PME Magazine - Edição 7 - Janeiro 2018
José Avillez é a figura de capa da 7.ª edição da PME Magazine. Leia a revista aqui!
José Avillez é a figura de capa da 7.ª edição da PME Magazine. Leia a revista aqui!
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
JANEIRO <strong>2018</strong> | TRIMESTRAL | EDIÇÃO 7<br />
EDIÇÃO ANO III - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA<br />
DIRETORA: MAFALDA MARQUES<br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Vale da Capucha<br />
VINHOS PORTUGUESES<br />
À CONQUISTA DO MUNDO<br />
Ikea<br />
INTEGRAR E APOIAR<br />
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA<br />
Mind Source<br />
COMO MOTIVAR CONSULTORES<br />
TECNOLÓGICOS EM OUTSOURCING?<br />
José<br />
AVILLEZ<br />
A história do chef empresário
FIGURA de DESTAQUE<br />
Otimismo para <strong>2018</strong><br />
Editorial<br />
p4 | figura em destaque<br />
José Avillez, chef e empresário de mão cheia<br />
p14 | CASOS DE SUCESSO<br />
O setor dos transportes de mercadorias em Portugal<br />
p16 | fiscal<br />
Alterações do OE<strong>2018</strong> para empresas, por Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos<br />
p18 | Internacional<br />
Os vinhos da Vale da Capucha pelo mundo<br />
p20 | ambiente<br />
Quercus e as medidas para preservação da floresta<br />
p22 | Responsabilidade Social<br />
Ikea e a integração de pessoas com deficiência no local de<br />
trabalho<br />
p24 | Empreendedorismo<br />
Edgar Campos e a história da Unono<br />
p26 | rh<br />
Mind Source e o desafio de gerir equipas de TI<br />
p28 | ID Logistics nomeia nova vice-presidente<br />
de recursos humanos<br />
p30 | Medir para gerir<br />
Helena Amaral Neto e um caso de sucesso no IDEFE<br />
p32 | Marketing<br />
Live Electric Tours e as novas formas de marketing<br />
p.33 | As melhores ferramentas de analytics<br />
para empresas, com Ricardo Godinho<br />
p34 | Tecnologia<br />
As histórias da Web Summit<br />
p36 | Mesativa e as novas tecnologias na promoção<br />
das empresas<br />
p37 | O perfil das empresas do Lispolis<br />
p38 | Agenda<br />
A2A KNOW-HOW: Optimizar resultados de marketing digital<br />
p41 | Opinião<br />
As previsões económicas para <strong>2018</strong> com Teresa Cardoso de<br />
Menezes<br />
Ficha técnica<br />
DIRETORA: Mafalda Marques<br />
EDITORA: Ana Rita Justo<br />
REDAÇÃO: Denisse Sousa<br />
VÍDEO E FOTOGRAFIA: CN Media e Tania Carvalho<br />
DESIGN GRÁFICO: Inês Antunes<br />
DIGITAL MANAGERS: Fábio Jesuíno e Ricardo Godinho<br />
COLABORADORES: Edgar Campos, Helena Amaral Neto, Pedro Rebordão, Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos e Teresa Cardoso de Menezes<br />
ESTATUTO EDITORIAL (leia na íntegra em www.pmemagazine.com)<br />
DEPARTAMENTO COMERCIAL<br />
EMAIL: publicidade@pmemagazine.com<br />
PROPRIEDADE: Massive Media Lda.<br />
NIPC: 510 676 855<br />
MORADA SEDE ENTIDADE PROPRIETÁRIA/EDITOR:<br />
Urb. Nova do Tereco, 7 – Tourinha<br />
2665-018 Azueira<br />
REDAÇÃO: LisboaBiz - Av. Engenheiro Arantes e Oliveira, n.3 R/C<br />
1900-221 Lisboa<br />
TELEFONE: 211 934 140 | 96 453 31 02 | 934 952 854<br />
EMAIL: info@pmemagazine.com<br />
N. DE REGISTO NA ERC: 126819<br />
EDIÇÃO N.º: 7<br />
DEPÓSITO LEGAL N.º: 427738/17<br />
ISSN: 2183-089X<br />
TIRAGEM: 1000 exemplares<br />
IMPRESSÃO: Ocyan<br />
Estrada da Outurela, 118 Edifício Holanda - Bloco 1, 2794-084, Carnaxide<br />
DISTRIBUIÇÃO: Massive Media Lda.<br />
Chegamos finalmente a <strong>2018</strong>,<br />
ano de muitos desafios<br />
e de percebermos em que<br />
estado se encontra realmente<br />
a economia portuguesa.<br />
As previsões não são más, com<br />
o desemprego a descer<br />
para níveis que remontam<br />
a 2005, a economia a crescer<br />
paulatinamente, a inflação<br />
a subir – mas, diga-se, também<br />
não são muito entusiasmantes.<br />
Para as empresas, o sabor é agridoce: o Orçamento do Estado<br />
não prevê descidas no IRC, mas sim o aumento da derrama<br />
para empresas com lucros superiores a 35 milhões de euros.<br />
Falta saber se os indicadores positivos vão representar mais<br />
e melhores investimentos, mais e melhor emprego, mais<br />
e melhor economia.<br />
Exemplo de força e de empreendedorismo é o que motiva esta<br />
primeira edição de <strong>2018</strong> da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong>. Com um projeto<br />
gastronómico de alto nível e o merecido reconhecimento, José<br />
Avillez apresenta-se como empreendedor português<br />
de sucesso, criador de restaurantes repletos de experiências<br />
novas e de desafios que fazem com que os seus colaboradores<br />
continuem a sonhar com uma vida melhor.<br />
Damos também a conhecer o que muda para as empresas<br />
com as alterações fiscais previstas no Orçamento do Estado<br />
para <strong>2018</strong>, com a advogada fiscalista Sandra Laranjeiro<br />
dos Santos.<br />
Projetos novos, outros nem tanto, mas com muita história<br />
por contar, são os casos da Quinta Vale da Capucha, do Ikea<br />
na integração de pessoas com deficiência, da Mind Source<br />
na procura de melhores condições de trabalho para os seus<br />
colaboradores, da Live Electric Tours, ou da Mesativa. São<br />
esses que pode descobrir nesta edição.<br />
Conheça ainda o caso de sucesso da Casa de São Matias,<br />
inspirado na frequência num curso de gestão de marcas de luxo,<br />
um hiato em Portugal que agora começa a ser preenchido.<br />
Damos, também, conta das melhores ferramentas de análise<br />
de marketing digital para as empresas e deixamos as previsões<br />
económicas para este ano com a ajuda da diretora-geral<br />
da consultora Informa D&B, Teresa Cardoso de Menezes.<br />
Um caso de empreendedorismo nas palavras de Edgar Campos,<br />
country manager da Unono Portugal, e uma análise ao setor<br />
do transporte de mercadorias no país.<br />
Os bons exemplos que vamos encontrando nesta longa<br />
caminhada que é a conceção da <strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> ajudam-nos<br />
a encarar <strong>2018</strong> com otimismo e esperança de que mais<br />
e melhores empresas possam dar o seu contributo<br />
para a economia nacional.<br />
Esperamos, por isso, caro empresário, que se sinta tão<br />
inspirado e otimista como nós para enfrentar este novo ano<br />
de cabeça erguida.<br />
Boas leituras, bons negócios e um excelente <strong>2018</strong>!<br />
ANA RITA JUSTO | EDITORA<br />
3
“<br />
Figura de destaque<br />
A CRIATIVIDADE É<br />
IMPORTANTE NA PARTE<br />
EMPRESARIAL<br />
Por: Ana Rita Justo<br />
Fotos: Tania Carvalho<br />
“<br />
josé Avillez<br />
Queria ser carpinteiro, decidiu-se pelas Artes, mas licenciou-se em<br />
Comunicação Empresarial já com a gastronomia na cabeça. Hoje, com<br />
38 anos, José Avillez deixa a sua assinatura em mais de dez restaurantes<br />
e tornou-se no primeiro português a conseguir duas estrelas do Guia Michelin.<br />
Contribuir para um mundo melhor e para elevar a gastronomia nacional<br />
além-fronteiras são o futuro do Grupo José Avillez.<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Começou cedo a sua veia empreendedora?<br />
José Avillez – Sim. Desde muito pequeno que, além de fazer trabalhos<br />
manuais, gostava de vender. Lembro-me de, com cinco, seis anos, fazer<br />
marionetas, ou apanhar ramos de flores num campo ao lado de minha casa<br />
e vender aos vizinhos, fazer bolos e, mais tarde, com nove dez anos, tortas<br />
e biscoitos e vender à família e aos vizinhos também.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Ainda fez a licenciatura em Comunicação Empresarial. Quando<br />
soube que queria fazer a viragem para o mundo da cozinha?<br />
J.A.– Sempre gostei muito de cozinhar, mas ser-se cozinheiro em Portugal<br />
há 20 anos, tirando raríssimas exceções, era para pessoas que não tinham<br />
estudado e que não tinham outras alternativas. Por isso, até um primo<br />
meu me ter convencido a não ser carpinteiro, decidi ser arquiteto e estudei<br />
Artes até ao 12.º e depois acabei por inscrever-me em Comunicação<br />
Empresarial e Marketing e fazer o curso no ISCEM, a achar que a cozinha<br />
ia sempre ser um hobby. Depois, comecei a achar que poderia ter um restaurante,<br />
antes de ser cozinheiro. Quando comecei a gostar cada vez mais de cozinhar<br />
e tentei ir contra alguns preconceitos da sociedade ganhei coragem e disse<br />
à minha mãe que queria ser cozinheiro. Comprometi-me a acabar o curso<br />
e fiz já a tese de licenciatura sobre a gastronomia portuguesa.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - E como é que se começa?<br />
J.A.– Com estágios, acabei por não fazer nenhum curso com mais do que alguns<br />
dias. Comecei com um estágio de seis meses na Fortaleza do Guincho, depois fiz<br />
alguns cursos fora e fui trabalhar com o José Bento dos Santos [n. d. r. responsável<br />
pela Quinta do Monte d’Oiro] que me proporcionou estágios fora do país e continuo<br />
a aprender todos os dias, a experimentar, a ler muito, a errar… E a crescer.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - E daí até ao primeiro restaurante?<br />
J.A.– Na altura, abri em Cascais o 100 Maneiras, mais tarde entrou em sociedade<br />
o chef Ljubomir, que acabou por ficar com o restaurante. Acabei o curso em 2002<br />
e estive dois anos e meio em formações, entre eles um ano a trabalhar com o José<br />
Bento dos Santos. Depois vou para o Brasil, volto passado um ano e abro o take away<br />
4
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
José Avillez é um dos mais prestigiados chefs portugueses<br />
5
Figura de destaque<br />
em Cascais, empresa de catering e, em 2007, vou<br />
estagiar para o El Bulli [ver caixa]. Quando volto, sou<br />
convidado para ficar à frente do Tavares. Estive lá três<br />
anos e saí para começar os meus projetos. Abrimos o<br />
Cantinho há seis anos e o Belcanto faz seis anos agora<br />
em janeiro.<br />
“DISTINÇÕES SÃO COMO<br />
UM BALÃO CHEIO DE AR QUE<br />
UM DIA ALGUÉM PODE REBENTAR”<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Como é que define a sua cozinha?<br />
J.A.– Nunca gostei muito de rotular, é difícil dar uma<br />
definição. Diria que a minha identidade culinária está<br />
mais no Belcanto. É uma cozinha portuguesa de base,<br />
o Belcanto é uma cozinha portuguesa contemporânea,<br />
inspirada muito na portugalidade no sentido de não<br />
ficar preso, pensando que a tradição é também<br />
evolução e agarrar a evolução toda do país, da história,<br />
e poder olhar para fora como sempre olhámos nos<br />
Descobrimentos, e trouxemos vários ingredientes<br />
e técnicas do mundo inteiro – e deixámos também.<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Se o Belcanto espelha a sua identidade<br />
culinária, o que encontramos nos seus outros<br />
restaurantes?<br />
J.A. – Eu crio sempre as cartas e decorações de cada<br />
restaurante a pensar em situações de consumo onde<br />
gostaria de estar a passar um bom momento, num<br />
almoço ou num jantar. Desde a Pizaria, a passar pelo<br />
Cantinho, ao Bairro, ao Mini Bar, ao Beco, ao Peruano,<br />
poder haver esta variação com uma base muito<br />
portuguesa – tirando o Peruano, obviamente - mas<br />
sempre com esta ligação a mim, à minha infância,<br />
adolescência, o meu crescimento e enquanto<br />
cozinheiro português. Nestas situações de consumo<br />
chego junto de um mercado que, um dia quer festejar<br />
um aniversário, no outro quer estar com os amigos,<br />
outro dia um almoço de negócios… E criámos, quase<br />
todos aqui no Chiado [n. d. r. a entrevista decorreu no<br />
restaurante Belcanto, em Lisboa], várias ofertas com<br />
conceitos diferentes e para vários momentos.<br />
“DIVIRTO-ME MAIS<br />
NO CAMINHO DO QUE NA CHEGADA”<br />
<strong>PME</strong> Mag. – Como foi ser distinguido com duas<br />
estrelas Michelin?<br />
J.A. – É sempre bom, eu agarro-me pouco às<br />
distinções, porque são como um balão cheio de ar<br />
que um dia alguém pode rebentar. Divirto-me mais<br />
no caminho do que na chegada, é muito mais<br />
entusiasmante pensar que tenho vindo a crescer, junto<br />
com a minha equipa e que temos desenvolvido um<br />
trabalho que está em constante evolução.<br />
É mais importante para mim proporcionar momentos de<br />
magia, de prazer a quem se senta às nossas mesas. Mas<br />
como primeiro português, o primeiro restaurante em<br />
Lisboa com duas estrelas Michellin, acabamos por fazer<br />
história. Agora, o nosso trabalho é muito mais do que<br />
isso, e, ao contrário de uma medalha de ouro que<br />
se pode ganhar nos Jogos Olímpicos, as estrelas podem<br />
ser retiradas, por isso há uma tensão constante. Hoje,<br />
vivo muito mais naturalmente com isso, mas ao princípio<br />
era complicado, principalmente na primeira. O truque<br />
é sempre um pouco como um jogo de futebol: tentar<br />
marcar para não sofrer. Aqui é tentar sempre melhorar<br />
para não baixar o nível, sabendo que isto se faz muito<br />
por patamares, não conseguimos estar sempre a subir,<br />
mas o tentar estar sempre a subir faz com que<br />
estejamos pelo menos sempre ao mesmo nível.<br />
É o trabalho aqui no Belcanto que 35 pessoas fazem<br />
todos os dias para cerca de 30 lugares, portanto, mais<br />
pessoas a trabalhar do que clientes…<br />
“É MAIS IMPORTANTE PARA MIM<br />
PROPORCIONAR MOMENTOS<br />
DE MAGIA, DE PRAZER A QUEM<br />
SE SENTA ÀS NOSSAS MESAS”<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Já falou do José Bento dos Santos,<br />
quem são os seus mentores?<br />
J.A.– A Maria de Lurdes Modesto, o José Bento<br />
dos Santos… Pessoas com quem tive a sorte<br />
de me cruzar e que ficámos muito amigos e para quem<br />
olho, além da grande amizade, com muito respeito,<br />
foram meus professores e ainda são. O estágio no El<br />
Bulli também foi transformador, por isso também coloco<br />
o Ferran Adrià com uma das pessoas mais importantes<br />
da minha carreira. Depois, vamos tendo sempre<br />
mentores que estão muito ao nosso lado e que,<br />
em determinados momentos, vão ajudar-nos a decidir,<br />
pessoas que chamámos para fazerem parte da nossa<br />
equipa e que acabam por ajudar-nos também<br />
a sermos melhores e a crescer.<br />
“PROMOVER A CRIATIVIDADE”<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Como é que distingue o José Avillez<br />
empresário do cozinheiro?<br />
J.A.– A criatividade é muito importante na parte<br />
empresarial. Tenho dois filhos pequenos, de seis e sete<br />
anos, e uma das características que gosto que eles<br />
promovam é a criatividade, porque para se ser feliz<br />
é importante ser-se criativo. Óbvio que é um trabalho<br />
muito diferente e ninguém é empresário com um curso<br />
que faz. Um gestor só se torna bom com a experiência<br />
que tem. Na cozinha estamos habituados a que tudo<br />
ande muito rápido: queremos mudar alguma coisa num<br />
prato e mudamos naquele minuto para o prato que sair<br />
a seguir não tenha aquele defeito que encontrámos. As<br />
6
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
maiores dificuldades foram passar isso para a gestão do<br />
dia a dia. Diria que talvez uma das coisas que fez com<br />
que a empresa crescesse tão rápido foi este espírito<br />
de cozinheiro na gestão, mas também fez muitas dores<br />
de crescimento e muito stress na minha equipa, que<br />
tem sempre muito medo quando eu faço uma viagem<br />
grande, porque quando fico muitas horas dentro de um<br />
avião, a muitos metros de altitude tenho imensas ideias<br />
e volto com imensos projetos novos [sorri]. Percebi há<br />
um tempo que para fazer exatamente o que quero tenho<br />
de viabilizar financeiramente os projetos. Para cozinhar,<br />
para ter o tipo de cliente ou apresentar os preços, as<br />
coisas têm de fazer sentido economicamente. Com este<br />
equilíbrio do grupo, temos restaurantes mais rentáveis<br />
