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LUZES DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ<br />
a impressão de que nossas súplicas vão de fato para o<br />
Céu. É uma verdadeira maravilha.<br />
* * *<br />
Complementando a imagem e o santuário, espraiamse<br />
pela cidade ruas e casinholas prodigiosamente interessantes.<br />
Um pitoresco urbanismo que, concebido para<br />
fazer caber Genazzano dentro de suas vetustas muralhas,<br />
exprime um estado de alma sadio, com qualquer<br />
coisa de inventivo e encantador, que o situa acima de<br />
muitas “belezas” modernas...<br />
O casario, contudo, é construído o mais ao léu que se<br />
possa imaginar, com aspectos bastante curiosos. Numa<br />
determinada fachada, por exemplo, o visitante pode<br />
avistar uma pequena janela com enquadramento românico.<br />
Aquilo é um dedinho de Idade Média, e de Idade<br />
Média iniciante, porque o estilo românico ainda não é o<br />
gótico, embora já contenha o sabor deste. A janela é<br />
cheia de fantasia, de poesia, de expressão, sem ser teatral.<br />
Nota-se que quem a abriu teve uma preocupação<br />
apenas de arejamento, pensou tão-só no lado prático de<br />
bisbilhotar o movimento na rua e comentá-lo com o<br />
vizinho.<br />
Não raras vezes é essa a origem de semelhantes detalhes.<br />
Mas, vai-se ver, eles se mostram pitorescos, poéticos,<br />
interessantes, cheios de vida, de uma espontaneidade<br />
ao mesmo tempo ousada e harmônica. O fundamento<br />
dessa poesia e dessa beleza está em que, sendo<br />
tais realizações animadas pela graça divina, acabam exprimindo<br />
uma harmonia, pode-se dizer, mais pensada<br />
por Deus que pelos homens.<br />
Um teórico da Renascença afirmaria que todas as<br />
espontaneidades, caso não sejam controladas pela razão,<br />
redutíveis a normas e seguidas como sistema, redundam<br />
num horror. Ora, a tese verdadeira, conforme<br />
a doutrina cristã, é outra: quando a alma está penetrada<br />
pela graça de Deus, realiza espontaneamente coisas de<br />
extraordinária formosura, que têm uma ordenação superior,<br />
e que expressam elevados princípios, nem sempre<br />
susceptíveis de serem convertidos em termos mais<br />
simples.<br />
Assim, compraz considerar em Genazzano essa arquitetura,<br />
filha da virtude, libertada dos grilhões da arte<br />
sistemática, das regras coercitivas, e entregue à alegria<br />
de si mesma. Dir-se-ia um pouco a felicidade do sol, da<br />
natureza amena, a alegria da vida cotidiana, alegria da<br />
saúde (que seus habitantes possuem de forma impressionante!),<br />
enfim, mil alegrias, mas sobretudo a alegria<br />
da Fé.<br />
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