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eligiosos. A moda francesa, que ainda hoje se coloca como referência mundial, se<br />
afirma no fim do século XVIII, quando se multiplicam as coleções de roupas.<br />
A partir de 1750, 66% das edições francesas foram difundidas na<br />
Europa e no mundo o que contribuiu para a eclosão da imprensa de<br />
moda, alimentada pela vitalidade com que ganhou expressão a partir<br />
das coleções de gravuras. Estas encontraram nas mídias o espaço para<br />
moldar gostos e maneiras, e analisar questões a respeito do melhor<br />
método de abordar a relação entre roupas e costumes, entre imagens e<br />
textos. (ROCHE, 2007, p. 29-30).<br />
Para esse autor, a expressividade alcançada depois de 1750 despertou o interesse<br />
dos economistas que começaram a refletir sobre o luxo indumentário e sobre o papel do<br />
consumo como veículo de geração de riqueza.<br />
A moda, ao mesmo tempo em que se firmou como unificadora para a sociedade<br />
francesa era uma maneira de afirmação da individualidade. “Mostrou-se como um ponto<br />
de equilíbrio entre o coletivo e o individual. A moda revela as relações sociais e a<br />
maneira como elas evoluem” (ROCHE, 2007, p. 61).<br />
Segundo esse autor, no começo do século XIX é visível a transformação que<br />
modificou os hábitos dos homens e das mulheres. Para os homens, a austeridade esteve<br />
no auge representada pela cor preta que transmitia noções de decência, correção,<br />
esforço, prudência e seriedade. A mulher, por sua vez, manteve a elegância sem<br />
registros de mudanças nos cortes, nos tecidos, nas cores ou nos círculos regulares de<br />
moda.<br />
A mulher era a vitrina do homem; ao fabricar uma aparência<br />
exageradamente feminina, ela proclamava sua segunda posição na<br />
ordem social e familiar. Era o triunfo de uma ilusão. O objetivo das<br />
novas normas indumentárias era forçar os corpos a serem o que não<br />
eram e as almas – que esse dualismo conveniente seja perdoado – a<br />
confirmarem os valores sociais da doação, dos fantasmas hereditários,<br />
dos deveres sublimados por meio das aparências respeitadas e<br />
respeitáveis. (Roche, 2007, p.73)<br />
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