do que outros, mas estão todos no positivo. Esta<br />
empresa é muito criada por cozinheiros e não por<br />
empresários que sabem de cozinha.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Mas fez formação em gestão?<br />
J.A.– Fiz. Tenho um sócio e vou tendo coaching<br />
nessa área. Fiz um General Management Program [n. d.<br />
r. em 2015, na AESE], uma espécie de MBA compactado<br />
em seis meses, que foi duro, porque tive de conciliar<br />
com tudo isto. Foi muito enriquecedor. Também olho<br />
muito para novas tecnologias e vou fazer uma nova<br />
formação na Singularity University, em Silicon Valley,<br />
na NASA. Gosto de manter-me atento ao que se passa,<br />
mas o dia a dia aqui, o crescer neste negócio,<br />
o conhecer cada canto da casa, como é que se lava<br />
loiça, o que é preciso para cozinhar, servir à mesa, tudo<br />
isso dá-me mais conhecimentos, mais do que um curso<br />
de gestão, mas ajuda também a ligar às partes mais<br />
teóricas.<br />
“ESTA EMPRESA É MUITO CRIADA<br />
POR COZINHEIROS E NÃO POR<br />
EMPRESÁRIOS QUE SABEM<br />
DE COZINHA”<br />
<strong>PME</strong> Mag. - E como se conjuga isso tudo com a vida<br />
pessoal?<br />
J.A.– Agora um bocadinho melhor, mas por disciplina!<br />
Quando, há uns anos, o meu filho mais novo me<br />
chamou ‘o pai do mano’ percebi que alguma coisa<br />
estava mal. Com três anos, ele não sabia que eu era pai<br />
dele, achava que era só pai do irmão que me chamava<br />
pai, por isso tive de o convencer disso nos três anos<br />
seguintes. Depois de abrir o Bairro, que foi muito<br />
intenso e desgastante, decidi que ia começar a<br />
controlar-me melhor. Não trabalho menos, mas<br />
trabalho com mais disciplina, mais organizado e durmo<br />
mais – pelo menos de vez em quando – e começo a<br />
ter mais tempo para a família.Hoje, é uma das minhas<br />
grandes cruzadas dentro da empresa, conseguir<br />
que toda a gente tenha mais tempo para si, para a<br />
família e para a vida pessoal, porque tem de haver<br />
uma humanização muito grande nesta área. A alta<br />
cozinha francesa vem de um histórico de 16, 17 horas<br />
Entrevista decorreu no restaurante Belcanto, no Chiado, em Lisboa<br />
7
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Responsabilidade social é uma das grandes preocupações<br />
de Avillez<br />
sentir como estão, unir as famílias delas a este projeto,<br />
com a criação de uma moeda social e de uma série<br />
de mecanismos que façam com que estejamos cada vez<br />
mais juntos e com uma preocupação séria para o que<br />
se passa lá fora e podermos ajudar com o nosso<br />
trabalho. Apesar de me atraírem bastante os extremos<br />
da sociedade, a empresa tem uma média de idades de<br />
23, 24 anos, são pessoas que vão ser pais e mães daí<br />
a uns anos, que vão – se Deus quiser – chegar a velhos.<br />
Queremos investir nestas pessoas, dar-lhes mais<br />
formação, abrir-lhes horizontes e pôr-lhes o bichinho<br />
da responsabilidade social. Acredito que quem trabalha<br />
comigo são pessoas que vêm ajudar-me a realizar<br />
os meus sonhos e olho para essas pessoas como tal<br />
e não como colaboradores… Pessoas que investiram<br />
na empresa, que é o meu sonho e, por isso, tento<br />
também apoiá-las na medida que posso.<br />
“A ALTA COZINHA FRANCESA VEM<br />
DE UM HISTÓRICO DE 16, 17 HORAS<br />
DE TRABALHO POR DIA”<br />
de trabalho por dia, seis, sete dias por semana. Fiz isso<br />
durante alguns anos, mas a partir de certa altura<br />
a pessoa não aguenta. E hoje já não há da parte das<br />
novas gerações disponibilidade sequer para fazer isso<br />
durante um ano da vida deles, por isso as empresas<br />
têm de adaptar-se e acredito que podemos fazer um<br />
trabalho, com cerca de 400 pessoas na empresa, que<br />
ajude esta comunidade interna e que dê força e que<br />
mostremos um futuro melhor e diferente a estas<br />
pessoas. Temos hoje esse grande desafio, num projeto<br />
social e de solidariedade para tornar um mundo melhor<br />
a partir desta nossa comunidade do Grupo José Avillez.<br />
AVILLEZ 3.0<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Que projeto é esse?<br />
J.A.– Ainda está numa fase muito embrionária – em<br />
papel em várias frentes e na minha cabeça noutras<br />
tantas: chama-se Avillez 3.0. A ideia é a minha<br />
reinvenção enquanto profissional e pessoa, mas<br />
também a reinvenção do Grupo José Avillez, onde<br />
estamos a criar uma série de ferramentas que nos<br />
permitem sentir a pulsação, diariamente, das pessoas<br />
que trabalham connosco. Mais do que dar-lhes voz é<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Quais os valores que tenta transmitir<br />
a quem trabalha consigo?<br />
J.A.– Vivemos uma fase de grande intolerância, de<br />
muito separatismo em vez de união e diria que tenho<br />
valores um bocadinho contrários. De facto, em equipa<br />
é que somos melhores. Hoje sei que tudo o que<br />
construímos só construímos porque eu não tive medo,<br />
a certa altura, de chamar pessoas melhores do que eu<br />
em várias áreas. Acredito na humildade enquanto peça<br />
fundamental para continuarmos a desenvolvermo-nos,<br />
a aprender, a crescer e, obviamente, o respeito pelos<br />
outros. Uma das coisas que me deixa mais irritado<br />
é quando vejo alguém que me trata de uma maneira<br />
e depois trata a pessoa que está ao meu lado de outra<br />
maneira. Acredito que o respeito é transversal,<br />
independentemente do cargo que se ocupe, da função<br />
que se tenha dentro da empresa e na sociedade.<br />
Temos 400 pessoas e 160, 180 estão na empresa há<br />
menos de seis meses, por isso é um grande desafio.<br />
Queremos que o nosso recrutamento e seleção seja<br />
mesmo recrutamento e seleção e não só<br />
recrutamento. Muitas vezes começamos com 200<br />
currículos para chegar a duas pessoas – nem que seja<br />
porque 100 não aparecem às entrevistas. A única coisa<br />
em que acho que a chegada vale mais a pena do que<br />
o caminho é quando temos mais voz, somos líderes<br />
de opinião e as pessoas nos ouvem, para ajudar.<br />
Podemos fazer a diferença com essa voz que temos<br />
demorado muito tempo a criar, fazê-la sentir-se mais<br />
alto.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - E continua a fazer parte ativa<br />
no recrutamento e seleção do grupo?<br />
J.A.– Não faço todas as entrevistas, faço algumas<br />
de áreas de chefia, mas temos já bem traçados os perfis<br />
9
Figura de destaque<br />
que queremos e sempre que há dúvidas conferenciam<br />
comigo. Faço um bocadinho de tudo e às vezes<br />
um bocadinho de nada [risos].<br />
<strong>PME</strong> Mag. - As suas equipas têm fama de ser muito<br />
calmas.<br />
J.A.– Em geral são, porque é esse espírito que<br />
tentamos transmitir. Já é uma vida de bastante stress<br />
e se não conseguirmos ter esse controlo no dia a dia<br />
perdemos a cabeça e cansamo-nos muito mais, mas<br />
é assumidamente uma profissão stressante. É uma<br />
gestão que requer muita organização e muita dedicação<br />
e um regime quase militar, mas personalizado. Na<br />
tropa dão-nos números em vez de nomes para<br />
despersonalizar, aqui tentamos fazer o contrário.<br />
Somos pessoas a cozinhar para pessoas, por isso temos<br />
sempre nas folhas de reservas os nomes das pessoas<br />
na cozinha, para os cozinheiros perceberem que não<br />
estão a cozinhar para a mesa um ou para a mesa dois,<br />
mas para uma pessoa, uma família que tem um nome.<br />
Esta personalização ajuda a sentirmo-nos todos mais<br />
próximos e a haver mais respeito pelo trabalho uns dos<br />
outros.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - E isso reflete-se na experiência<br />
do cliente.<br />
J.A.– Acredito que sim. Está provado que a maior parte<br />
das pessoas deixam de ir a um restaurante porque<br />
não se sentem cuidadas, mais de 65% das pessoas<br />
dizem isto. Por isso, esse serviço de sala também é<br />
importantíssimo. Hoje, a posição de cozinheiro, chef<br />
de cozinha, já é muito bem vista e a de chefe de sala<br />
ou de empregado de mesa não tanto, mas erradamente.<br />
Diria que entre uma cozinha boa, muito boa ou<br />
excelente e um serviço bom, muito ou excelente, este<br />
faz mais a diferença, porque as pessoas têm mais<br />
capacidade para perceber o que é um serviço excelente<br />
em vez de uma cozinha excelente ou boa, ou muito<br />
boa. Erradamente, não se dá o valor devido às pessoas<br />
que trabalham na sala, que é um trabalho muito difícil.<br />
Trabalhar com clientes, no geral, é [difícil], trabalhar<br />
num restaurante, com as horas de trabalho, quando os<br />
outros se divertem nós estamos a trabalhar… Há, por<br />
vezes, da parte dos clientes, alguma falta de respeito<br />
pelas pessoas que estão a trabalhar num restaurante,<br />
porque as consideram menores de alguma maneira e é<br />
completamente errado. Por isso, quero que o trabalho<br />
que hoje desenvolvemos na empresa sirva também para<br />
trazer mais orgulho às pessoas que trabalham na sala,<br />
para as pessoas desenvolverem melhor o seu trabalho<br />
e sentirem que podem fazer uma carreira. Uma pessoa<br />
que trabalhava comigo apaixonou-se por uma cliente<br />
e a cliente por ele e casaram-se e ele está a viver agora<br />
em Chicago com uma chinesa americana milionária e<br />
está a trabalhar para a empresa do pai dela. O aprender<br />
a falar línguas, contactar com pessoas do mundo<br />
inteiro... Hoje, ser-se empregado de mesa em Lisboa<br />
tem essas possibilidades e pode abrir muitas portas e,<br />
por isso, tem de desmistificar-se um bocadinho ser um<br />
trabalho menor. Há uma grande rotação nesta indústria,<br />
mas temos muita gente que vai embora e que volta<br />
e depois já não volta a sair, porque andaram em três,<br />
quatro sítios num ano e voltaram porque se apercebem<br />
que estão bem aqui. Não desfazendo, porque há<br />
de certeza colegas meus e outros empresários de<br />
restauração e chefs que também têm projetos muito<br />
bons.<br />
Belcanto foi o primeiro restaurante português a receber duas estrelas Michelin<br />
10
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Como é que faz a gestão dos talentos na<br />
cozinha? Há muitos egos?<br />
J.A.– Só o meu [risos]. Não há muitos egos. Nós vamos<br />
ficando mais parecidos uns com os outros,<br />
aproximamo-nos por simpatia, trabalhamos juntos<br />
e depois vamos vendo os exemplos ao nosso lado<br />
e vamo-nos aproximando. Depois, é um bocadinho<br />
como aquelas pessoas que têm um cão há muitos anos<br />
e ficam parecidos, aqui ficamos parecidos uns com os<br />
Grupo prevê abrir este ano primeiro restaurante fora do país<br />
faço parte e elas parte da minha família. Somos uma<br />
família, hoje muito grande – já me perco com os nomes<br />
– mas somos uma família multicultural, de pessoas do<br />
mundo inteiro e que faz com que enriqueçamos muito<br />
as nossas experiências e que cresçamos mais rápido.<br />
Para mim, delegar é sinónimo de confiar e nós temos de<br />
começar a confiar nas pessoas que estão à nossa volta<br />
para delegar, assumindo que vão acontecer erros,<br />
como também acontecem comigo, mas não pensando<br />
que conseguimos controlar tudo, porque… é a morte.<br />
“CRIATIVIDADE NA COZINHA NASCE<br />
COM A TECNOLOGIA”<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Sente que faltam chefs empresários<br />
em Portugal?<br />
J.A.– Acho que há muito bons cozinheiros em Portugal,<br />
bons chefs de cozinha, alguns bons chefs empresários,<br />
o grande problema é que durante muito tempo estas<br />
duas realidades estavam separadas. E a interceção<br />
destes dois mundos é uma oportunidade. As pessoas,<br />
hoje, estão muito mais exigentes, viajam mais, veem<br />
mais coisas e não dá só para ter uma boa localização,<br />
um serviço simpático e uma má comida. Não dá sequer<br />
para ter o melhor preço e as pessoas irem lá todas,<br />
mas não ser o suficiente para pagar os custos e suportar<br />
a operação. A interceção destes dois mundos faz<br />
com que se consiga ter projetos com pés e cabeça,<br />
com maior sustentabilidade e, sejamos honestos,<br />
o crescimento turístico em Portugal faz com que os<br />
restaurantes estejam muito mais cheios e por isso, com<br />
que haja também melhores cozinheiros. Na verdade,<br />
não estão melhores do que eram, têm é um negócio<br />
que corre bem e podem dar-se ao luxo de fazer<br />
a sua cozinha e de se focarem nesse trabalho mais<br />
gastronómico.<br />
“FAÇO UM BOCADINHO DE TUDO<br />
E ÀS VEZES UM BOCADINHO<br />
DE NADA”<br />
outros. Toda a gente deixou crescer a barba e estamos<br />
todos iguais – as mulheres menos, têm só um pelo ou<br />
outro [risos]… Há pessoas que começaram connosco há<br />
uns anos como estagiários ou cozinheiros de terceira<br />
que hoje são chefs de cozinha, num ritmo acelerado de<br />
crescimento por necessidade, mas que também fez com<br />
que crescessem mais rápido e conseguissem evoluir<br />
bastante na sua carreira. Temos, hoje, digo-o com muita<br />
satisfação e apesar de esta empresa existir há seis anos<br />
– a empresa existe há oito com o take away –pessoas a<br />
trabalhar comigo há 13, há 10, há nove, há oito, há sete<br />
anos. Tenho pessoas com 24 anos [de idade] comigo,<br />
que começaram com 16. Por isso, de alguma maneira,<br />
O desenvolvimento gastronómico nunca aconteceu em<br />
alturas de crise, em nenhum país. É muito difícil ser-se<br />
criativo quando não se paga ordenados e não se paga<br />
aos fornecedores. A criatividade nasce na cozinha<br />
com a tecnologia. Hoje, podermos ter fogões a gás,<br />
ou elétricos, ou um forno que dá para programar no<br />
telemóvel e pôr o frango a assar – se alguém puser<br />
o frango lá dentro… Há mais espaço para o resto.<br />
Cria-se menos por necessidade neste nível de alta<br />
cozinha. Encontramos pratos como o escabeche, os<br />
curados, os salgados, os pickles, os avinagrados… E<br />
não são receitas porque são boas, são elaborações que<br />
foram criadas por necessidade: não havia frigorífico<br />
e as pessoas não queriam desperdiçar.<br />
11
Figura de destaque<br />
“QUEM TRABALHA<br />
COMIGO SÃO PESSOAS<br />
QUE VÊM AJUDAR-ME<br />
A REALIZAR OS MEUS<br />
SONHOS ”<br />
JOSÉ AVILLEZ<br />
Nasceu em Cascais a 24 de outubro de 1979. Em 2002<br />
licenciou-se em Comunicação Empresarial pelo<br />
Instituto Superior de Comunicação Empresarial<br />
(ISCEM), mas já antes estagiara na Fortaleza do<br />
Guincho, com Antoine Westerman, e participara em<br />
sessões individuais de estudo com Maria de Lurdes<br />
Modesto. Ainda em 2002, trabalhou com José Bento<br />
dos Santos como responsável gastronómico da Quinta<br />
do Monte d´Oiro.<br />
Em 2004 abre o 100 Maneiras, em Cascais, de onde<br />
sai em 2005, para criar em 2006 a marca José Avillez<br />
Catering. Em 2007 vai para Barcelona estagiar com<br />
Ferran Adrià, no El Bulli, considerado o melhor<br />
restaurante do mundo, e abre em Cascais o serviço<br />
de take away.<br />
Em 2008 torna-se chef executivo do Tavares,<br />
em Lisboa, que no ano seguinte recebe uma estrela<br />
Michelin.<br />
Em 2010, lançou três vinhos com a sua assinatura e<br />
produzidos por José Bento dos Santos, na Quinta do<br />
Monte D’Oiro: os JA branco, tinto e rosé.<br />
Em setembro de 2011 abre o Cantinho do Avillez, em<br />
Lisboa, e no início de 2012 abre o Belcanto, distinguido<br />
com uma estrela Michelin – a segunda viria em 2014,<br />
tornando-se no primeiro chef português a ser<br />
distinguido com duas estrelas do Guia Michelin.<br />
Em março de 2013, abre a Pizzaria Lisboa e,<br />
em setembro, o Café Lisboa. Em 2014, inaugura o Mini<br />
Bar, em Lisboa, e o Cantinho do Avillez, no Porto. Em<br />
2016 abriu o Bairro do Avillez, em Lisboa, e, já em 2017,<br />
abriu nesse espaço o Beco – Cabaret Gourmet<br />
