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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Gabriel K.<br />
Lugar onde a<br />
Providência quis reunir<br />
suas maravilhas - I<br />
Dr. Plinio sempre teve encanto pelo mar. Eis uma<br />
das razões pelas quais apreciava sobremaneira<br />
Veneza, a cidade construída sobre as águas. A causa<br />
mais profunda do surgimento de tal maravilha é<br />
o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Quem<br />
resulta tudo quanto há de bom e de belo na Terra.<br />
Antes de comentarmos alguns aspectos de Veneza,<br />
parece-me conveniente considerarmos um<br />
pouco o que se passa no interior de nossa alma,<br />
vendo essa cidade. Externo aqui minhas reflexões ao visitá-la,<br />
pois o que vou dizer a meu respeito se dá mais ou<br />
menos com todo mundo.<br />
Fascínio pelo mar<br />
Tanto quanto me lembro, em pequeno eu tinha impulsos<br />
que me levavam a lamentar de não poder viver, não<br />
propriamente no mundo da fantasia, mas num mundo<br />
que não era aquele no qual eu vivia. Portanto, levar uma<br />
vida real numa atmosfera diferente da qual eu vivia.<br />
Assim, por exemplo, recordo-me de, muitas vezes, estando<br />
em Santos ou, muito mais modestamente, numa<br />
estação de águas hidrotermal que eu frequentava por<br />
causa de minha mãe, onde havia um riachinho um pouco<br />
nutrido, corria um pouco de água, formava uma ilhota e<br />
umas coisas assim; olhava para as águas e sentia o fascínio<br />
que esse elemento produz. A água salgada do mar me<br />
fascinava além de todo limite. Foi toda a vida o encanto<br />
de minha alma considerar o mar.<br />
Lembro-me do meu tempo de deputado, quando o prédio<br />
onde se reunia a Assembleia Constituinte ficava numa<br />
praça do Rio de Janeiro, no fundo da qual há um braço de<br />
mar. Meu gosto pelo mar era tal que, às vezes, eu estava<br />
sentado assistindo à sessão e me vinha à mente: “Como seria<br />
interessante se eu pudesse estar olhando para o mar,<br />
por exemplo, sobre uma espécie de terracinho de madeira<br />
amarrado em estacas, posto na água de maneira a acompanhar<br />
o movimento da maré!” Aquilo me distraía a ponto de<br />
ter que fazer esforço com a minha inteligência para prestar<br />
atenção nas arengas, tanto era o meu gosto pelo mar.<br />
Entretanto, nunca me passou pela cabeça imaginar<br />
um homem que, estando no mar, começasse a pensar na<br />
terra. Então, alguém se encontrando num navio, vendo<br />
a terra de longe, pensasse: “Ah, que delícia aquela terra!<br />
Pisar em solo firme…” O chão não é firme, mas duro; é<br />
diferente de firme. Para acharmos graça no chão é preciso<br />
calçá-lo com pedras bonitas, pôr um tapete para disfarçá-lo<br />
a fim de nos sentirmos à vontade em cima dele.<br />
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