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2018_Luzes-ApostoloPulchrum

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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />

Jorge A .A.<br />

Viver é olhar para o Céu<br />

Imaginem um monge andando sozinho, rezando e meditando<br />

sobre São Bento, tal episódio da vida de Nosso<br />

Senhor, o Rosário, tal fato da vida de Nossa Senhora.<br />

Como teria São Bento meditado esses fatos? O Rosário<br />

ainda não existia no tempo dele; foi revelado por Nossa<br />

Senhora, em plena Idade Média, a<br />

São Domingos de Gusmão.<br />

Mas vamos imaginar aquele monge<br />

andando de um lado para outro, sozinho,<br />

e posto nessa solidão onde não há<br />

nenhum barulho, porque não existe<br />

agricultura, não se vê passar um homem,<br />

um bicho, nada se muda a não<br />

ser um arvoredo encaracolado que, às<br />

vezes, é seguido por uma grama escassa<br />

sobre uma terra feia e dura, e que<br />

parece não servir para nada. É a negação<br />

de tudo, o vazio, mas ali está<br />

um monge com grandes ideias, grandes<br />

considerações, fenômenos místicos<br />

dos quais ele tem ou não tem consciência<br />

e que o unem enormemente a<br />

Nossa Senhora. Dir-se-ia que os passos<br />

dele fazem eco aos passos de São<br />

Bento, e que esses arcos embaixo possuem<br />

algo da lógica, da força simples,<br />

robusta e despretensiosa da alma de São Bento, o qual era<br />

uma alma em arcadas assim, imagino eu.<br />

Veem-se duas montanhas que se encontram na base,<br />

formando uma espécie de “V”. Alguém perguntaria,<br />

Sem ter a<br />

certeza do que<br />

ia nascer de lá,<br />

São Bento sentia<br />

que qualquer<br />

coisa de muito<br />

grande se<br />

jogava no Céu.<br />

por curiosidade: “O que há além?” Existe outro tanto<br />

igual a esse, vazio, árido, inútil, servindo apenas para<br />

essa coisa também inútil, da qual vive a Terra: a solidão.<br />

A solidão dos homens chamados para a solidão. Mais<br />

adiante se forma outro “V” e depois outro, e só o que se<br />

vê são montes assim. O homem se sente perdido na solidão,<br />

na terra árida, para ele a vida<br />

não reserva mais nada. Viver é olhar<br />

para o Céu: “Pater noster qui es in cœlis,<br />

sanctificetur nomen tuum...”<br />

A Cristandade europeia<br />

estava nascendo<br />

No prédio da esquerda há um pouco<br />

mais de arquitetura. Existem uma<br />

rosácea e um campanariozinho construídos<br />

muito tempo depois, certos<br />

adornozinhos quão pobres e modestos,<br />

o suficiente para, com os ecos do Angelus<br />

na aurora e no pôr do Sol, às seis<br />

da manhã e às seis da tarde, saudar a<br />

Nossa Senhora e fazer com que esses<br />

ecos santifiquem aquelas solidões.<br />

Notem aquelas montanhas. Nenhuma<br />

delas desce de modo bonito,<br />

não tem aquelas flexões e deflexões<br />

doces dos montes da Baía da Guanabara, nem é amiga<br />

da montanha seguinte. Essas são montanhas agrestes<br />

justapostas pela mão de Deus, que não se conhecem<br />

umas às outras, e parecem dilaceradas diante do céu.<br />

Em outra fotografia vemos a gruta. Tudo é desconforto,<br />

solidão. Devemos<br />

imaginar São Bento<br />

sentado lá, lendo um<br />

livro e pensando... Ele<br />

não sabia, mas a Europa<br />

estava nascendo.<br />

Muito melhor que a Europa,<br />

a Cristandade europeia<br />

estava surgindo.<br />

Ele não teria a menor<br />

ideia da quantidade<br />

dos peregrinos que<br />

iriam humildes, reverentes,<br />

oscular esse lugar.<br />

Mas cada peregrino<br />

que vai ao Mosteiro<br />

de Subiaco leva uma<br />

gotazinha de glória extrínseca<br />

para São Bento<br />

no Céu.<br />

Jorge A .A.<br />

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