e a Cantina Peruana. No final de 2017, abriu três novos<br />
espaços no El Corte Inglés Lisboa e prepara-se para<br />
abrir o Mini Bar no Porto.<br />
Ao longo dos anos tem colecionado distinções: em<br />
2017, o Belcanto ficou em 85.º na lista The World’s 50<br />
Best Restaurants List da revista Restaurant e em 78.º<br />
na lista World’s 100 Best Restaurants, em Nova Iorque<br />
(2016).<br />
Lançou os livros Um Chef em sua casa (2006), Petiscar<br />
com estilo (2007), Cantinho do Avillez – As Receitas<br />
(2013) e Combinações Improváveis (2016).<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Anthony Bourdain disse, no programa<br />
que fez no Porto, que a gastronomia portuguesa<br />
ainda não se afirmou no mundo. Concorda?<br />
J.A.– Está cada vez mais a ser conhecida, o porquê<br />
tem muito a ver com questões económicas e com<br />
a dimensão do país. É muito difícil fazer uma cozinha<br />
portuguesa nos Estados Unidos sendo portuguesa.<br />
Durante muito tempo foi mais sexy chamar-lhe<br />
espanhola e fazer tapas. Os petiscos muitas vezes<br />
acabaram em tapas, porque é uma palavra mais simples<br />
do que petisco. Acredito que os próximos anos vão<br />
ser importantes na divulgação da cozinha portuguesa<br />
do mundo inteiro.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - O que reserva o futuro para o Grupo José<br />
Avillez?<br />
J.A.– Estamos no meio de uma série de démarches,<br />
com abertura de novos restaurantes, a puxar mais pela<br />
marca, mas também a diversificar projetos onde a marca<br />
não é tão evidente. Temos a andar também este lado de<br />
preocupação social. Diria que daqui a dez anos gostava<br />
de dedicar 50% do meu tempo a esse lado mais social,<br />
por isso faz parte, hoje, do ADN da empresa. Temos<br />
um projeto ainda durante este ano de abrir fora do país,<br />
fora da Europa. Vai ser um passo importante mostrar<br />
um pouco a nossa cozinha numa capital mundial,<br />
mas ainda não podemos saber onde é…<br />
12
Casos de sucesso<br />
TRANSPORTES DE MERCADORIAS:<br />
SETOR EM EXPANSÃO<br />
Um dos setores que mais tem sofrido com as<br />
mudanças económicas é o do transporte de<br />
mercadorias. A LASO é uma empresa portuguesa<br />
fruto da fusão de duas <strong>PME</strong>, que se tornou uma<br />
referência nacional no setor.<br />
Por: Mafalda Marques e Denisse Sousa<br />
Foto: LASO e ANTRAM<br />
A LASO foi constituída a 2 de maio de 2007, fruto<br />
da união de duas empresas – a Transportes Lamarão<br />
e a Solenha – e da vontade dos administradores,<br />
Pedro Pedrosa e Paulo Franco, em criar sinergias para<br />
o aproveitamento da frota e oferecer vantagens aos<br />
seus clientes. LASO é fruto da junção dos nomes das<br />
duas empresas. A união tinha como objetivo claro<br />
atingir a liderança do setor em Portugal.<br />
A junção de frotas permitiu que os veículos<br />
estivessem geograficamente mais dispersos, em<br />
Portugal, na Península Ibérica e na Europa, sendo mais<br />
fácil dar resposta aos clientes, ter preços mais<br />
competitivos e um serviço mais atrativo. De destacar<br />
também que as carteiras de clientes das duas empresas<br />
tinham muito em comum. A faturação atingiu os<br />
30 milhões de euros no final do primeiro ano. Fazendo<br />
o balanço da caminhada de dez anos, Pedro Pedrosa<br />
explica a fórmula da resiliência da empresa.<br />
“Fizemos tudo para que tivéssemos a capacidade<br />
de responder ao constante aumento da exigência<br />
e necessidades dos mercados e dos clientes.<br />
Procurámos um modelo de gestão que nos permitisse<br />
atingir a liderança do setor. Hoje, podemos assumir<br />
que atingimos esse objetivo. No entanto, não perdemos<br />
a agressividade comercial que nos caracterizou no<br />
início da caminhada. Apostámos na renovação e no<br />
aumento da nossa frota, assim como na formação<br />
dos nossos colaboradores de forma a estarmos<br />
sempre na vanguarda. Tornámo-nos na melhor<br />
empresa da Península Ibérica na nossa área e somos,<br />
garantidamente, uma das cinco melhores na Europa”,<br />
afirma, com orgulho.<br />
O crescimento gradual e sustentado e a reorganização<br />
de toda a estrutura tornaram-se a base forte<br />
para o crescimento registado ao longo dos anos.<br />
A mudança teve desafios, já que as empresas tinham<br />
modelos e processos de gestão diferentes: a Solenha<br />
estava vocacionada para o transporte dos moinhos<br />
eólicos e componentes mais pesados. Já a Lamarão<br />
também fazia transportes especiais, mais ligeiros, com<br />
uma frota maior, mas de menor dimensão de carga.<br />
Começaram em 2007 com cerca de 300 colaboradores.<br />
Fecharam o ano 2017 com cerca de 800. Conseguiram<br />
com que as pessoas se integrassem na nova empresa<br />
de forma pacífica, assimilassem os processos e a visão<br />
da LASO para o mercado.<br />
“As dificuldades existiram sempre, mas a mudança foi<br />
feita de forma bastante pacífica”, revela o responsável.<br />
A gestão dos motoristas foi das fases mais críticas,<br />
explica o administrador: “Estavam habituados a<br />
modelos de gestão diferentes. Se é verdade que<br />
nalguns casos era uma gestão em que os motoristas<br />
estavam mais próximos da administração, por outro<br />
lado, existiam procedimentos internos bem diferentes.<br />
Esse processo de mudança também foi pacífico, mas<br />
demorou mais tempo”.<br />
LÍDER E A CRESCER<br />
A junção das empresas promoveu um crescimento<br />
enorme dentro do negócio e do setor do transporte<br />
de mercadorias. Hoje, a LASO é uma empresa<br />
líder e uma das maiores da Europa, tendo, em 2017<br />
aberto novas filiais em Marrocos e no Senegal. A<br />
faturação, que começou nos 30 milhões de euros<br />
em 2007, já superou os 45 milhões de euros, o que<br />
permitiu à empresa ultrapassar a barreira de <strong>PME</strong><br />
para Grande Empresa. Em 2017, fechou o ano muito<br />
próximo dos 80 milhões.<br />
Quando questionado sobre as lições ao longo dos dez<br />
anos, Pedro Pedrosa responde: “Nós, administração,<br />
e muitos outros quadros da empresa nascemos<br />
e crescemos a fazer isto! Estamos há muitos anos a<br />
crescer, evoluir e aprender com a vantagem de que<br />
o fazemos todos juntos. O know-how que temos dentro<br />
de casa faz com que tenhamos sempre soluções,<br />
potencia a melhoria constante da prestação do<br />
serviço e orienta a organização de forma a transformar<br />
as dificuldades em oportunidades. Além disso, todas<br />
as iniciativas e investimentos que efetuámos têm o<br />
empenho e dedicação de todos os colaboradores<br />
da empresa”.<br />
Um crescimento sustentado para continuar.<br />
14
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
LASO foi criada em 2007 e abriu filiais em Marrocos e Senegal no ano passado<br />
RESILIÊNCIA NO SETOR<br />
Ao longo dos anos, a Associação Nacional dos<br />
Transportes Públicos Rodoviários e de Mercadoria<br />
(ANTRAM) soube adaptar-se às novas mudanças<br />
de mercado e resistir à pressão de problemas adversos.<br />
É esta a opinião de Gustavo Paulo Duarte, presidente<br />
da associação.<br />
Para o responsável, “a resiliência será, sem dúvida,<br />
o fator que ditará a sobrevivência de muitas empresas”.<br />
No 17.º Congresso ANTRAM, que se realizou em outubro<br />
passado, no Algarve, esteve em cima da mesa<br />
o panorama do setor, da economia nacional e a procura<br />
de um caminho a seguir para adaptações<br />
à nova realidade.<br />
Gustavo Paulo Duarte garante que a Associação<br />
procurará “ajustar a sua ação à realidade setorial,<br />
intervindo de imediato face a qualquer nova situação<br />
e mantendo proativo o seu espírito crítico, assim como<br />
a sua total disponibilidade para colaborar com o<br />
Governo e demais organismos públicos (e privados),<br />
no sentido de encontrar as melhores soluções para o<br />
setor.”<br />
“Além dos serviços de apoio técnico que temos<br />
disponíveis nas diversas regiões, a formação<br />
e a consultoria são áreas estratégicas para aumentar<br />
a competitividade e garantir a sustentabilidade<br />
do setor,” afirma o presidente da ANTRAM.<br />
SALÁRIO MÍNIMO E QUESTÕES<br />
AMBIENTAIS<br />
Para o presidente da Associação, o ano de 2017<br />
foi para o setor um “reflexo da economia nacional,<br />
que se encontra no início de uma recuperação<br />
económica ainda tímida e limitada e a meio de uma<br />
transição para um novo paradigma competitivo, em que<br />
é exigível um reforço em determinadas áreas,<br />
nomeadamente as exportações, os setores de atividade<br />
de bens transacionáveis, a inovação e o conhecimento”.<br />
Gustavo Paulo Duarte, presidente da ANTRAM<br />
”Falamos, por exemplo, da aplicação em diversos<br />
países europeus do salário mínimo às empresas<br />
portuguesas de transporte, que terá reflexo<br />
no custo e preço das exportações e representará uma<br />
perda de competitividade das empresas exportadoras<br />
e do próprio setor. Os benefícios fiscais – reduzidos<br />
atualmente ao gasóleo profissional (até 30 mil litros)<br />
e às portagens (modelação horária) –, assim como<br />
o Pacote Rodoviário e a flexibilidade no que se refere<br />
ao descanso na cabine são outros dos desafios que<br />
o setor enfrenta atualmente e que merecem uma<br />
reflexão e medidas estruturadas, no sentido de se<br />
encontrar o caminho mais seguro e que permita encarar<br />
um futuro sustentável”, explica Gustavo Paulo Duarte.<br />
No entanto, esta não é a única problemática no futuro<br />
dos transportes em Portugal: a sustentabilidade<br />
financeira, a competitividade, a internacionalização<br />
da economia e a inevitável revolução tecnológica<br />
assumem-se como desafios incontornáveis para que<br />
o setor continue a ocupar a posição que sempre teve.<br />
“As empresas terão, por isso, que se preparar<br />
para a conectividade, para uma gestão mais eficiente<br />
da frota e para as crescentes questões ambientais,<br />
nomeadamente as emissões zero de CO2. “<br />
15
fiscal<br />
O QUE MUDA PARA<br />
AS EMPRESAS EM <strong>2018</strong><br />
que podem esperar este ano as empresas<br />
O face às alterações aprovadas no Orçamento<br />
do Estado para <strong>2018</strong>?<br />
A advogada Sandra Laranjeiro dos Santos explica<br />
as principais alterações no seguinte artigo.<br />
Por: Sandra Laranjeiro dos Santos, Laranjeiro dos Santos<br />
& Associados – Sociedade de Advogados, RL<br />
Foto: Laranjeiro dos Santos & Associados – Sociedade<br />
de Advogados, RL<br />
Na sequência da proposta aprovada a 27 de novembro<br />
passado, os portugueses puderam finalmente<br />
ficar a saber o que esperar para o início de <strong>2018</strong><br />
(e arriscamo-nos a dizer logo à partida que<br />
as alterações propostas em matéria fiscal para <strong>2018</strong><br />
são apenas as iniciais, pois a volatilidade com<br />
que a legislação fiscal vem sofrendo alterações<br />
não permitem a segurança de afirmar que as medidas<br />
agora conhecidas se quedarão por aqui ao longo<br />
de todo o ano <strong>2018</strong>).<br />
EXTENSÃO DA OBRIGAÇÃO DE IMPOSTO PARA<br />
AS PESSOAS COLETIVAS QUE NÃO TENHAM<br />
SEDE DE TERRITÓRIO NACIONAL<br />
As pessoas coletivas e outras entidades que não<br />
tenham sede, nem direção efetiva, em território<br />
português ficam sujeitas a IRC apenas quanto aos<br />
rendimentos nele obtidos, considerando-se obtidos<br />
em território português os rendimentos imputáveis<br />
a estabelecimento estável aqui situado e, bem assim,<br />
os que, não se encontrando nessas condições, digam<br />
respeito a ganhos resultantes da transmissão onerosa<br />
de partes de capital ou de direitos similares em<br />
sociedades ou outras entidades, quando, em qualquer<br />
momento durante os 365 dias anteriores, o valor<br />
dessas partes de capital ou direitos resulte, direta ou<br />
indiretamente, em mais de 50%, de bens imóveis ou<br />
direitos reais sobre bens imóveis situados em território<br />
português, com exceção dos bens imóveis afetos a uma<br />
atividade de natureza agrícola, industrial ou comercial<br />
que não consista na compra e venda de bens imóveis.<br />
Quanto à determinação do lucro tributável imputável<br />
a cada estabelecimento estável, ficam as empresas não<br />
residentes obrigadas a adotar critérios de imputação<br />
proporcional adequados e devidamente justificados<br />
para a repartição dos gastos, perdas ou variações<br />
patrimoniais negativas que estejam relacionados quer<br />
Sandra Laranjeiro dos Santos é especialista em direito fiscal<br />
com operações imputáveis, ou elementos patrimoniais<br />
afetos, a um estabelecimento estável, quer com outras<br />
operações ou elementos patrimoniais do sujeito<br />
passivo.<br />
OBRIGAÇÃO DA CONTABILIDADE ORGANIZADA<br />
COM RECURSO A MEIOS INFORMÁTICOS<br />
A contabilidade por lei passa obrigatoriamente<br />
a ter de estar organizada com recurso a meios<br />
informáticos, sendo que não só os livros, registos<br />
contabilísticos e respetivos documentos de suporte<br />
devem ser conservados em boa ordem durante<br />
o prazo de 10 anos, também a documentação relativa<br />
à análise, programação e execução dos tratamentos<br />
informáticos terá de ser guardada nesse prazo.<br />
ENCARGOS NÃO DEDUTÍVEIS PARA EFEITOS<br />
FISCAIS NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA<br />
Deixam de ser dedutíveis os gastos incorridos<br />
a propósito da contribuição extraordinária sobre<br />
a indústria farmacêutica.<br />
ALTERAÇÕES AO REGIME DOS CRÉDITOS<br />
INCOBRÁVEIS<br />
Esta matéria sofre profundas alterações, passando os<br />
créditos incobráveis a poder ser diretamente<br />
considerados gastos ou perdas do período de<br />
tributação, ainda que o respetivo reconhecimento<br />
contabilístico já tenha ocorrido em períodos de<br />
16
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
tributação anteriores (e esta é uma das grandes<br />
novidades), desde que não tenha sido admitida perda<br />
por imparidade ou esta se mostre insuficiente: a) em<br />
processo de execução; b) em processo de insolvência,<br />
quando a mesma for decretada de caráter limitado ou<br />
quando for determinado o encerramento do processo<br />
por insuficiência de bens, ou após a realização do<br />
rateio final, do qual resulte o não pagamento definitivo<br />
do crédito; c) em processo de insolvência ou em<br />
processo especial de revitalização, quando seja<br />
proferida sentença de homologação do plano de<br />
insolvência ou do plano de recuperação que preveja<br />
o não pagamento definitivo do crédito; d) nos termos<br />
previstos no SIREVE, após celebração do acordo; e) no<br />
âmbito de litígios emergentes da prestação de serviços<br />
públicos essenciais, após decisão arbitral; f) nos termos<br />
do regime jurídico da prestação de serviços públicos<br />
essenciais, os créditos se encontrem prescritos e o seu<br />
valor não ultrapasse o montante de €750.<br />
ALTERAÇÕES EM SEDE DE TRIBUTAÇÕES<br />
AUTÓNOMAS<br />
Atualmente, ao valor apurado a título de tributações<br />
autónomas em IRC eram dedutíveis as deduções que<br />
resultassem de legislação especial, mas o legislador<br />
veio agora prever que tal deixará de ocorrer, pelo<br />
que à taxa apurada não serão efetuadas quaisquer<br />
deduções.<br />
O facto de uma entidade ficar sujeita a tributação<br />
autónoma obrigará a mesma a apresentar a declaração<br />
de IRC anualmente ainda que se trate de uma entidade<br />
isenta de imposto (como é o caso do Estado, regiões<br />
autónomas, autarquias locais, suas associações<br />
de direito público e federações e instituições de<br />
segurança social), ou de uma entidade que apenas<br />
aufira rendimentos não sujeitos a IRC (por exemplo, as<br />
sociedades sujeitas ao regime de transparência fiscal).<br />
LIQUIDAÇÃO DO IRC<br />
Quando as empresas (e demais sujeitos passivos<br />
