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*Março/2018 - Industrial 194

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COLUNA<br />

FATOS E FOTOS<br />

SER BEM INTENCIONADO, NÃO SIGNIFICA ESTAR BEM INFORMADO<br />

Flavio C. Geraldo<br />

FG4 MAD - Consultoria em Madeira<br />

Contato: flavio@fg4mad.com.br<br />

A ENERGIA QUE PODERIA SER<br />

DIRECIONADA AOS ESFORÇOS<br />

COM INOVAÇÕES NA ÁREA DA<br />

TECNOLOGIA DA MADEIRA SE DILUI NAS<br />

INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA<br />

C<br />

omo gostam de fazer bagunça nossos poderes<br />

legislativo e judiciário, para não mencionar<br />

as ditas organizações setoriais representativas,<br />

movidos sempre por interesses equivocados!<br />

Como o poder dos flashes pode se<br />

sobrepor aos fatos, levando ao risco da perda de foco! Enquanto<br />

o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento<br />

<strong>Industrial</strong>) divulga estudos que mostram crescimento da<br />

ordem de 2,5% na produção industrial depois de três anos<br />

de queda, o nosso Código Florestal Brasileiro, que foi<br />

aprovado pelo Congresso Nacional em 2012, ainda sofre<br />

com as desventuradas intervenções de algumas correntes<br />

que tentam a todo custo criminalizar a agricultura. Esses<br />

movimentos, ditos ambientais, podem até ser bem-intencionados,<br />

o que de nada adianta, na medida em que estão<br />

desinformados.<br />

O pior é que lançam mão do STF (Supremo Tribunal<br />

Federal), ele mesmo, o famoso e polêmico dono da verdade<br />

e da última palavra, para que vários artigos do código<br />

sejam declarados inconstitucionais. O Brasil utiliza atualmente<br />

7,6% do seu território para a produção de alimentos,<br />

enquanto nos EUA (Estados Unidos da América) são<br />

18% e na Europa, pasmem, são 65%. Haveria razões para<br />

Foto: divulgação<br />

tanto palpite infeliz? Lembram-se do nobre senador da República,<br />

Luiz Henrique da Silveira, que em 2011 na qualidade<br />

de relator do projeto de reforma do Código Florestal<br />

(PLC 30/2011) nas CRA (Comissões da Agricultura) e de CT<br />

(Ciência e Tecnologia), quando apresentou proposta de<br />

modificação ao texto já aprovado pela câmara propondo<br />

a criação de um inventário nacional para que a união, em<br />

conjunto com os Estados, Distrito Federal e municípios<br />

mantivessem registros precisos de cada árvore do país,<br />

tanto em terras públicas como privadas, o Renavam (Registro<br />

Nacional de Veículos Automotores) da Madeira?<br />

Pois é, o código passou e passa por tantas e tantas infelizes<br />

intervenções que chega a ser uma verdadeira fonte de<br />

oportunidades aos homens de Brasília para aparecerem à<br />

opinião pública fantasiados de paladinos do ambiente.<br />

Enquanto isso, o Brasil se apresenta como detentor de<br />

485 milhões de ha (hectares) com florestas nativas, segunda<br />

maior área florestal nativa do planeta, e com apenas<br />

7,8 milhões de florestas plantadas. Vale aqui lembrar que<br />

a implantação de florestas plantadas ocorre em áreas que<br />

foram utilizadas no passado para outras finalidades, jamais<br />

ocorrendo extinção de áreas com florestas nativas para o<br />

cultivo de florestas não nativas. Enquanto tomamos conhecimento<br />

no nosso dia a dia de inúmeros projetos realizados<br />

em vários outros países, relacionados à utilização de<br />

madeiras de florestas cultivadas em projetos constritivos<br />

futurísticos, alguns com dezenas de pavimentos, no Brasil,<br />

nos detemos em discussões improdutivas, para não dizer<br />

inúteis, que, queiram ou não, atravancam nosso desenvolvimento.<br />

A energia que poderia ser direcionada aos esforços<br />

com inovações na área da silvicultura e da tecnologia<br />

da madeira se dilui nas instituições de ensino e pesquisa,<br />

comprometendo as linhas de discussões das reais necessidades.<br />

Será que estaremos preparados para o atendimento<br />

futuro relacionado aos projetos construtivos e de infraestrutura<br />

que estão por vir? Haverá florestas e capacitação<br />

necessária ao atendimento dessa demanda futura? Se não<br />

bastassem as boas notícias sobre a recuperação industrial,<br />

divulgadas pelo Iedi, vale ainda tomar como um exemplo<br />

os planos da Cccc (China Communications Construction<br />

Company), que planeja promover um aporte de capital de<br />

R$ 2 bilhões no ativo e a investir R$ 6 bilhões nos próximos<br />

dez anos, no setor ferroviário, objeto do assunto da coluna<br />

de dezembro passado.<br />

Interessante assistir a esses movimentos contraditórios<br />

que opõem a realidade da burocracia mal intencionada à<br />

realidade dos fatos econômicos que surgem a cada momento.<br />

Ficamos com os fatos ou ficamos com as fotos?<br />

10<br />

referenciaindustrial.com.br MARÇO <strong>2018</strong>

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