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Luzes da Civilização Cristã<br />
vezes estando na Europa tive vontade de fazer uma coleção<br />
de folhas, para mostrar aqui em São Paulo. Mas não<br />
foi possível, eu não tinha tempo, porém vontade não faltava.<br />
Vejam como todo esse arvoredo, aquém e além do<br />
muro externo da cidade, faz um ambiente maravilhoso.<br />
Tudo isso enfeita as velhas pedras e a torre da catedral<br />
ou da paróquia. Forma um recanto lindo!<br />
Povo muito alegre, expansivo e comunicativo<br />
Daniel CC 3.0<br />
Daniel CC 3.0<br />
deve existir uma cruz ainda mais evidente. Tem algo indefinido<br />
de edifício religioso. Será talvez a torre da principal<br />
igreja da cidadezinha.<br />
Em outra fotografia nota-se a beleza da vegetação da<br />
Europa. Nossa vegetação sul-americana, centro-americana,<br />
tem coisas lindíssimas, mas Deus a cada qual concedeu<br />
as suas coisas. À América do Sul, e creio que também à do<br />
Norte, o Criador deu lindas flores. Deu-as também, em alguma<br />
medida, à Europa: as tulipas da Holanda, por exemplo,<br />
são qualquer coisa de maravilhoso, mas o que nós não<br />
temos como eles são as folhas maravilhosas.<br />
Comparemos as folhas que estamos habituados a ver<br />
em nossas cidades, com essas que são verdadeiras exposições<br />
de pedras preciosas. As folhas são de um colorido<br />
bonito, meio douradas, e tem-se a impressão de que cada<br />
uma delas é uma pedra preciosa. São finas e o sol as atravessa;<br />
por causa disso, quando se olha, tem-se a impressão<br />
de que o astro rei mora dentro delas. São muito bonitas na<br />
primavera, mas a sua beleza muitas vezes é maior no outono,<br />
quando elas ficam velhas. É um fenômeno com poucos<br />
exemplos na natureza: quando a velhice enfeita.<br />
No inverno, quando começam a cair, essas folhas têm<br />
uma cor de champagne, de vinho, cores fantásticas; várias<br />
Em outra fotografia vemos a beleza assombrosa do inverno,<br />
com a neve. Tem-se a impressão de que as árvores<br />
são feitas de cristal; são, portanto, lindíssimas! Nesse<br />
edifício mais baixo, nota-se que a neve cobriu o teto e se<br />
acumulou a ponto de revesti-lo inteiramente. Fica agradável<br />
de ver e, apesar da ideia de frio que esta neve dá,<br />
tem-se uma sensação de aconchego e faz supor ali dentro<br />
uma lareira acesa, na qual se queimam troncos de árvores<br />
com uma resina perfumada, junto à qual se encontra,<br />
sentado numa grande poltrona de couro, um homem lendo<br />
um daqueles livros escritos em pergaminhos colossais,<br />
fumando um cachimbo e gozando o seu domingo.<br />
O prédio à esquerda, com aquele balcão, pertence à<br />
Prefeitura. Embaixo, desenvolvem-se danças tradicionais<br />
onde moços e moças da cidade se dão as mãos e cantam.<br />
Vê-se a alegria inocente de tudo isso, com trajes moralizados.<br />
É a alegria medieval.<br />
Aqui podemos observar uma rua de Rothenburg. As<br />
casas não são palácios, mas residências simples. É uma cena<br />
agradável de olhar e nos dá, muito ao vivo, uma ideia<br />
do que seria uma cidade medieval em dia de festa popular.<br />
O povo alemão é muito alegre, expansivo, comunicativo.<br />
E quando, em torno da cerveja, estão reunidos muitos<br />
alemães, eles cantam. Não por ficarem bêbados, mas<br />
por estarem bem nutridos e alegres.<br />
Não existe uma coisa que esteja em desordem; tudo<br />
bem arranjado e bonito. A decoração da parte de cima das<br />
casas é feita só com madeira, mas madeira entalhada; nada<br />
disso é rico, tudo é simples. Vemos como o bom gosto<br />
da classe popular pode formar uma vida plebeia digna.<br />
Assim eram, por exemplo, os móveis populares medievais.<br />
Não eram fabricados para reis, nem para condes ou<br />
barões; contudo, eram entalhados à mão, e hoje custariam<br />
uma fábula por serem muito raros. Uma verdadeira beleza!<br />
Por espantoso que seja, eu termino citando Marx. Karl<br />
Marx, o fundador do comunismo, numa história que ele faz<br />
do operariado na Europa, diz isto: “A idade de ouro do operariado<br />
europeu foi a Idade Média!” Isso os revolucionários<br />
não afirmam. Por quê? Porque a Revolução é mentirosa<br />
quando fala e até quando se cala; essa é a Revolução. v<br />
(Extraído de conferência de 22/11/1986)<br />
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