*Abril/2018 - Industrial 195
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COLUNA ABIMCI<br />
UM CENÁRIO DUAS REALIDADES<br />
UMA DO SETOR PRODUTIVO, FOCADA EM RESULTADO, E OUTRA, NO CAMPO POLÍTICO, NO<br />
PERMANENTE JOGO DE BASTIDORES<br />
Paulo Pupo<br />
Superintendente da Associação<br />
Brasileira da Indústria de Madeira<br />
Processada Mecanicamente<br />
Contato: abimci@abimci.com.br<br />
SABEMOS QUE O COMÉRCIO MUNDIAL<br />
VIVE DIAS DE TENSÃO E DE ATENÇÃO.<br />
MUITAS INCERTEZAS PAIRANDO NO<br />
AR, EM ESPECIAL A GUERRA ENTRE ESTADOS<br />
UNIDOS E CHINA, COM A RÚSSIA OBSERVANDO DE<br />
PERTO TODA ESSA MOVIMENTAÇÃO ENTRE AS<br />
DUAS POTÊNCIAS<br />
Foto: divulgação<br />
E<br />
ra dia 3 de abril, em Brasília, nossa aguerrida<br />
capital. Um local emblemático, que vivia naquela<br />
véspera de decisões importantes para<br />
o rumo do país, dias de tensão e expectativas.<br />
De um lado, o evento de lançamento da<br />
Agenda Internacional da Indústria pela CNI (Confederação<br />
Nacional da Indústria), documento bem elaborado,<br />
com participação ativa do setor produtivo na escolha<br />
estruturada dos temas prioritários. Entre seus principais<br />
objetivos, reforçar a necessidade de esforços conjuntos<br />
na negociação de acordos comerciais, na facilitação e<br />
desburocratização do comércio exterior e em ações de<br />
defesa comercial para os produtos brasileiros no exterior.<br />
O documento foi organizado dentro de dois principais<br />
eixos de atuação: a influência sobre a política comercial<br />
do Brasil, que vai de acordos comerciais a melhoria da<br />
logística do comércio exterior; e o apoio à internacionalização,<br />
promoção comercial, capacitação e promoção de<br />
negócios.<br />
Durante o lançamento da agenda, órgãos do governo<br />
federal ligados ao Ministério das Relações Exteriores,<br />
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Câmara<br />
de Comércio Exterior e a Receita Federal do Brasil,<br />
estiveram representados por diretores e chefes de setores<br />
comprometidos com a causa, mesmo nem sempre se posicionando<br />
de forma plena a favor da indústria, mas procurando<br />
defender o papel que lhes cabe. Unanimidade<br />
no evento foi a confirmação de que as exportações brasileiras<br />
contribuem indiscutivelmente para a recuperação<br />
da economia interna.<br />
Sabemos que o comércio mundial vive dias de tensão<br />
e de atenção. Muitas incertezas pairando no ar, em especial<br />
a guerra entre Estados Unidos e China, com a Rússia<br />
observando de perto toda essa movimentação entre as<br />
duas potências. Cenários que mostram que as questões<br />
comerciais e bilaterais entre países são mais do que nunca<br />
pauta prioritária para governos e empresas.<br />
E os produtos madeireiros do Brasil são protagonistas<br />
tanto na enorme competência técnica dos produtos<br />
desenvolvidos, que mostram dados consolidados de<br />
exportações de madeira, como da necessidade de avançarmos<br />
em nossa política comercial. Um evento que<br />
tratou com toda a importância e reverência que o tema<br />
deveria receber. Em outra perspectiva, no entanto, havia<br />
uma preocupação mais abrangente e grave entre todas<br />
as rodas de conversas, revelando rostos mais sombrios e<br />
preocupações visíveis sobre a outra realidade que seria<br />
discutida no julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal)<br />
do habeas corpus sobre a prisão para condenados<br />
em segunda instância. Sem dúvidas esse sentimento de<br />
impotência e, principalmente, de indefinição do futuro do<br />
país era assunto entre todos os presentes.<br />
A decisão do STF e o cumprimento desta reacenderam<br />
uma chama de esperança entre as pessoas de bem<br />
desse país e mostrou que a justiça é para todos. E esse é<br />
um fator estratégico para o Brasil perante a comunidade<br />
internacional, tanto na segurança jurídica, como na atração<br />
de investimentos, em especial os de longo prazo.<br />
Um cenário, duas realidades opostas. Uma, do setor<br />
produtivo, focada em resultado, produção, objetivos<br />
claros. Outra, no campo político, no permanente jogo de<br />
bastidores, no interesse pelo poder, na falta de sensibilidade<br />
de nossos representantes para as necessidades de<br />
uma nação que se pretende grande, sem ter um planejamento<br />
factível para isso.<br />
O caminho é longo. As incertezas permanentes, mas<br />
a possibilidade de que dias menos sombrios comecem a<br />
aparecer, confere ao setor produtivo uma brisa de esperança.<br />
Há a nítida sensação de que a economia está gradativamente<br />
se descolando do afundamento político do<br />
país e cada vez mais andando com seus próprios passos<br />
dentro do enorme potencial do PIB e consumo, e que,<br />
torcemos para que essa tendência seja constante, indiferente<br />
de quem vir assumir o comando de nosso país.<br />
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