de IRC) não procedam à entrega atempada da sua<br />
declaração fiscal (até 31 de maio de cada ano civil)<br />
serão tributadas oficiosamente. O que deverá ocorrer,<br />
atendendo às recentes alterações legislativas<br />
imprimidas nesta matéria, no máximo até ao fim do 6.º<br />
mês seguinte ao do termo do prazo para apresentação<br />
da declaração e, nestes casos, o valor do imposto<br />
(liquidação do tributo) terá por base o maior dos<br />
seguintes montantes: 1) a matéria coletável<br />
determinada, com base nos elementos de que<br />
a administração tributária e aduaneira disponha,<br />
de acordo com as regras do regime simplificado,<br />
com aplicação do coeficiente de 0,75; 2) a totalidade<br />
da matéria coletável do período de tributação mais<br />
próximo que se encontre determinada; 3) o valor anual<br />
da retribuição mínima mensal.<br />
OBRIGAÇÃO DECLARATIVA EM CASO<br />
DE DISSOLUÇÃO DAS EMPRESAS<br />
Passa a ser obrigatório no período de tributação<br />
em que ocorre a dissolução da empresa o envio até<br />
ao último dia do quinto mês seguinte ao da dissolução,<br />
independentemente de esse dia ser útil ou não útil,<br />
da declaração de imposto (Modelo 22) relativa<br />
ao período decorrido desde o início do período<br />
de tributação em que se verificou a dissolução até<br />
à data desta; e até ao último dia do quinto mês<br />
do termo do período de tributação, independentemente<br />
de esse dia ser útil ou não útil, da declaração relativa ao<br />
período decorrido entre o dia seguinte ao da dissolução<br />
e o termo do período de tributação em que esta<br />
se verificou. Ou seja, novas obrigações declarativas<br />
que irão onerar os contabilistas certificados, ainda<br />
que as empresas estejam dissolvidas.<br />
ADICIONAL DO IMPOSTO MUNICIPAL SOBRE<br />
IMÓVEIS (IMI) E A OBRIGAÇÃO DECLARATIVA<br />
Sendo que o valor dos prédios detidos por pessoas<br />
coletivas afetos a uso pessoal dos titulares do<br />
respetivo capital, dos membros dos órgãos sociais<br />
ou de quaisquer órgãos de administração, direção,<br />
gerência ou fiscalização ou dos respetivos cônjuges,<br />
ascendentes e descendentes, está sujeito à taxa<br />
adicional de 0,7 % de IMI, sendo sujeito à taxa marginal<br />
de 1 % para a parcela do valor que exceda um milhão<br />
de euros, o legislador veio agora determinar que a<br />
identificação destes prédios terá de ser feita no<br />
anexo à declaração periódica de rendimentos de IRC<br />
(Modelo 22).<br />
REGIME DE PAGAMENTO EM DUODÉCIMOS<br />
DOS SUBSÍDIOS DE NATAL E DE FÉRIAS<br />
As empresas deixarão de poder pagar aos<br />
trabalhadores do setor privado os subsídios de Natal<br />
e de férias (metade de cada um deles) em duodécimos,<br />
caso o trabalhador venha a manifestar expressamente<br />
até dia 6 de janeiro de <strong>2018</strong> o seu desacordo. Também<br />
nos casos de contratos de trabalho a termo e dos<br />
contratos de trabalho temporário, a adoção de um<br />
regime de pagamento fracionado dos subsídios<br />
de Natal e de férias depende de acordo escrito entre<br />
as partes.<br />
Estas são as principais alterações que as empresas,<br />
podem assim esperar para o início de <strong>2018</strong>.<br />
17
internacional<br />
“O NOSSO MARKETING<br />
É RECEBERMOS AS PESSOAS EM CASA”<br />
Foi na região Oeste, no Carvalhal, Torres Vedras,<br />
que a família Fernandes Marques deu os primeiros<br />
passos como empresa no setor dos vinhos.<br />
Acompanhe a evolução da Quinta Vale da Capucha,<br />
<strong>PME</strong> que em pouco mais de uma década exporta 85%<br />
da sua produção.<br />
Por: Mafalda Marques<br />
Fotos: Vale da Capucha - Nanã Sousa Dias<br />
Irmãos Manuel e Pedro Marques e o pai, Afonso, ao centro<br />
Remontamos ao ano de 1937, quando a Quinta,<br />
no Carvalhal, a cinco quilómetros de Torres Vedras,<br />
foi comprada pelo bisavô José dos Santos Bernardes<br />
ao engenheiro António Batalha Reis, ampliando<br />
o seu negócio como vitivinicultor: chegou a explorar<br />
150 hectares, alimentando um negócio que se focava<br />
essencialmente no setor dos vinhos a granel<br />
e engarrafonados. Hoje, a produção da Vale<br />
da Capucha já extrapolou fronteiras.<br />
Antigamente, a venda era feita na “volta de Lisboa”,<br />
desde Cascais, Sintra, Algueirão, Queluz, assim como<br />
o importante mercado das ex-colónias, explica Manuel<br />
Fernandes Marques, responsável pela área<br />
do enoturismo na empresa.<br />
O negócio mantém-se na família até aos dias de hoje,<br />
embora a geração atual tenha alterado, em 2006,<br />
por completo a estratégia e as plantações de vinha<br />
existentes.<br />
Nessa data, terminadas as licenciaturas, a família<br />
decide pegar no negócio e replantar 13 hectares<br />
de vinha, instalando castas autóctones, essencialmente<br />
brancas.<br />
Os promotores desta reviravolta foram a quinta geração<br />
da família: Pedro Marques, o primogénito, licenciado<br />
em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior<br />
de Agronomia e o irmão Manuel Marques, licenciado<br />
em Direção e Gestão Hoteleira pela Escola Superior<br />
de Hotelaria e Turismo do Estoril.<br />
e a vinificação não interventiva, caracterizam o perfil<br />
autêntico destes vinhos, com as marcas Vale da<br />
Capucha, Fossil e Pynga.<br />
“Hoje, com os vinhos que produzimos, conseguimos<br />
estar presentes em mercados adultos, com<br />
conhecimento sólido sobre vinhos, com interlocutores<br />
profissionais e informados e, portanto, mais seletivos.<br />
Isto aconteceu naturalmente até pelo perfil do vinho,<br />
mas também pela forma como este é produzido”,<br />
justifica Manuel Marques.<br />
“Os nossos vinhos, além de biológicos, são vinhos<br />
naturais, isto é, em todo o processo de obtenção<br />
do vinho na adega nada lhe é adicionado ou subtraído”,<br />
explicou.<br />
Através das características do terreno, unidade<br />
multidimensional agrícola, o vinho possui um<br />
determinado perfil de frescura e elegância, fruto dessa<br />
influência, que se sustenta na proximidade ao Atlântico,<br />
aos solos provenientes de fundo oceânico e da<br />
característica edafoclimática própria da região de<br />
Lisboa.<br />
A lógica de produção alterou-se completamente: o que<br />
era importante anteriormente, o volume e o grau, deixou<br />
de ser. A agricultura e a enologia sustentável e, em<br />
resultado, a produção de vinhos de terroir, o espaço<br />
de desenvolvimento das vinhas, tomaram lugar<br />
nas preocupações da empresa.<br />
A aposta nas castas autóctones portuguesas,<br />
a viticultura biológica certificada pela Sativa,<br />
18
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Grande parte da produção segue para exportação.<br />
“Em 2016 exportámos 85% do vinho que produzimos.<br />
Exportamos atualmente para 26 países, estamos<br />
no Norte e Leste da Europa: Suécia, Noruega,<br />
Dinamarca, Polónia, Rússia e Geórgia. Na Europa<br />
Central e do Sul trabalhamos com importadores no<br />
Reino-Unido, Irlanda, Holanda, Bélgica, Alemanha,<br />
Áustria, Suíça, França, Itália e Espanha.”<br />
Os vinhos são ainda exportados para os Estados Unidos<br />
da América, Canadá, Brasil, África do Sul, Japão,<br />
Austrália e uma pequena parte para Xangai, na China.<br />
Ao todo, são produzidas 70 a 80 mil garrafas por ano.<br />
VINHO BIOLÓGICO CERTIFICADO<br />
Em 2006, quando plantaram as vinhas biológicas<br />
optaram por adubações orgânicas e preparação<br />
do terreno convencional. “A planta, na sua instalação,<br />
necessita de todas as condições que permitam<br />
um enraizamento forte e saudável”, adianta.<br />
Em 2011, iniciou-se a conversão para o modo de<br />
produção biológico. Ultrapassada que foi a fase de<br />
conversão de quatro anos agrícolas, a vinha e os<br />
vinhos são certificados formalmente. A colheita é<br />
manual, cerca de 20 dias contínuos de vindima nos<br />
13 hectares.<br />
“Todos os trabalhos na vinha são feitos manualmente,<br />
em dezembro realizamos a poda e neste processo<br />
podemos dar instruções à planta acerca das<br />
quantidades a produzir. Procuramos produções<br />
baixas, que conferem maior concentração aos mostos<br />
e, desse modo, esperam-se melhores vinhos.”<br />
A pisa dos tintos é feita a pé em depósitos de cimento.<br />
Alguns dos brancos são vinificados como o tinto, de<br />
curtimenta e fermentação pelicular. Senão, vão à prensa<br />
e o mosto vai para cubas de inox ou barricas de madeira,<br />
dependendo do tipo de vinho que se pretende.<br />
Vale da Capucha exporta 85% da sua produção<br />
A fermentação em madeira e em depósitos<br />
de cimento cru é fundamental para garantir um vinho<br />
com a complexidade pretendida: “Compramos barricas<br />
usadas, com quatro anos, para que o vinho não seja<br />
muito marcado pela madeira”.<br />
A Vale da Capucha desenvolve também na área<br />
do enoturismo visitas à quinta pedagógica e às vinhas,<br />
onde é explicado o conceito da agricultura biológica.<br />
RECONHECIMENTO<br />
INTERNACIONAL<br />
O vinho Fossil 2012 foi<br />
considerado pelo jornalista Jamie<br />
Goode um “vinho branco português<br />
brilhante e acessível”, enquanto<br />
Sara Ahmed classifica o<br />
Vale da Capucha como<br />
“marca de interesse”.<br />
Já o Fossil 2015 foi<br />
considerado um dos 50<br />
melhores vinhos<br />
portugueses pela<br />
jornalista e especialista<br />
em vinho português Julia<br />
Harding. A Quinta não<br />
submete vinhos a concurso.<br />
UMA EXPERIÊNCIA TRADICIONAL<br />
Produtores profissionais nacionais e estrangeiros<br />
visitam regularmente a quinta, formando assim<br />
os sommelier na marca.<br />
A divulgação que fazem das marcas tem uma fórmula<br />
simples: “O nosso marketing exerce-se recebendo<br />
as pessoas em nossa casa ou indo a uma ou outra feira<br />
internacional. O que fazemos já há alguns anos. Em<br />
Londres, por exemplo, marcamos presença na Raw Fair<br />
e na Real Wine Fair”.<br />
Aqui, os importadores, acompanhados pelos<br />
produtores, apresentam o seu portefólio, o que ajuda<br />
a explicar o conceito e a origem dos diversos vinhos ao<br />
público.<br />
No mercado nacional, os vinhos são vendidos por<br />
pequenos distribuidores regionais, de norte a sul,<br />
conseguindo abranger quase todo o território nacional.<br />
Em <strong>2018</strong>, a Quinta irá plantar mais 10 hectares de vinha,<br />
aumentando assim a sua produção.<br />
19
Ambiente<br />
COMO PODEM AS EMPRESAS PROTEGER A FLORESTA?<br />
Anualmente, a economia portuguesa perde milhões<br />
de euros com a catástrofe dos incêndios. Passado<br />
um dos anos mais devastadores para o país em termos<br />
de fogos, a Quercus apresenta as suas sugestões<br />
para proteger as florestas e no que os empresários<br />
podem ajudar.<br />
Por: Ana Rita Justo<br />
Foto: Pixabay<br />
A falta de meios de combate a incêndios está entre os<br />
problemas que urgem ser resolvidos para acabar com esta<br />
calamidade, mas a reestruturação da floresta toma um lugar<br />
não menos importante nesta discussão e, além do Governo,<br />
também as empresas podem e devem ter uma palavra<br />
a dizer. É isso que defende João Branco, presidente<br />
da Quercus – Associação Nacional de Conservação<br />
da Natureza.<br />
Só em 2017, mais de 100 pessoas perderam a vida e 300<br />
ficaram feridas nos incêndios que devastaram o país,<br />
representando a destruição de perto de 500 mil hectares<br />
de floresta, segundo dados do Instituto da Conservação<br />
da Natureza e das Florestas (ICNF).<br />
Nas estimativas de João Branco, a economia portuguesa terá<br />
perdido “pelo menos três mil milhões de euros” devido aos<br />
incêndios do ano passado.<br />
Como podem, então, as empresas associar-se e contribuir<br />
para a reestruturação da floresta nacional? Em primeiro lugar,<br />
refere o presidente da Quercus, “mantendo o perímetro livre<br />
de material combustível”.<br />
Podem, ainda, financiar, através de associações ambientais,<br />
a manutenção da floresta autóctone e a “plantação<br />
de folhosas de baixa combustibilidade” em todo o país.<br />
“Estes atos de ajuda voluntária por parte das empresas são<br />
muito importantes, uma vez que a plantação e manutenção<br />
de floresta autóctone não é rentável. No entanto, a floresta<br />
autóctone é fundamental para proteger a biodiversidade,<br />
manter o equilíbrio do território e contribuir para a defesa<br />
da floresta contra incêndios”, argumenta.<br />
Por outro lado, Pedro Branco lembra que “as autarquias<br />
podem e devem ter um papel importante” na preservação<br />
da floresta.<br />
REORDENAR PARA PRESERVAR<br />
São várias as medidas que a Quercus defende no sentido<br />
de reordenar a floresta portuguesa, entre elas a “plantação<br />
de folhosas de baixa combustibilidade ao longo da rede<br />
viária”, a “proibição de novas áreas com plantações<br />
Quase 500 mil hectares de floresta arderam em 2017<br />
de espécies de rápido crescimento”, como é o caso<br />
do eucalipto, ou a obrigatoriedade do emparcelamento<br />
florestal [ver esquema], possibilitando aquilo que considera<br />
vir a ser uma “profunda reestruturação fundiária”.<br />
Além disso, diz-nos, este trabalho passa também pela<br />
“atribuição de responsabilidades cíveis e criminais a quem<br />
não cumpra e a quem não faça cumprir a legislação<br />
de Defesa da Floresta Contra Incêndios” (DFCI).<br />
“O combate à ilegalidade é um imperativo nacional,<br />
também no que respeita à floresta. O país não pode mais<br />
deixar impunes quem coloca comunidades inteiras em<br />
risco de vida.”<br />
MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO DA FLORESTA<br />
QUERCUS<br />
ALTERAÇÕES À LEGISLAÇÃO DE DFCI<br />
- Plantação de folhosas de baixa combustibilidade ao longo<br />
das estradas<br />
- Responsabilizar cível e criminalmente quem não cumpra ou não faça<br />
cumprir a DFCI<br />
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO<br />
- Proibir plantações de espécies de crescimento rápido<br />
- Proteção legal para manchas de folhosas autóctones de baixa<br />
combustibilidade e vegetação ribeirinha<br />
- Licenciamento de arborizações, com parecer vinculativo autárquico<br />
- Definir no Plano Diretor Municipal atividades e espécies florestais<br />
permitidas<br />
REESTRUTURAÇÃO FUNDIÁRIA<br />
- Emparcelamento florestal em freguesias com propriedades rústicas<br />
com área inferior a 10 hectares<br />
- Incentivos à instalação de outras culturas que não o eucalipto<br />
- Ampliar património florestal público em áreas protegidas/classificadas<br />
MEDIDAS LEGISLATIVAS<br />
- Criminalizar a (re)arborização sem licenciamento<br />
- Criar sistema de rastreio à comercialização de materiais de reprodução<br />
florestal (sementes, partes de plantas e plantas)<br />
INDÚSTRIA E MERCADOS<br />
- Obrigar unidades fabris de primeira transformação de produtos lenhosos<br />
a terem áreas próprias ou contratualizadas que satisfaçam 25% das<br />
necessidades anuais de abastecimento<br />
- Recativar Instituto de Produtos Florestais<br />
20
esponsabilidade social<br />
UNIDOS PELA IGUALDADE<br />
NO MERCADO DE TRABALHO<br />
Daniel Pinto e Cristina Pacheco<br />
ntegrar pessoas com deficiência nas empresas começa a ser uma realidade cada vez mais natural. A Ikea<br />
I é um dos exemplos destas políticas de diversidade. Contudo, há barreiras que ainda não são possíveis<br />
de ultrapassar.<br />
Por: Denisse Sousa<br />
Foto: Ikea e D. R.<br />
Daniel Pinto tem 31 anos e sofre de paralisia cerebral.<br />
Entrou no Grupo de Inclusão do Centro de Atividades<br />
Ocupacionais (CAO) da Fundação AFID Diferença a 1 de abril<br />
de 2014. Cinco meses mais tarde conseguiu um estágio<br />
na Ikea de Alfragide, onde ficou destacado na área<br />
de vendas e, apesar da experiência em armazém, não<br />
