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JULHO-agosto-2017

Edição nº: 231 e 232

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30 Lusitano<br />

CULINÁRIA<br />

Sopa da Pedra<br />

A Sopa da Pedra é uma sopa tradicional da cozinha portuguesa,<br />

originária de Almeirim, em Santarém, no centro de Portugal. É<br />

uma sopa consistente e rica, feita à base de carne, enchidos,<br />

feijão, couve, batatas e cenoura. Tradicionalmente, coloca-se a<br />

pedra, bem lavada, no fundo<br />

da terrina e, depois<br />

de comida a sopa,<br />

guarda-se a pedra<br />

para a próxima<br />

vez que<br />

for confeccionada.<br />

Ingredientes:<br />

- 2,5 l de<br />

água<br />

- 1 kg de feijão<br />

vermelho<br />

- 1 orelha de porco<br />

- 1 chouriço de carne<br />

- 1 chouriço de sangue (morcela)<br />

- 200 g de toucinho<br />

- 2 cebolas<br />

- 2 dentes de alho<br />

- 700g de batatas<br />

- 1 molho de coentros<br />

- Sal, louro e pimenta a gosto<br />

Preparação:<br />

Ponha o feijão a demolhar de um dia para o outro. De véspera,<br />

escalde e raspe a orelha de porco de modo a ficar bem limpa.<br />

No próprio dia, leve o feijão a cozer em água, juntamente com<br />

a orelha, os enchidos, o toucinho, as cebolas, os dentes de alho<br />

e o louro. Tempere de sal e pimenta. Junte mais água, se for<br />

necessário. Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidos,<br />

tire-os do lume e corte-os em bocados.<br />

Junte, então, à panela as batatas, cortadas em cubinhos e os<br />

coentros bem picados.<br />

Deixe ferver lentamente até a batata estar cozida. Tire a panela<br />

do lume e introduza as carnes previamente cortadas.<br />

No fundo da terrina onde vai servir a sopa coloque uma pedra<br />

bem lavada.<br />

O conto por trás da<br />

receita...<br />

Um frade andava no peditório. Chegou à porta de um lavrador,<br />

mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair<br />

de fome e disse:<br />

— Vou ver se faço um caldinho de pedra.<br />

E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se<br />

a olhar para ela, como para ver se era boa para um caldo.<br />

A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança.<br />

Diz o frade:<br />

— Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que<br />

é uma coisa muito boa. Responderam-lhe:<br />

— Sempre queremos ver isso.<br />

Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra,<br />

pediu:<br />

— Se me emprestassem aí um pucarinho...<br />

Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e<br />

deitou-lhe a pedra dentro.<br />

— Agora, se me deixassem estar a panelinha aí, ao pé das<br />

brasas...<br />

Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:<br />

— Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava a primor!<br />

Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a<br />

gente da casa pasmada para o que via. O frade, provando<br />

o caldo:<br />

— Está um nadinha insosso. Bem precisa duma pedrinha de<br />

sal.<br />

Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:<br />

Quando os olhos já estavam aferventados, arriscou:<br />

— Ai! Um naquinho de chouriça é que lhe dava uma graça!...<br />

Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço. Ele pô-lo na panela<br />

e, enquanto se cozia, tirou do alforge pão e arranjou-se<br />

para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo.<br />

Comeu e lambeu o beiço.<br />

Depois de despejada a panela, ficou a pedra no fundo. A<br />

gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-<br />

-lhe:<br />

— Ó senhor frade, então a pedra?<br />

— A pedra... lavo-a e levo-a comigo para outra vez.<br />

Conto Tradicional português<br />

recolhido por Teófilo Braga<br />

Colaboração:<br />

Amílcar Malhó

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