Outubro/2016 - Referência Florestal 179
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ESPECIAL<br />
Foto: Carol Carquejeiro<br />
De acordo com o último levantamento realizado pela<br />
Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), foram represados consideráveis<br />
investimentos em negócios no setor de árvores<br />
plantadas de grandes grupos estrangeiros, como japoneses,<br />
norte-americanos e escandinavos, que ficaram parados<br />
desde 2010. “Além dos investimentos diretos no setor florestal,<br />
a indústria perde competitividade, pois as restrições<br />
impactam também os investimentos em mineração, logística<br />
e infraestrutura, o que afetam os mercados de árvores<br />
e os custos de produção”, afirma Elizabeth de Carvalhaes,<br />
presidente executiva da Ibá e presidente do Icfpa (sigla em<br />
inglês para Conselho Internacional de Associações de Floresta<br />
e Papel).<br />
A decisão de restringir a atuação de empresas nacionais<br />
controladas por capital internacional, não só travou novos<br />
investimentos do setor, mas também afetou as operações<br />
das empresas já instaladas, impedindo ampliações e consolidações<br />
que poderiam ocorrer com a entrada de fundos<br />
estrangeiros para investimento direto e produtivo.<br />
“Em 2010 e 2011, a economia brasileira estava bem,<br />
“ALÉM DOS INVESTIMENTOS<br />
DIRETOS NO SETOR<br />
FLORESTAL, A INDÚSTRIA<br />
PERDE COMPETITIVIDADE, POIS<br />
AS RESTRIÇÕES IMPACTAM<br />
TAMBÉM OS INVESTIMENTOS<br />
EM MINERAÇÃO, LOGÍSTICA E<br />
INFRAESTRUTURA, O QUE AFETAM<br />
OS MERCADOS DE ÁRVORES E OS<br />
CUSTOS DE PRODUÇÃO”<br />
com crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 7,5%<br />
e 3,9% respectivamente e recordes nos níveis de emprego<br />
com geração de 4,7 milhões postos nos dois anos. Este cenário<br />
passava a falsa impressão ao governo de que a captação<br />
destes recursos não era prioridade e que os investimentos<br />
continuariam independentemente das restrições.”<br />
A presidente da entidade lembra que investimentos no<br />
setor florestal são de longo prazo e as decisões de realização<br />
ou suspensão de aportes possuem um efeito retardado<br />
na economia. “Hoje, não sentimos apenas os efeitos da piora<br />
da economia interna pela contração dos mercados, mas<br />
pela abrupta diminuição do ritmo dos investimentos que,<br />
no caso do capital estrangeiro, passaram a se submeter a<br />
limitações proibitivas desde 2010”, avalia Elizabeth.<br />
BOAS EXPECTATIVAS<br />
As entidades como Ibá e Abag (Associação Brasileira<br />
do Agronegócio) observam com bons olhos o que consideram<br />
ser uma espécie de reabertura de mercado. “Já precisávamos<br />
em 2010, e hoje em dia, com esse cenário (de<br />
crise econômica), a entrada de capital estrangeiro vai ser<br />
fundamental", disse o diretor executivo da Abag, Luiz Cornacchioni.<br />
De acordo com as representantes do setor florestal e<br />
agrícola, a liberação de venda de terras para empresas com<br />
capital estrangeiro é um importante passo para atrair investimentos<br />
e incentivar a retomada do crescimento do setor<br />
industrial. Entre as associadas da Ibá, por exemplo, estão<br />
diversas companhias multinacionais de grande porte com<br />
investimentos paralisados, tanto em novas unidades como<br />
em ampliação das atuais.<br />
Parlamentares que entendem a necessidade do setor<br />
produtivo se mobilizam para retomar o andamento do projeto<br />
engavetado em 2012, que estabelece regras e autoriza<br />
a compra de terras por estrangeiros. Com base nesse texto,<br />
o deputado federal Newton Cardoso Jr. (PMDB-MG) está<br />
empenhado para dar seguimento ao assunto. “Estamos trabalhando<br />
em um texto substitutivo que autoriza a compra<br />
de terras dentro de certos limites”, disse o deputado, que<br />
coordena a Frente Parlamentar de Silvicultura. O problema<br />
são as regras restritivas que estão em discussão. “A ideia é<br />
que haja um limite de 100 mil ha (hectares) por empresa,<br />
que pode ser ainda alterado para cima”, disse. Fundos soberanos<br />
e ONGs (Organizações não-governamentais), porém,<br />
não poderiam ser compradores.<br />
De acordo com o parlamentar, o governo sugeriu que<br />
fosse incluído no projeto de lei que o investidor adquira<br />
10% adicionais de terras para destinar à reforma agrária. Se<br />
o investidor quiser comprar além do limite de 100 mil ha,<br />
teria de se associar a um grupo nacional – que seria majoritário<br />
no negócio – para essa expansão, como já ocorre hoje.<br />
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