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Gás natural<br />
A diretora de Energia da Associação<br />
Brasileira de Grande Consumidores<br />
Industriais de Energia<br />
(Abrace), Camila Schoti, confirma<br />
que no período pré-crise o<br />
horizonte era muito mais otimista<br />
levando os industriais a projetarem<br />
que, em 15 anos, o consumo<br />
gasífero poderia triplicar,<br />
caso o preço caísse pela metade.<br />
Mas como a atividade econômica<br />
estagnou, esse otimismo acabou<br />
se perdendo.<br />
“Com preços competitivos havia<br />
espaço para crescimento da demanda,<br />
decorrente da substituição<br />
do combustível”, avaliou ela.<br />
Depois do segmento<br />
termelétrico, o industrial é o<br />
setor mais importante para o gás.<br />
No entanto, demanda é mais<br />
Para ela, o aumento do consumo<br />
passa ainda pela competitividade<br />
do preço do gás no futuro.<br />
Nos últimos anos, com o<br />
descolamento do valor do insumo<br />
produzido no país em relação<br />
ao gás importado, houve um desestímulo<br />
por parte dos empresários<br />
a pensarem em uma substituição<br />
do combustível nos processos<br />
produtivos.<br />
Renegociação de contratos<br />
Há um outro complicador. O<br />
cenário que começa a se desenhar<br />
para os grandes consumidores é<br />
nebuloso, diante da renegociação<br />
dos contratos de fornecimento.<br />
Schoti aponta que os agentes vêm<br />
falando em um aumento de 30%<br />
no valor da molécula de gás com<br />
esse reposicionamento, o que pode<br />
afetar a indústria.<br />
Além disso, há ainda a questão<br />
da flexibilidade do uso, no qual os<br />
agentes podem ter de arcar com<br />
estável, menos volátil, como o térmico<br />
uma penalidade de 70% do preço<br />
do gás caso haja uma ultrapassagem<br />
do volume contratado, de<br />
acordo com a executiva.<br />
Por exemplo: se uma empresa<br />
contrata 100 mil m³/dia de gás<br />
mas acaba usando 104 mil m³/dia,<br />
incidiria essa penalidade de 70%.<br />
“Para alguns processos produtivos,<br />
acaba ficando inviável. Existem necessidades<br />
que precisam dessa flexibilidade”,<br />
ressaltou.<br />
A Associação Técnica Brasileira<br />
das Indústrias de Vidro (Abividro)<br />
é uma das entidades que<br />
também agrega consumidores de<br />
gás em larga escala. O superintendente<br />
Lucien Belmonte vê outro<br />
problema: falta de perspectiva<br />
de oferta, embora seja esperado<br />
um volume maior, principalmente<br />
com a exploração do pré-<br />
-sal. A elevação da disponibilidade,<br />
neste caso, precisa estar bem<br />
definida, a fim de garantir previsibilidade<br />
para os produtores industriais.<br />
“Esse aumento esperado<br />
da oferta é de suma importância<br />
para o barateamento da molécula”,<br />
sublinhou.<br />
O executivo explicou que permaneceriam<br />
incógnitas a transparência<br />
sobre as tarifas de distribuidoras<br />
estatais estaduais – São Paulo<br />
e Rio de Janeiro são exceções,<br />
pois as companhias já são privadas<br />
e com a atuação de uma agência reguladora.<br />
“Outros entes sequer têm agência<br />
reguladora. Então vemos um<br />
mercado que anda de lado e não<br />
vemos uma rápida recuperação a<br />
curto prazo e ainda com ocorrência<br />
de inseguranças econômicas e<br />
regulatórias”, analisou Belmonte.<br />
A oportunidade se deu com o programa<br />
Gás para Crescer, enquanto<br />
tentativa governamental de fomentar<br />
um mercado mais competitivo e<br />
promover a entrada de novos agentes<br />
supridores, segundo Belmonte.<br />
Mas o projeto ainda é tímido ao desatar<br />
o nó das incertezas relativas<br />
24 Brasil Energia, nº 445, dezembro 2017