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Divulgação (CC3.0)<br />
via estufas com empadas, sanduíches<br />
e uma série de outras coisas.<br />
Os melhores bares faziam sanduíches<br />
na hora. Mas nos outros bares<br />
já estavam prontos e guardados em<br />
uma campânula; quem quisesse suspendia<br />
a campânula e comia quantos<br />
sanduíches desejasse. O feito<br />
na hora era para a pessoa poder dizer:<br />
“Ponha mais presunto, mais língua,<br />
passe mostarda”, ou seja, individualizasse.<br />
Porém levava um pouco<br />
de tempo. Tirava a rotação mecânica<br />
com que o empregado fazia. Isto<br />
podia parecer insolência à boa cadência<br />
das coisas. E o bem comum –<br />
pensava-se – era servido pela produção<br />
rápida e ágil feita pelo homem.<br />
No fundo da sala, havia mesas onde<br />
serviam chá com leite e torradas.<br />
As senhoras levavam as crianças, a<br />
música tocava, elas se cumprimentavam;<br />
tratava-se de um encontro social,<br />
necessariamente vagaroso. Aquilo<br />
era a família da geração anterior.<br />
Os filhos delas ficavam na entrada.<br />
As moças, como não podiam estar na<br />
parte da frente e não gostavam de ficar<br />
no fundo, não iam nunca. Por fim,<br />
o bar tomou conta de tudo.<br />
Então, poderíamos tirar dois princípios:<br />
além do efeito próprio da indústria,<br />
existe um deslumbramento<br />
do homem pela máquina, que transforma<br />
a indústria numa espécie de<br />
padrão de exemplo metafísico, em<br />
função do qual a pessoa se move. E<br />
o que para nós é a transesfera, para<br />
eles é a subesfera; para nós o mundo<br />
da transesfera orienta, guia e encaminha<br />
para Deus; para eles o mundo<br />
da subesfera é que guia, orienta e<br />
encaminha para o que está embaixo.<br />
Creio não existir, hoje em dia,<br />
um só domínio da vida humana no<br />
qual, por alguns aspectos, não encontremos<br />
elementos modificados<br />
em relação à situação anterior, em<br />
atenção ao desejo de agir à maneira<br />
da máquina.<br />
A partir desse ponto já não se visa<br />
mais a funcionalidade e muito menos<br />
a personalidade, mas é a contrafuncionalidade<br />
que toma a máquina<br />
como uma espécie de valor metafísico<br />
a ser seguido.<br />
A não funcionalidade<br />
da máquina<br />
Onde está a não funcionalidade<br />
disso?<br />
Uma vez que o homem quer não<br />
só a quantidade, mas a qualidade e<br />
nos seus desenvolvimentos tende<br />
mais para a qualidade do que para<br />
a quantidade, ele aplica seu gênio,<br />
sua inteligência, sua capacidade para<br />
promover melhoras de qualidade.<br />
Quando o indivíduo chega a uma<br />
tal humilhação diante da máquina, e<br />
perde o melhor que ele tem – o desejo<br />
da qualidade – para preferir a<br />
quantidade e viver no ambiente da<br />
máquina, querendo só aquilo que é<br />
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