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2018_Luzes-ApostoloPulchrum

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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />

Pedro Simões (CC3.0)<br />

Asimples vista da Torre de Belém sempre me<br />

produziu uma impressão parecida, na ordem<br />

natural, com o que seria um êxtase na<br />

ordem sobrenatural. Êxtase é uma atitude da alma<br />

quando há uma comunicação de Deus para com ela,<br />

que a faz ficar fora de si. Há coisas que na ordem natural<br />

podem produzir êxtases. Essa torre me produziu<br />

sempre um êxtase.<br />

Pompa, imponência e<br />

entretenimento de um castelo<br />

Daniel VILLAFRUELA. (CC3.0)<br />

Quando fui a Lisboa, visitei-a detida, prolongada e<br />

embevecidamente, mas não realizei o programa que tinha<br />

a respeito dela. Quem sabe se Nossa Senhora me<br />

dará a oportunidade de fazer isso algum dia: ir até lá à<br />

noite, inteiramente só, dar várias voltas à torre. Mais<br />

ainda, ter uma lancha à minha disposição, de maneira<br />

a poder contemplá-la a várias distâncias no Tejo. Isso<br />

para me fazer a ideia de qual era a atitude de alma de<br />

um missionário ou de um navegante português quando<br />

saía em direção ao Atlântico e via a Torre de Belém<br />

ficando menor… que saudades e embevecimento ela lhe<br />

causaria. E quando voltava e a observava ficar cada vez<br />

maior, que impressão ele experimentava.<br />

Esse edifício dá de tal maneira a impressão de ser um<br />

castelo inteiro, e não uma simples torre, que nos perguntamos<br />

como uma torre pode ser tão bela. Ela tem a pompa,<br />

a imponência, o entretenimento de um castelo, com isso<br />

de lindo: parece um conto de fadas! Sensação causada pela<br />

pedra branca com que é construída, e cujo brilho ao Sol<br />

tem um particular encanto, mas também por um predicado<br />

que se encontra em várias obras de arte portuguesas, e me<br />

agrada muito: o contraste entre o liso e o sobrecarregado.<br />

Notamos que as paredes da torre são inteiramente lisas,<br />

e sua monotonia é remediada, com vantagem, apenas pelo<br />

seguinte: de alto a baixo, uma linha constituída de uma<br />

primeira janela, depois dois pequenos arcos geminados e<br />

divididos por uma coluna graciosa, formando uma só janela.<br />

Em seguida, um terraço com dossel e dois pequenos<br />

arcos que repetem os de cima. Esse terraço é intensamente<br />

ornamentado e muito bonito. Temos então, reunidos numa<br />

superfície pequena, uma sobrecarga de ornatos que seria<br />

quase uma caixa de joias, um escrínio e não um terraço.<br />

Beleza artística e utilidade militar<br />

Logo abaixo temos a unidade assegurada pela última<br />

janela, muito simples, que repete a primeira. Assim, o<br />

epílogo lembra o início. São Tomás dizia que o círculo é<br />

uma figura perfeita porque volta à sua origem, pois tudo<br />

quanto retorna ao seu ponto de partida é perfeito. É<br />

bonito que o ponto de chegada desta linha perpendicular<br />

seja tão semelhante ao ponto de partida, pois essas duas<br />

janelas – a primeira e a última – são iguais.<br />

Notem também, para quebrar a monotonia, essas<br />

guaritas colocadas simetricamente bem nos ângulos da<br />

torre, todas com as mesmas características: o teto muito<br />

sobrecarregado, constituído de vários gomos e encimado<br />

por um cone, no alto do qual encontra-se uma esfera.<br />

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