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namento nas hidrelétricas. Isso tem<br />
evitado um uso mais intensivo de<br />
termelétricas movidas a combustíveis<br />
fósseis, altamente poluentes, e<br />
mais demandadas em épocas de estiagem<br />
prolongada como agora.<br />
Um dos fatores que impediram<br />
a maior geração de energia pela<br />
biomassa da cana é o risco hidrológico,<br />
uma vez que a safra recorde<br />
deste ano implicaria em produção<br />
acima da garantia física, o que colocaria<br />
essas usinas como credoras na<br />
CCEE, recorda o diretor técnico da<br />
Abraceel, Alexandre Lopes – o passivo<br />
em aberto por causa do GSF<br />
gira em torno de R$ 4,5 bilhões.<br />
Em 2016, para se ter uma ideia,<br />
a bioeletricidade permitiu manter<br />
15% a mais de água nos reservatórios<br />
das hidrelétricas da região Sudeste/Centro-Oeste,<br />
lembra Leonardo<br />
Caio Filho, diretor de Tecnologia<br />
e Regulação da Cogen.<br />
Das 378 usinas de cana-de-açúcar<br />
em operação no Brasil, explica<br />
o especialista, somente 166 tem<br />
condições de injetar excedentes de<br />
energia no Sistema Interligado Nacional<br />
(SIN). A capacidade instalada<br />
atual desse parque exportador<br />
estaria em 13 mil MW – pouco<br />
mais que uma usina do porte<br />
de Belo Monte (PA, 11.233 MW)<br />
-, conforme dados da mais recente<br />
versão do Plano Decenal de Energia<br />
(PDE 2026). A projeção apresentada<br />
no cenário de referência do estudo,<br />
realizado pela EPE, é de mais<br />
3,9 mil MW, elevando a potencial<br />
do parque para 16,9 mil MW.<br />
Aí é que se encaixa o raciocínio<br />
da Cogen em relação às expectativas<br />
promissoras do RenovaBio,<br />
explica Caio. Porque para<br />
chegar a 2030 com uma capacidade<br />
de oferta de etanol da ordem<br />
de 52 bilhões de litros, o dobro<br />
da produção atual, será necessário<br />
colher mais 220 milhões de<br />
toneladas de cana por safra que,<br />
se forem devidamente aproveitados<br />
para a geração de bioeletricidade,<br />
podem acrescentar mais 4<br />
mil MW, perfazendo, portanto,<br />
um potencial de 19,9 mil MW daqui<br />
a 13 anos.<br />
“Até 2030, a estimativa é de que<br />
o RenovaBio impulsione um investimento<br />
de R$ 500 bilhões, com a<br />
geração de mais de um milhão de<br />
novos empregos”, destaca Arnaldo<br />
Jardim, secretário da Agricultura<br />
e Abastecimento do estado de São<br />
Paulo. Para ele, é possível, a partir<br />
do programa, formar agilmente<br />
uma legislação que estabeleça políticas<br />
públicas de médio prazo para<br />
incentivar a produção de biocombustíveis.<br />
Em parceria com outros agentes<br />
do setor, a Cogen se movimenta na<br />
direção do MME, Aneel e EPE para<br />
tentar obter condições regulatórias<br />
mais favoráveis ao crescimento da<br />
cogeração com biomassa, em suas<br />
diversas categorias. Entre os aprimoramentos<br />
buscados, como forma<br />
de incentivo, figura uma remuneração<br />
mais adequada a quem se<br />
dispõe a produzir bioeletridade, levando<br />
em conta todas as externalidades<br />
positivas que traz ao sistema<br />
elétrico nacional.<br />
Já a Associação Brasileira de<br />
Biotecnologia Industrial (ABBI)<br />
visualiza que o RenovaBio tem<br />
potencial de investimentos em<br />
120 novas biorrefinarias em 20<br />
anos. “Elevará o valor produzido<br />
por hectare, utilizando resíduos<br />
agrícolas, como o bagaço e palha<br />
da cana-de-açúcar, milho, eucalipto<br />
e outros grãos, para a produção<br />
de biocombustíveis de 2ª<br />
geração”, analisa Bernardo Silva,<br />
presidente da ABBI.<br />
Toda a euforia em torno do RenovaBio,<br />
especialmente no atingimento<br />
das metas, está relacionado,<br />
entre outros pontos à modelagem<br />
que se baseia na emissão,<br />
por produtores e importadores de<br />
biocombustíveis, dos chamados<br />
CBios, os créditos de descarbonização,<br />
que precisarão ser comprados<br />
pelos distribuidores de combustíveis<br />
como forma de compensação<br />
caso estes não estejam<br />
cumprindo as metas também impostas<br />
pelo RenovaBio de aumento<br />
de comercialização de biocombustíveis<br />
(etanol, biodiesel, biometano,<br />
bioqueresene).<br />
Para Alessandro Gardemann,<br />
presidente da Associação Brasileira<br />
de Biogás e Biometano (Abiogás), a<br />
expectativa é a de que esse mercado<br />
de créditos incentivará a indústria<br />
de biogás e biometano a não só<br />
produzir mais para atender a demanda<br />
em crescimento de forma<br />
mandatória aos distribuidores como<br />
para suportar a própria movimentação<br />
financeira em torno dos<br />
CBios.<br />
“As usinas de açúcar e álcool,<br />
para terem CBios mais valiosos,<br />
podem aproveitar toda sua vinhaça<br />
para gerar biometano e deixar de<br />
lado o diesel que usam na produção<br />
e colheita de cana”, diz. n<br />
Brasil Energia, nº 445, dezembro 2017 33