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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Pedro Simões (CC3.0)<br />
Asimples vista da Torre de Belém sempre me<br />
produziu uma impressão parecida, na ordem<br />
natural, com o que seria um êxtase na<br />
ordem sobrenatural. Êxtase é uma atitude da alma<br />
quando há uma comunicação de Deus para com ela,<br />
que a faz ficar fora de si. Há coisas que na ordem natural<br />
podem produzir êxtases. Essa torre me produziu<br />
sempre um êxtase.<br />
Pompa, imponência e<br />
entretenimento de um castelo<br />
Daniel VILLAFRUELA. (CC3.0)<br />
Quando fui a Lisboa, visitei-a detida, prolongada e<br />
embevecidamente, mas não realizei o programa que tinha<br />
a respeito dela. Quem sabe se Nossa Senhora me<br />
dará a oportunidade de fazer isso algum dia: ir até lá à<br />
noite, inteiramente só, dar várias voltas à torre. Mais<br />
ainda, ter uma lancha à minha disposição, de maneira<br />
a poder contemplá-la a várias distâncias no Tejo. Isso<br />
para me fazer a ideia de qual era a atitude de alma de<br />
um missionário ou de um navegante português quando<br />
saía em direção ao Atlântico e via a Torre de Belém<br />
ficando menor… que saudades e embevecimento ela lhe<br />
causaria. E quando voltava e a observava ficar cada vez<br />
maior, que impressão ele experimentava.<br />
Esse edifício dá de tal maneira a impressão de ser um<br />
castelo inteiro, e não uma simples torre, que nos perguntamos<br />
como uma torre pode ser tão bela. Ela tem a pompa,<br />
a imponência, o entretenimento de um castelo, com isso<br />
de lindo: parece um conto de fadas! Sensação causada pela<br />
pedra branca com que é construída, e cujo brilho ao Sol<br />
tem um particular encanto, mas também por um predicado<br />
que se encontra em várias obras de arte portuguesas, e me<br />
agrada muito: o contraste entre o liso e o sobrecarregado.<br />
Notamos que as paredes da torre são inteiramente lisas,<br />
e sua monotonia é remediada, com vantagem, apenas pelo<br />
seguinte: de alto a baixo, uma linha constituída de uma<br />
primeira janela, depois dois pequenos arcos geminados e<br />
divididos por uma coluna graciosa, formando uma só janela.<br />
Em seguida, um terraço com dossel e dois pequenos<br />
arcos que repetem os de cima. Esse terraço é intensamente<br />
ornamentado e muito bonito. Temos então, reunidos numa<br />
superfície pequena, uma sobrecarga de ornatos que seria<br />
quase uma caixa de joias, um escrínio e não um terraço.<br />
Beleza artística e utilidade militar<br />
Logo abaixo temos a unidade assegurada pela última<br />
janela, muito simples, que repete a primeira. Assim, o<br />
epílogo lembra o início. São Tomás dizia que o círculo é<br />
uma figura perfeita porque volta à sua origem, pois tudo<br />
quanto retorna ao seu ponto de partida é perfeito. É<br />
bonito que o ponto de chegada desta linha perpendicular<br />
seja tão semelhante ao ponto de partida, pois essas duas<br />
janelas – a primeira e a última – são iguais.<br />
Notem também, para quebrar a monotonia, essas<br />
guaritas colocadas simetricamente bem nos ângulos da<br />
torre, todas com as mesmas características: o teto muito<br />
sobrecarregado, constituído de vários gomos e encimado<br />
por um cone, no alto do qual encontra-se uma esfera.<br />
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