conseguiu evitar o nervoso miudinho do contacto direto<br />
com um público diversificado.<br />
Passados três anos tudo é diferente. Daniel sente que se<br />
tornou mais confiante e seguro de si. As suas tarefas<br />
passam pela reposição de stock do material devolvido e<br />
pô-lo no devido lugar. Afirma gostar muito do que faz e<br />
sentir-se motivado para cada dia ser melhor, pois vê<br />
nesta oportunidade a possibilidade de demonstrar as suas<br />
capacidades, responsabilidades. Acima de tudo, permite-lhe<br />
comunicar.<br />
“Sinto que tenho evoluído naquilo que são as minhas funções<br />
na loja e, sobretudo sinto que a equipa do Ikea dá muita<br />
importância à minha pessoa e ao meu desenvolvimento<br />
neste contexto. Agradeço a todos os colaboradores<br />
que permitem que cresça”, confidencia.<br />
Presente no mercado português desde 2004, a empresa<br />
de imobiliário sueca Ikea tem uma forte posição no que toca<br />
à igualdade de oportunidades e tratamento justo dos seus<br />
trabalhadores, independentemente da etnia, religião,<br />
género, orientação sexual, idade ou capacidade física.<br />
Focando-se especialmente no último ponto, a empresa<br />
promove ativamente a contratação de pessoas com<br />
deficiência, reforçada pela relação especial com os “seus<br />
vizinhos”, a Fundação AFID Diferença, IPSS sediada em<br />
Alfragide.<br />
OPORTUNIDADES PARA TODOS<br />
No processo de seleção, os formandos passam por uma<br />
entrevista com o apoio técnico da Fundação AFID Diferença,<br />
dos recursos humanos da IKEA e com o responsável<br />
de secção que vai acolher o novo colaborador. Os formandos<br />
são selecionados tendo em conta a sua autonomia física<br />
e psicológica, de acordo com as tarefas que vão<br />
desempenhar.<br />
“São definidas e acordadas as tarefas que o formando<br />
poderá fazer, em conjunto também com a área de Segurança<br />
22
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
e Saúde no trabalho. Depois, no dia a dia, é acompanhado<br />
pelos colegas da secção, que vão apoiando na gestão da sua<br />
autonomia, consoante o conhecimento e a confiança que<br />
o formando vai demonstrando. Contudo, os colaboradores<br />
da IKEA estão sempre atentos e disponíveis para o ajudar”,<br />
explica Cristina Pacheco, técnica de recursos humanos da<br />
Ikea.<br />
Aqui, a informação e o envolvimento das equipas são<br />
essenciais, não só para o novo colaborador, mas também<br />
para aqueles que irão trabalhar com ele. A equipa é<br />
informada de todas as necessidades do formando e as<br />
tarefas e responsabilidades são adequadas à sua situação<br />
para que possa ser integrado na equipa e rotinas de cada<br />
secção.<br />
“Sendo um dos nossos valores delegar responsabilidades,<br />
cabe ao responsável de secção, que já está devidamente<br />
formado e informado, passar o máximo de informação sobre<br />
o novo colaborador para este ser bem acolhido, formado<br />
e acompanhado”, acrescenta.<br />
Os formandos são assim colocados em funções adequadas<br />
consoante as suas capacidades e limitações: “As funções<br />
e responsabilidades têm sempre de ser adequadas a cada<br />
pessoa. Uma das nossas preocupações, por exemplo,<br />
é ajustar os horários para que entrem antes de a loja abrir:<br />
dessa forma, têm tempo para se preparar para a abertura<br />
ao público”.<br />
“EQUIPAS MAIS RICAS”<br />
Falando em resultados concretos, Cristina Pacheco realça<br />
os aspetos positivos na diversificação e inclusão de equipas.<br />
Acredita que nesta inclusão criam-se equipas “mais ricas,<br />
mais criativas e mais dinâmicas, reforçando o espírito de<br />
equipa e respeito pela diferença – ao ponto de não notarmos<br />
a própria diferença. Cria-se uma sinergia bastante humana<br />
e solidária.”<br />
A técnica acrescenta que o papel das empresas<br />
na contratação de pessoas com deficiência é importante,<br />
mas crê ser necessária uma visão clara das capacidades<br />
e limitações da empresa e dessas mesmas pessoas. É<br />
importante assegurar uma cultura de abertura e tolerância<br />
em paralelo às condições física e técnicas para receber<br />
pessoas com deficiência.<br />
“Acreditamos que os nossos valores só são relevantes<br />
quando se manifestam em comportamentos no dia a dia.<br />
Com estas pessoas especiais, todos os colaboradores<br />
entendem e respeitam mais facilmente a diferença do outro<br />
e as suas dificuldades. “<br />
Além do Daniel, a Ikea tem mais dois colaboradores com<br />
deficiência e espera a chegada de mais dois.<br />
QUANDO A DIFERENÇA CRIA BARREIRAS<br />
Contudo, nem sempre há oportunidades para todos. Nuno Sá<br />
Fernandes é autista e utiliza a arte como terapia e fuga a uma<br />
realidade que tem sido dura nos últimos anos.<br />
O desespero para encontrar um emprego levou-o a uma<br />
depressão, que procura ainda hoje manter sob controlo com<br />
medicação.<br />
Em 2008, passou por três empregos diferentes, todos<br />
sem sucesso. Em 2009, numa sessão de acompanhamento<br />
psicológico escolar, a psicóloga aconselhou-o a tratar<br />
da reforma por invalidez permanente que acabou por<br />
conseguir no mesmo ano. Atualmente, mantém o blogue<br />
Meus Desenhos, onde partilha a sua arte através<br />
do desenho e artigos de lifestyle.<br />
“A ideia de criar um blogue de desenho surgiu como tarefa<br />
de uma disciplina do meu curso de formação de 12.° ano, em<br />
2009. Tinha criado dois blogues, mas atualmente só tenho<br />
um. E foi para dar a conhecer os meus trabalhos pessoais ao<br />
mundo da blogosfera mundial”, explica.<br />
Duas das criações de Nuno Sá Fernandes<br />
Nuno acredita que as pessoas autistas merecem iguais<br />
oportunidades de trabalho: “As pessoas com autismo<br />
deveriam ter as mesmas oportunidades que as pessoas<br />
normais têm no mercado profissional. É crucial existir<br />
networking sobre autismo e como seria aproveitado,<br />
conhecimentos intelectuais das pessoas autistas,<br />
de modo a poder permitir o uso dessas mesmas<br />
capacidades, para rentabilizar os recursos humanos<br />
empresariais”.<br />
No que toca ao apoio às pessoas com deficiência,<br />
Nuno acredita que há mais trabalho a ser feito por parte<br />
das organizações.<br />
“O Estado e a sociedade deveriam incentivar o mundo<br />
empresarial a apostar nas capacidades cognitivas<br />
especiais das pessoas e utilizá-las para próprio benefício<br />
das empresas e a própria mão de obra ser valorizada<br />
a todos os níveis. “<br />
“AS PESSOAS COM<br />
AUTISMO DEVERIAM<br />
TER AS MESMAS<br />
OPORTUNIDADES QUE<br />
AS PESSOAS NORMAIS”<br />
Nuno Sá Fernandes<br />
23
EMPREENdeDORISMO<br />
OS DESAFIOS DE EMPREENDER<br />
EM PORTUGAL<br />
Por: Edgar Campos, country manager da Unono Portugal<br />
Foto: Unono Portugal<br />
A vontade de fazer mais e melhor (empreender)<br />
sempre fez parte e esteve presente em todo o meu<br />
processo de crescimento e formação enquanto ser<br />
humano. Sou natural de Fronteira, uma pequena vila<br />
do distrito de Portalegre, e desde muito jovem<br />
que acompanhei e auxiliei o meu pai com a criação<br />
de pequenos negócios locais. O facto de o ver fazer<br />
acontecer despertou desde sempre em mim essa<br />
vontade de criar o meu projeto, hoje, empreender.<br />
Após terminar a minha formação no ano de 2012<br />
e no meio de toda a grave recessão económica a nível<br />
europeu, as minhas pretensões passavam por fixar-me<br />
em Lisboa ou rumar à Capital Espanhola (onde realizei<br />
Erasmus). Nessa fase, convidei um amigo para criarmos<br />
uma startup de recrutamento e seleção de jovens.<br />
Mas, por receio e falta de experiência de ambas<br />
as partes, acabámos por abdicar desse projeto.<br />
“DESDE MUITO JOVEM<br />
QUE ACOMPANHEI O MEU PAI<br />
NA CRIAÇÃO DE PEQUENOS<br />
NEGÓCIOS LOCAIS”<br />
Foi aí que percebi que para ser um empreendedor<br />
não basta apenas ter uma boa ideia ou perceber<br />
uma necessidade para transformá-la numa empresa,<br />
sem que antes se tenha compreendido e estudado<br />
a realidade onde essa ideia será implementada.<br />
Conhecer o que se quer (ter um plano) é o primeiro<br />
passo de um longo caminho de um empreendedor.<br />
Além da vontade e criatividade, o empreendedor<br />
precisa de correr riscos, de confiar na própria<br />
capacidade de tomar decisões e na sua equipa,<br />
ter iniciativa e persistência. Enquanto empreendedores<br />
não podemos nunca desistir logo no primeiro não.<br />
É preciso inovar, é preciso fazer mais e melhor.<br />
Atualmente, vivemos num país em que toda a gente fala<br />
ou já ouviu falar em empreendedorismo, em ser<br />
empreendedor ou até mesmo no termo startup.<br />
No entanto, quando iniciei o meu percurso profissional,<br />
há seis anos, as coisas não funcionavam assim.<br />
Recordo-me de utilizar esses termos e ouvir muitos<br />
comentários de outros colegas, que tudo se tratava<br />
de uma “moda” ou uma estratégia de marketing que<br />
Edgar Campos gere a Unono em Portugal<br />
iria acabar por ser dizimada. No entanto, essa moda<br />
acabou por virar realidade e hoje em dia as grandes<br />
empresas, as próprias universidades e até mesmo o<br />
governo já estão familiarizados com este ecossistema,<br />
que se conseguiu fixar e criar impacto, o que leva a que<br />
a sociedade esteja de olhos postos nos novos<br />
empreendedores.<br />
O meu primeiro contacto com o empreendedorismo,<br />
a nível profissional, iniciou-se em 2013, ao integrar a<br />
startup portuguesa Science4you, como Area Sales<br />
Manager. A S4Y proporcionava aos seus colaboradores<br />
uma visão 360º sobre todas as operações. Acompanhei<br />
de perto o “BOOOM” da S4Y a nível nacional e<br />
internacional e agarrei esta oportunidade como se a<br />
empresa fosse minha.<br />
“PARA SER<br />
UM EMPREENDEDOR NÃO BASTA<br />
APENAS TER UMA BOA IDEIA<br />
OU PERCEBER UMA NECESSIDADE<br />
PARA TRANSFORMÁ-LA<br />
NUMA EMPRESA”<br />
Quando caminhava para o segundo ano na empresa,<br />
fui convidado pelo CEO a rumar à Science4you UK,<br />
para liderar a abertura das duas primeiras lojas próprias<br />
em terras de Sua Majestade. Uma equipa mais pequena,<br />
tendo não só ficado com a responsabilidade da abertura<br />
das duas primeiras lojas no Reino Unido e com toda<br />
24
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
a sua gestão, mas também com toda a responsabilidade<br />
da “ponte” logística entre Portugal e Reino Unido.<br />
Posteriormente, já em Portugal, decidi começar um novo<br />
desafio no mundo da consultoria como Business Manager. No<br />
final de 2015, percebi que era a altura de colocar<br />
em prática todas as aprendizagens/experiência<br />
adquirida e pensei criar um projeto na área do retalho,<br />
mas foi aí que surgiu o convite para iniciar o processo<br />
de internacionalização da Unono, como Diretor<br />
de Operações em Portugal. A Incubadora Startup Lisboa foi<br />
a eleita para iniciar a internacionalização. A Unono nasceu<br />
em Espanha, em 2015, no programa de aceleração<br />
da Lanzadera pelas mãos de Luís Mendes e Raphäel Heraief.<br />
“Lisboa é rampa de lançamento para o mundo”, diz Edgar Campos<br />
“SER EMPREENDEDOR<br />
SIGNIFICA MUDAR AS REGRAS<br />
DO JOGO A QUALQUER MOMENTO<br />
SEM PERDER DE VISTA A NOSSA<br />
MISSÃO, VALORES<br />
E OBJETIVOS”<br />
Mas o que me fez gostar tanto deste projeto<br />
e do ecossistema empreendedor? O facto de ajudar<br />
os recém-formados a encontrar a primeira oportunidade<br />
de trabalho ou até a chegar a uma empresa de topo<br />
proporciona uma enorme sensação de realização pessoal<br />
e de dever cumprido, porque são eles os empreendedores<br />
do amanhã. Ser empreendedor permite-nos adaptar tudo,<br />
porque o que faz sentido hoje, amanhã já não faz.<br />
Ser empreendedor, em Portugal ou qualquer outro país,<br />
significa mudar as regras do jogo a qualquer momento<br />
sem perder de vista a nossa missão, valores e objetivos.<br />
Hoje em dia, Portugal virou moda e a própria cidade<br />
de Lisboa é quase tão cosmopolita como Londres ou NY,<br />
é uma rampa de lançamento para o mundo, face ao forte<br />
ADN empreendedor dos Lusos. O Web Summit veio reforçar<br />
a ideia de Portugal como montra empreendedora.<br />
PLATAFORMA QUE JUNTA TALENTOS<br />
E EMPRESAS<br />
A Unono quer inverter o paradigma do mercado de<br />
recrutamento, pois ao contrário do habitual em que<br />
os candidatos enviam o seu CV para inúmeras empresas e<br />
portais de emprego, connosco submetem o seu currículo<br />
e um vídeo de apresentação e depois a Unono faz o resto:<br />
encontra a oferta de trabalho ideal para cada o candidato,<br />
fazemos a ponte entre os candidatos e as empresas. No<br />
fundo, a Unono pretende ser o “Jorge Mendes” do<br />
Recrutamento Sub30, no sentido de identificar previamente<br />
o talento nas universidades ou na sua plataforma e,<br />
posteriormente, levá-lo até às melhores empresas por<br />
forma a que estas o possam potencializar.<br />
Mas não é só aos candidatos que a Unono traz vantagens.<br />
As empresas também ganham com esta forma de recrutar.<br />
Porque todos os perfis estão triados de acordo com as suas<br />
competências técnicas e pessoais, conseguindo apresentar<br />
uma short-list aos seus clientes em 72 horas.<br />
Contamos com milhares de candidatos na nossa plataforma<br />
(desde estudantes, recém-formados e até perfis com<br />
quatro anos de experiência profissional; e de mais de 90<br />
nacionalidades). A Unono tem operações em três países,<br />
Portugal, Espanha e Suíça, e só em 2017, já colocou mais de<br />
100 candidatos. A equipa conta com mais de 30<br />
colaboradores, sete em Portugal.<br />
Entre os seus clientes atuais (mais de 90) constam marcas<br />
como a Amazon, a ANA Aeroportos, a Accenture ou a<br />
Johnson & Johnson.<br />
Atualmente já temos parcerias com as universidades (onde<br />
marcamos presença nas Job Fairs/Workshops), Gabinetes<br />
de Empregabilidade e com as Juniores Empresas, tendo<br />
também um programa de Embaixadores.<br />
A entrega, dedicação e o empenho são diários, daí o forte<br />
crescimento e reconhecimento por parte da nossa rede de<br />
jovens talentos e empresas parceiras.<br />
25
RH<br />
MIND SOURCE NA SENDA DA RETENÇÃO DE TALENTO<br />
“<br />
Os nossos consultores são assediados via LinkedIn<br />
diariamente.” O desabafo de Cláudia Lima espelha<br />
um dos grandes desafios das empresas de TI ao nível<br />
dos recursos humanos. Programas de mentoria e<br />
grupos de trabalho são algumas das iniciativas da<br />
Mind Source, empresa 100% portuguesa de<br />
consultoria com dez anos no mercado já posicionada<br />
entre as melhores para se trabalhar.<br />
Por: Ana Rita Justo<br />
Fotos: Mind Source<br />
Fazer com que os trabalhadores se sintam parte<br />
da solução. Eis a estratégia da Mind Source para<br />
que a retenção do talento seja uma realidade dentro<br />
da empresa. Cem por cento portuguesa, a Mind Source<br />
nasceu há dez anos e desde então que luta por conjugar<br />
da melhor forma a consultoria tecnológica de alto nível<br />
ao bem-estar dos seus trabalhadores. A começar<br />
pelo nome: os trabalhadores, 157 ao todo, são<br />
apelidados de “talentos”. Cláudia Lima, responsável<br />
pela criação do Departamento de Gestão de Talento<br />
da empresa em 2013, explica porquê.<br />
“Na nossa área usa-se muito a palavra ‘recurso’ e eu<br />
costumo dizer que somos pessoas e não vendemos<br />
impressoras. Procuramos que as pessoas estejam<br />
próximas da organização e sintam que os seus talentos<br />
têm peso.”<br />
Já Carlos Seguro de Carvalho, fundador da Mind Source<br />
e partner da empresa, lembra que o facto de a<br />
maioria dos 157 trabalhadores estarem em regime de<br />
outsourcing levou a que fossem tomadas medidas para<br />
aproximar as pessoas e dar-lhes sentido de pertença:<br />
