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Imagens: Alvaro Catalán de Ocón<br />
¿QUÉ PASA?<br />
FUTURO SUSTENTÁVEL<br />
COM TÉCNICAS ANCESTRAIS<br />
O projeto PET Lamp foi criado pelo designer espanhol<br />
Alvaro Catalán de Ocón em 2011, como forma de abordar duas<br />
importantes questões globais: o descarte de materiais plásticos<br />
e a centenária técnica da cestaria (fabricação artesanal de<br />
cestas com fibras). Unindo o reúso de garrafas de plástico<br />
PET a técnicas de tecelagem encontradas em alguns dos mais<br />
remotos cantos do mundo, o projeto dá origem a luminárias e<br />
abajures artesanais únicos.<br />
Desde a primeira experiência, realizada na Amazônia<br />
colombiana em 2011, a organização colabora com<br />
comunidades nativas de artesãos visando à obtenção de<br />
produtos com design atraente e que, ao mesmo tempo,<br />
carreguem a personalidade e a identidade da cultura local.<br />
Por meio da organização ACdO, o projeto já contou com a<br />
colaboração de artesãos indígenas de Cauca, na Colômbia,<br />
em 2012, e de Chimbarongo, no Chile, em 2013; além de<br />
artesãs da Etiópia, em 2014, e de Tóquio, em 2015. Após uma<br />
nova edição no Chile em 2016, dessa vez em colaboração com<br />
o povo Mapuche, o projeto chegou ao seu quinto continente<br />
em 2017, com a realização de um workshop na Austrália, a<br />
pedido da National Gallery of Victoria, em Melbourne.<br />
O local escolhido foi a comunidade de Ramingining, localizada<br />
na Terra de Arnhem, no extremo norte do continente, uma área<br />
declarada Reserva Aborígine. Durante seis semanas, a equipe do<br />
projeto esteve imersa na cultura local, buscando entender suas<br />
tradições, suas linguagens e suas técnicas e traduzi-las da forma<br />
mais expressiva possível no produto final. Como em todas as<br />
edições anteriores, os workshops realizados pela organização não<br />
contam com design ou planejamento prévio do produto que será<br />
desenvolvido, a fim de que haja maior liberdade de criação.<br />
O trabalho, realizado em colaboração com um grupo de<br />
tecelãs indígenas de um centro de artes local, foi iniciado<br />
com a coleta dos materiais necessários: garrafas PET usadas<br />
e fibras e raízes naturais de pândanos, que seriam tingidas<br />
com pigmentos naturais. As artesãs, a princípio, construíram<br />
luminárias individuais, criando formas circulares baseadas em<br />
seus tradicionais tapetes, as quais se encaixaram perfeitamente<br />
no formato das garrafas. No entanto, os fortes laços – de sangue<br />
ou não – entre as próprias tecelãs revelaram aos membros<br />
do projeto os complexos e intensos vínculos cultivados pela<br />
cultura aborígine, o que os levou à decisão de unir as luminárias<br />
individuais, formando duas grandes peças. “Todas as conexões<br />
foram representadas por meio de grandes círculos concêntricos<br />
entrelaçados que remetem também às curvas de nível de um<br />
mapa topográfico, com seus lagos, seus vales e suas montanhas”,<br />
descreve Ocón.<br />
As criações do PET Lamps são tradicionalmente exibidas<br />
durante a Feira de Milão e, neste ano, não foi diferente. Foi exposta,<br />
pela primeira vez na Europa, uma das peças desenvolvidas em<br />
Ramingining, na galeria Spazio Rossana Orlandi. A outra peça foi<br />
adquirida como parte da coleção permanente da National Gallery<br />
of Victoria. (D.T.)<br />
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