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te rogando por nós, e pedir que ele<br />
e toda a coorte dos espíritos angélicos<br />
dependentes dele rezem continuamente<br />
por nós para realizarmos<br />
a nossa vocação? A meu ver, nesse<br />
abandono em que nos encontramos,<br />
se não recorrermos aos espíritos celestes,<br />
privamos a nossa luta de elementos<br />
de defesa incomparáveis.<br />
O cantochão e o polifônico<br />
Que relação isso tem com o profetismo?<br />
No espírito dos que possuem<br />
uma missão profética, até que ponto<br />
os Anjos inspiram aquilo que eles devem<br />
pensar? Qual é o papel do Anjo<br />
e qual o do Profeta na execução de<br />
uma determinada missão terrena?<br />
Tomem o cantochão. Não houve<br />
um “Cristóvão Colombo” do cantochão,<br />
que tenha descoberto essa<br />
“América” do mundo sonoro… Existiram,<br />
sem dúvida, grandes compositores,<br />
muitos deles anônimos. Embora<br />
provavelmente em sua grande<br />
maioria eles não tenham sido canonizados,<br />
o surto do cantochão corresponde<br />
a um movimento de santidade<br />
dentro da Igreja.<br />
Apesar de não se confundir com a<br />
santidade, esse movimento constitui<br />
uma certa forma de virtude, que pode<br />
estar no conjunto das virtudes de<br />
O ministério dos Anjos, por Gustave Doré<br />
Gutenberg.org<br />
um santo e fazer um bem enorme. O<br />
bem que o cantochão tem feito, não<br />
há palavras para exprimi-lo! Mas,<br />
por um desígnio qualquer da Providência,<br />
talvez os maiores homens<br />
desse estilo de música tenham ficado<br />
no anonimato.<br />
Então, alguém dirá: “Tal Santo<br />
não sabia cantochão, enquanto tal<br />
outro era ‘o rei do cantochão’. Algum<br />
dos dois não foi santo?”<br />
Não. São formas de virtudes especiais.<br />
Como, por exemplo, um é grande<br />
filósofo, outro um excelente artista,<br />
etc. São dons naturais que Deus<br />
fez iluminar pela graça. Nesses casos,<br />
a santidade consistia também em fazer<br />
valer aquele dom, natural e sobrenatural,<br />
recebido de Deus. Se não fizessem<br />
valer isso, não seriam santos.<br />
Mas não quer dizer que todos os santos<br />
deveriam ter tido esse dom.<br />
Parece que no surto que levou ao<br />
canto gregoriano entrou uma ação<br />
angélica. Porque há nisso uma forma<br />
qualquer de beleza superior à cogitação<br />
humana.<br />
Essa ação angélica se fez sentir enquanto<br />
Anjos atuando sobre homens<br />
provavelmente com talentos afins. E<br />
da conjugação do talento afim com<br />
a ação do Anjo saiu uma beleza que<br />
o talento, só por si, nunca daria. De<br />
maneira que ao ouvirmos certas músicas<br />
do cantochão – a meu ver, também<br />
do polifônico – dizemos: “Não<br />
é possível; isto um homem não compôs!”<br />
Entrou ação angélica.<br />
Então, assim como podemos imaginar<br />
Anjos das melodias celestes e<br />
terrenas, não poderíamos conjeturar<br />
Anjos que agem estimulando dotes<br />
naturais, reflexões em quem tem<br />
uma vocação profética? Anjos, eles<br />
mesmos, tendo por natureza e por<br />
graça muita coisa de profético, e que<br />
seriam Anjos proféticos, patronos<br />
daqueles que devem exercer uma<br />
missão profética? Compraz-me muito<br />
essa hipótese.<br />
❖<br />
(Extraído de conferência de<br />
4/10/1986)<br />
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