“Conseguimos garantir este ambiente de proximidade e<br />
preocupação individual com cada colaborador com um<br />
espírito altamente competitivo desta primeira liga da<br />
consultoria”.<br />
E como? Tudo começa no recrutamento. A formação<br />
faz parte para quem quer ingressar na empresa e a<br />
Academia para recém-licenciados ocorre todos os<br />
anos, com uma taxa de ingressão de 90%, afiança<br />
Cláudia Lima.<br />
Ao entrar na empresa, o “talento”, como lhes chamam,<br />
tem sessões de integração, almoço de networking<br />
e um cocktail de final de dia para conhecer os colegas.<br />
Além disso, são também promovidos almoços no local<br />
onde o colaborador está destacado, para que conheça<br />
outros colegas da Mind Source que ali trabalhem.<br />
É também levado a cabo, todos os anos, um “innovation<br />
Cláudia Lima e Carlos Seguro de Carvalho<br />
process”, onde os colaboradores da Mind Source ficam<br />
ao corrente dos objetivos da empresa e podem,<br />
inclusive, dar ideias para posterior implementação<br />
dentro da empresa.<br />
“As consultoras são brilhantes a vender o seu<br />
conhecimento, mas paupérrimas a aproveitá-lo<br />
internamente. Se juntarmos o potencial de<br />
conhecimento destas pessoas todas, que é ímpar<br />
e bombástico, conseguimos crescer enquanto<br />
organização de forma mais consistente e essas<br />
pessoas fazem parte desse crescimento”, defende<br />
Carlos Seguro de Carvalho.<br />
MENTORIA E OS MELHORES TORNAM-SE<br />
SÓCIOS<br />
Os colaboradores são também divididos em diferentes<br />
grupos de trabalho para darem os seus contributos<br />
para a melhoria das condições na empresa, entre eles<br />
os de preocupações ambientais, desporto, eventos,<br />
práticas empresariais, estudo salarial e plano de<br />
carreira.<br />
Também é feita a gestão individual de talento, de<br />
carácter trimestral, que passa pela medição da evolução<br />
dos trabalhadores, através de auscultações que passam<br />
pelo próprio e também pelo gestor de projeto.<br />
Resultado?<br />
26
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Há, também, mais-valias monetárias para<br />
os trabalhadores. O fundador da Mind Source explica<br />
que “todos os consultores são avaliados anualmente<br />
e aumentados em 100% dos casos”. Há ainda um bónus<br />
anual para quem cumprir os objetivos estabelecidos,<br />
mas não só:<br />
“As pessoas que tiverem avaliações anuais superiores<br />
a 75% e cumprirem os objetivos que a empresa lhes<br />
propôs a 100% têm o direito a ser sócios da empresa<br />
e recebem um pacote de ações.”<br />
RECONHECIMENTO DEVIDO<br />
“Quando chegam à avaliação anual de desempenho não<br />
há surpresas, sabem exatamente o que foi o percurso,<br />
o que o cliente achou e o que conseguiram evoluir”,<br />
afiança Cláudia Lima.<br />
Por outro lado, a Mind Source dispõe de um inovador<br />
plano de mentoring, criado em 2009, que acompanha<br />
o trabalhador nos primeiros seis meses de empresa,<br />
mas que muitas vezes se prolonga. A equipa de gestão,<br />
revela a responsável de gestão do talento, está proibida<br />
de dar mentoria para evitar constrangimentos.<br />
Por estas e outras razões, a Mind Source tem<br />
colecionado distinções pelas boas práticas ao nível<br />
dos recursos humanos. Desde 2010 que esta empresa<br />
portuguesa é considerada uma das melhores<br />
para trabalhar em Portugal pelo Great Place to Work<br />
Institute, tendo este ano ficado em 4.º lugar da lista<br />
na categoria de 100 a 250 colaboradores e em 8.º<br />
do ranking geral.<br />
“Quando pergunto o porquê de quererem vir para a Mind<br />
Source dizem-me: ‘Porque sei que não vou ser só<br />
um número’”, confidencia Cláudia Lima.<br />
Algo que muito orgulha o fundador Carlos Seguro de<br />
Carvalho, que lembra que “todos os gestores técnicos<br />
da Mind Source emergiram da carreira técnica<br />
da empresa”.<br />
Com escritórios também na Polónia e no Brasil, a Mind<br />
Source espera nos próximos anos chegar a novos<br />
mercados internacionais, “aproveitando aquilo que<br />
Portugal tem de bom: uma relação custo-benefício<br />
e custo-qualidade da sua engenharia e do seu capital<br />
humano que é completamente ímpar no mundo”.<br />
“SE JUNTARMOS O POTENCIAL<br />
DE CONHECIMENTO DESTAS<br />
PESSOAS TODAS, CONSEGUIMOS<br />
CRESCER ENQUANTO<br />
ORGANIZAÇÃO DE FORMA<br />
MAIS CONSISTENTE”<br />
“É como os padrinhos na faculdade, os mentores são<br />
pessoas que já têm uma grande maturidade na<br />
organização, para que possam mostrar aos seus<br />
mentees o que é ser Mind Source, como é que podem<br />
potenciar a sua carreira e envolver-se em grupos de<br />
trabalho”, explica.<br />
Mind Source tem, atualmente, 157 trabalhadores<br />
27
RH<br />
ID BILOGISTICS<br />
NOMEIA NOVA VICE-PRESIDENTE DE RH<br />
ID LOGISTICS NOMEIA NOVA VICE-PRESIDENTE DE RH<br />
Por: Denisse Sousa<br />
Foto: D. R.<br />
A ID Logistics anunciou a nomeação de Marie<br />
Gay-de Tailly como vice-presidente executiva de<br />
recursos humanos. Marie Gay-de Tailly reportará<br />
a Christophe Satin, chief operating officer, e<br />
participará no comité executivo da ID Logistics. Estará<br />
encarregue de estabelecer e implementar a política de<br />
recursos humanos da ID Logistics em todas as 17<br />
entidades em todo o mundo.<br />
Marie Gay-de Tailly integra também comité executivo da empresa<br />
PEDRO PINTO LIDERA MYTAXI PORTUGAL<br />
A mytaxi, empresa líder europeia em serviços digitais<br />
de reserva de táxis, anuncia a nomeação de Pedro Pinto<br />
como general manager para Portugal, uma função<br />
que vem reforçar o trabalho desenvolvido até aqui,<br />
com a responsabilidade acrescida de garantir<br />
o desenvolvimento do negócio a nível nacional.<br />
MARCEL ARAÚJO REFORÇA EQUIPA DA KCS IT<br />
Marcel Araújo é o novo Unit Director da KCS IT. O novo<br />
membro da equipa da consultora vai ser responsável<br />
pela unidade de negócio de desenvolvimento das<br />
plataformas Salesforce e VisualCue, numa oferta<br />
que torna a KCS iT pioneira no mercado europeu.<br />
SIVA TEM NOVA DIRETORA DE RH<br />
Patrícia Calvário assume a direção de Recursos<br />
Humanos e Comunicação Interna da SIVA. A nova<br />
diretora tem 20 anos de experiência em gestão<br />
de pessoas.<br />
GROWIN REFORÇA EQUIPA DE GESTÃO<br />
A Growin, tecnológica portuguesa que opera<br />
nas áreas de Custom Development, PMO, Outsourcing<br />
e Nearshoring, anuncia a contratação de Daniel<br />
Quaresma Costa para o cargo de Associate Partner.<br />
28
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
OKI EUROPE NOMEIA NOVO VICE-PRESIDENTE<br />
PARA SUL DA EUROPA<br />
A OKI Europe anunciou uma nova estratégia tendo em<br />
vista aumentar a sua quota de mercado alinhando<br />
as funções centrais e regionais da região EMEA.<br />
Com a nomeação de Marzio Gobbato para o cargo<br />
de vice-presidente para o sul da Europa, a OKI visa<br />
reforçar o mercado com objetivos mais ambiciosos.<br />
CARLA BALTAZAR PROMOVIDA A MANAGING<br />
DIRECTOR DA ACCENTURE<br />
Na Accenture desde 2001, onde era senior manager,<br />
Carla Baltazar é um dos quatro novos managing<br />
directors da consultora em Portugal. Carla Baltazar<br />
tem 41 anos, é licenciada em Engenharia Química<br />
pelo Instituto Superior Técnico e tem mais de 16 anos<br />
de experiência profissional em consultoria de TI<br />
para clientes nacionais e internacionais.<br />
JOÃO TÁVORA ASSUME A LIDERANÇA<br />
DA HOUSERS EM PORTUGAL<br />
No seguimento da entrada da Housers no mercado<br />
nacional no passado mês de outubro, João Távora<br />
terá a seu cargo o desenvolvimento de toda a operação<br />
em Portugal, desde a construção de equipa,<br />
captação de investidores e identificação e análise<br />
de oportunidades para a plataforma.<br />
HÉLDER FIGUEIREDO ASSUME RECURSOS<br />
HUMANOS DA TRIVALOR<br />
Hélder Figueiredo assume a liderança dos recursos<br />
humanos da Trivalor, uma holding de capital 100%<br />
nacional que atua no segmento de Business & Facility<br />
Services.<br />
29
Medir para gerir<br />
DESAFIO DE LUXO NO DÃO<br />
O<br />
s cursos de luxo do IDEFE vêm suprir<br />
a necessidade de abraçar com maior rigor<br />
e profissionalismo as marcas de luxo em Portugal.<br />
Conheça neste artigo da coordenadora dos cursos,<br />
Helena Amaral Neto, um caso de sucesso de uma<br />
marca 100 % portuguesa.<br />
Por: Helena Amaral Neto, coordenadora dos cursos Luxury<br />
Executive e professora do IDEFE<br />
Foto: Divulgação<br />
António Montenegro destacou-se logo no primeiro dia<br />
do curso Luxury Brand Management no IDEFE, há dois<br />
anos. Com a sua pronúncia nortenha, chegou<br />
com uma enorme vontade de aprender e espalhou<br />
o seu charme contagiante por tudo e todos. Vinha<br />
com um objetivo concreto: aprofundar e aplicar<br />
os conceitos do luxo ao novo projeto da Casa de São<br />
Matias.<br />
Na família há seis gerações, a Casa de São Matias<br />
em Tourais é um solar tipicamente beirão, com uma<br />
ligação centenária aos vinhos do Dão. Depois de um<br />
percurso de mais de 10 anos em empresas no setor dos<br />
vinhos, António Montenegro decidiu trocar o Douro pelo<br />
Dão, e abraçar o projeto familiar, com o aval do pai e<br />
dos sete irmãos.<br />
Lançou o projeto em 2015, uma semana depois de fazer<br />
o curso no IDEFE, onde veio confirmar a estratégia<br />
de excelência que tinha definido para os vinhos com<br />
a marca Casa de São Matias. Com uma perspetiva<br />
de longo prazo, António defende que “um projeto<br />
no setor dos vinhos é uma maratona e não um sprint”.<br />
Tal como as marcas de luxo centenárias que são<br />
usadas como exemplos ao longo dos quatro dias do<br />
curso confirmam, os critérios de qualidade são<br />
inquestionáveis na construção de uma marca que<br />
se quer posicionar no topo. É um caminho que está<br />
a ser percorrido, com as lições do luxo a darem frutos<br />
no lançamento das edições limitadas deste ano – nas<br />
variantes tinto e branco. Com uma quantidade reduzida<br />
de garrafas, esta produção resulta de um processo de<br />
seleção criterioso das uvas na vinha, seguido<br />
da vinificação e estágio com o máximo cuidado. O<br />
resultado é um vinho de luxo, que vem reforçar o<br />
posicionamento da marca Casa de São Matias.<br />
O investimento no novo projeto foi orçamentado<br />
em meio milhão de euros. Este valor destinou-se<br />
à recuperação dos lagares existentes na quinta, à<br />
plantação de três hectares de vinha, ao aluguer de mais<br />
11 hectares e à recolocação de 100 oliveiras. Começou<br />
rapidamente a dar frutos. No ano de arranque, foram<br />
Helena Amaral Neto coordena os cursos de luxo no IDEFE<br />
produzidas 42 mil garrafas. Bastaram dois anos<br />
para mais do que duplicar a produção, chegando<br />
a 94 mil garrafas em 2017, com um portefólio<br />
de cinco vinhos – um rosé, dois brancos e dois tintos.<br />
E com planos para crescer.<br />
Com a expansão da produção veio também<br />
a expansão dos mercados alvo. Inicialmente focado<br />
no mercado nacional, a internacionalização é a grande<br />
aposta. Os vinhos com a insígnia Casa de São Matias<br />
já estão presentes nos EUA, Bélgica, Alemanha, Brasil,<br />
Polónia e Suíça. A exportação representa 20% do<br />
volume de negócios atual, e, como refere António<br />
Montenegro, “o grande objetivo a cinco anos é<br />
equilibrar o peso entre os mercados nacional e<br />
internacional (em valor e volume)”. Há muito trabalho<br />
a fazer. Não só na consolidação da marca nos mercados<br />
onde já está presente, mas também na conquista de<br />
novos mercados.<br />
É sem dúvida um projeto empreendedor, baseado na<br />
tradição e na história de uma casa familiar e num negócio<br />
que é ao mesmo tempo uma paixão. Estes são os<br />
ingredientes que António Montenegro tem que gerir<br />
de forma diferenciadora – e onde o curso Luxury Brand<br />
Management “teve o enorme papel de me fazer ver<br />
que o luxo (as suas práticas e abordagens) pode e deve<br />
sempre ser aplicado de uma forma transversal aos nossos<br />
produtos!” Foi tão marcante a presença do António<br />
e do projeto Casa de São Matias no curso que quisemos<br />
dar a conhecer os vinhos aos participantes da edição<br />
seguinte.<br />
Desenvolvemos uma edição especial Luxury Brand<br />
Management, com rótulo personalizado, do vinho<br />
São Matias tinto 2013, que foi apresentado pelo próprio<br />
António no jantar de encerramento do curso em 2016. Foi<br />
uma surpresa final para todos, ouvir a “história” do António<br />
e levar para casa uma garrafa deste néctar tão especial.<br />
No curso Luxury Brand Management, não nos limitamos<br />
a ensinar a gestão do luxo…também a pomos em prática!<br />
30
Marketing<br />
UMA NOVA EXPERIÊNCIA<br />
DE COMUNICAÇÃO E TURISMO<br />
Os carros elétricos da Live Electric Tours estão a dar<br />
que falar, permitindo conhecer Lisboa e transmitir<br />
a experiência em direto para o Facebook, naquilo que<br />
pode ser um poderoso veículo de comunicação. Djalmo<br />
Gomes, um dos mentores desta startup do Vodafone<br />
Power Lab, explica os planos da marca.<br />
Por: Mafalda Marques<br />
Foto: Live Electric Tours<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> – Como surgiu a ideia?<br />
Djalmo Gomes – A Ideia de criar a Live Electric Tours<br />
surge de uma oportunidade de negócio que o turismo<br />
trouxe ao nosso mercado. A Electric Rent & Advertising,<br />
como empresa que se dedica à promoção da mobilidade<br />
elétrica, sempre achou que uma das formas de chegar<br />
a mais clientes era através do turismo. E foi com este<br />
objetivo de darmos a possibilidade de mais pessoas<br />
terem a experiência de condução de um carro elétrico<br />
que decidimos lançar este projeto.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Qual o posicionamento do produto?<br />
D.G.– Como é conhecido, a nossa empresa divide-se<br />
em dois mercados. No mercado B2B, onde está<br />
a Electric Rent, propomos serviços diferenciadores<br />
em carros 100% elétricos. Por exemplo, uma empresa<br />
que queira lançar uma marca ou um produto, pode falar<br />
connosco, optar por decorar os nossos carros, definir<br />
uma rota, e nós, durante o dia, levamos a sua marca<br />
junto dos consumidores. Ou então, se a empresa quiser<br />
fazer um evento de team building, um serviço de shuttle,<br />
nós estamos lá para transportar os seus colaboradores<br />
ou convidados sempre em carros 100% elétricos. Já a<br />
Live Electric Tours é direcionada ao consumidor final.<br />
Temos uma oferta inovadora nas experiências de self<br />
drive, com a componente ecológica e tecnológica.<br />
Somos a única empresa no mundo a oferecer o live<br />
streaming no turismo. O que quer dizer que, pela<br />
primeira vez, um turista, ao conhecer Lisboa, vai<br />
poder partilhar a sua experiência em direto com os<br />
familiares e amigos através das redes sociais.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Da ideia ao plano de negócio, quais os<br />
passos dados?<br />
D.G.– Como queríamos aproveitar o verão de 2017,<br />
a velocidade de execução foi muito elevada. Desde<br />
a aquisição das viaturas, até ao desenvolvimento<br />
de toda a tecnologia e ainda à construção dos tours,<br />
demorámos quatro meses. Temos consciência de que<br />
foi mesmo muito rápido, mas só foi possível com uma<br />
enorme dedicação e muitas horas de planeamento.<br />
Carros elétricos permitem conhecer Lisboa de forma ecológica<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Existe concorrência ou algum projeto<br />
internacional semelhante em outro país?<br />
D.G.– No mercado B2B, existem muitas empresas<br />
a oferecer serviços semelhantes, mas sempre<br />
com viaturas com motor a combustão. E é aqui<br />
que nos diferenciamos. Acreditamos que é possível<br />
