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Para Karsaklian (2008), a maior aproximação afetiva entre os pais e filhos, fez<br />
tornar-se mais perceptível a diferença entre o adulto e a criança e destaca que, de<br />
meados do século XIX para cá, a maternidade passou a ser bem recebida, e não mais<br />
tida como uma fatalidade. “A criança passou a ser parte do núcleo do grupo familiar,<br />
atraindo a atenção dos adultos, havendo assim um reconhecimento de que ela precisa<br />
brincar, o que substituiu o rigor atribuído pela educação até então praticada”.<br />
(KARSAKLIAN, 2008, p. 239).<br />
Em decorrência das alterações sociais que envolvem a família, a criança<br />
contemporânea apresenta um perfil diferenciado do que se observava em séculos<br />
passados, ou seja, parece que valores do mundo dos adultos, agora com laços afetivos e<br />
com maior proximidade, aos poucos foram incorporados pelo universo infantil de forma<br />
gradativa, sem que houvesse uma ruptura brusca de uma fase para outra.<br />
Para Postman (1999) isso aconteceu de forma rápida e contínua o que resultou<br />
no desaparecimento da infância na contemporaneidade; a cultura desenvolvida com a<br />
alfabetização motivou uma adultização precoce das crianças em nossa sociedade.<br />
Segundo esse autor, um dos fatores que diferenciam a infância da idade adulta é o<br />
conhecimento. Assim, se as crianças tiverem acesso cada vez maior à informação e ao<br />
conhecimento, a distância delas em relação ao “mundo adulto” ficaria bastante reduzida.<br />
Sarmento (2004) argumenta contrariamente sobre a “morte da infância”.<br />
Segundo o autor, o que a contemporaneidade tem apontado é a pluralização dos “modos<br />
de ser criança”. Esse pesquisador entende que a criança participa de novos papéis e<br />
assim se insere na sociedade como um “ator social portador de novidades”, pertencendo<br />
a uma geração que faz renascer o mundo. “Elas são construtoras ativas do seu próprio<br />
lugar na sociedade contemporânea” (SARMENTO, 2004, p. 19).<br />
Esse autor anuncia que a modernidade possibilita um processo de<br />
reinstitucionalização da criança, diferente do que ela ocupou no passado e isso se deve a<br />
um aspecto central que se apresenta pela reentrada da infância na esfera econômica.<br />
Para Sarmento (2004) a “reentrada” caracteriza-se pela visualização de algo que nunca<br />
deixou de acontecer, mas que estava escondido, que não era percebido de forma tão<br />
aparente como hoje. Ao entrar para a economia, outras atividades sociais<br />
incrementaram a aparição das crianças em diversas atividades da sociedade do<br />
consumo.<br />
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