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O guardião lhe <strong>de</strong>u os instrumentos para gravar seu nome. Queria levar-se consigo a<br />
alguns <strong>de</strong> seus homens; estes se haviam suicidado porque seu imperador se estava<br />
morrendo, e não podiam imaginar <strong>viver</strong> sem ele. Sua mulher, seu primeiro-ministro, sua<br />
comandante em chefe e todas as gran<strong>de</strong>s personalida<strong>de</strong>s que lhe ro<strong>de</strong>avam se haviam<br />
suicidado, por isso foram com ele.<br />
O imperador queria que o guardião <strong>de</strong>ixasse entrar em todos para que vissem como<br />
gravava seu nome, qual é o <strong>prazer</strong> <strong>de</strong> ir sozinho e gravar seu nome se não haver<br />
ninguém que o veja? A verda<strong>de</strong>ira alegria é que o veja todo mundo.<br />
O guardião lhe disse: —Escuta meu conselho, her<strong>de</strong>i esta profissão. Meu pai era<br />
guardião, seu pai era guardião, fomos os guardiães do monte Sumeru há séculos. Escuta<br />
meu conselho, não <strong>de</strong>ixe que vão contigo, se não, arrepen<strong>de</strong>rá-te.<br />
O imperador não entendia, mas não podia ir contra seu conselho, que interesse ia ter<br />
esse homem em impedir-lhe El guardián dijo: —Estoy completamente <strong>de</strong> acuerdo.<br />
O guardião disse: —Se quiser que o vejam, vete, grava seu nome e <strong>de</strong>pois vem a buscálos<br />
e, se quiser, o ensina. Não tenho nenhuma objeção em que lhe leve isso, mas se<br />
<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> fazê-lo <strong>de</strong>pois já não po<strong>de</strong>rá trocar <strong>de</strong> opinião... já estarão contigo. Vete sozinho.<br />
—Era um conselho muito sensato.<br />
O imperador disse: —Está bem. Irei sozinho, gravarei meu nome e voltarei a buscá-los.<br />
O guardião disse: —Estou completamente <strong>de</strong> acordo.<br />
O imperador foi e viu o monte Sumeru brilhando baixo milhares <strong>de</strong> sóis —porque o céu<br />
não po<strong>de</strong> ser tão pobre para ter só um sol— há milhares <strong>de</strong> sóis, e uma montanha<br />
dourada muito maior que o Himalaya... e o Himalaya tem quase três mil quilômetros <strong>de</strong><br />
longitu<strong>de</strong>! Não pô<strong>de</strong> abrir os olhos durante uns instantes porque lhe <strong>de</strong>slumbrava a luz.<br />
Depois começou a procurar um sítio, o sítio a<strong>de</strong>quado, mas se surpreen<strong>de</strong>u porque não<br />
havia sítio, a montanha estava cheia <strong>de</strong> nomes gravados.<br />
Não podia acreditar. Pela primeira vez se <strong>de</strong>u conta do que era. até agora tinha<br />
acreditado que era um super-homem dos que só nascem a cada milhares <strong>de</strong> anos. Mas o<br />
tempo existiu da eternida<strong>de</strong>; inclusive milhares <strong>de</strong> anos não têm importância, e houve<br />
muitos chakravartins. Não havia espaço na montanha maior <strong>de</strong> todo o universo para<br />
escrever seu pequeno nome.<br />
Retornou, agora compreen<strong>de</strong>u que o guardião tinha razão quando lhe disse que não<br />
levasse a sua mulher, a sua comandante em chefe, a seu primeiro-ministro e outros<br />
amigos íntimos. Era melhor que não vissem esta situação. Seguiriam pensando que seu<br />
imperador era um ser excepcional.<br />
Foi ao guardião e lhe disse: —Não havia espaço.<br />
O guardião lhe respon<strong>de</strong>u: —Isso é o que te queria dizer. O que tem que fazer é apagar<br />
alguns nomes e <strong>de</strong>pois escrever o teu. É o que se feito sempre, toda minha vida vi fazêlo,<br />
meu pai estava acostumado a dizer que se fazia. O pai <strong>de</strong> meu pai... ninguém viu o<br />
Sumeru vazio, com espaço vazio.<br />
»Sempre que chega um chakravartin tem que apagar vários nomes para escrever o seu.<br />
De modo que aqui não estão todos os chakravartins. apagaram-se nomes muitas vezes e<br />
se tornaram a gravar outros. Faz seu trabalho e se o quer ensinar a seus amigos, po<strong>de</strong><br />
trazê-los.<br />
O imperador lhe disse:—Não, não quero acostumar-lhe e nem sequer quero escrever<br />
meu nome. Que sentido tem? Algum dia chegará alguém e o apagará.<br />
»Toda minha vida é um sinsentido absoluto. Esta era minha única esperança: que o<br />
monte Sumeru, a montanha dourada do céu, tivesse meu nome. vivi para isto, era meu<br />
único interesse na vida; estava disposto a matar a todo mundo para consegui-lo. Agora<br />
qualquer pessoa po<strong>de</strong> apagar meu nome e escrever o seu. Que sentido tem escrevê-lo?<br />
Não vou fazer o. —O guardião riu—. por que te ri?—disse o imperador.