LUZES DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ Revista Dr Plinio 16, Julho <strong>1999</strong> REFLEXO DO INESGOTÁVEL ESPÍRITO DA IGREJA
Nascido e cultivado na Cristandade européia, o estilo gótico, em vários dos seus traços, representa de modo muito característico o espírito medieval que o inspirou. O gótico é forte e, porque forte, tende ao perene. Suas construções têm um visível desejo de durar sempre, de se tornarem algo que nunca mais será substituído. E nisto o gótico bem se mostra um filho da Idade Média, a qual, diferentemente do homem moderno, não era escrava do tempo. Aquela foi uma época em que os edifícios — as catedrais, por exemplo — podiam levar cem, duzentos ou mais anos para serem completados. E as gerações que participavam da edificação de uma catedral, mesmo sabendo que dificilmente a veriam pronta, morriam em paz. Eram gerações de Fé, imbuídas da noção de que, quando chegassem ao Céu, teriam diante de si uma visão incomparavelmente mais bela do que a catedral: a recompensa da paz com que elas adormeciam em Deus. Nas cercanias do templo, às vezes ainda em construção, os corpos eram inumados com as mãos postas, à espera do juízo e da infinita misericórdia de Nosso Senhor. Gerações de Fé, numa época de Fé. Além de forte, o estilo gótico tem uma seriedade que confere ao interior de seus edifícios um certo recolhimento, uma compostura própria de quem é profundamente sério. A luz que neles penetra não é comum, mas tamisada pelo colorido feérico dos vitrais, fazendo-nos pensar num dia ideal, num sonho que está do lado de fora. A esses vitrais deve o gótico a sua capacidade de apaziguar os espíritos, de transmitir serenidade e temperança. Imagine-se uma pessoa muito aflita, tomada por graves angústias e preocupações. Ela passa defronte a uma catedral gótica, re- solve entrar e se senta próximo de um vitral. Repara na figura de um santo nele representado, ou numa imagem de Nossa Senhora da qual aquela luz filtrada serve de resplendor. Começa a rezar. De início, pensa apenas nos seus problemas. Roga à Santíssima Virgem, aos Anjos e Santos que sejam seus intercessores junto ao nosso clementíssimo Salvador, para que a ajude nas dificuldades, obtenha-lhe o perdão de um pecado, a correção de um defeito, etc. Ao cabo de algum tempo de orações, a pessoa passa instintivamente a prestar atenção no vitral. Este, entretanto, antes mesmo dessa observação clara e explícita, já lhe vinha apaziguando a alma, pois nesses vitrais há grande harmonia, vida, riqueza de cores e matizes, abundância de arte nos seus menores aspectos. Catedral de Sens. Na página ao lado, interior da Catedral de Reims Basta a alguém estar perto deles para se sentir tranqüilizado. Quando começa uma análise explícita do vitral, a pessoa já está preparada para prestar atenção em algo que não é o seu mero interesse individual. Acalmada, ela volta a rezar, contemplando a imagem de Nossa 33
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