fazer mais, melhor, mais barato e com responsabilidade<br />
ambiental. No turismo, existem concorrentes diretos<br />
e indiretos, mas, mais uma vez, a nossa proposta é<br />
totalmente diferenciadora, por incluir o fator ecológico<br />
e tecnológico.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Como procuraram financiamento?<br />
D.G.– Estamos neste momento a abrir uma ronda<br />
de investimento, temos como objetivo expandir o<br />
nosso produto para outras cidades e países e por esse<br />
motivo estamos dispostos a encontrar parceiros ou<br />
investidores que nos ajudem a crescer mais<br />
rapidamente.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Onde entra a parceria com a Vodafone?<br />
D.G.– A parceria com a Vodafone começou em<br />
fevereiro de 2017, com a nossa incubação física<br />
no programa Vodafone PowerLab. A Vodafone<br />
é o nosso parceiro tecnológico, que nos permite<br />
ter acesso à melhor rede 4G ao nível nacional.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Quais os planos para <strong>2018</strong>?<br />
D. G. - Ainda é cedo para revelar o que vai acontecer<br />
em <strong>2018</strong>, mas as nossas ambições são conhecidas.<br />
Consolidar a presença da Live Electric Tours em Lisboa,<br />
e levar esta oferta para outras cidades.<br />
<strong>PME</strong> Mag. - Onde se veem daqui a dois anos?<br />
D. G. - Seria fazer futurologia, tudo depende de como<br />
correr <strong>2018</strong>, mas temos o objetivo de levar a Live<br />
Electric Tours a uma aventura internacional.<br />
32
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
FERRAMENTAS DE WEB ANALYTICS PARA EMPRESAS<br />
Por: Ricardo Godinho, marketing analyst e fundador<br />
da Good Intelligence<br />
Foto: Good Intelligence<br />
Pela acessibilidade e funcionalidades, o Google<br />
Analytics é a ferramenta obrigatória para qualquer<br />
website. Contudo, o web analytics não se encerra aqui.<br />
Depois de entrar numa empresa onde as decisões são<br />
baseadas em factos, há que detetar a barreira da<br />
cooperação dos programadores. Em comum existe a<br />
tendência para defender a sua obra, ou<br />
incompetência, ou para ocupar o lugar da relação<br />
privilegiada com clientes/patrões, em detrimento de<br />
um projeto de médio prazo com impacto nos negócios.<br />
O web analytics é um processo de mudança<br />
do website. Se um programador coloca à frente<br />
da agenda outras preocupações, secundarizando<br />
as indicações do analytics, está a esquecer-se porque<br />
é que Amazon, Google e outras grandes marcas têm<br />
crescido de forma sustentada. É necessário o buy-in<br />
e a atenção dos gestores para este facto. Além disso,<br />
nem todos os mercados são iguais. Esta é a base do web<br />
analytics. Embora o web analista deva começar por<br />
arrumar o website, para eliminar as questões de má<br />
usabilidade, o web analytics é uma ciência baseada na<br />
experimentação e em dados.<br />
Existem mercados cujos decisores do cliente são<br />
do tipo “dominantes” e, por isso, a promessa do website<br />
deve ser baseada na performance. Para decisores<br />
que procurem “equilíbrio” a oferta deve ser de baixo<br />
risco. Para quem é “sensorial” a oferta deve basear-se<br />
na experiência. Depois, deve-se procurar a distinção<br />
em relação à concorrência: no mesmo ramo de negócio,<br />
o mercado de Gondomar pode comportar-se de modo<br />
diferente do de Sintra.<br />
Um terceiro aspeto, e não menos importante, é o neuro<br />
marketing. Elementos como cores, call to actions<br />
e demais copywritting, design e outras táticas fazem<br />
parte do todo.<br />
O PROPÓSITO<br />
Um website que não tenha apenas a intenção de ser um<br />
cartão de visita, tenta fazer com que o visitante entre em<br />
contacto com o negócio, ou que compre (e-commerce).<br />
Tal como a relação humana, os visitantes não<br />
se comprometem imediatamente. O negócio e o web<br />
analytics têm de estar preparados e medir as seguintes<br />
fases de compra: awareness, consideração, processo<br />
de vendas, reposicionamento da marca, lealdade.<br />
Destaque para os analytics específicos para cada fase<br />
de compra:<br />
Visibilidade ou awareness: Google Search Console,<br />
Google Analytics, Piwik, Clicky, Bing Webmaster Tools;<br />
Consideração: Google Optimizer, Optimizely, Hotjar,<br />
Mouseflow ou SessionCam;<br />
Lealdade: Net Promotor Score (Surveymonkey).<br />
É sempre necessário um profissional para o analytics.<br />
Um facto relevante para a escolha das ferramentas:<br />
é o especialista que as utiliza. Sem especialista<br />
em web analytics o negócio corre o risco de divagar<br />
numa imensidão de métricas, não as saber interpretar,<br />
ou até perdê-las, e de não compreender o contexto.<br />
“O WEB ANALYTICS É UM<br />
PROCESSO DE MUDANÇA<br />
DO WEBSITE”<br />
Ricardo Godinho<br />
FUNÇÕES O QUE FAZ PLATAFORMAS MAIS COMUNS<br />
AS MELHORES<br />
FERRAMENTAS<br />
O WEBSITE É CENTRAL NO WEB<br />
ANALYTICS, PORQUE SE ESPERA<br />
QUE O MERCADO ACABE<br />
POR VISITÁ-LO PARA SABER<br />
MAIS INFORMAÇÃO.<br />
AQUI FICAM ALGUMAS OPÇÕES<br />
PARA A MEDIÇÃO DOS RESULTADOS<br />
DIGITAIS.<br />
Fonte de tráfego<br />
o website<br />
Comportamento<br />
dos visitantes<br />
Desempenho<br />
de determinada<br />
página<br />
Analisar a Lealdade<br />
de Clientes<br />
Atribuição<br />
das chamadas<br />
Jornada<br />
do utilizador no<br />
mobile e web<br />
A que se deve o tráfego do website<br />
O que os visitantes andam a fazer<br />
Heatmapping, Clickmapping,<br />
videomaping<br />
Deteta ações de contactos<br />
no website<br />
Sabe a que se devem<br />
as chamadas telefónicas<br />
Rastreia comportamento<br />
dos utilizadores<br />
Google Analytics e Google Search<br />
Console para tráfego da Google<br />
Google Analytics, Hotjar<br />
Hotjar e Yandex<br />
Hubspot, Act On, Marketo<br />
Dialog Tech<br />
Mixpanel<br />
Segmentação<br />
Segmenta visitantes<br />
e comportamentos<br />
Navegg<br />
33
Tecnologia<br />
LISBOA, CAPITAL DA OPORTUNIDADE<br />
A<br />
<strong>PME</strong> <strong>Magazine</strong> esteve na Web Summit, onde<br />
conheceu algumas das empresas que foram<br />
participar neste grande evento tecnológico.<br />
Por: Denisse Sousa<br />
Fotos: Web Summit<br />
Nem só de tecnologia vive o homem e, nesta Web<br />
Summit, os corredores da FIL estavam cheios<br />
de empreendedores à procura de uma oportunidade<br />
de expansão de negócio. Desde plataformas de media<br />
e de educação, a uma rede de comércio sustentável<br />
e promoção do empreendedorismo feminino, o campus<br />
da cimeira da tecnologia foi pequeno para todos<br />
os que por lá passaram.<br />
Uma plataforma criada para o mercado dos media,<br />
a Whitereport, é a solução para a proliferação<br />
dos media nos segmentos tradicionais e a resposta<br />
para o elevado volume de procura e oferta no setor.<br />
“Agregamos todos os media players e providenciamos<br />
aos reguladores, publicitários, proprietários, líderes<br />
de opinião, conhecimento específico sobre a indústria<br />
dos media”, clarifica Kinga Incze, fundadora e CEO<br />
da Whitereport.<br />
De ADN húngaro, a Whitereport entra para já apenas<br />
no Reino Unido: “O Reino Unido tem um mercado maior,<br />
mas muito similar ao húngaro, por isso faz sentido<br />
aplicá-lo primeiro lá e depois, quem sabe, no resto<br />
da Europa “, explica Hamish Sandison, chairman<br />
da comissão global da Whitereport.<br />
Viram na Web Summit uma oportunidade de apresentar<br />
a ideia e, essencialmente, procurar investidores para<br />
que o projeto possa crescer. “A quantidade de<br />
empresas e ideias aqui reunidas é fantástica”, sublinha.<br />
Para Yvo Brevvort, lead developer da Simply Edit,<br />
a primeira plataforma de gestão de conteúdo para<br />
a internet descentralizada capaz de ser utilizada em<br />
qualquer browser ou dispositivo, a Web Summit é um<br />
sítio perfeito para encontrar aqueles que partilham o<br />
mesmo tipo de pensamento.<br />
“É difícil encontrarmos um sítio onde possamos<br />
falar com pessoas que sabem o que é a internet<br />
descentralizada, porque está no limiar do<br />
desenvolvimento web. A Web Summit é o sítio<br />
para encontrarmos pessoas que pensam como nós,<br />
para trocarmos ideias e impulsionarmos a internet<br />
descentralizada.”<br />
“Recebemos bom feedback de muitas pessoas<br />
interessadas e que trabalham no campo da internet<br />
descentralizada. Na Holanda, há algumas pessoas<br />
que sabem o que é, mas é um movimento global<br />
que só agora está a arrancar por isso não há muita<br />
gente a trabalhar nisso”, acrescenta.<br />
TECNOLOGIA A FAVOR DA EDUCAÇÃO<br />
Para Korade Awobowale, a Web Summit foi a<br />
oportunidade para pôr em movimento a sua visão<br />
para a Beehive Tuition Services, um centro<br />
educativo em Londres. Este centro de inglês,<br />
matemática e exames especiais serve cerca de 50<br />
alunos da zona da capital e quer renovar a maneira<br />
como se olha para a educação, apostando numa<br />
plataforma digital. Mais do que ensinar, a Beehive<br />
procura elevar a educação a um outro nível, ao tornar<br />
a matéria acessível a todos através da internet,<br />
personalizando e humanizando a relação tutor-aluno.<br />
“No frente-a-frente consigo perceber se uma criança<br />
percebe o que é dito, mas online não. Por isso,<br />
queremos criar uma plataforma que nos ajude<br />
a melhorar a educação nesse aspeto. É só uma ideia,<br />
queremos recriar aquilo que fazemos no<br />
frente-a-frente, mas online.”<br />
PADDY COSGRAVE<br />
MARCELO REBELO<br />
DE SOUSA<br />
ANTÓNIO GUTERRES<br />
Fundador e CEO da Web Summit<br />
Presidente da República<br />
Secretário-Geral das Nações Unidas<br />
34<br />
“A Web Summit tornou-se a maior<br />
concentração de investidores<br />
em tecnologia, startups e CEO<br />
no mundo.”<br />
“Vocês estão a fazer a revolução.<br />
Uma revolução científica e<br />
tecnológica. Não só têm a<br />
revolução no ADN como são<br />
a quinta, sexta, sétima revolução<br />
contínua e sem fim.”<br />
“Acreditamos na força da ciência e<br />
tecnologia, mas o que é importante é<br />
ligar a inovação e tecnologia à<br />
inovação nas politicas públicas.”
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
Altice Arena voltou a receber a maior cimeira de tecnologia europeia<br />
“Já existe o código de responsabilidade social para<br />
as empresas que é monitorizado pelas Nações Unidas<br />
e várias companhias. A Eccentrade não está a criar<br />
um novo código, mas sim a pegar nos códigos que já<br />
existem e a implementá-los em todos os dados que<br />
encontramos. Hoje, há uma abundância de informação<br />
online e ajudamos as companhias a encontrarem outras<br />
companhias que sejam sustentáveis para as produções<br />
delas”, explica o CEO.<br />
Para Jean, a Web Summit foi uma surpresa: “Achava<br />
que ia ser mais branding e marketing, mas temos muitas<br />
empresas que produzem produtos e que encontraram<br />
fornecedores via Eccentrade. De todas as conversas<br />
que tivemos, 80% eram novos clientes. Penso que<br />
tirámos daqui uns 30 novos clientes em três dias. Estou<br />
impressionado.”<br />
“DE TODAS AS CONVERSAS, 80% ERAM<br />
NOVOS CLIENTES”<br />
Korade sente que sai de Lisboa com uma nova<br />
perspetiva sobre o que quer fazer na sua plataforma:<br />
“O ‘nevoeiro’ que é a minha ideia dissipa-se à medida<br />
que vou falando com outras pessoas e parece ganhar<br />
cada vez mais forma.”<br />
Isaac Appiah veio do Gana na esperança de encontrar<br />
empresas que queiram apostar na educação naquele<br />
país africano. A escola Vibe Montesoree, na cidade<br />
de Kumasi, tem como intuito criar impacto nas crianças<br />
através de uma melhor educação e preparação para<br />
uma mente crítica. Atualmente, a escola conta com 50<br />
alunos, tendo capacidade para 300, com idades entre<br />
os dois e os 13 anos.<br />
Isaac faz um bom balanço dos dias em que esteve<br />
no Pavilhão 2 da FIL, tendo já uma empresa norueguesa<br />
interessada no projeto.<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
E EMPREENDEDORISMO FEMININO<br />
Com uma visão do mundo mais sustentável, Jean<br />
Witteveen lançou a Eccentrade em 2013, depois<br />
de ver um documentário sobre a realidade das crianças<br />
nas favelas em Lagos, na Nigéria, que queimavam<br />
placas gráficas para retirar cobre e ouro de aparelhos<br />
eletrónicos. Tendo como base um algoritmo sustentável<br />
aplicado a uma base de dados que inclui 270 milhões<br />
de companhias, a Eccentrade é atualmente a maior<br />
câmara de comércio sustentável do mundo.<br />
Já a Adoro Ser Mulher apresenta-se como uma<br />
comunidade social internacional e de networking para<br />
mulheres empreendedoras e empresárias. Com três<br />
anos e meio de existência, esta comunidade procura<br />
“facilitar a vida profissional da mulher para que tenha<br />
mais sucesso nos seus negócios, um lifestyle<br />
harmonioso e mais tempo para sua vida pessoal”,<br />
diz Ana Cláudia Vaz, fundadora do projeto.<br />
No início, reuniam-se as mulheres empresárias<br />
dos países lusófonos, agora expandem para todo<br />
o mundo. O Adoro Ser Mulher conta com gestoras<br />
em nove cidades diferentes e 700 mulheres de 11 países<br />
diferentes. São a primeira rede portuguesa de<br />
empreendedorismo no feminino a alguma vez estar<br />
presente num evento como a Web Summit. Foram<br />
à procura de novas afiliações e de novas gestoras<br />
da marca para expandir e elevar o conceito, seja em<br />
nome individual ou em grupo.<br />
“Ao longo dos anos temos casos de sucesso muito<br />
interessantes de podermos reforçar as finanças<br />
das mulheres,” afirma.<br />
Para Ana Cláudia Vaz, a Web Summit foi uma<br />
experiência positiva para quem adora o networking: “Já<br />
temos muitas propostas para afiliações noutros países<br />
e era isso que queríamos.”<br />
Ao todo, 59.115 pessoas de 170 países marcaram<br />
presença na Web Summit, que este ano volta<br />
a assentar arraiais em Lisboa, em novembro.<br />
ANTÓNIO COSTA<br />
Primeiro-Ministro de Portugal<br />
“A Web Summit não só<br />
transformou Lisboa na capital<br />
do empreendedorismo, como<br />
também a colocou no centro do<br />
debate global sobre os problemas,<br />
esperanças, medos e mudanças<br />
globais que enfrentamos.”<br />
AL GORE<br />
Ex-vice-presidente dos EUA<br />
“O meu propósito aqui é<br />
recrutar-vos para serem parte da<br />
solução para a crise climática e<br />
ecológica que assola o planeta.<br />
Podemos resolvê-la,<br />
conseguimos resolvê-la e, com a<br />
vossa ajuda, iremos resolvê-la.”<br />
SARA SAMPAIO<br />
Modelo<br />
“Temos de controlar o que dizemos.<br />
Não quero ser apanhada em discursos<br />
políticos nos EUA,porque sou emigrante<br />
e não quero arranjar problemas. Aprendi<br />
que é preciso enviar a resposta da forma<br />
certa. ”<br />
35
Tecnologia<br />
MESAS INTERATIVAS SÃO<br />
MAIS-VALIA PARA O NEGÓCIO<br />
Há uma nova forma de potenciar os negócios junto<br />
dos consumidores: mesas interativas ganham<br />
cada vez mais terreno no mercado e Mesativa<br />
é um exemplo.<br />
Por: Ana Rita Justo<br />
Fotos: Mesativa<br />
Se o seu negócio pressupõe lidar diretamente com o<br />
consumidor final, certamente é uma preocupação sua<br />
melhorar, constantemente, a experiência do produto na<br />
ótica do utilizador. Nesse sentido, as mesas interativas<br />
vão ganhando cada vez mais terreno em negócios como<br />
a hotelaria e a restauração, ou até de saúde e<br />
bem-estar.<br />
Exemplo disso é a marca Mesativa, criada em novembro<br />
de 2016 “com o objetivo de introduzir em setores do<br />
comércio tradicional equipamentos interativos<br />
inovadores no âmbito da internet das coisas”, refere<br />
