Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Thomas Wolf (CC 3.0)<br />
Reprodução<br />
Acima, aspectos da cidade de Berlim, Alemanha.<br />
Abaixo, Imperador Guilerme II<br />
equilíbrio harmônico no qual a organização política do<br />
país deve firmar-se? E equilíbrio não só no tocante à organização<br />
política da nação, mas contrário à mania de<br />
centralizar na capital toda a vida cultural, social, enfim<br />
em todos os aspectos de um determinado gênero de atividades.<br />
A capital deve ser realmente a cabeça de todo<br />
país, em todos os sentidos, ou se poderia compreender<br />
várias capitais em função de diversos aspectos?<br />
Dinastias centralizadoras e<br />
dinastia descentralizadora<br />
A nação que mais conservou um equilíbrio nessa matéria<br />
— acabou perdendo, mas o manteve por mais tempo<br />
— foi a Alemanha.<br />
Os Bourbons 2 , na Espanha, foram centralizadores de<br />
primeira força. Também os Hohenzollerns 3 , na Alemanha,<br />
eram centralizadores. Contudo, a Alemanha não<br />
conseguiu, senão muito tarde, o predomínio de uma dinastia<br />
sobre as outras, e esse predomínio foi o dos Habsburgs<br />
4 , que eram muito descentralizadores por política,<br />
por índole e tudo mais, e não conduziram uma política<br />
de centralização, a não ser numa fraca medida. Então, na<br />
Alemanha isso ficou muito diverso.<br />
No tempo de Guilherme II 5 , por exemplo, a capital<br />
política e militar da Alemanha era Berlim, mas a capital<br />
artística podia bem ser considerada <strong>Dr</strong>esden, capital da<br />
Saxônia, ou em algum sentido Munique, capital da Baviera.<br />
Ambas, em todo caso, muito superiores a Berlim,<br />
debaixo desse ponto de vista artístico. Mas as capitais<br />
econômicas eram Colônia, na Renânia, e Hamburgo, na<br />
desembocadura do Reno. E daí por diante, encontramos<br />
o país servido por um sistema de comunicação esplêndido,<br />
centralista no fundo, mas que não conseguiu eliminar<br />
essas autonomias — porque são verdadeiras autonomias<br />
— que, por exemplo, na Espanha tenho a impressão<br />
de que os Bourbons acabaram suprimindo.<br />
Questões relativas ao equilíbrio entre o<br />
regionalismo e a unidade nacional<br />
Para termos esse equilíbrio bem mantido,<br />
devemos nos pôr nessa clareza dos princípios<br />
fundamentais sobre a vidinha regional e a “vidona”<br />
global.<br />
A comparação que eu fiz com o organismo<br />
humano tem um interesse apenas ilustrativo.<br />
Não é porque o organismo humano<br />
seja assim que a sociedade humana<br />
deve ser da mesma maneira. Como<br />
o organismo humano é desse modo,<br />
e tem uma analogia com o organismo<br />
social, neste caso concreto ele seria<br />
o padrão mais natural a ser dado como<br />
elemento para explicar o organismo<br />
social; tendo, portanto, um valor didático<br />
para abrir hipóteses.<br />
Para tratar da questão do ponto de<br />
equilíbrio, devemos, antes de tudo,<br />
nos desligar de falsas formulações,<br />
Reprodução<br />
23