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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Sacralidade,<br />
beleza e<br />
elegância<br />
Pedro Moraes<br />
Oprédio da Prefeitura de Aachen parece um relicário.<br />
Se nos mostrassem uma fotografia onde<br />
não aparecessem a rua, as árvores, os lampadários,<br />
e nos dissessem: “Relicário de ouro do século XIV”,<br />
julgaríamos tratar-se de uma peça de arte lindíssima.<br />
Quando a sacralidade se comunicava<br />
a toda a ordem civil<br />
Embora seja um paço municipal, quem o visse pela primeira<br />
vez, sem uma explicação, facilmente admitiria tratar-se<br />
de uma catedral ou da igreja de um convento, porque<br />
na época em que foi construído, os edifícios laicos não<br />
eram tão diferentes dos sagrados quanto são hoje. Os prédios<br />
destinados ao governo temporal tinham qualquer coisa<br />
de sacral, e essa sacralidade se comunicava a toda a vida<br />
civil, era a impregnação da vida civil pela religião.<br />
Chamo a atenção para o teto, em ogiva, todo ele com<br />
pequenos respiratórios de chaminés que correspondem<br />
a uma necessidade para a respiração desses lugares em<br />
tempo de inverno. Mas vejam como estão postos de maneira<br />
tal que realçam a beleza do próprio teto, unindo o<br />
útil ao agradável.<br />
Admirando os frutos da<br />
civilização católica na Europa, Dr.<br />
Plinio se encanta ao contemplar<br />
a impregnação da vida civil<br />
pela sacralidade da religião,<br />
conferindo a monumentos e<br />
praças um aspecto encantador,<br />
quase de conto de fadas.<br />
Rainha e Mãe, com os encantos da<br />
juventude e da idade madura<br />
A imagem de Nossa Senhora Padroeira de Aachen, situada<br />
na Capela Palatina, é propriamente lindíssima. Eu gostaria<br />
de atrair a atenção não tanto sobre o vestido, muito<br />
bonito, nem sobre a escultura, muito boa, mas sobre o estado<br />
temperamental que o artista figurou em Nossa Senhora.<br />
Vê-se que é uma pessoa respeitável no mais alto grau.<br />
É propriamente uma rainha. Mas ao mesmo tempo sente-se<br />
n’Ela toda a bondade de uma mãe, não só pela maneira<br />
de carregar no braço o Menino-Deus, mas também<br />
o modo pelo qual a Santíssima Virgem parece olhar para<br />
quem Lhe está apresentando uma súplica. É uma benevolência,<br />
uma disposição de atender que impressiona do<br />
modo mais agradável!<br />
Outro aspecto que chama a atenção é a idade. É ou<br />
não é verdade que Ela possui algo da seriedade da idade<br />
madura? Mas é verdade também haver n’Ela ainda qualquer<br />
coisa da moça. É agradável considerar esse equilíbrio<br />
das duas idades reunindo-se num momento da vida<br />
em que a pessoa apresenta, ao mesmo tempo, os atrativos<br />
de uma e de outra etapa da existência.<br />
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