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osho - coragem e prazer de viver perigosamente

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Só há dois tipos <strong>de</strong> pessoas no mundo. As que querem <strong>viver</strong> comodamente: estão<br />

procurando a morte, querem uma tumba cômoda. E as que querem <strong>viver</strong>: escolhem<br />

<strong>viver</strong> <strong>perigosamente</strong> porque a vida só prospera se houver algum risco.<br />

escalaste alguma vez uma montanha? quanto mais alto escala melhor se sente. Quanto<br />

major é o perigo <strong>de</strong> cair, quanto major é o abismo, mais vivo está. Quando está entre a<br />

vida e a morte, quando está pendurando entre a vida e a morte, não existe o<br />

aborrecimento, não existe o pó do passado nem o <strong>de</strong>sejo do futuro. O momento presente<br />

é muito afiado, é como uma chama. É suficiente: vive no aqui e agora.<br />

Ou fazendo surfe... ou esquiando, ou patinando; sempre que houver perigo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a<br />

vida há uma enorme alegria, porque o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a vida te faz estar muito vivo. Por<br />

isso lhe atraem os esportes perigosos às pessoas.<br />

A gente escala montanhas... Alguém perguntou ao Edmund Hillary: —por que tentaste<br />

escalar o Everest? por que? —Hillary respon<strong>de</strong>u—: Porque está aí, é uma provocação<br />

constante. —Era arriscado, tinha morrido muita gente tentando-o. Havia grupos <strong>de</strong><br />

escaladores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fazia sessenta ou setenta anos, a morte era quase segura, mas a gente<br />

seguia indo. O que é o que lhes atrai?<br />

Ao chegar mais alto, ao te afastar do estabelecido, da rotina da vida, volta-te selvagem<br />

<strong>de</strong> novo, volta-te <strong>de</strong> novo parte do mundo animal. Volta a <strong>viver</strong> como um tigre, como<br />

um leão, como um rio. Volta a sulcar os céus como um pássaro, voando cada vez mais<br />

alto. E cada momento que passa, a segurança, a conta do banco, a esposa, o marido, a<br />

família, a socieda<strong>de</strong>, a Igreja, a respeitabilida<strong>de</strong>... vão <strong>de</strong>svanecendo-se, afastando-se.<br />

Está sozinho.<br />

Por isso lhe interessam tanto os esportes às pessoas. Mas esse perigo tampouco é real,<br />

porque chega a ter muita prática. Po<strong>de</strong> aprendê-lo, po<strong>de</strong> te treinar. É um risco calculado.<br />

Po<strong>de</strong> te treinar fazendo montañismo e tomar todas as precauções. Ou conduzir a gran<strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>... po<strong>de</strong> ir a 160 quilômetros por hora, é perigoso, é excitante. Po<strong>de</strong> chegar a<br />

ser muito hábil e é perigoso para os <strong>de</strong> fora, mas não para ti. Embora exista um risco, é<br />

secundário. Além disso, esses riscos são riscos físicos, só afetam ao corpo.<br />

Quando te digo vive <strong>perigosamente</strong>, não me refiro ao risco físico a não ser ao<br />

psicológico e, finalmente, ao risco espiritual. A religiosida<strong>de</strong> é um risco espiritual.<br />

Leva-nos a tanta altura que talvez não possamos retornar. Esse é o significado do<br />

término anagamin da Buda: aquele que nunca retorna. É chegar muito alto, a um lugar<br />

sem retorno... <strong>de</strong>pois simplesmente te per<strong>de</strong>. Não retorna jamais.<br />

Quando digo vive <strong>perigosamente</strong>, não me refiro a <strong>viver</strong> uma vida ordinária <strong>de</strong><br />

respeitabilida<strong>de</strong>, ser o prefeito da cida<strong>de</strong>, ou o membro <strong>de</strong> uma associação. Isso não é<br />

vida. Ou ser ministro, ter uma boa profissão e um bom salário, e ver como se acumula o<br />

dinheiro em seu banco e como tudo vai à perfeição. Quando tudo vai perfeitamente,<br />

note, está-te morrendo mas não passa nada. A gente te po<strong>de</strong> respeitar e quando morrer<br />

haverá uma gran<strong>de</strong> procissão. Muito bem, isso é tudo; publicarão sua foto nos<br />

periódicos e escreverão editoriais, e <strong>de</strong>pois a gente se esquecerá <strong>de</strong> ti. E viveste toda a<br />

vida para isto.<br />

Observa-o, po<strong>de</strong>-se per<strong>de</strong>r toda a vida em coisas ordinárias, mundanas. Ser espiritual<br />

significa enten<strong>de</strong>r que não <strong>de</strong>veríamos dar muita importância a estas pequenas coisas.<br />

Não estou dizendo que sejam insignificantes. Digo que têm importância, mas não tanta<br />

como criam.<br />

O dinheiro é necessário. O dinheiro é uma necessida<strong>de</strong>. Mas o dinheiro não é o fim e<br />

não po<strong>de</strong> sê-lo. Evi<strong>de</strong>ntemente, é necessária uma casa. É uma necessida<strong>de</strong>. Não sou um<br />

asceta e não quero que <strong>de</strong>strua sua casa e fuja à a Himalaya. Necessita uma casa, mas é<br />

você quem necessita a casa, e não viceversa. Não o interprete mal.

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