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Criação de modelos originais, reprodução industrial: a moda que<br />
ganha corpo se apresenta sob o signo de uma diferenciação marcada<br />
em matéria de técnicas, de preços, e de renomes, de objetivos, de<br />
acordo com uma sociedade, ela própria dividida em classes, com<br />
modos de vida e aspirações nitidamente contrastados.<br />
(LIPOVETSKY, 1989, p. 70)<br />
Em meados do século XX, a Alta Costura deixa de vestir as mulheres na última<br />
moda para se perpetuar em uma tradição de luxo. Para Lipovetsky (1989, p. 71), “a Alta<br />
Costura outrora ponta de lança da moda, hoje museifica uma estética pura,<br />
transcendendo a realidade efêmera da própria moda”. A confecção viu-se num caminho<br />
novo de produzir industrialmente roupas acessíveis a todos, o que conhecemos sob a<br />
denominação prêt-à-porter - a moda pronta para usar - confeccionada em larga escala e<br />
ainda assim “moda”, inspirada nas últimas tendências. A produção desse tipo de moda<br />
viu a necessidade de associação com estilistas para somar ao vestuário, moda e estética,<br />
e assim, vindo a tornar-se integralmente um produto de moda.<br />
O impulso de uma cultura jovem no decorrer dos anos 1950 a 1960 veio<br />
contribuir para instalar-se uma cultura de não-conformismo, exaltando valores de<br />
expressão individual, de descontração, de humor e de espontaneidade livre<br />
(LIPOVETSKY, 1989). Uma nova ordem impera: aparentar menos idade importa mais<br />
do que exibir uma posição social. Todos os estilos que apontem para a relegação do<br />
plano social ganham legitimidade: o rasgado, o descuidado, o desfiado, abrindo espaço<br />
ao bizarro. O vestuário é cada vez menos representativo do status social e surge uma<br />
nova relação com o outro, “no qual a sedução prevalece sobre a representação social”<br />
(LIPOVETSKY, 1989, p. 122).<br />
O século XX apresenta-se como a era da “moda consumada”. “Os indivíduos<br />
estão imersos na moda, por toda a parte e cada vez mais, tendo a publicidade como<br />
aliada que trabalha os princípios da moda: a originalidade a qualquer preço, a mudança<br />
permanente, o efêmero”. (LIPOVETSKY, 1989, p. 186)<br />
Dorfles (1984) esclarece que é extremamente difícil fugir dos ditames da moda<br />
vigente numa dada época, sendo possível contar nos dedos os casos de pessoas capazes<br />
de estar totalmente fora da moda.<br />
No Brasil, segundo Feghali e Dwyer (2006), os anos 1950, 1960 e 1970 servem<br />
de marco para o que se poderia identificar como o início da intensificação da moda no<br />
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