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tamente essa mensagem que a gente<br />
está tentando passar neste momento.<br />
As fontes intermitentes exigem<br />
um certo tipo de operação. Como<br />
o ONS está se preparando para<br />
operar essas fontes, com grande<br />
crescimento na matriz, e qual será<br />
o papel das hidrelétricas com o uso<br />
maior delas?<br />
Nós estamos investindo nos<br />
previsores, principalmente de eólicas,<br />
que é nossa maior participação.<br />
Solar já tem alguma<br />
participação, 400 MW, mas<br />
ainda é pouco perto da participação<br />
eólica, que possui<br />
12 mil MW. O investimento<br />
grande está sendo feito nos<br />
previsores de eólicas, justamente<br />
para tentar mitigar os<br />
efeitos das intermitências das<br />
usinas em atividade. A gente<br />
não consegue, obviamente, evitar a<br />
intermitência, a volatilidade, ela é<br />
inerente à fonte, mas a gente pode<br />
mitigar com previsores melhores.<br />
No futuro, nosso aprimoramento<br />
será completo em nossa cadeia<br />
de modelos. O que pretendemos<br />
é que a partir de 2019 tenhamos<br />
uma política diária. Nós já vamos<br />
calcular (o CMO) pelo modelo integrado<br />
até o day after, com preços,<br />
custos marginais médios horários.<br />
Nós estamos trabalhando de<br />
forma integrada, com a CCEE, a<br />
EPE, a Aneel, o MME, de modo<br />
que a gente isso esteja pronto em<br />
março do ano que vem.<br />
Tem um outro projeto que começará<br />
a ser feito no ano que vem,<br />
junto com a EPE, para introduzir<br />
Chamamos a atenção<br />
para o aumento dos custos e das<br />
tarifas, o que requer um uso mais<br />
racional e consciente da energia.<br />
E as pessoas só fazem isso quando<br />
tiverem informação<br />
um limite de energias renováveis<br />
intermitentes. Isso vai ser muito<br />
importante para nós, o limite de<br />
penetração das renováveis na rede<br />
sem dificultar a operação do sistema.<br />
É um trabalho que vai durar<br />
dois anos, mas vai nos ajudar para<br />
o futuro. A penetração eólica no<br />
sistema é baixa. Alemanha e Espanha<br />
são países que possuem participação<br />
acima de 50%. Eles foram<br />
botando, botando, botando, e agora<br />
estão precisando introduzir medidas<br />
mitigatórias.<br />
Para nós é bom que podemos fazer<br />
isso de forma antecipada e fazer depois<br />
nos dá essa vantagem. Ajudaria-<br />
-nos saber a quantidade de térmicas e<br />
hidrelétricas necessárias, em função do<br />
volume de renováveis que vamos ter.<br />
A previsão é que em 2021 as eólicas<br />
superem 16 GW, mais que uma Belo<br />
Monte, mais que uma Itaipu.<br />
Agora, o desempenho das eólicas<br />
na região Nordeste tem sido excepcional.<br />
Fatores de capacidade altíssimas,<br />
muito superiores aos dos projetos. Nós<br />
estamos muito impressionados com a<br />
resposta das eólicas. Mas a gente sabe<br />
que elas têm a volatilidade intraday e a<br />
volatilidade intra-ano. Temos que considerar<br />
esses fatores, todas as fontes,<br />
com seus atributos, tanto os positivos,<br />
quanto os negativos, que são desvantagens,<br />
senão, não se viabiliza fonte nenhuma.<br />
Temos que construir a matriz<br />
levando isso em conta.<br />
Quais são os entraves que ainda<br />
existem para a adoção da gestão de<br />
demanda no país e no que a ferramenta<br />
ajudaria na operação do sistema?<br />
Eu não vejo entraves ainda. Estamos<br />
na etapa final de audiência pública<br />
e a Aneel está preparando<br />
uma resolução que vai estabelecer<br />
o modus operandi da resposta<br />
de demanda. Para nós, não<br />
vai ajudar muito na operação<br />
do ponto de vista da energia,<br />
mas na potência, quando houver<br />
queda substancial da geração<br />
pela intermitência do vento.<br />
Ao invés de compensar com<br />
geração térmica ou com importação<br />
de Tucuruí, compensa-se com<br />
programas de redução de demanda,<br />
até porque a premissa não prejudica<br />
a economia do consumidor.<br />
Existe uma certa fantasia de que<br />
o grande consumidor industrial deixa<br />
de produzir para vender no mercado<br />
livre, isso não é fato, ele não faz<br />
isso. Ele deixa de consumir quando<br />
ele não produz, não deixa de ganhar<br />
dinheiro no negócio dele para ganhar<br />
no mercado livre. Isso está provado<br />
no mundo inteiro, quantas vezes ele<br />
pode reduzir o consumo sem prejudicar<br />
seu negócio. Para isso, ele tem<br />
que mexer em processos. Esse é um<br />
custo que terá que ser ressarcido, mas<br />
o consumidor não troca a produção<br />
quando ele consegue produzir gastando<br />
menos energia.<br />
Brasil Energia, nº 445, dezembro 2017 13