09.05.2017 Views

osho - coragem e prazer de viver perigosamente

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

usam as boinas, e é a zona mais inteligente do país. Punjab é justo o contrário. Aí, a<br />

gente usa turbantes em vez <strong>de</strong> boinas, uns turbantes tão gran<strong>de</strong>s que parece que lhes<br />

escapasse a inteligência e estivessem tentando sujeitá-la.<br />

O diretor disse: —O que diz tem algum sentido, mas é uma regra <strong>de</strong>ste colégio. Se<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> usar a boina, outros também <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> usá-la.<br />

—A que lhe têm medo? —disse-lhe—. Tirem essa regra.<br />

Ninguém quer que você seja mesmo em assuntos que não têm a menor importância.<br />

Em minha infância estava acostumada levar o cabelo comprido. Entrava e saía pela loja<br />

<strong>de</strong> meu pai, porque a casa e a loja estavam comunicadas. A casa estava <strong>de</strong>trás da loja, e<br />

terei que acontecer a loja, A gente lhe perguntava: —Quem é essa menina? —Tinha o<br />

cabelo tão comprido que não se imaginavam que um menino pu<strong>de</strong>sse ter o cabelo tão<br />

largo.<br />

A meu pai dava muita vergonha e lhe punha em apuros dizer: —É meu filho.<br />

—Mas —diziam—, por que tem o cabelo tão largo?<br />

Um dia —normalmente não era assim—, sentiu tanta vergonha que ele mesmo veio e<br />

me cortou o cabelo. Trouxe as tesouras que usava para cortar o tecido na loja e me<br />

cortou o cabelo. Não lhe disse nada, ele estava surpreso. —Não vais dizer nada? —<br />

perguntou-me.<br />

—Direi-o para mim maneira —te respondi.<br />

—O que quer dizer?<br />

—Já verá —lhe disse—. E fui ao barbeiro que era viciado no ópio, que tinha uma loja<br />

em frente <strong>de</strong> nossa casa. Era a única pessoa pela que sentia algum respeito. Havia um<br />

montão <strong>de</strong> barbearias, mas eu gostava daquele velho. Era um tipo estranho, e me queria;<br />

falávamos durante horas. Só dizia tolices! Um dia me disse: —Se todos os viciados no<br />

ópio se organizassem em um partido político, tomaríamos o país!<br />

—É uma boa idéia... —disse-lhe.<br />

—Mas, como todos somos viciados no ópio —disse—, me esquecimento <strong>de</strong> minhas<br />

próprias idéias.<br />

—Não se preocupe —lhe respondi—. Eu estou aqui e não me esquecerei. me diga que<br />

mudanças quer fazer na socieda<strong>de</strong>, que tipo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ologia política quer, e o conseguirei.<br />

Fui à barbearia e lhe disse: —me barbeie a cabeça completamente. —Na Índia a gente<br />

só se barbeia a cabeça quando falece seu pai. Por um momento, até este viciado no ópio<br />

recuperou suas faculda<strong>de</strong>s.<br />

—O que passou? —disse—. morreu seu pai?<br />

—Não se preocupe por essas coisas —lhe disse—. Faz o que te digo; não te<br />

correspon<strong>de</strong>! me corte o cabelo, me barbeie a cabeça.<br />

—Feito! —disse—. Isso é muito singelo. Muitas vezes tenho problemas porque a gente<br />

me diz: «me barbeie a barba» mas eu me esquecimento e lhes barbeio a cabeça. «O que<br />

tem feito?» Dizem-me. E eu lhes digo: «Como muito, posso te dizer que não me pague,<br />

que importância tem?»<br />

Estava acostumado a me sentar em sua loja porque sempre passava um pouco divertido.<br />

Barbeava-lhe meio bigo<strong>de</strong> a alguém e dizia: —Espera, acabo-me <strong>de</strong> acordar que tenho<br />

que fazer algo urgente.<br />

O homem lhe dizia: —Mas me vais <strong>de</strong>ixar pela meta<strong>de</strong>? Não posso sair da loja!<br />

Lhe dizia: —me espere aqui.<br />

E o homem se passava horas lhe esperando... —Que classe <strong>de</strong> idiota é este homem?<br />

Uma vez tive que ajudar a lhe barbear meio bigo<strong>de</strong> a um senhor: —Agora é livre. Não<br />

volte nunca mais... este homem não te prejudicou muito, simplesmente lhe esquece.<br />

O barbeiro disse: —Está bem. Não me correspon<strong>de</strong>. Se se morreu, morreu-se.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!