

de bom e procurava ainda elevá-las, mas pensava a<br />

fundo sobre essa ingratidão e Se entristecia.<br />

Ele, olhando para cada um de nós, conhece inteiramente<br />

como somos. Com o olhar Ele saberia tratar a cada indivíduo,<br />

de tal maneira que, conforme Ele quisesse, a pessoa se<br />

sentiria vista até o fundo da alma nos lados ruins, ou nos lados<br />

bons. Naqueles, com uma rejeição por onde o indivíduo<br />

teria vontade de fugir do seu próprio pecado; nestes, com<br />

uma atração tal que a pessoa teria vontade de multiplicar<br />

por cem quintilhões a sua virtude, logo de saída!<br />

Mas, por uma bondosa condescendência para com os<br />

homens, Nosso Senhor não olharia inteiramente de um<br />

jeito nem de outro, a não ser nas situações excepcionais,<br />

para as pessoas poderem viver ao lado d’Ele.<br />

Os episódios da vida d’Ele são todos maravilhosos.<br />

Mas não me impressiona tanto este ou aquele fato, quanto<br />

as variedades do modo de ser pessoal d’Ele, enquanto<br />

andava de um lado para outro.<br />

Jesus chora pela morte de Lázaro<br />

e depois o ressuscita<br />

Sempre me impressionou a cena diante do sepulcro de<br />

Lázaro. Primeiro, a bondade com a qual Jesus chora junto<br />

ao sepulcro, porque Lázaro morreu. E depois, como<br />

que não podendo conter a sua própria dor, brada: “Lázaro,<br />

vem para fora!”, com um brado que eu imagino majestoso<br />

e fendendo a sepultura! E a vida volta em Lázaro.<br />

É uma coisa majestosa!<br />

Imaginá-Lo recebendo a censura de Maria Madalena:<br />

“Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria<br />

morrido.” 1 É, portanto, uma censura. Parecia estar insinuando<br />

que, pela relação de amizade existente entre os<br />

dois, Ele tinha obrigação de ter salvado Lázaro da morte.<br />

E, naquele momento, talvez Ele tivesse parecido a Maria<br />

Madalena ligeiramente tisnado de culpa.<br />

E como Jesus se portou nessa ocasião em que Ele não<br />

lhe deu nenhuma justificação? Foi para a sepultura, e<br />

quase pareceu justificar a censura, chorando. Então, por<br />

que deixou morrer? Por que não veio mais cedo? Ela disse<br />

que Ele poderia tê-lo salvo! Ele chora a morte que poderia<br />

ter evitado? Que pranto é este?!<br />

Ressurreição de Lázaro<br />

Colegiada de San Gimignano, Itália<br />

Nosso Senhor deu algo melhor do que salvá-lo da<br />

morte: foi tirá-lo da morte! Ele fez Lázaro ressuscitar!<br />

Não há o que dizer...<br />

Podemos imaginá-Lo vendo Maria Madalena, com<br />

certeza prostrada diante d’Ele, chorando com emoção<br />

dulcíssima, e Ele atendê-la como quem diz: “Minha filha,<br />

Eu te perdoo. Tu deverias ter compreendido que Eu<br />

não tenho falta! Mas dei-te um dom que não esperavas.”<br />

Depois, sabendo que a partir daquele milagre os fariseus<br />

tomariam a deliberação de matá-Lo, passar perto<br />

deles e fitá-los… Que olhar!<br />

Pensemos na sucessão de atitudes de Jesus, por exemplo,<br />

indo a Betânia descansar. Pode-se imaginar alguém<br />

mais adorável do que Ele, repousando no convívio afável<br />

com Marta, Maria, Lázaro e os Apóstolos? Ou com Nossa<br />

Senhora, certamente na vida cotidiana, ou na residência<br />

de Lázaro, recebendo as honras, conversando na intimidade,<br />

etc.?<br />

Como Nosso Senhor Se sentiria consolado de tanta infâmia,<br />

ao ver o que havia de maravilhoso naquelas almas que<br />

Ele estava formando na virtude! É uma coisa maravilhosa!<br />

Tudo isso junto, as várias atitudes d’Ele se sucedendo,<br />

sobretudo no momento de passar de uma posição para<br />

outra, me deixam especialmente encantado. v<br />

1) Jo 11, 32.<br />

(Extraído de conferências de 6/9/1984 e 11/7/1991)<br />

Reprodução<br />

13

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