Nuno Nicolau, de 46 anos, CEO e fundador da marca<br />
em Portugal.<br />
“AS MESAS INTERATIVAS<br />
TÊM UM IMPACTO<br />
SIGNIFICATIVO NOS CLIENTES”<br />
No caso da Mesativa, a divulgação tem corrido bem,<br />
com “70 equipamentos colocados em oito meses<br />
de atividade, dos quais aproximadamente 90%<br />
são mesas interativas”.<br />
“Basta pensar no tempo que diariamente uma pessoa<br />
está numa mesa, para comer uma refeição ou tomar<br />
uma bebida, e a interação que pode ser estabelecida<br />
através da própria mesa durante esse tempo”,<br />
argumenta o fundador da marca.<br />
RESTAURANTES E HOTÉIS<br />
LIDERAM PROCURA<br />
Nuno Nicolau, CEO da Mesativa<br />
A restauração e hotelaria, ginásios, oficinas e clínicas<br />
de saúde são os grandes adquirentes deste tipo de<br />
produto, tudo numa tentativa de melhorar a satisfação<br />
do cliente.<br />
Segundo Nuno Nicolau, “a colocação de mesas<br />
interativas tem um impacto muito significativo na<br />
satisfação dos clientes e na produtividade do<br />
estabelecimento”.<br />
O modelo de negócio também se prova vantajoso<br />
para as empresas, uma vez que estas podem adquirir<br />
a mesa ou alugá-la num contrato trimestral e, no final,<br />
ter opção de compra.<br />
Para o fundador da marca, este é um “poderoso meio<br />
de marketing digital” que veio para ficar.<br />
“Espera-se uma evolução muito significativa nos<br />
próximos anos, atendendo à crescente perceção dos<br />
decisores para os benefícios da utilização e<br />
disponibilização deste tipo de equipamentos aos seus<br />
clientes.”<br />
Mesas interativas são forte veículo de marketing para as empresas<br />
36
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
OS LÍDERES DAS EMPRESAS DO LISPOLIS<br />
Por: Pedro Rebordão, diretor de Promoção e Inovação<br />
do LISPOLIS<br />
Fotos: Lispolis<br />
Vivem-se tempos em que empreendedorismo, startups<br />
e inovação fazem parte do vocabulário da maior parte<br />
de nós. Quando o projeto do LISPOLIS começou,<br />
a realidade era muito diferente, caracterizada por uma<br />
muito menor iniciativa empresarial e/ou disponibilidade<br />
para correr riscos. Talvez por isso, e também pelo muro<br />
que separa o Campus do Lumiar do Polo Tecnológico de<br />
Lisboa (PTL), percursos como o da Vision-Box -<br />
empresa lançada pelo Professor Bento Correia,<br />
investigador do LNETI e docente na Faculdade de<br />
Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) - que foi<br />
incubada no Centro de Incubação e Desenvolvimento<br />
(CID) do LISPOLIS, não tenham sido tão frequentes<br />
como era a ideia inicial do Professor Veiga Simão.<br />
Após a fase de arranque, o LISPOLIS rapidamente<br />
percebeu que tinha de criar condições para atrair<br />
e facilitar a instalação no PTL de empresas tecnológicas<br />
e inovadoras, além dos projetos oriundos do LNETI<br />
ou spinoffs universitários provenientes da FCUL e do<br />
Instituto Superior Técnico (Associadas Fundadoras do<br />
LISPOLIS), e que era o seu objetivo inicial, alargando a<br />
área de “recrutamento” dos seus projetos tecnológicos,<br />
até como forma de potenciar o desenvolvimento<br />
daqueles.<br />
Por esta razão, todas as empresas que se instalam<br />
no LISPOLIS passam por um processo de candidatura<br />
no qual são considerados critérios como:<br />
a qualificação e CV dos empreendedores; os setores<br />
de atuação dos projetos, sendo privilegiados os setores<br />
das TIC, Robótica, Saúde, Energia; o facto de serem<br />
projetos com um processo de internacionalização a ser<br />
iniciado ou já em curso; a existência ou não de ligação<br />
a Universidades, ou outras entidades de Investigação.<br />
As micro e <strong>PME</strong> tecnológicas e inovadoras instaladas<br />
no LISPOLIS (85% das empresas instaladas no<br />
LISPOLIS são <strong>PME</strong>, 5% são startups e 10% são grandes<br />
empresas) caracterizam-se por serem promovidas e<br />
lideradas por pessoas com cerca de 45 anos de idade,<br />
20 anos de experiência de elevada responsabilidade<br />
em grandes empresas, nacionais ou internacionais, em<br />
cargos de Direção ou Administração.<br />
“A MUDANÇA É CADA<br />
VEZ MAIS RÁPIDA E AS<br />
DECISÕES SÃO TOMADAS<br />
EM FASES MAIS PRECOCES<br />
DA VIDA” Pedro Rebordão<br />
Os ‘inquilinos’ do Lispolis<br />
Estes recursos altamente diferenciados decidem,<br />
em determinado momento, mudar o rumo das suas<br />
carreiras tanto por razões pessoais e familiares<br />
(horários de trabalho exigentes, disponibilidade para<br />
viajar em serviço com muita frequência), como<br />
profissionais (discordância com políticas de empresa,<br />
impossibilidade de evolução e crescimento na empresa)<br />
mas, também, porque consideram que é possível fazer<br />
diferente, porque sempre quiseram fazer algo próprio<br />
e porque nesse determinado momento têm todas as<br />
condições para o fazer: uma ideia mais ou menos<br />
concreta; know-how sobre como gerir um negócio;<br />
disponibilidade de uma lista de contactos valiosa;<br />
capital suficiente para iniciar o novo projeto.<br />
É importante realçar que estas empresas nascem<br />
com enfoque na manutenção do nível de vida dos seus<br />
promotores, razão pela qual iniciam muito rapidamente<br />
faturação, e não têm como mote mudar completamente<br />
o funcionamento de determinado mercado ou setor.<br />
Isto não significa que não sejam projetos de muito valor<br />
acrescentado, constituindo-se, sim, como projetos com<br />
objetivos diferentes dos associados às startups. Aliás,<br />
muitas startups poderiam beneficiar muito, ou acelerar<br />
se preferirem, se tivessem um contacto regular<br />
com estas pessoas – é este o motivo que vai levar<br />
o LISPOLIS a lançar em <strong>2018</strong> a sua Rede de Mentores,<br />
que irá integrar maioritariamente promotores<br />
das empresas instaladas, pelo menos na fase inicial.<br />
A mudança é cada vez mais um processo constante<br />
e mais rápido, e as decisões vão sendo tomadas em<br />
fases mais precoces da vida e carreira profissional.<br />
Constatamos que os mais recentes responsáveis das<br />
empresas acolhidas no PTL se continuam a enquadrar<br />
no perfil e percurso identificados no presente artigo,<br />
sendo, no entanto, ligeiramente mais novos que os seus<br />
percursores.<br />
37
Agenda<br />
SEMINÁRIO: COMO OTIMIZAR OS RESULTADOS<br />
DE CAMPANHAS DE MARKETING DIGITAL<br />
Por: Denisse Sousa<br />
Uma boa gestão de marketing irá ajudar a melhorar resultados, a criatividade, a jornada do cliente e a qualidade<br />
do trabalho das diferentes equipas. Neste workshop, a decorrer no dia 22 de janeiro, na CCIP, irá aprender o que<br />
poderá fazer do início ao fim para o sucesso da sua campanha digital.<br />
O seminário A2A Know How da CCIP, em parceria com a IT Tech BuZ, procura dar aos participantes as ferramentas<br />
certas para uma melhor gestão de campanhas digitais.<br />
Mais informações aqui.<br />
EVENTO: EXPERIENCE BOOTCAMP<br />
DATA: 8 de fevereiro<br />
LOCAL: ISCTE-IUL, Lisboa<br />
Um evento para executivos e profissionais de Recursos<br />
Humanos, o Employee Experience Bootcamp pretende<br />
reunir, a 8 de fevereiro, em Lisboa, os principais líderes<br />
do setor.<br />
Os interessados podem inscrever-se aqui.<br />
EVENTO: SISAB<br />
DATA: 12 a 14 de fevereiro<br />
LOCAL: Lisboa<br />
EVENTO: BTL – BOLSA TURISMO LISBOA<br />
DATA: 28 de fevereiro a 4 março<br />
LOCAL: ISCTE-IUL, Lisboa<br />
A SISAB – Salão Internacional do Setor Alimentar e<br />
Bebidas é um encontro anual para empresas<br />
exportadoras e empreendedores da indústria alimentar,<br />
madeira, biológica, transportes e logística.<br />
Os interessados podem inscrever-se aqui.<br />
Portugal é por excelência um país orientado para o<br />
Turismo. A BTL é o salão de referência para a indústria<br />
do turismo nacional e internacional.<br />
Mais informações aqui.<br />
38
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
SEMINÁRIO: AS <strong>PME</strong> ENFRENTAM<br />
NO MUNDO DIGITAL<br />
E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL<br />
DATA: 6 de março<br />
LOCAL: Câmara de Comércio Luso Belga<br />
Luxemburguesa, Lisboa<br />
Este seminário para as <strong>PME</strong> irá debruçar-se sobre<br />
a inteligência artificial e o mundo digital.<br />
Mais informações aqui.<br />
EVENTO: FUTURÁLIA<br />
DATA: 14 a 17 de março<br />
LOCAL: FIL, Lisboa<br />
Uma feira dedicada a ofertas educativas, formação<br />
e empregabilidade para profissionais, estudantes<br />
e público. De 14 a 17 de março, na FIL em Lisboa.<br />
Mais informações aqui.<br />
EVENTO: PAPERGIFT<br />
DATA: 15 a 18 de março<br />
LOCAL: FIL, Lisboa<br />
É a maior plataforma de negócios para os setores<br />
da papelaria, escritório, escrita e desenho, didático<br />
e pedagógico, gift e serviços associados em Portugal.<br />
Mais informações aqui.<br />
FORMAÇÃO: IHTP LEADER<br />
LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO<br />
DE EQUIPAS DE ALTO DESEMPENHO<br />
DATA: 19, 26 de março e 2 de abril<br />
LOCAL: IHTP Excellence Center, Porto<br />
Nesta formação aprenderá as melhores práticas,<br />
estratégias, ferramentas e técnicas, com a incorporação<br />
da PNL (programação neurolinguística) e Coaching,<br />
que a(o) transformarão na(o) líder que merece<br />
e quer ser.<br />
Mais informações e inscrições aqui.<br />
39
38
Opinião<br />
JANEIRO <strong>2018</strong><br />
WWW.<strong>PME</strong>MAGAZINE.COM<br />
SINAIS PARA O CRESCIMENTO<br />
Por: Teresa Cardoso de Menezes, diretora-geral<br />
da Informa D&B<br />
Foto: Informa D&B<br />
O ano de 2017 fica registado como aquele em que mais<br />
empresas foram criadas na última década, o que parece<br />
apontar para uma crescente dinâmica empreendedora<br />
em Portugal.<br />
O ritmo a que estão a ser criadas novas empresas é<br />
naturalmente uma boa notícia. Mas tão importante como<br />
isso é tentarmos perceber o que a natureza destas<br />
novas empresas, em conjunto com as movimentações<br />
gerais de todo o tecido empresarial, nos diz e nos pode<br />
ensinar, na medida em que a experiência e a análise<br />
atenta do passado é a única ferramenta que temos para<br />
poder abordar o futuro com confiança.<br />
Entre os setores que estão a registar os maiores<br />
crescimentos em novas empresas encontram-se as<br />
Atividades Imobiliárias e o Alojamento e Restauração,<br />
setores de alguma forma relacionados com o turismo,<br />
que sabemos ser uma atividade que vai continuar<br />
a sustentar a nossa economia.<br />
Este facto não retira importância a setores mais<br />
estabelecidos e tradicionais. As indústrias<br />
transformadoras, por exemplo, representam 10% das<br />
empresas, mas são responsáveis por cerca de um<br />
quarto do volume de negócios e do emprego de todo o<br />
tecido empresarial nacional. O setor dos Serviços<br />
continua a ser o que agrega mais empresas (25% do<br />
total), também com quase um quarto do emprego<br />
e 10% do volume de negócios.<br />
“AS STARTUPS ESTÃO A REFORÇAR<br />
SIGNIFICATIVAMENTE<br />
O SEU PERFIL EXPORTADOR”<br />
Se ainda houvesse dúvidas, os anos críticos da última<br />
década tornaram mais clara do que nunca a<br />
necessidade dos mercados externos para o<br />
desenvolvimento das empresas nacionais. E, de facto,<br />
o crescimento do perfil exportador do tecido<br />
empresarial português está a manifestar-se em todos<br />
os setores de atividade económica, estendendo-se<br />
a todos os segmentos de empresas em idade – das<br />
startups às empresas maduras – e em dimensão – das<br />
micro às grandes empresas.<br />
Se é verdade que as grandes empresas representam<br />
apenas 1% das exportadoras, mas com mais de metade<br />
Teresa Cardoso de Menezes lidera Informa D&B<br />
das exportações, no pólo oposto, as startups estão<br />
a reforçar significativamente o seu perfil exportador<br />
e, em 2015, a percentagem de empresas que<br />
exportaram logo no primeiro ano de vida ultrapassou<br />
pela primeira vez a percentagem de empresas que<br />
vendem para o estrangeiro em todo o tecido<br />
empresarial.<br />
Parece cada vez mais evidente que a exportação deixou<br />
de estar reservada apenas às empresas com maturidade<br />
no mercado interno e, hoje, um número cada vez maior<br />
de empresas nasce já com esse perfil, preparadas<br />
desde o início para atuar com outros horizontes<br />
geográficos.<br />
A iniciativa empreendedora que referi logo no início<br />
contribuiu também para um tecido empresarial<br />
pulverizado numa enorme quantidade de empresas<br />
muito pequenas, com as sociedades unipessoais<br />
a ganharem terreno e a dimensão média das novas<br />
empresas a diminuir.<br />
As taxas de sobrevivência das novas empresas<br />
dizem-nos que muitas ficarão pelo caminho, mas muitas<br />
outras crescerão, contribuindo para os indicadores<br />
das <strong>PME</strong>, o grupo de empresas que registou nos<br />
últimos anos os maiores crescimentos percentuais<br />
de exportadoras, em volume de negócios e em número<br />
de empregados.<br />
41
opinião<br />
Quando olhamos para as <strong>PME</strong> que mais cresceram,<br />
descobrimos que a sua grandeza está fortemente<br />
relacionada com a longevidade. E este é outro sinal,<br />
quer para os próprios gestores e empresários, quer<br />
para os responsáveis por políticas públicas, que<br />
deverão ter em conta as condições, que devem ser<br />
consistentes ao longo do tempo, para que estas<br />
empresas desenvolvam o seu potencial, contribuindo<br />
para a criação de riqueza e da sua distribuição através<br />
do emprego que geram.<br />
“NADA EXISTE QUE COMPROVE<br />
QUE AS MULHERES OBTÊM<br />
MELHORES RESULTADOS<br />
FINANCEIROS NAS EMPRESAS<br />
DO QUE OS HOMENS. MAS TAMBÉM<br />
NADA EXISTE QUE DIGA<br />
O CONTRÁRIO.”<br />
Finalmente, o ano de 2017 trouxe-nos advertências<br />
sobre dois temas que aparentemente insistimos em<br />
ignorar. Ao mesmo tempo que o tema da ética<br />
empresarial invade os discursos de responsáveis<br />
económicos e políticos, vemos que menos de um quinto<br />
das empresas portuguesas cumpre os prazos de<br />
pagamento acordados, um registo que se degradou<br />
em Portugal na última década e que neste momento<br />
representa menos de metade da média europeia. É uma<br />
situação que, além das óbvias consequências<br />
financeiras que ameaçam a rentabilidade e a<br />
sobrevivência de algumas empresas, afeta a confiança<br />
de agentes económicos e a confiança é, como sabemos,<br />
o ingrediente sem o qual não se atinge a saúde e a<br />
prosperidade dos negócios e do tecido empresarial.<br />
A segunda advertência diz respeito ao grande<br />
desequilíbrio que persiste em manter-se entre os<br />
cargos de liderança que são ocupados por homens<br />
e por mulheres. Apesar de um relativo aumento de<br />
mulheres na gestão nos últimos anos, mais de dois<br />
terços dos cargos de gestão em Portugal são ocupados<br />
por homens. A presença feminina em cargos de<br />
liderança atinge o seu máximo nas microempresas, com<br />
quase 30%, e o seu mínimo nas grandes empresas, onde<br />
apenas 8% de mulheres ocupam a liderança.<br />
Nada existe que comprove que as mulheres obtêm<br />
melhores resultados financeiros nas empresas<br />
do que os homens. Mas também nada existe que diga<br />
o contrário. E, como tal, se os argumentos financeiros<br />
não têm aqui grande valor, bastariam os argumentos<br />
sociais, segundo os quais as empresas poderiam<br />
dar o exemplo na igualdade de género. Até porque<br />
as empresas são hoje referências de competência,<br />
de comportamento, de atitudes e de relações entre<br />
pessoas e, nesse sentido, devemos procurar<br />
que sejam exemplares em todas as suas dimensões.<br />
Teresa Cardoso de Menezes defende igualdade de género nas empresas<br />
42
PT-BIO-03<br />
Agricultura Portugal